Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O guardador de rebanhos
Poema II
«Tudo o que vejo
está nítido
como um girassol»
2
Tudo que vejo está nítido como um girassol. Creio no mundo como num malmequer,
Tenho o costume de andar pelas estradas Porque o vejo. Mas não penso nele
Olhando para a direita e para a esquerda, Porque pensar é não compreender...
E de vez em quando olhando para trás... O mundo não se fez para pensarmos nele
E o que vejo a cada momento (Pensar é estar doente dos olhos)
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Que teria uma criança se, ao nascer, Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Reparasse que nascera deveras... Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Sinto-me nascido a cada momento Porque quem ama nunca sabe o que ama
Para a completa novidade do mundo... Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Ver ≠ Pensar
«Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele […]»
6
Fascínio semelhante
ao de uma criança
— Olhar puro e cândido
— Perceção pouco contaminada
pelo pensamento
7
Do grego
«tà metà physiká», Pensamento
«para além da física» =
Doença dos sentidos