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Complexos

Uma característica muito interessante e relevante do inconsciente


pessoal é a possibilidade de reunião de conteúdos para formar um
aglomerado ou constelação. Jung deu-lhes o nome de complexos.
A primeira comprovação da existência dos complexos foi obtida por Jung
por meio da aplicação do teste de associaçnao de palavras. (alquém lê
uma lista de palavras, uma de cada vez, enquanto outro recebe
instruções para responder com a primeira palavra que lhe vier à mente.
Jung observou que a pessoa levava por vezes muito tempo para
responder. Quando inquirida a respeito da demora, mostrava-se incapaz
de explicá-la)
Jung supôs que a demora fosse provocada por alguma emoção
inconsciente que inibia a resposta. Explorando mais a fundo a questão,
verificou que outras palavras relacionadas com a que provocara a
demora tambeem provocavam demoradas reações.
Raiocinou que deviam existir grupos de sentimentos, pensamentos e
lembranças (complexos) no inconsciente.
Qualquer palavra que atingisse o complexo provocaria uma resposta
retardada.
Um estudo posterior de tais complexos demonstrou constituirem como
que pequenas personalidades separadas na personalidade total.
São autônomos, possuem a força propulsora própria, e podem atuar de
modo intenso no controle de nossos pensamentos e comportamentos.
Foi graças a Jung que a palavra complexo passou a fazer parte do nosso
vocabulário. Dizemos de uma pessoa que ela tem um complexo de
inferioridade, ou um complexo relacionado om o sexo, o dinheiro, "a
geração mais nova” ou com outra coisa qualquer, ou com outra coisa
qualquer. Estamos todos familiarizados com o Complexo de Édipo
descrito por Freud.
Quando afirmamos que uma pessoa tem um complexo queremos dizer
que vive tão intensamente preocupada com uma coisa que dificilmente
consegue pensar noutra.
No jargão atual, este indivíduo tem uma "mania”. Um forte complexo é
facilmente percebido por outras pessoas, embora quem o tem talvez
não o perceba.
Um exemplo descrito por Jung é o complexo materno. A pessoa
dominada por um forte complexo materno ee extremamente sensível a
tudo que a mãe diz ou sente, e a imagem dela estará sempre gravada
em sua mente.
Este indivíduo tenta incluir a mãe ou alguma coisa com ela relacionada
em todas as conversas possíveis, haja ou não cabimento para tal
procedimento. Dará preferência às histórias, aos filmes e aos
acontecimentos.
Dará preferência às histórias, aos filmes e aos acontecimentos nos quais
as mães desempenham papel de relevo. Ficará na expectativa do Dia
das Mães, do aniversário da mãe e de ocasiões que lhe dêem um
pretexto para homenageá-la. Tende a imitar a mãe adotando-lhe as
preferências e interesses, e sentir-se-á atraído pelos conhecidos dela.
Prefere a companhia de mulheres mais velhas à das mulheres da
própria idade. Quando criança, é um “filhinho da mamãe”; quando
adulto, contínua “amarrado à sai da mãe”
A maioria dos complexos observados por Jung provinha de seus
pacientes, e ele compreendeu que os complexos tinham a ver de modo
acentuado om a condição neurótica deles. “Uma pessoa não tem um
complexo: o complexo é que a tem”. Um dos objetivos da terapia
analítica é eliminar os complexos libertando a pessoa da tirania deles.
Todavia, como Jung viria a descobrir, um complexo não tem de ser
necessariamente um obstáculo ao ajustamento de uma pessoa. Na
verdade, é justamente o contrário. Eles podem ser, e frequentemente o
são, fontes de inspiração e de impulso, essenciais para uma realização
digna de nota.
Por exemplo: Um artista obcecado pela beleza só se contentará com a
realização de uma obra-prima. Produzirá muitas obras de arte,
aprimorando a técnica e aprofundando a consciência no afã de produzir
algo de sublime beleza.
Lembremo-nos de Van Gogh, que dedicou à arte os últimos anos de
vida. Era como que um homem possuído e sacrificou tudo, inclusive a
saúde e até a vida, à pintura.
Jung fala da "paixão implacável pela criação” que domina o artista.
“Ele está fadado a sacrificar a felicidade e tudo que torna a vida digna
de ser vivida para o ser humano comum”. ( Vol 15, pp 101-102)
Esta luta pela perfeição deve ser atribuída a um forte complexo; um
complexo fraco limitaria o indivíduo à produção de obras medíocres ou
Inferiores, ou mesmo a nada.
Como se originam os complexos?
A princípio, influenciado por Freud, Jung estava propenso a acreditar que
tem origem nas experiências traumáticas da primeira infância. Por exemplo:
uma criança pode-se ver abruptamente separada da mnae, o que faria surgir
um duradouro complexo materno para compensar a perda da mãe. Esta
explicação não o satisfez por muito tempo. Chegou compreender que os
complexos devem ter raízes em algo muito mais profundo na natureza
humana que as experiências da primeira infiancia. Através da curiosidade a
respeito do que poderia ser tal coisa mais profunda, Jung descobriu outro
nível da psique a que deu o nome de inconsciente coletivo.
• Os complexos podem se originar por duas fontes: uma a fonte
arquetípica, que ee o núcleo do complexo, portanto, inata.
• A outra, adquirida, dentro da história pessoal das relações entre o
indivíduo e suas relações parentais, sociais, onde as experiências
afetivas marcantes vão dar a tonalidade dos complexos.

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