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ARGILOMINERAIS EM SOLOS BRASILEIROS

Prof. Nilton Curi


Prof. José M. Lima
1. Caulinita (Ct)

1:1
Si
Dioctaedral
Al
ASE: 7 – 30 m2 g-1
CTC: 1 – 10 cmolc kg-1 (baixa e originada de carga
dependente do pH)
-
pH
R – OH + OH R – O- + H2O
pH
-
R – OH + H R+ + H2O
Cuidados no manejo do solo (calagens mais brandas e
frequentes; parcelamento das adubações potássicas)

Morfologia dos cristais: hexagonal


Caulinita bem cristalizada
1. Caulinita (Ct)

Remoção parcial de bases e de sílica é requerida para


sua formação

Predomina em 70 – 80% da fração argila dos solos


do BR

Solos com teores elevados de óxidos de Fe e de Ti:


caulinita de tamanho pequeno e maior ASE (maior
retenção de P e de outros ânions)

A recíproca é verdadeira no tocante ao ítem anterior


2. Haloisita (Hl)
1:1
Dioctaedral
Morfologia dos cristais: tubular
2. Haloisita (Hl)

Condição úmida é requerida para sua formação;


precursora da Ct; menos estável

Expressão geográfica: restrita

- Solos altimontanos da Serra do Mar: mais de 1.000


m de altitude e mais de 3.400 mm de precipitação
anual;
- Solos úmidos, de drenagem livre (sem
encharcamento).
3. Micas (Mi)
Si
2:1
Al
Si
Não expansivas (K nas entrecamadas)
devido à alta S.I. de Si4+ por Al3+ nos
tetraedros
CTC: ~ 30 cmolc kg-1

Atributos físicos mais semelhantes à Ct do


que à Em

Reserva de K para as plantas: após intemperização


(atentar para facilidade de reciclagem e lixiviação
favorecimento de perdas por erosão e lixiviação)
3. Micas (Mi)

Muscovita mais resistente à intemperização do que biotita


(maior repulsão entre os íons K+ e H+ ligação mais
fraca na biotita)

Solos originados de rochas máficas


(ferromagnesianas): normalmente não contém Mi

Solos originados de granitos, gnaisses, calcários,


arenitos e rochas pelíticas: podem conter Mi em
quantidades significativas, quanto mais novos eles
forem ou situados em regiões mais secas ou mais frias
4. Vermiculitas (Vm)
Si
2:1
Al
Si
Estrutura semelhante à Mi e expansão
semelhante à Em (porém menor)

Dioctaedrais (originadas a partir da muscovita) e


trioctaedrais (a partir da biotita). As dioctaedrais são
mais frequentes em solos

CTC: ~ 150 cmolc kg-1 (muito alta e originada de carga


permanente - independente do pH): S.I. de Si4+ por Al3+
nos tetraedros, principalmente)
4. Vermiculitas (Vm)

Mg: cátion dominante nas entrecamadas, ocorrendo


ainda Ca e Na, além de moléculas de H20

ASE: ~ 300-500 m2 g-1

Podem fixar K (0,133 nm), NH4 (0,148 nm), Rb (0,148


nm) e Cs (0,167 nm): desidratação das entrecamadas
e formação de complexos de esfera interna com a
superfície dos tetraedos (~ 0,133 nm) no caso do
K: adubações potássicas mais elevadas são
recomendadas
4. Vermiculitas (Vm)

Ocorrência: raras em solos brasileiros; geralmente em


solos ácidos, muito intemperizados:
Mi VHE (Vm com hidróxi-Al entrecamadas), sem
estádio intermediário de Vm propriamente dita

Mais resistentes ao intemperismo que a Ct; geralmente


se concentra no horizonte superficial dos solos, mesmo
nos Latossolos, havendo registros desta ocorrência
também no horizonte B destes solos
5. Esmectitas (Em)

2:1
Si
Al
Dioctaedrais e trioctaedrais Si

Expandem (período chuvoso) e contraem (período


seco)

CTC: 70 cmolc kg-1 (alta e originada de carga


permanente: S.I. de Si4+ por Al3+ nos tetraedros e de
Fe3+ por Mg2+ ou Fe2+ nos octaedros)
5. Esmectitas (Em)

Drenagem restrita ou não desde que haja suprimento


de soluções ricas em Si, Al, Mg, Fe e lixiviação
mínima são requeridas para sua formação e
preservação
Características de Vertissolos e solos com atributos
vérticos: muito plásticos e pegajosos quando úmidos
ou molhados, e muito duros e fendilhados quando
secos

pH ácido as desestabilizam com consequente


liberação de Al dos octaedros
Esmectita
Distribuição geográfica dos Vertissolos
10Å
15Å

MICA
VERMICULITA
ESMECTITA
6. Quartzo (Qz)

Tectossilicato (“armação bem


fechada”)
n (SiO2) (estrutura cristalina
eletricamente balanceada)
Inerte ou quimicamente inativo diluente do efeito
da fração argila e da MOS: não atua na nutrição de
plantas

Alta resistência ao intemperismo nas frações areia


e silte; mediana resistência na fração argila; tende a
concentrar-se nas 2 primeiras frações mesmo em
solos muito velhos (Latossolos); quanto mais Qz no
material de origem menos argiloso tende a ser o
solo
7. Alofana e Imogolita

7.1 Alofana

Silicatos de Al hidratados não-cristalinos


(ordenamento local e não repetitivo dos
átomos)

Al2O3.2Si02.nH2O

Pequenas partículas esféricas


Alofana
7. Alofana e Imogolita

7.2 Imogolita

Conjuntos paracristalinos (~cristalinos) com


ordenamento de grande amplitude em pelo menos 1
direção cristalográfica

SiO2.Al2O3.2,5H2O

ASE: 700 – 1.100 m2 g-1

Ocorrência: regiões de vulcanismo recente ( Acre:


sedimentos Andinos recentes e baixa permeabilidade
dos solos)
7. Alofana e Imogolita

Alta retenção de P e outros ânions (carga


superficial dependente de pH)

Baixa Ds e alta retenção de H2O

Sensação escorregadiça mas não-pegajosa


ao tato
Literatura obrigatória:

CURI, N.; KÄMPF, N. ; MARQUES, J. J. G. S. M. . Mineralogia e Formas de


Potássio em Solos Brasileiros. In: Yamada, T; Roberts, T.L.. (Org.). Potássio na
Agricultura Brasileira. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da
Potassa e do Fosfato, 2005, v. , p. 71-86.

KÄMPF, N. ; CURI, N. . Argilominerais em solos brasileiros. In: NILTON CURI;


JOÃO JOSÉ GRANATE SÁ E MELO MARQUES; LUIZ ROBERTO GUIMARÃES
GUILHERME; JOSÉ MARIA DE LIMA; ALFREDO SCHEID LOPES; VICTOR HUGO
ALVAREZ VENEGAS. (Org.). Tópicos em Ciência do Solo. 1ed.Viçosa: SBCS,
2003, v. 3, p. 1-54.

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