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MOTRICIDADE

Psicopatologia I – 1º Semestre
Licenciatura em Psicologia – 2º ano
2018/2019
Carolina Almeida 30002735
Diogo Velez 30003071
Joana Geirinhas
Patrícia Martins 30003348
Rafaela Taborda
Raquel Pereira 30002738
Motricidade – Definição
A motricidade é vista como um conjunto de expressões corporais,
gestuais e motoras, não verbais e não simbólicas que sustentam e
conseguem suportar as manifestações do psiquismo.
Alterações da motricidade
Estão agrupadas em quatro subgrupos:
• Alteração dos movimentos espontâneos
• Movimentos anormais induzidos
• Alteração na postura
• Efeitos extrapiramidais.
Alteração dos movimentos espontâneos
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS
• Hiperatividade e a Hipoatividade

ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
• Paracinesias
Hiperatividade
Aumento dos movimentos expressivos:
• Movimentos espontâneos automáticos, não controlados pela vontade
diretamente, e que envolvem a face, os braços, mãos e tronco
superior.
• São recorrentes em casos de ansiedade e também nas personalidades
com hiperexpressividade, principalmente na personalidade histriónica
Hiperatividade
Aumento dos movimentos direcionados:
• São movimentos voluntários realizados deliberadamente pelos
indivíduos
• Podem manifestar-se através de: inquietude motora e agitação
psicomotora
Hipoatividade
Redução dos movimentos expressivos:
• Na depressão, os doentes podem apresentar uma mímica facial
pobre, podendo apresentar o sinal de Veraguth e sinal de ómega
• Na depressão grave pode haver uma inibição psicomotora
generalizada
• Na esquizofrenia catatónica, a expressão facial é rígida e os
movimentos do corpo escassos
Hipoatividade
Redução dos movimentos direcionados
• Lentificação ou ralentamento psicomotor – lentidão de toda a
atividade motora associada a bradipsiquismo, com diminuição dos
movimentos que se tornam mais pobres, mais lentos e mais pesados
• Inibição psicomotora – estado de acentuada e profunda lentificação
psicomotora ou ausência de respostas motoras adequadas
• Bloqueio ou obstrução – corresponde ao impedimento irregular da
atividade motora; surgem mais frequentemente na esquizofrenia
• Estupor – estado de suspensão de todas as atividades motoras como
se estivessem congeladas
a) Estupor melancólico: ocorre na depressão grave; culmina com um
estado em que os doentes se mantêm completamente imóveis e
rígidos
b) Estupor histérico: ocorre em personalidades histriónicas; distingue-
se porque não impede o doente de manter boas condições de
higiene pessoal, de mudar frequentemente de posição e de aceitar
os alimentos
c) Estupor catatónico: ocorre nas esquizofrenias catatónicas; o doente
permanece imóvel, não reage aos estímulos mais intensa nem
manifesta movimentos de defesa
Paracinesias: Maneirismos
• Movimentos direcionados com finalidade e voluntários,
invulgarmente repetitivos ou modificados de forma a se tornarem
afetados ou extravagantes
• Exemplos: movimentos pouco usuais de apertar a mão, levar
repetidamente a mão ao cabelo, uso pouco habitual de palavras ou
expressões
Paracinesias: Estereotipias
• Movimentos não direcionados sem finalidade ou expressões verbais
não adaptativas
• Podem ser simples (como estalar os dedos) ou complexos
• Podem estar presentes em alterações neurológicas e na esquizofrenia
(sobretudo catatónica)
Paracinesias: Outros tipos
Tiques
• Contrações musculares involuntárias de pequenos grupos de
músculos

Tremor de repouso
• Pode ocorrer nas mãos, cabeça e parte superior do tronco quando o
doente está em repouso
Paracinesias: Outros tipos
Coreia:
• Movimentos irregulares espasmódicos abruptos que se assemelham a
fragmentos de movimentos expressivos ou reativos

Atetose
• Movimentos espontâneos lentos

Mioclonias
• Contrações musculares breves (“sacudidelas”)
Alterações dos movimentos induzidos
Obediência automática
• O doente cumpre qualquer instrução sem olhar às consequências

Ecopraxia
• O doente imita ações simples que observa

Ecolalia
• O doente repete em forma de eco uma parte ou a totalidade do que lhe
foi dito
Alterações dos movimentos induzidos
Perseveração
• Repetição sem sentido de uma ação direcionada que já cumpriu o seu
objetivo

Cooperação ou mitmachen
• O corpo do doente pode posicionar-se em qualquer posição sem
resistência, embora lhe tenha sido pedido para resistir a qualquer
movimentação
Alterações dos movimentos induzidos
Oposição ou genhalten
• O doente opõe-se a qualquer movimento passivo com o mesmo grau
de força que estiver a ser aplicado pelo entrevistador

Ambitendência
• O doente inicia o movimento voluntário com um objetivo, mas este é
interrompido
Alterações de postura
Postura maneirista
• Postura pouco natural, afetada

Postura estereotipada
• Posturas anormais que são mantidas rigidamente

Perseveração da postura / catalepsia


• Acentuado acréscimo do tónus postural, havendo uma manutenção
de uma determinada postura imposta ou voluntária, mantendo o
doente na mesma posição durante um longo período
Efeitos extrapiramidais secundários ao uso de
psicofármacos
Pseudoparkinsonismo
• Rigidez muscular, tremor e acinesia

Acatisia
• Agitação psicomotora, sensação subjetiva de inquietude

Distonia aguda
• Espasmos musculares intermitentes ou sustidos

Discinesia tardia
• Movimentos sem propósito, repetitivos dos músculos faciais, boca e língua
Motricidade vs Movimento
• O movimento exige uma grande coordenação de órgãos e por isso,
surge uma reorganização de componentes e atividades neuronais, daí
se fazer a ligação de que o movimento gera conhecimento, a
constante aprendizagem humana.
• A motricidade e o corpo, não podem ser vistos como dois aspetos
individuais, há inevitavelmente um paralelismo psico-fisiológico, que
integra as capacidades cognitivas, afetivas e emocionais perante uma
ação/movimento.
Psicomotricidade - Definição
A Psicomotricidade é um “campo transdisciplinar que estuda e investiga
as relações e as influências, recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e
a motricidade” (Fonseca, 2001).
É o estudo dos movimentos realizados pelo Homem relativamente ao
mundo interno e externo que o rodeia.
Esta, engloba a velocidade e a intensidade da mobilidade da marcha; a
atividade motora (acatisia, tremores, agitação, maneirismos, tiques e
estereotipias) e também engloba sinais de catatonia (perturbação do
comportamento motor).
Psicomotricidade - Origem
• Platão afirmava que havia uma separação entre o corpo e a alma,
considerando o corpo apenas um lugar transitório da existência humana;
• Aristóteles via o homem como uma certa quantidade de matéria (o
corpo) moldada numa forma (alma)
• Descartes falava do dualismo entre o corpo e a alma – dualismo
cartesiano – acrescentando ainda à existência do ser o ato de pensar

(Sousa, 2004)
Psicomotricidade - Origem
• Início do século XX: reconhecimento das inferências entre entre o corpo e
o psiquismo, tendo sido criado o termo “psicomotricidade” por Dupré
(1909)
• Introduziu os primeiros termos sobre a debilidade motora em sujeitos
com debilidade mental, sublinhando o paralelismo entre
desenvolvimento motor e desenvolvimento cognitivo
• Estabeleceu a noção de Reeducação Psicomotora

(Costa, 2008; Fonseca, 2001)


Henri Wallon

• Grande pioneiro da psicomotricidade


enquanto campo científico
• Tentou demonstrar a ação recíproca
entre as funções mentais e as funções
motoras

(Costa, 2008; Fonseca, 2010)


Psicomotricidade em
Portugal
• O preconizador da psicomotricidade em
Portugal foi João dos Santos
• Realizou os primeiros exames
psicomotores, onde colocava a vida
emocional da criança num paradigma de
triangulação entre corpo, espaço e conflito

(Costa, 2008)
As 3 componentes da Psicomotricidade
Multicomponencial
Integra os domínios das ciências biológicas, humanas e sociais. Da
psicofisiologia, da psicopatologia, da psicologia cognitiva, da
psicanálise, da psicopedagogia, da neurociência, da neurologia, da
neuropsiquiatria, da neuropsicologia etc.
As 3 componentes da Psicomotricidade
Multiexperiencial
Procura descrever a implicação da psicomotricidade ao longo da vida
desde o individuo inexperiente ao experiente, desde os indivíduos
recém-nascidos aos idosos.
As 3 componentes da Psicomotricidade
Multicontextual
Tem como objetivo projetar o conhecimento que cada pessoa consegue
adquirir em qualquer contexto onde se observa a atividade humana.
Desde o contexto familiar de uma criança ao jardim de infância, desde
os locais de trabalho aos lares de idosos.
Nível Qualitativo e Quantitativo
• A psicomotricidade, a nível quantitativo, está dividida em inibição e
agitação psicomotora.
• A nível qualitativo temos os movimentos repetitivos sendo eles os
maneirismos, as estereotipias e os tiques.
Psicomotricidade Funcional
A Psicomotricidade Funcional compreende o desenvolvimento
psicomotor a partir das bases teóricas da neuroanatomia funcional
(Martins, 2001).
Psicomotricidade Relacional
A Psicomotricidade Relacional é definida como uma motricidade em
relação, isto é, ocupa-se do corpo de um sujeito valorizando a relação,
a afetividade e os aspetos emocionais (Vieira, Batista, & Lapierre,
2005).
Procura superar o dualismo cartesiano corpo/mente, enfatizando a
importância da comunicação corporal essencialmente pelas relações
psicofísicas e socio emocionais do sujeito.
Preza por uma abordagem preventiva, com uma perspetiva qualitativa
e, portanto, com ênfase na saúde, não na doença.
É uma prática que permite a libertação do desejo e do prazer de ser, de
comunicar-se, de estar vivo.
Enfermaria
nº6 - Conto
Autor - Anton
Tchekov
• Nasceu em Tapanrog (Rússia) em 1860
• Faleceu em Hadenweilcr (Alemanha) em
1904

Foi um médico, dramaturgo e escritor russo,
considerado um dos maiores contistas de
todos os tempos.
INTERPRETAÇÃO
Este tema mostra o preconceito contra os doentes com distúrbios
mentais. A relação estabelecida entre Ivan e Andrei enfatiza a
importância de uma boa relação médico-paciente. Não está presente
qualquer indício de amor ou compaixão para com o outro, havendo
apenas espaço para a humilhação.
A distância e o desinteresse dos médicos para com os doentes mentais
encontram-se tão entranhados na sociedade que comportamentos e
atitudes contrárias são tão recusadas, que acabam por considerar
Andrei um louco.

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