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Posição esquizoparanoide
Segundo Klein, o bebê nasce imerso na
posição esquizoparanóide, cujas
principais características são:

A fragmentação do ego e a divisão do


objeto externo (a mãe) ou, mais
particularmente, de seu seio, já que este
é o primeiro órgão com o qual a criança
estabelece contato.
Desta forma, tem-se o seio bom e o seio
mau.
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Posição esquizoparanoide
O primeiro é aquele que a
gratifica infinitamente. Enquanto
isso, o segundo somente lhe
provoca frustração, despertando
a agressividade e a realização de
ataques sádicos dirigidos à figura
materna (Simon, 1986).
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Posição esquizoparanoide
Sendo assim, o bebê, com o seu ego
imaturo dotado apenas de fantasias
primitivas e instintivas, não vê a
pessoa da mãe ou do pai.

Para esse bebê, tudo se resume ao


seio, pois é com o seio sua primeira
relação.
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Posição depressiva
Com o desenvolvimento do ego do
bebê, ele vai progressivamente
percebendo que o mesmo objeto que
odeia, o “seio mau”, é o mesmo
objeto que ama, o “seio bom”.

Seu ego já tem maturidade


suficiente para perceber que ambos
os registros fazem parte de uma
mesma pessoa.
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Posição depressiva
Estas posições continuam
presentes pelo resto da vida.
Porém, elas se alteram em função
do contexto, embora a posição
depressiva predomine em um
desenvolvimento saudável
(Simon, 1986).
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Winnicott
-Biografia.
-Preocupação materna
primária.
-Dep. Absoluta.
-Dep. Relativa.
-Rumo a independência.
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Winnicott
Preocupação materna primária

“O estado inicial da mãe quando do


nascimento do bebê,
aproximadamente, nos seus 3 a 4
meses seguintes corresponde ao que
Winnicott denominou de estado de
preocupação primária.”
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Preocupação materna primária


O estado de preocupação materna
primária corresponde a um modo de
ser-estar da mãe em consonância
com a possibilidade de se comunicar
com o bebê, tanto para saber o que
ele necessita, o que ocorre com ele,
quanto para atendê-lo nas suas
necessidades (tanto instituais como
relacionais).
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Dependência Absoluta

Para Winnicott, é nos primeiros seis


meses de vida, aproximadamente,
que o ser humano bebê acha-se num
estado de total dependência do meio,
representado, nessa época, pela mãe
ou por um seu substituto
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Dependência Absoluta
O bebê depende inteiramente do
mundo que lhe é oferecido pela mãe,
porém o mais importante, e que
constitui a base da teoria de
Winnicott, é o desconhecimento de
seu estado de dependência por parte
do bebê.

Na mente do bebê, ele e o meio são


uma coisa só.
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Dependência Absoluta
Ora, idealmente, seria por uma perfeita
adaptação às necessidades do bebê que a
mãe permitiria o livre desenrolar dos
processos de maturação.

As três funções maternas:

Nos primórdios da vida, as necessidades do


bebê por certo são de ordem corporal, mas
há também necessidades ligadas ao
desenvolvimento psíquico do eu.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

Na função materna de apresentação do


objeto, pareceu-me que o exemplo mais
impressionante é a apresentação do seio
ou da mamadeira.

Essa oferta começa com o que Winnicott


denomina de primeira refeição teórica, que
é também uma primeira refeição real.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

Durante essa primeira refeição,


a mãe apresenta o seio ou a
mamadeira no momento em que
o bebê está pronto para
imaginá-lo, e portanto, para
encontrá-lo.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

A adaptação da mãe a essas


necessidades do bebê concretiza-
se através do emprego de três
funções maternas:
 A apresentação do objeto.
 O holding.
 O handling.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

Ao oferecer o seio mais ou menos no


momento certo, ela dá ao bebê a
ilusão de que ele mesmo criou o
objeto do qual sente confusamente a
necessidade.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS
Holding
A segunda função da mãe corresponde ao
holding, ou seja, à sustentação.

A mãe protege o bebê dos perigos físicos, leva


em conta sua sensibilidade cutânea, auditiva e
visual, sua sensibilidade às quedas e sua
ignorância da realidade externa.
Através dos cuidados cotidianos, ela instaura
uma rotina, sequências repetitivas.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS
Holding

Com essa função de holding,


Winnicott enfatiza o modo de
segurar a criança, a princípio
fisicamente, mas também
psiquicamente.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

Holding
A sustentação psíquica consiste em dar esteio ao
eu do bebê em seu desenvolvimento, isto é, em
colocá-lo em contato com uma realidade externa
simplificada, repetitiva, que permita ao eu
nascente encontrar pontos de referência para que
ele leve a cabo seu trabalho de integração no
tempo e no espaço a simples e estáveis,
necessário.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS

Handling
A terceira função da mãe se exerce através
do handling, ou seja, da manipulação do
bebê enquanto ele é cuidado.

A mãe troca a roupa do bebê, dá-lhe banho,


embala-o etc.
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Dependência Absoluta
AS TRÊS FUNÇÕES MATERNAS
Handling
O emprego dessa terceira função materna é
necessário para o bem-estar físico do bebê,
que aos poucos se experimenta como
vivendo dentro de um corpo e, com isso,
realiza uma união entre sua vida psíquica e
seu corpo.
Uma união que Winnicott chama de
Personalização.
Fase de dependência relativa 6-24 22

Ela se estende, aproximadamente, dos 6


meses aos 2 anos. Para a criança pequena,
trata-se de uma fase de dependência relativa
da mãe e dos substitutos parentais, que
agora intervêm de maneira mais frequente.

A dependência é relativa porque a criança se


conscientiza de sua sujeição e, por
conseguinte, tolera melhor as falhas de
adaptação da mãe, assim se tornando
capaz de tirar proveito delas para se
desenvolver.
Fase de dependência relativa 6-24 23

Quando se aproxima dessa segunda


fase, a criança já progrediu
consideravelmente. Está em
condições de reconhecer os objetos e
as pessoas como fazendo parte da
realidade externa.

Percebe a mãe como separada dela e


realiza uma união entre sua vida
psíquica e seu corpo.
Fase de dependência relativa 6-24 24

Sua capacidade de se situar no tempo e


no espaço também se desenvolveu,
sobretudo sua capacidade de se
antecipar aos acontecimentos.

Assim, os ruídos na cozinha, as palavras


da mãe e os deslocamentos dela lhe
indicam que o alimento logo estará
pronto e que a mãe irá cuidar dela.
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Ruma à independência

 Testagem da realidade.
 Testagem do objeto; da
fantasia à realidade.
Quando ocorre os traumas?
Freud:
*Fases psicossexuais.

Melanie kelin:
*Posições.

Winnicott:
Fases.
Como ocorre os traumas?

 Amor forçado/ falta de amor

 Punições físicas insuportáveis

 Terrorismo de sofrimento
Como ocorre o trauma?
Amor forçado/ falta de amor

Por amor forçado, entende-se as


experiências de sedução homo ou
heterossexuais ocorridas entre
crianças e adultos e que podiam
ou não chegar à violação sexual
ou ao estupro.
Como ocorre o trauma?
Amor forçado/ falta de amor

[...] são sempre perturbações e conflitos


reais com o mundo exterior que são
traumáticos e têm efeito de choque,
que dão o primeiro impulso à criação de
direções anormais de desenvolvimento
[...] (Ferenczi, 1930, p. 63.
Como ocorre o trauma?
Amor forçado/ falta de amor

Pág. 22 e 23
Como ocorre os traumas?

 Amor forçado/ falta de amor

 Punições físicas insuportáveis

 Terrorismo de sofrimento
Como ocorre o trauma?
Punições físicas insuportáveis

O sofrimento impingido a elas pelas


pessoas que dela se ocupam e nas
quais costumava confiar, funcionam,
tanto quanto as experiências de
sedução, como traumas psíquicos.
Ferenczi explica:
Como ocorre o trauma?
Punições físicas insuportáveis
Os delitos que a criança comete, de brincadeira, só
passam a ter um caráter de realidade pelas punições
passionais que recebem de adultos furiosos, rugindo
de cólera, o que acarreta numa criança, não culpada
até então, todas as consequências da depressão
(Ferenczi, 1933, p. 104).
Novamente, os efeitos desses episódios envolvem uma
cisão do ego, já que "não existe choque nem pavor sem
anúncio de clivagem de ego."
(Ferenczi, 1933, p. 104).
Como ocorre o trauma?
Terrorismo de sofrimento

A terceira possibilidade traumática isolada e descrita por


Ferenezi envolve o uso emocional da criança por seus
pais, que se sentem incapazes de lidar com suas
próprias angústias: A par do amor apaixonado e das
punições passionais, existe um terceiro meio de se
prender uma criança: é o terrorismo do sofrimento.
Como ocorre o trauma?
Terrorismo de sofrimento
As crianças são obrigadas a resolver toda espécie de conflitos
familiares, e carregam sobre seus frágeis ombros o fardo de
todos os outros membros da família.
Não o fazem, afinal de contas, por desinteresse puro, mas para
poder desfrutar de novo a paz desaparecida e a ternura que daí
decorre.
Uma mãe que se queixa continuamente de seus padecimentos
pode transformar seu filho pequeno num auxiliar para cuidar
dela, ou seja, fazer dele um verdadeiro substituto materno, sem
levar em conta os interesses próprios da criança (Ferenczi,
1933, p. 105, itálicos do autor).
Os tempos do trauma
1° O TEMPO DO INDIZÍVEL
Ferenczi define a origem de toda experiência
traumática: "um adulto e uma criança
amam-se" (1933a, p. 101).

É justamente pelo fato de o agressor ser um


objeto privilegiado de investimento amoroso que
o ato de violação da integridade psicossomática
da criança é potencialmente patogênico, tendo
como efeito aparentemente paradoxal a
transformação do amor terno em dependência
tirânica.
Os tempos do trauma
2° O TEMPO DO TESTEMUNHO
3° O TEMPO DO DESMENTIDO.

Ou seja, o momento em que a criança,


ansiando desesperadamente por apoio e
conforto depara-se com a recusa de
reconhecimento dos acontecimentos por
parte dos adultos.
Os tempos do trauma
3° O TEMPO DO DESMENTIDO.
“O pior é realmente a negação, a afirmação de que não
aconteceu nada, de que não houve sofrimento ou até
mesmo ser espancado ou repreendido quando se
manifesta a paralisia traumática do pensamento ou
dos movimentos; é isso, sobretudo, o que torna o
traumatismo patogênico.”
(Ferenczi, 1931, p. 79.)
Os tempos do trauma
Nós estaremos 2° tempo!
...cabe aos pais e, posteriormente,
sempre que for o caso, aos analistas a
tarefa de reconhecer – não desmentindo
– o evento traumático, viabilizando, pois,
as condições para a regressão necessária,
ao gerar um ambiente propício para o
acolhimento e a transformação do
sofrimento (Coelho Jr., 2003, p. 84).
Os efeitos do trauma:
1° REGRESSÃO.
2° PROGRESSÃO.
Uma profunda divisão egóica, resultante de choque faz entrar em ação
dois mecanismos que poderíamos chamar de pós-traumáticos.
 O primeiro, a regressão, caracteriza-se pela tendência da criança
(ou do paciente) a voltar no tempo rumo à beatitude vivida antes
trauma; é a tendência  a manter-se a criança que deve ser protegida
e cuidada e que permanece inocente, desconhecendo a brutalidade,
a violência e as angústias do mundo adulto.
 Ela expressa o desejo profundo de tornar o trauma inexistente.
Os efeitos do trauma:
2° PROGRESSÃO

Uma aflição extrema e, sobretudo, a angústia da morte, parece ter o poder


de despertar e ativar de súbito disposições latentes, ainda não investidas,
e que aguardavam tranquilamente sua maturação.
A criança que sofreu uma agressão sexual pode, de súbito, sob a pressão
da urgência traumática, manifestar todas as emoções de um adulto
maduro, as faculdades potenciais para o casamento, a paternidade, a
maternidade, faculdades pré-formadas nela.
Os efeitos do trauma:

Pensamos nos frutos que ficam maduros e saborosos


depressa demais, quando o bico de um pássaro os
fere, e na maturidade apressada de um fruto bichado
(Ferenczi, 1933, p. 104.)

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