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INSTITUTO POLITECNICO DE SAUDE DE MOCAMBIQUE

CURSO DE FARMACIA, TURMA: 03

Tecnologia farmacêutica i

Tinturas

Lichinga, Fevereiro de 2023

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 23-02-23


Tinturas
Generalidades
 Teofrasto Paracelso (1493-1541) foi quem teve a honra de as ter introduzido na
terapêutica, como forma galénica dotada de características especiais.
 A primeira farmacopeia a inscrever as tinturas foi o Dispensatorium Valerü Cordi (1666)
que já indicava o modo de obtenção de algumas dessas preparações, como a tintura de
casca de laranja.

“Considera-se como tinturas as soluções extractivas alcoólicas, obtidas a partir de drogas


vegetais, animais c minerais, no estado seco.”
 O nome tintura provém da circunstância destas formas galénicas se apresentarem
coradas, pois sendo soluções extractivas contêm princípios dotados de cor (taninos, por
exemplo) e vários pigmentos (clorofila, flavonas, quinonas, etc.).
 Entre as suas vantagens figura a grande riqueza em princípios activos, a excelente
conservação face às invasões microbianas e a facilidade de medição posológica que
apresentam.
Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico)
23-02-23
Tinturas
Preparação das Tinturas

Na preparação de uma tintura deve atender-se ao estado do fármaco, à escolha


do álcool de graduação conveniente e ao método de extracção a eleger.

Droga

Habitualmente, são as drogas vegetais que se utilizam para preparar tinturas.


Raras vezes se recorre ao uso de drogas animais e menos vezes, ainda, de drogas
minerais.

A relação entre a quantidade de droga e a de álcool ou de tintura é de, 10:100e


20:100. Para as drogas heróicas (lixiviação) usa-se uma concentração de 10% em
relação à tintura. Com as drogas não heróicas (maceração) empregam-sc, em
regra, 20 g de droga para 100 g de álcool.

23-02-23
Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico)
Tinturas
Preparação das Tinturas

Dissolvente
O dissolvente habitual é o álcool de graduação variável entre 30° e 90".
Como norma, para as drogas ricas em substâncias hidrossolúveis usa-se o álcool
de baixa graduação, reservando-se o álcool mais concentrado para as drogas com
princípios menos hidrossolúveis.
A F.P. IV estabelece que se preparem:
1.Com álcool de 65°, as tinturas de drogas secas, pouco activas, como a calumba;
2. Com álcool de 70", as tinturas das drogas heróicas;
3. Com álcool de 85°, as tinturas contendo sucos concretos, bálsamos e
substâncias resinosas.

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Tinturas
Método de Extracção

São essencialmente utilizados quatro processos de obtenção das tinturas, que são a maceração,
lixiviação, dissolução do extracto seco correspondente e digestão.

Maceração - processo correntemente utilizado para preparar tinturas de drogas não heróicas,
devendo macerar-se 200 g de droga em 1000 g de álcool, durante 10 dias, Obtido o macerado,
coa-se espremendo e filtra-se a solução alcoólica.

Lixiviação - processo recomendado para obter tinturas de drogas heróicas, O método é praticado
de acordo com as regras da lixiviação. Normalmente, partindo-se de 100 g de droga procede-se à
lixiviação até obter 1000 g de tintura.

A preparação de tinturas por dissolução do extracto correspondente é relativamente restrita,


pois se perde uma das vantagens desta forma farmacêutica, que consiste em não se ter
submetido a droga à acção do calor.

Na F.P IV apenas se inscreve uma tintura preparada por digestão, a de alcatrão mineral
saponinado. É obtida por aquecimento, a banho de água, da tintura de quilaia (800 g) com o
alcatrão mineral (200 g), durante l hora.
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Tinturas
Outros processos para preparar tinturas

Por BRIDEL e BAREL.- A droga é pulverizada e colocada num balão com 10 vezes o seu
peso de álcool de título adequado.

Aquece-se a refluxo durante l a 3 horas, deixa-se arrefecer, completa-se com álcool o


peso inicial, filtra-se e trata-se o marco com álcool fervente, até à obtenção do peso de
tintura desejado.

Pode fazer-se a extracção em aparelho de Soxhlet

Uma outra técnica de extracção, que pode interessar por ser muito simples e eficaz,
consiste na utilização dos agentes tensioactivos, como adjuvantes para facilitar o
contacto entre o álcool e as drogas vegetais.

DEAN et ai. empregaram, também, o moinho coloidal para a obtenção de tinturas de


beladona e de estramónio.
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Tinturas
Alterações tinturas

As tinturas devem conservar-se em frascos de vidro, de rolha esmerilada, e


ao abrigo da luz.

Efectivamente, durante a armazenagem, e em grande parte por acção da


luz, as tinturas vão sofrendo alterações de vária ordem, como:

Precipitações; oxidações

 hidrólises e até reacções com os componentes cedidos pelo vidro dos


recipientes.

Racemizações, fermentações e perda de álcool por evaporação


23-02-23

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Tinturas
Incompatibilidades

As tinturas são dispensadas puras, misturadas com outras tinturas, ou sob a forma
de poção. Empregam-se também, como já vimos, para preparar alguns xaropes.

Nestas circunstâncias, podem surgir certas incompatibilidades nas associações de


uma tintura, as quais, frequentemente, se traduzem pela formação de
precipitados ou de turvações.

Muitas vezes os precipitados provêm apenas da diluição das tinturas com água,
sendo também frequentes os que se formam por reacção dos taninos com os
alcalóides.

Em regra, estas incompatibilidades podem atenuar-se ou eliminar-se quer baixando


o pH do meio (ácido cítrico, tartárico), quer adicionando glicerina ou
propilenoglicol, quer ainda recorrendo aos tensioactivos (O/A), como os
polissorbatos 20 e 80 (0,5-2 %).
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Tinturas
Emprego das Tinturas

Sua finalidade terapêutica depende dos princípios das drogas usadas na sua
preparação.

Assim, há tinturas para uso:

 Externo (anti-sépticas, queratoplásticas, anestésicas locais, adstringentes,


emolientes, etc.),

Interno (béquicas, expectorantes, anti-sépticas, sedativas, anticolinérgicas,


analgésicas, diuréticas, tonicardíacas, eméticas, antimitóticas, etc.).

Devem dispensar-se em frascos, muitas vezes em frascos conta-gotas, o que


facilita a posologia.

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 23-02-23


Tinturas
Ensaio das Tinturas

As tinturas apresentam-se sob a forma de líquidos límpidos, possuindo geralmente


odor a etanol e gosto e cor determinados pelas características das drogas de onde
foram obtidas.
Em alguns casos, turvam ou precipitam por adição de água (tinturas resinosas e
balsâmicas, etc.), e quando agitadas com ela podem espumar mais ou menos
abundantemente, sendo a espuma incolor ou corada.
Identificação
-caracteres organolépticos (cor, cheiro e sabor),
-densidade, título alcoólico, índices (acidez, permanganato, formol, água, iodo) e
resíduo após evaporação, confirmando-se os resultados obtidos por meio de
reacções específicas dos seus principais constituintes.

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 23-02-23


Tinturas
Ensaio das Tinturas

 caracteres organolépticos

 As tinturas podem apresentar-se coradas de verde (beladona, meimendro,


lobélia, dedaleira, etc.), de amarelo palha, muito claro, (estrofanto), de
amarelo ambre (cantáridas, noz vómica, arnica, etc.).

 As tinturas podem apresentar simples cheiro a álcool etílico, ou manifestarem


odores diferentes os quais dependem dos princípios extraídos.

 O seu sabor é bastante variável, havendo tinturas amargas, como a de aloés e a


de quina, adstringentes, como a de ratânia, ácidas, etc.

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 23-02-23


Tinturas
Ensaio das Tinturas

 Densidade
A densidade das tinturas a 15-20°C, está, geralmente, compreendida entre 0,87
e 0,98.
Os métodos usuais para a sua determinação são a balança de Mohr-Westphal, o
picnómetro, ou os densímetros.

23-02-23
Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico)
Pela atenção dispensada, muito Obrigado!

Pascoal Jeremias Carumeia (Farmaceutico) 23-02-23

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