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A Invenção do

Cotidiano
1. Artes de fazer

Michel de Certeau
Introdução Geral
• Diante das formas de dominação da
sociedade urbano-industrial, supõem-se
que os dominados sejam passivos, ou
“consumidores”.
• O que se pretende com esta obra é
buscar os meios teórico-metodológicos
para estudar as resistências cotidianas
desta população: suas “práticas”,
“maneiras de fazer”. Práticas inicialmente
negadas por não trazerem suas
“diferenças culturais”.
• Para isto é necessário conceber as suas
práticas como “fabricações”, que são as
maneiras de empregar os produtos da
ordem dominante (da TV, dos espaços,
etc).
• Recusa-se o individualismo metodológico:
concebe-se que as relações sociais é que
definem os seus termos. Busca-se, assim,
os “modos de operação”, os “esquemas
de ação”.
• Essas práticas são pouco visíveis, pois
não possuem “lugar próprio” onde marcar
o que fazem com os produtos dominantes.
• Ler 2º parágrafo da pg 39.
• Ex: a rachadura na dominação colonial
espanhola: a resistência se dá pelo uso
diferenciado de símbolos dominantes
através da referência a significados
próprios.
Comparação com a performance
da linguística:
• Estuda-se o ato de falar, a enunciação que:
 “Opera no campo de um sistema linguístico”
 Faz uma “apropriação, ou uma reapropriação,
da língua por locutores”
 “Instaura um presente relativo a um momento e
um lugar”
 “E estabelece um contrato com o outro (o
interlocutor) numa rede de lugares e de
relações”.
• Estas características da enunciação estão
presentes em outras práticas como caminhar e
cozinhar.
• Esta comparação supõem que “à maneira
dos povos indígenas, os usuários ‘façam
uma bricolagem’ com e na economia
cultural dominante, usando inúmeras e
infinitesimais metamorfoses na lei,
segundo seus interesses próprios e suas
próprias regras.”
• As bricolagens são:
• Bacteriológicas, tais como os mecanismos
disciplinares de Foucalt em “Vigiar e
Punir”.
• De difícil apreensão pelo pensamento
lógico, que acaba por ter que recorrer,
sobretudo, a metáforas.
• Pertencem a uma “maioria silenciosa”:
mas as “estúcias” não são homogêneas, e
suas diferenças fazem referência à
diversidade de situações e relações de
força (a fraqueza no acesso a bens, por
ex, corresponde a um acréscimo em
astúcias, sonhos e senso de humor).
• Usam a ordem dominante mas não são
determinadas e nem capturadas por ela.
• Ex: a estatística, capaz de detectar os
elementos usados, mas não as “frases”
construídas com eles.
• Dependem de saberes muito antigos.
• Se multiplicam com o esfarelamento das
estabilidades locais.
• Sua forma principal, numa sociedade em que a
“leitura” de textos e imagens é hipertrofiada, é a
leitura como o “aluguel de uma casa”.
• Por fim, é preciso buscar a maneira de articular
essas práticas na constituição de um espaço
público.

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