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■ Relata a definição do Kula de forma geral analisando todas as atividades nele presentes. As
transações, os artigos utilizados no kula, as regras e características;
■ Significado do Kula, apresentando algumas características; Atribuição da definição de
comércio, diferindo o comércio primitivo em geral; Descrição detalhada dos objetos
utilizados nesse sistema; Explicação do funcionamento da transação dos objetos e a relação
de parceria; Abrange dois princípios importantes do Kula, ressaltando a importância da
equivalência dos objetos numa transação; Relata atividades secundárias pondo a ação do
Kula como atividade principal.
■ O Kula é um sistema de troca de bracelete e colares onde o princípio é a doação de algo e a
retribuição à altura, afim de evitar conflitos na vida social do indivíduo.
■ Como o Kula é um sistema de troca de “mercadorias” é necessário que essas mercadorias
estejam em constantes movimentos, por isso uma vez que adentrou nesse sistema de trocas,
não tem como sair, pois sempre terá o dever de manter o ciclo de trocas funcionando.
CAP. III: Características essenciais do Kula
I
[...] Forma de troca e tem caráter intertribal bastante amplo. (p. 75). Ocorre em comunidades que se
dispõem alinhadas formando um círculo fechado.
■ Longos colares feitos de conchas vermelhas , chamados soulava, e braceletes feitos de conchas,
chamados mwali.
■ Características essenciais do Kula: [...] uma instituição enorme e extraordinariamente
complexa... Abarca em enorme conjunto de atividades inter-relacionadas e interdependentes de
modo a formar um todo orgânico. (pp. 75-76)
■ Sistema de trocas circular, místico, sem noção de posse entre ilhéus e os habitantes das ilhas
vizinhas. Os estudos não se limitam apenas na descrição do processo de trocas, mas os motivos
que as fundamentam e os sentimentos que provocam nos nativos. A partir do Kula, enquanto
instituição, Malinowski analisa economia, parentesco, organização social, religião, ritual,
mitológica etc.
II
[...] está enraizado em mitos, sustentado pelas leis da tradição e cingido por rituais mágicos... Se
realiza periodicamente , em datas pré-estabelecidas, ao longo de rotas comerciais definidas que
conduzem a locais fixos de encontro(p. 77)
III
[…] Numa visão mais larga, feita agora sob o ponto de vista etnológico, podemos classificar os artigos preciosos
do Kula entre os diversos objetos “cerimoniais” que representam riqueza: enormes armas esculpidas e decoradas;
implementos de pedra; artigos para uso doméstico e industrial, ricamente ornamentados e incômodos demais para
serem usados normalmente. (p. 80)
[...] é a mesma a atitude mental que nos leva a valorizar nossos objetos históricos ou tradicionais e faz com que
os nativos da Nova Guiné tenham seus vaygy’a em grande apreço. (p. 81)
IV
Os nativos, parceiros do kula, trocam esse vaygu’a (principais objetos) e sobrevém a trocar outros presentes que
são as atividades secundárias, gerando essa parceria de troca que anima a relação fortalecida através de prestação
de serviços onde todas as aldeias têm lugar estável. Os artigos viajam de direção oposta, ou seja, esses objetos se
encontram em constante movimentação porque o sistema determina que os braceletes nunca sejam fornecidos ao
nativo pelo mesmo indivíduo. Os objetos principais de troca tem um tempo determinado de posse. Se o indivíduo
desrespeitar, ele será dito como “mesquinho” e poderá ser excluído desse sistema de troca.
V
Nessas cerimônias do kula, quando um nativo recebe uma doação eventual de um indivíduo, esse nativo tem que
dar, em um espaço de tempo, um presente de igual justo valor. Se o nativo der um presente inferior à doação dada
pelo indivíduo, esse indivíduo pode não cobrar diretamente e nem tentar acentuar seu parceiro e não finalizar sua
ligação. Para os nativos, quanto mais de tem mais dar, o indício de poder anda junto a generosidade que é sinal
de riqueza.
■ O Kula por ser um comércio onde se troca mercadoria(colares e braceletes) acaba com a ideia de
um comercio primitivo que era regido sem cerimônias e regulamentação. Os objetos de troca são
simplesmente enfeites, entretanto não podem ser utilizados no dia-a-dia ou em ocasiões que não
sejam importantes, o verdadeiro sentido dos objetos é a troca. O Kula se enquadra em um sistema
onde as trocas se estabelecem a partir de cerimônias e são firmadas por regras; uma das regras
que delimita as trocas é que estas trocam só podem ser feitas apenas a um curto número de
pessoas, sendo que este número irá variar de acordo com a classe social.
VI
“A natureza cerimonial do Kula está rigorosamente vinculada a um outro aspecto que o caracteriza- a
magia... Rituais mágicos precisam ser executados sobre as canoas marítimas, quando são construídas,
para que sejam velozes, estáveis e seguras; rituais mágicos são também executados sobre as canoas
para lhes dar sorte no Kula. Um outro sistema de rituais mágicos é executado para afastar os perigos
da navegação. Um terceiro sistema de rituais mágicos relativos às expedições marítimas é o mwasila,
ou a magia do Kula propriamente dita. Esse sistema se compõe de numerosos rituais e encantamentos
todos eles agindo diretamente sobre a mente (nanola) do parceiro, fazendo com que ele se torne
afável, de mente instável e ansioso por dar presentes kula.” (p. 89)
CAP. XXII- O significado do Kula
■ No sentido horário circulam os soulava (colar de concha) e no anti-horário os mwali
(braceletes)
■ Ser possuída e ser trocada;
■ Tratado de maneira ritual e provoca uma reação emocional;
[...] atitude fundamental do selvagem em relação à realidade. (p. 372)
■ Interdependência: ritual mágico e iniciativa econômica.
■ Aspectos da instituição de modo geral; estudo do mecanismo social e psicológico que
perpassam pela instituição;
■ Assimilação e compreensão de todos os itens de uma cultura;
APONTAMENTOS GERAIS
■ Propôs a apresentar uma “totalidade integrada” da vida nativa: não apenas a troca econômica, fim
último do Kula, mas as motivações, paixões e rituais intrínsecos a essa instituição;
■ Sistema de trocas que segue uma regra, todo um sistema, primeiramente um sistema interno de trocas,
depois outro externo.
■ É necessário possuir uma noção geral da instituição antes de descrevê-la minunciosamente, a partir do
seu funcionamento.
■ Propõe estudar a “totalidade” das motivações e reações humanas, isto é, descreve um personagem
motivado por múltiplos aspectos.
■ Não se pode entender o modelo malinowskiano de trabalho de campo sem passar pelo seu vínculo com
uma perspectiva funcionalista.
■ A ligação entre a antropologia e o exótico manifesta-se, de maneira efetiva, no vocabulário
ocasionalmente evolucionista e nos comentários sobre a "alma selvagem" de Malinowski. A questão
que fica é se as observações metodológicas de Malinowski podem ser lidas de modo que se encontre
nelas algo mais do que as condições de pesquisa em uma sociedade pré-industrial, a perspectiva
funcionalista e o interesse pelo exótico e o selvagem.
■ O "objetivo fundamental da pesquisa etnográfica" deve ser buscado a partir de uma variedade de
fontes, cuja pertinência é avaliada pelo acesso que propiciam aos "mecanismos sociais" e aos
"pontos de vista" em suas "manifestações concretas“.
■ Se na observação participante, o pesquisador deve deixar seus "nativos" falarem, no uso de fontes
textuais ele deve lidar com o que já foi dito. Nada disso invalida o recurso a entrevistas; afinal, há
situações em que é fundamental fazer certas personagens falarem, assim como é imprescindível
fazer emergir vozes que, de outro modo, permaneceriam submersas. O que considero importante é
pensar adequadamente a relação entre entrevista e trabalho de campo e não deixar de incluir nessa
reflexão o lugar das fontes textuais.
■ Visão da sociedade como funcionalmente coesa e estável e, de certa maneira, como um sistema
fechado.