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O “ALVORECER DE NOVAS CRUZADAS”:

FASCISMO A PARTIR DO ANTICLERICALISMO


DE MARIA LACERDA DE MOURA
LÉIA PATEK DE SOUZA
MOTIVAÇÕES:

 Construir contribuições ao debate histórico da década de 1930,


em especial sobre o movimento antifascista, anticlerical e
feminista

SOBRE A  Considera-se a relevância de Maria Lacerda nesse meio;

PESQUISA
 Retomada ampla dos escritos e trajetória de Maria Lacerda
como referência na luta feminista brasileira, em especial ao
anarcofeminismo;

 Necessidade de abordagem crítica das contribuições de Maria


Lacerda de Moura;
Objetivo geral:
Analisar as reflexões propostas por Maria Lacerda de Moura, como
intelectual do movimento anticlerical e antifascista brasileiro, sobre a
relação entre Igreja Católica e Fascismo a partir de suas obras Fascismo:
filho dileto da igreja e do capital, Clero e Fascismo e Clero e Estado.
Objetivos específicos:
 Contextualizar o fascismo em processo de consolidação na Itália, bem

OBJETIVO
como a sua expressão nacional por meio da Ação Integralista
Brasileira.
 Contextualizar os posicionamentos políticos da Igreja Católica

S INICIAIS
Apostólica Romana entre 1930 - 1935, e suas confluências com o
fascismo.
 Compreender quem era Maria Lacerda de Moura, dando ênfase para
sua atuação política e produção escrita, inserindo-a no contexto do
movimento anticlerical e antifascista do período.
 Analisar como Maria Lacerda de Moura apresenta e discute o
fascismo e a Igreja Católica, e de que forma constrói e interpreta uma
relação entre ambos.
Objetivo geral:
Analisar as reflexões propostas por Maria Lacerda de Moura, como
intelectual militante do movimento anticlerical e antifascista brasileiro,
sobre a relação entre Igreja Católica e Fascismo a partir de suas obras
Fascismo: filho dileto da igreja e do capital, Clero e Fascismo e Clero e
Estado.
Objetivos específicos:
 Contextualizar o processo de reivindicação de reinserção política da

OBJETIVO
Igreja Católica Romana, no Estado republicano, a partir de suas
organizações políticas leigas e seculares e suas confluências com o
fascismo.

S
 Compreender a atuação intelectual de Maria Lacerda de Moura, dando
ênfase para sua trajetória pessoal e política, em especial a construção
de seus posicionamentos teórico-filosóficos.

ATUAIS 


Problematizar a relação de Maria Lacerda com os movimentos sociais,
em especial o movimento anticlerical e antifascista do período.
Analisar como Maria Lacerda de Moura explica e discute o fascismo,
principalmente como o coloca em relação com Igreja Católica
Romana.
TRAJETÓRIA FAMILIAR, PESSOAL E POLÍTICA:

 Pertencente à camada intermediária urbana do funcionalismo

MARIA
público;

 Obtém acesso à educação normalista e correspondências com

LACERDA
produções de São Paulo;

 Criação espírita e anticlerical;

DE  Inserção em espaços públicos através dos temas: política;


educação; anticlericalismo e condição da mulher.

MOURA  “Dona Maria Lacerda” - Diferenciação e distanciamento

“Jornalista patrícia”  Individualismo – Anticlericalismo – Antifascismo –


Anticapitalismo – Esotérica - Pacifista
PERCURSSO DE ANÁLISE:

 1ª edição em 1935 – Contexto de construção da obra;

 Clero e fascismo: horda de embrutecedores (1934) – discussão


sobre o fascismo e seu desenvolver na Itália;
FASCISMO:  Construção da argumentação a partir de um resgate da história

FILHO
da Igreja, estabelecendo constante relação com a formação do
Estado moderno, ao passo que também aborda a inserção do
fascismo no Brasil pela atuação das organizações católicas

DILETO DA leigas e seculares;

 Abordagem dupla sobre a Igreja Católica Romana: 1)

IGREJA E DO “histórica” que constrói as bases socioculturais para a existência


do fascismo; 2) contemporânea a Lacerda, em decadência, que
utiliza-se do fascismo, numa relação de troca, para se reerguer.
CAPITAL  Análise que prioriza o idealismo, uma perspectiva metafísica,
como base;
 “O crime hediondo do envenenamento e torturas incríveis
aponta o Cristianismo, com a sua moral barbara, como a causa
dos desatinos e das atrocidades inauguradas pelo Estado

FASCISMO: moderno, em nome das barreiras odiosas do misticismo


nacionalista e econômico.” (MOURA, 2018)

FILHO  “A intolerância sistemática do clero suspira pela fogueira e


pelos santos inquisidores. A Igreja tem saudades fundas e

DILETO DA
nostálgica mística das suas perseguições e do fanatismo com
que o povo acorria para meter as achas de lenhas nas fogueiras
e ver assar vivos os hereges, os judeus e as feiticeiras.

IGREJA E DO  E neste momento, através do fascismo, a Igreja tenta de novo


tomar o mundo de assalto.” (MOURA, 2018)

CAPITAL
“Valerá a pena esperar de braços cruzados o desenrolar dessa
FASCISMO: catástrofe inominável?

FILHO
Somos uma presa disputada pelo imperialismo político do
fascismo, pelo imperialismo econômico da Inglaterra e dos
Estados Unidos e pelo imperialismo da Igreja Católica Romana.

DILETO DA O clero militante se arregimenta para o advento do fascismo –


defesa incondicional da reação burguesa capitalista com todos os

IGREJA E DO rançosos princípios da democracia cristã de mentira e do


tartufismo moraliteísta”

CAPITAL
“As organizações se substituem umas às outras... Porque, a causa
está em nós mesmos.

O que é preciso é a não-cooperação com a sociedade. O que seria


necessário é a solidariedade de todos no gesto individualista...

FASCISMO:
contra a bastilha burguesa das quatro castas parasitaras: políticos,
clero, militares e exploradores industriais. Mas não para formarem
outras castas com outros nomes...” (MOURA, 2018)

FILHO “Sacrificar o corpo, se for preciso - do número das cousas


diferentes para o estoico - afim de não sacrificar a razão, a

DILETO DA liberdade interior ou a consciência.

Não denunciar, não julgar, não reconhecer nenhum ídolo – nem

IGREJA E DO reacionário, nem revolucionário. Não matar. Resistência ativa,


ação direta, a nova tática revolucionaria de suprema resistência ao
mal: a não violência.

CAPITAL Aí está um programa mínimo de não-cooperação. Quem o puder


seguir... que heroísmo!”
A partir da análise dos elementos apresentados até aqui, concluímos
até o momento que Maria Lacerda de Moura, ao construir uma
explicação argumentativa sobre o fenômeno político do fascismo,
considera como fator constitutivo principal, o clericalismo cristão e
sua ânsia de dominação imperialista da consciência dos indivíduos,
em cooperação com o capitalismo. Nesse sentido, percebe-se uma
pormenorização do processo histórico envolvendo fatores político-

CONCLUSÕ
econômicos próprios do capitalismo na análise.

Consideramos a hipótese de que o posicionamento anticlerical é tão

ES marcado em sua análise do fascismo em decorrência de suas


posições teórico-filosóficas metafísica, idealista, pacifista e
individualista. Essas se mostram centrais na percepção de Lacerda,
não apenas sobre o fascismo e as formas de combate-lo, mas também
sobre caminhos para a transformação social como um todo.

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