Psicologia Social do Trabalho e Saúde Mental do

Trabalhador

8ºSemestre
Psicologia
Profa Ms Aline Tambory de Oliveira
Outubro de 2022
 Saúde Mental do
Trabalhador: Assédio Moral
Assédio Moral
• A precarização do trabalho, gerada pela globalização e o
neoliberalismo causaram consequências em todo o mundo.
• É criada uma nova forma de gerir Recursos Humanos: O
‘produtivismo’, fundado no modo de produção capitalista.
• O trabalhador, tratado como objeto de produção, num ambiente
marcado por pressões pelo desempenho quantitativo e alcance
de metas, poderá sofrer do que pode ser denominado de
assédio moral, sendo esse um processo de violência psicológica
extremado, causando-lhe uma série de danos psicológicos.
Assédio Moral
• O assédio moral é uma das espécies de violência cotidiana à
qual estão submetidos muitos dos trabalhadores de todo o
mundo, e não existe, no ordenamento jurídico brasileiro,
qualquer previsão específica que balize ou trate deste
fenômeno.
• Geralmente é causado pela deterioração das relações
interpessoais e pelas disfunções organizacionais.
• É um fenômeno relacionado com a cultura, podendo variar
as formas de suas manifestações de país para país.
Assédio Moral
• Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o assédio moral no
ambiente de trabalho é um comportamento irracional, repetido, em
relação a um determinado empregado, ou a um grupo de
empregados, criando um risco para a saúde e para a segurança.
• Pode ser caracterizado por um comportamento ou mesmo ações de
um indivíduo ou um grupo.
• Um sistema de trabalho pode ser utilizado como meio para humilhar,
debilitar ou ameaçar.
• Costuma ser um mau uso ou abuso de autoridade, situação na qual
as vítimas podem ter dificuldades para se defender.
Assédio Moral
• Resulta do dano moral, porém é tipificado de um modo menos amplo,
pois exige determinado tipo de conduta, ou seja, que ocorra de forma
reiterada ou sistemática, e que possa tornar insuportável a continuidade
do contrato de trabalho.
• O mercado, que busca profissionais qualificados com perfil versátil,
competitivo e criativo, pode pressionar os empregados, já inseridos na
empresa, a desenvolver um perfil que não o seu.
• O estabelecimento de rótulos ou perfis poderá ensejar humilhação,
degradação, desvalorização de empregados que, mesmo muito
produtivos, mas por cumprirem funções consideradas como de menor
relevância, sejam tidos como trabalhadores de importância diminuída.
Assédio Moral
• São tentativas de desestabilizar a vítima emocional e
profissionalmente, o que faz com que esta perca gradativamente sua
autoconfiança e interesse pelo trabalho.
• O objetivo é destruir a vítima por meio de uma vigilância acentuada e
constante, fazendo com que ela se isole do grupo familiar e de
amigos, recorrendo, muitas delas, ao uso e/ou abuso de álcool e
drogas.
• Com isso, o assediador livra-se da vítima, que é forçada a pedir
demissão ou é demitida por insubordinação.
Assédio Moral
• As falhas na organização do trabalho mostram grande discrepância entre
a concepção do trabalho e sua prática quotidiana.
• Essas falhas são sentidas na saúde mental dos trabalhadores, pois cobra-
se dos empregados o prejuízo, ao mesmo tempo em que esses erros
geram o medo, que, dependendo da estrutura emocional de cada
indivíduo, pode causar danos psico-emocionais.
• A fim de evitar erros – muitas vezes em decorrência de uma precária
organização do trabalho – os profissionais buscam manter rotinas e
estratégias individuais, o que instaura entre eles um clima de
competição, gerando a perda da capacidade de desenvolverem
estratégias coletivas de enfrentamento do problema.
Assédio Moral
• A insegurança, a baixa auto-estima e o sentimento de impotência
geram comportamentos de intolerância, frustração, isolamento e
agressividade nas relações afetivas do indivíduo, dentre elas as relações
familiares.
• A auto-estima é formada a partir das inserções e nos papéis
desenvolvidos pela pessoa nos grupos sociais.
• A maneira como a pessoa se percebe, como desenvolve seus afetos e
avalia seus comportamentos serão transformadas a partir da repetição
e intensidade das agressões psicológicas, direcionadas tanto para o
desempenho profissional como para os aspectos pessoais.
Assédio Moral
• Assim, o assédio moral transforma a autopercepção e a auto-estima,
dando sentido e coerência às agressões, pois o indivíduo – estando
com auto-estima baixa – passa a acreditar no que a ele é atribuído
pelo agressor.
• O próprio indivíduo sente culpa, insegurança e se julga incompetente.
• A estrutura psicológica do profissional é progressivamente afetada,
conforme a agressão se repete.
• Sua estabilidade emocional se altera, assim como sua autoconfiança
e funções psíquicas superiores, diminuindo seu desempenho no
trabalho.
Assédio Moral no Brasil
• O projeto de lei nº 4742/01, pretende tipificar a prática como crime,
como uma variante do crime de maus-tratos.
• Há também o projeto nº 5970/01, que visa a dar tutela estritamente
trabalhista ao tema, inserindo-o na CLT, além do projeto nº 2369/03,
que – assim como o anteriormente citado – pretende dar tratamento
justrabalhista ao tema, conferindo-lhe, porém, o caráter de lei
autônoma.
Assédio Moral
• PL 4742/2001
Situação: Aguardando Apreciação pelo Senado Federal
• Ementa
Introduz art. 146-A no Código Penal Brasileiro - Decreto-lei nº 2.848,
de 07 de dezembro de 1940, dispondo sobre o crime de assédio
moral no trabalho.
• Nova Ementa da Redação
NOVA EMENTA: Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), para tipificar o assédio moral.
13/03/2019 Mesa Diretora ( MESA )
Remessa ao Senado Federal por
meio do Of. nº 141/19/SGM-P.
Assédio Moral e suas consequências
• O assédio moral pode causar ou agravar muitos transtornos psicopatológicos,
psicossomáticos e comportamentais.
• Não se tem uma estimativa estatística de quantos trabalhadores, vítimas de assédio,
sofreram algum tipo de consequência em sua saúde.
• Dentre os psicopatológicos podem ser:
os sintomas ou síndromes de ansiedade;
depressão (incluindo apatia, insônia, pensamento introvertido, problemas de
concentração, humor depressivo, perda de interesse por coisas ou situações que antes
lhe despertavam, introversão, insegurança, falta de iniciativa, melancolia, pesadelos etc.);
mudanças de humor (ciclotimia);
irritabilidade (distimia).
Assédio Moral e suas consequências
• Os sintomas psicossomáticos incluem:
todos os sintomas físicos, mas que têm uma origem ou uma gênese psíquica;
hipertensão arterial;
ataques de asma brônquica;
úlceras estomacais;
enxaqueca;
perda de equilíbrio (labirintite ou síndrome de Menière);
torcicolos, lumbagos;
queda de cabelo (alopecia);
dores musculares e/ou articulares de origem tensional;
estresse;
Assédio Moral e suas consequências
• Os sintomas comportamentais são:
reações agressivas (consigo mesmo ou com outras pessoas do convívio
social);
transtornos alimentares;
aumento no consumo de álcool e outras drogas;
aumento do tabagismo;
disfunção sexual;
isolamento social;
Assédio Moral e suas consequências
• Os custos sociais do assédio moral podem ser diversos tais como:
A forma como atinge a vítima em todos os domínios de sua vida,
inclusive sua família.
Pode afetar seu círculo de amizades e relações sociais, pois ela
tende a abandonar seus compromissos sociais e a adotar um
comportamento de distanciamento das pessoas próximas.
Pode apresentar intolerância, o que provoca rupturas em
amizades e problemas e conjugais.
A Visão Biopsicossocial
• No assedio moral não é somente a vítima é prejudicada, mas também
o governo e a sociedade em geral, pois a vítima tende a perder
participação em projetos (de qualquer natureza) e sofre uma queda
no seu rendimento profissional.
• Os custos com benefícios previdenciários são muito altos, pois, como
o indivíduo pode desenvolver enfermidades e doenças diversas
(psicossomáticas e psiquiátricas) ou incapacidades (temporárias ou
permanentes), poderá haver também gastos com aposentadorias
prematuras, hospitalizações e tratamentos médicos.
Referências Bibliográficas
• FREIRE, P.A. Assédio Moral e Saúde Mental do Trabalhador. Trab.
educ. saúde 6 (2) Out 2008. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000200009