Você está na página 1de 14

4.

Aposentadoria do professor

• A aposentadoria do professor é espécie de aposentadoria por tempo de


contribuição.

• É comum encontrar referências à aposentadoria especial do professor,


porque assim era considerada na legislação anterior à Emenda
Constitucional nº 18 de 1981.

• Nos termos da legislação vigente, a aposentadoria do professor não é


considerada aposentadoria especial.

• A Lei n. 3.807/60 — Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) garantia


aposentadoria especial ao segurado que, contando no mínimo 50 anos
de idade e 15 anos de contribuições, trabalhasse durante 15, 20 ou 25
anos pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços, para
esse efeito, considerados penosos, insalubres ou perigosos, por Decreto
do Poder Executivo.
• Para regulamentar a lei, veio o Decreto n. 53.831, publicado em
30.03.1964, cujo item 2.1.4 classificava como penosa‖ a atividade de
magistério, garantindo a aposentadoria especial ao professor com 25
anos de exercício dessa atividade.

• Com algumas modificações na legislação, a atividade de magistério


continuou a dar direito à aposentadoria especial ao professor até a
entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 18, de 30.06.1981,
publicada em 9 de julho do mesmo ano.

• A EC 18 acrescentou o inc. XX ao art. 165 da CF, restando garantida a


aposentadoria para o professor após 30 anos e, para a professora, após
25 anos de efetivo exercício em funções de magistério, com salário
integral.

• A partir da vigência da EC 18/81, a aposentadoria dos professores


deixou de ter caráter de aposentadoria especial.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições:
I — trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se
mulher;
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em
cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Das sucessivas alterações resultou que a aposentadoria dos professores:

a) da vigência da Lei n. 3.807/60 até o dia anterior à vigência da EC 18/81, tinha natureza
jurídica de aposentadoria especial;
b) a partir da EC 18/81 passou a ser espécie de aposentadoria por tempo de
serviço/contribuição;
c) da vigência da EC 18/81 até o dia anterior à vigência da EC 20/98, era cobertura
previdenciária para os professores cuja atividade fosse exercida no magistério de qualquer
nível, inclusive superior;
d) a partir da vigência da EC 20/98, é cobertura previdenciária apenas para os professores
cujo magistério seja exercido na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
Regras permanentes: professores que se filiaram ao RGPS a partir da
vigência da EC 20/98

• Contingência: ter contribuído 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher,


com efetivo exercício nas funções de magistério na educação infantil e
no ensino fundamental e médio. Note-se que não há previsão de idade
mínima.

• A cobertura previdenciária com tempo de contribuição reduzido em 5


anos só alcança os professores que comprovem o efetivo exercício nas
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio.

• Está excluída a cobertura previdenciária para os professores do ensino


superior.

• Conceito de função de magistério -> O art. 56, § 2º, do RPS, estabelecia


que, para esse fim, a função de magistério é a atividade docente
exercida exclusivamente em sala de aula (art. 56, § 2º, do RPS).
• O STF editou a Súmula 726: Para efeito de aposentadoria especial de professores,
não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula.

• Posteriormente o STF adotou posicionamento em sentido contrário ao da Súmula


726 no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3772/DF, movida
pelo Procurador-Geral da República, impugnando o art. 1º da Lei n. 11.301/206,
que alterou o art. 67, § 2º, da Lei n. 9.394/96. A ADI 3.772 foi julgada parcialmente
procedente para dar interpretação conforme aos dispositivos impugnados:

(...) I — A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de


aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o
atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e,
ainda, a direção de unidade escolar. II — As funções de direção, coordenação e
assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos,
em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os
especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime
especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição
Federal. III — Ação direta julgada parcial- mente procedente, com interpretação
conforme, nos termos supra‖ (Tribunal Pleno, Rel. Min. Carlos Britto, Rel. p/ Ac. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe-059, divulg. 26.03.2009, publ. 27.03.2009, republicação DJe-
204, divulg. 28.10.2009, publ. 29.10.2009).
• A atividade de magistério, para fins previdenciários, tanto no RGPS
quanto no regime próprio dos servidores públicos, não se restringe
ao trabalho em sala de aula, mas abrange, também, a
coordenação e o assessoramento pedagógicos e a direção da
unidade escolar, desde que exercidas por professores de carreira
em escolas de ensino básico.

• No plano dos fatos, a atividade em sala de aula é o resultado do


trabalho do professor fora dela, no estudo e pesquisa da matéria,
no preparo das aulas, na elaboração e correção de provas, na
orientação aos alunos e pais, no planejamento do ano escolar etc.
5. Aposentadoria especial

• Aposentadoria especial é o benefício concedido ao segurado ou à segurada


que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade
física.

• Para ter direito à aposentadoria especial, além do tempo trabalhado, deverá


ser comprovada a efetiva exposição a agentes nocivos químicos, físicos ou
biológicos ou associação desses agentes prejudiciais à saúde ou à
integridade física pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20
ou 25 anos).

• A comprovação é feita no formulário denominado Perfil Profissiográfico


Previdenciário (PPP), que é preenchido pela empresa empregadora com base
em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

• Caso o trabalhador tenha exercido, por um curto período, atividade em


condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, o tempo poderá ser
convertido, de especial em comum, para concessão de aposentadoria por
idade ou por tempo de contribuição.
CARÊNCIA

• O tempo de contribuição necessário à concessão da aposentadoria


especial depende da atividade exercida pelo segurado. Pode ser de 15,
20 ou 25 anos.

DOCUMENTAÇÃO

• Número de Identificação do Trabalhador – NIT (PIS/PASEP ou número de


inscrição do contribuinte individual/facultativo/empregado doméstico).
• Documento de identificação com fotografia (Carteira de Identidade e/ou
Carteira de Trabalho e Previdência Social).
• Cadastro de Pessoa Física – CPF.
• Carteira de Trabalho ou outro documento que comprove o exercício de
atividade e/ou tempo de contribuição.
• Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP.
• Com a edição da Lei n. 9.032/95, passou-se a exigir a efetiva demonstração da
exposição do segurado a agente prejudicial à saúde, sendo, a partir daí,
desnecessário que a atividade conste do rol das normas regulamentares, mas
imperiosa a existência de laudo técnico que comprove a efetiva exposição a
agentes nocivos.

• Os agentes nocivos químicos, físicos, biológicos e associação de agentes


prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, considerados para fins
de aposentadoria especial, estão relacionados no Anexo IV do RPS, na forma do
disposto no caput do art. 58 do PBPS. Havendo dúvidas sobre o
enquadramento da atividade, caberá a solução ao Ministério do Trabalho e
Emprego e ao Ministério da Previdência Social (art. 68, § 1º, do RPS).

• Para comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos, observa-se o que, à


época do exercício da atividade, exigia o Regulamento: formulários SB-40 e DSS-
8030 até a vigência do Decreto n. 2.172/97, e, após a edição do referido
Decreto, laudo técnico, de- vendo a empresa fornecer ao segurado o Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), na forma da MP 1.523/96, convertida na
Lei n. 9.528/97. É a posição firmada pelo STJ.
-> A configuração atual da aposentadoria especial

• A aposentadoria especial é espécie de aposentadoria por tempo de


contribuição, que é reduzido para 15, 20 ou 25 anos em razão da atividade
exercida, cuja habitualidade, de alguma forma, traz consequências à saúde do
segurado.

• Contingência: exercer atividade sujeita a condições especiais que


prejudiquem a saúde ou a integridade física, de forma permanente, e não
ocasional nem intermitente, com a efetiva exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à
integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos.

• O conceito de trabalho permanente está fixado no caput do art. 65 do RPS, na


redação dada pelo Decreto n. 4.882, de 18.11.2003: aquele que é exercido de
forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado,
do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da
produção do bem ou da prestação do serviço‖.
• O Anexo IV do RPS estabelece o tempo de serviço de 15, 20 ou 25 anos
exigido para a aposentadoria especial, levando em conta o grau de exposição
do segurado aos agentes nocivos.

• O segurado comprova a efetiva exposição aos agentes nocivos por um


formulário emitido pela empresa ou seu preposto, conforme estabelecido
pelo INSS. O formulário deve ser baseado em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de
segurança do trabalho, na forma da legislação trabalhista.

• O laudo deve informar se a empresa tem equipamento de proteção coletiva


(EPC) ou individual (EPI) que diminua a intensidade da atuação dos agentes
nocivos a limites de tolerância, bem como recomendação para que seja
utilizado (§§ 2º, 3º e 4º do art. 58 do PBPS).

• Quanto ao EPC ou EPI, há discussão acerca de ser ou não o seu fornecimento


fator de afastamento da natureza especial da atividade. Na jurisprudência do
STJ prevalece o entendimento de que o fornecimento e utilização do EPC ou
EPI não descaracteriza a atividade especial.
• Carência: 180 contribuições mensais.

• Sujeito ativo: o segurado empregado, o trabalhador avulso e o


contribuinte individual filiado à cooperativa de trabalho ou de
produção que tenha trabalhado pelo período de 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem sua
saúde ou sua integridade física (art. 64 do RPS e art. 1º da Lei n.
10.666/2003).

Atenção: não têm direito à aposentadoria especial os segurados


empregados domésticos, os segurados especiais e os segurados
facultativos.

• Sujeito passivo: o INSS.

• RMI: 100% do salário de benefício (art. 57, § 1º, do PBPS e art. 67 do


RPS).
• Termo inicial: fixado pelos mesmos critérios da aposentadoria por
idade (art. 57, § 2º, do PBPS e art. 69 do RPS), inclusive quando
concedido pela via judicial.

• Termo final: em regra, o benefício cessa na data da morte do segurado.


Entretanto, há que atentar para o disposto no § 8º do art. 57 do PBPS,
com a redação dada pela Lei n. 9.732/98: aplica-se o disposto no art. 46
ao segurado aposentado, nos termos deste artigo, que continuar no
exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos
constantes da relação referida no art. 58 desta Lei.

• O benefício será, então, cancelado se o segurado, usufruindo de


aposentadoria especial, continuar a exercer atividade de natureza
especial.

• Nada impede, entretanto, que retorne ao trabalho em atividade de


natureza comum.

Você também pode gostar