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• Sexo

• Sexualidade
• Gênero
Perspectiva de
Gênero
Simone de Beauvoir
O SEGUNDO SEXO
(1949)
Simone de Beauvoir
• NINGUÉM nasce mulher: torna-se mulher.
• Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a
forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade;
(desnaturalização do sexo)
• é o conjunto da civilização que elabora esse produto
intermediário entre o macho e o castrado que qualificam
de feminino. (cultura)
• Somente a mediação de outrem pode constituir um
indivíduo como um Outro. (alteridade)
• Enquanto existe para si, a criança não pode apreender-se
como sexualmente diferençada. (caráter relacional)
Feminismos em ondas
• Primeira onda:
• Reivindicações: direito ao voto e à vida pública;
• Em 1922, nasce a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que tinha
como objetivo lutar pelo sufrágio feminino e o direito ao trabalho sem a
autorização do marido.
• Segunda onda:
• A segunda onda teve início nos anos 70 num momento de crise
da democracia;
• Além de lutar pela valorização do trabalho da mulher, o direito ao prazer,
contra a violência sexual, também lutou contra a ditadura militar;
• compromisso acadêmico direcionado à causa da emancipação das mulheres;
• Destaque: Simone de Beauvoir.
• Terceira onda:
• Na terceira onda, que teve início da década de 90, começou-se a discutir os
paradigmas estabelecidos nas outras ondas, colocando em discussão a
micropolítica;
• As críticas trazidas por algumas feministas dessa terceira onda, alavancadas
por Judith Butler, vêm no sentido de mostrar que o discurso universal é
excludente; excludente porque as opressões atingem as mulheres de modos
diferentes, seria necessário discutir gênero com recorte de classe e raça,
levar em conta as especificidades das mulheres.
Judith Butler
• O sexo biológico existe. Ele não é uma ficção, nem uma mentira,
nem uma ilusão. Simplesmente, sua definição necessita de uma
linguagem e de um contexto teórico – aspectos que por princípio
podem ser contestados e que o são. Nós nunca temos uma relação
simples, transparente, inegável com o sexo biológico (...). Nós
temos que passar pelo âmbito discursivo, e é esse processo que
interessa à teoria do gênero.

Fonte: http://www.geledes.org.br/entrevista-judith-butler-em-portugues/#axzz3U7fn2i00
SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani.
• Utiliza a denominação patriarcado-racismo-capitalismo para
determinar o que para ela é o sistema único de dominação-
exploração existente na realidade concreta na contemporaneidade
afirmando que “Estes três sistemas de dominação-exploração [o
patriarcado, o racismo e o capitalismo] fundiram-se de tal maneira,
que será impossível transformar um deles, deixando intactos os
demais” (SAFIOTTI, 1987, p. 67).
E o que o
Serviço Social
tem a ver com
isso?
ROCHA, Lourdes de Maria Leitão
Nunes
• A opção pelo marxismo não significou a ruptura com o silêncio
sobre a questão de gênero. A tendência observada no Curso de
Serviço Social foi a de reafirmar a concepção que privilegia os
fenômenos sociais inseridos na luta de classes, subsumindo as
questões relativas às relações de gênero às relações de produção
(ROCHA, 2010, p. 10).
UNIVERSIDADE CEUMA
PRÓ-REITORIA DE
GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE
SERVIÇO SOCIAL

UMA DISCUSSÃO SOBRE A CATEGORIA GÊNERO NO PROCESSO


DE FORMAÇÃO ACADÊMICA DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL:

um estudo na Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Márcio José Sousa Araújo


Orientadora: Profª Msc. Teodora
Torres
OBJETIVO DO ESTUDO

•Geral:
•Promover a discussão sobre a categoria
gênero no processo de formação acadêmica
do curso de serviço social
Introdução
• A noção de gênero é recente nas discussões sobre a condição de
subalternidade da mulher.
• A categoria gênero foi e é colocada em evidência pelo esforço
das(os) intelectuais feministas que buscam compreender a história
da humanidade por um ponto de vista mais amplo que o da História
oficial
• A História oficial não se interessa em registrar a contribuição da mulher
na sociedade.
• Essa ampliação da forma de ver o mundo proposta pelas(os)
feministas impacta as ciências sociais, contemplando o Serviço
Social.
SERVIÇO SOCIAL: a identidade
feminina da profissão
• ao tratar da “questão do gênero” como um dos aspectos vinculados
à subalternidade da profissão, Montaño afirma:
• “O Serviço Social, como profissão eminentemente feminina, tem,
neste fato, o seu primeiro elemento de subalternidade, na medida em que
se insere em sociedades marcadas e regidas por padrões patriarcais e
‘machistas’” (MONTAÑO, 2001, p. 98).
• Iamamoto (2010), ao analisar o Serviço Social a partir da categoria
trabalho, lembra que:
• “Trata-se de uma profissão atravessada por relações de gênero enquanto
tem uma composição social predominantemente feminina, o que afeta
sua imagem na sociedade e as expectativas sociais vigentes diante da
mesma” (IAMAMOTO, 2010, p. 64).
A IDENTIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
SOB A ÓTICA DE GÊNERO.
• A primeira turma de Serviço Social que se formou no Brasil tinha
em seu discurso a ideia de que existem qualidades inerentes à
mulher que as qualificam para exercer a profissão.

(...) De acordo com sua natureza, a mulher só poderá ser profissional numa
carreira em que suas qualidades se desenvolvam, em que sua capacidade
de dedicação, de devotamento seja exercida. A mulher, e isto apesar de
velho é descoberta recente, tem de ser... mulher. Como educadora é
conhecida a sua missão. Abre-se-nos agora também, com o movimento
atual, mais um aspecto de atividade feminina. Formadas pela Escola de
Serviço Social iniciam a carreira de assistente social.’

(Lucy Pestana da Silva. Discurso como oradora da primeira turma que se


forma na Escola de Serviço Social de São Paulo, 1938, São Paulo, Arquivo
da Escola de Serviço Social da PUC (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006, p.
172).
MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS FRENTE À IDENTIDADE FEMININA
DA PROFISSÃO NA CONTEMPORANEIDADE.

• A constatação de que a condição de subalternidade do Serviço Social é


uma consequência do fato de ser a profissão considerada uma “carreira
feminina” leva Rocha a afirmar que a “tentativa de ruptura com o ethos
tradicional” (...) “supõe a construção de um papel social negador da
subalternidade ‘feminina’ e valorizador do trabalho enquanto práxis”
(ROCHA, 2012, p. 10).
• O papel negador, porém, encontra grandes obstáculos tanto no que diz
respeito à adesão por parte dos profissionais como da sua inserção na
realidade de uma sociedade machista e patriarcal onde a subalternidade
feminina está de tal maneira enraizada que é necessário um processo de
desconstrução que não pode pretender ser executado em curto prazo.
• As mudanças conquistadas pelo movimento feminista na sociedade
rebatem no Serviço Social de maneira especial por se tratar de uma
“profissão feminina”. Apropriar-se das lutas feministas, portanto,
constitui-se em um importante instrumento na luta para vencer a
passividade no que diz respeito a essas mudanças, assumindo
participação como protagonista.
A CATEGORIA GÊNERO NO CAMPO DO CONHECIMENTO E
A SUA INCORPORAÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL

• No Brasil “gênero” faz parte do currículo a partir da incorporação,


proposta nas DIRETRIZES GERAIS PARA O CURSO DE SERVIÇO
SOCIAL (ABEPSS, 1996), do estudo das “Relações de gênero”
como um dos itens da matéria básica: Acumulação Capitalista e
Desigualdades Sociais. Também é feita menção à categoria gênero
no subtópico “Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-
Histórica da Sociedade Brasileira”
• Desta forma, a introdução de uma disciplina totalmente baseada na
discussão de gênero fica restrita à condição de eletiva. Nessa condição é
possível que estudantes terminem a graduação sem nunca ter
aprofundado a discussão.
A INCORPORAÇÃO DA CATEGORIA GÊNERO NO CURSO DE
SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO –
UFMA
• Segundo Rocha (2010) as professoras e alunas, em decorrência da concepção de que
“a transformação da organização social de gênero será consequência
da
transformação do modo de produção.” (ROCHA, 2010, p. 10) escolhiam como
espaço de militância organizações da chamada “luta geral”;
• O feminismo era criticado por defender “questões especificas”;
• Nos anos 80 começa a aproximação das acadêmicas de Serviço Social com os
movimentos feministas;
• Segundo Rocha, a incorporação da categoria gênero no curso de Serviço Social na
UFMA começa na década de 1980 com o pioneirismo da Professora Ieda Cutrim
Batista que era militante do primeiro grupo feminista de São Luís – o Grupo de
Mulheres da Ilha – porém, apesar dos esforços não foi possível nesse momento a
inclusão da temática de gênero no currículo.
• Cabe ainda a Ieda Batista o pioneirismo em ministrar no segundo semestre de 1994,
pela primeira vez, no curso de Serviço Social da UFMA, uma disciplina inteiramente
fundamentada na categoria gênero: a disciplina eletiva Seminário Especial de
Pesquisa em Serviço Social, ministrada com o conteúdo “Pesquisa sobre mulher”
(Rocha, 2010, p. 11).
• Surge em 2005 o Grupo de Pesquisa e extensão sobre Relações de Gênero, Étnico-
raciais, Geracional, mulheres e feminismos – GERAMUS
• Em 2014 a disciplina “Relações de Gênero e Serviço Social”, que tinha sido oferecida
duas vezes como eletiva, passa a compor o núcleo de disciplinas obrigatórias.
AVANÇOS E PERSPECTIVAS DA DISCUSSÃO DE
GÊNERO NO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
• O Serviço Social tem avançado na discussão sobre gênero. Na contramão do
que ocorria no momento da institucionalização da profissão;
• Considera-se que parte desse avanço na discussão de gênero pela categoria
dos assistentes sociais está relacionada à aproximação das(os) profissionais
com os temas feministas;
• A abordagem da questão de gênero tem estado presente nos encontros
promovidos pelo conjunto CFESS-CRESS. Em 2010 no 39º Encontro Nacional
CFESS-CRESS foram feitas deliberações que, aprovadas no mesmo encontro,
resultaram na RESOLUÇÃO CFESS Nº 594, de 21 de janeiro de 2011 que “Altera
o Código de Ética do Assistente Social, introduzindo
aperfeiçoamentos
formais, gramaticais e conceituais em seu texto e garantindo a linguagem de
gênero” (CFESS, 2011, p.1).
• Em 21 de agosto de 2011 uma reunião do Conselho Pleno do CFESS aprovou a
RESOLUÇÃO CFESS N° 615, de 8 de setembro de 2011 que “Dispõe sobre a
inclusão e uso do nome social da assistente social travesti e do(a) assistente
social transexual nos documentos de identidade profissional.” (CFESS, 2011a,
p. 1).
• Outro meio pelo qual o Serviço Social utiliza a noção de gênero é
a
incorporação nos debates internos da profissão da ideia de transversalidade de
gênero nas políticas públicas.
• O aporte teórico-metodológico da temática de gênero instrumentaliza a(o)
assistente social – como participante na elaboração, implementação
e
execução de políticas públicas – para avaliar criticamente os objetivos das
Conclusão
• Creditam-se várias conquistas referentes aos direitos das mulheres
às lutas dos movimentos feministas;
• Os direitos conquistados através de movimentos setorizados
acabam sendo usufruídos por parcelas consideráveis da população
sem, contudo prescindir da adesão hegemônica por parte dessa
população às propostas colocadas pelos movimentos;
• Conclui-se que a luta do Serviço Social contra a subalternidade da
profissão é a luta de todos os seres humanos pelo direito de ser
mulher e livre.
OBRIGADO!

Nem sempre houve proletários,


sempre houve
mulheres. (Simone de
Beauvoir).

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