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“MUDANÇAS GERADAS PELA

INTERNET NO COTIDIANO
ESCOLAR: AS REAÇÕES DOS
PROFESSORES”
Análise de artigo científico
Disponível em: https://
doi.org/10.1590/S0103-863X2006000200007
I. Título

Breve análise do artigo científico “Mudanças geradas pela


internet no cotidiano escolar: a reação dos professores”, de
Rosane Abreu e Ana Maria Nicolaci-da-Costa.
II. Plano composicional, conteúdo temático e estilo:
análise do gênero textual.

Plano Composicional:

Pode-se observar, no artigo científico lido, as seguintes informações:


• Dados sobre a publicação: Paideia, 2006, 16(33), 193-203;
• Título do artigo;
• Nome dos autores e das universidades envolvidas na pesquisa;
• Resumo;
• Palavras-chave;
• Título, resumo e palavras-chave em inglês;
• Introdução;
• Seção: Incorporando a Internet ao cotidiano: revisão da literatura brasileira;
• Método;
• Análise dos dados;
• Resultados;
• Seção: Informação e conhecimento: dois conceitos em revisão;
• Seção: “Copiar-Colar”: uma prática que gera polêmica;
• Seção: Verdades no lugar da verdade absoluta: a instabilidade do conhecimento relativizado;
• Seção: Conhecimento “intotalizável” e “indominável”: a desidealização do papel do professor;
• Considerações Finais;
• Referências.
• O texto foi dividido em duas colunas, provavelmente devido à edição da revista “Paideia”.
II. Plano composicional, conteúdo temático e estilo:
análise do gênero textual.
Conteúdo Temático:

O artigo científico “Mudanças geradas pela internet no cotidiano escolar: as


reações dos professores” pretende apresentar uma investigação realizada por
grupos de pesquisadores de duas universidades do Rio de Janeiro, cujo tema
principal é o uso da Internet no ambiente pedagógico e as sensações dos
docentes em relação a esse uso. Através de entrevistas, pretendeu-se
compreender de que forma os professores lidam com a influência da internet,
bem como quais as principais dificuldades nesse processo.
Por meio da apresentação dos resultados dessas entrevistas e da
interpretação deles em diferentes seções, atentou-se para o fato de que o
professor deixa de ter papel idealizador dentro da escola, e passa a trabalhar de
forma diferenciada com os conteúdos escolares. Torna-se cada vez mais
necessário o desapego ao ensino mais tradicional, bem como a compreensão de
que não se detém todo o saber – a Internet também é um caminho possível para
o aluno aprender e o principal, nesse contexto, é ensiná-lo a desenvolver um
olhar crítico sobre o que lê e vê no ambiente online.
II. Plano composicional, conteúdo temático e estilo:
análise do gênero textual.

Estilo:

O artigo científico apresenta linguagem formal – nos trechos em que as


autoras esclarecem as metodologias da pesquisa, bem como analisam os
resultados –, mas também apresenta linguagem informal quando apresenta a
fala dos professores.
Além disso, estão presentes, no trabalho, as tipologias argumentativa
(quando professores e as autoras defendem pontos de vista), narrativa (no
momento em que os professores contam pequenos acontecimentos vivenciados
no ambiente escolar), descritiva (quando os docentes descrevem seus
sentimentos e os desafios da atividade docente), expositiva (no momento em
que os docentes tentam definir o que é conhecimento e informação) e injuntiva
(ao se definir o que o professor deve fazer em relação ao uso da Internet nas
pesquisas escolares).
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.

• Resumo e palavras-chave: deixam claro qual é o tema da pesquisa, como ela foi realizada e
quais seus principais resultados. Elenca as palavras mais importantes, a fim de que o leitor possa
identificar os assuntos mais trabalhados no texto;

• Introdução: há uma breve explicação sobre o que foi a Revolução Digital (1990), a qual
provocou profundas mudanças no dia a dia das pessoas, principalmente por conta do advento da
Internet. Com relação à Educação, a Revolução Digital deixou ainda mais evidente a concepção
de que o professor não é detentor de todo o saber, mas sim que, diante da cibercultura, todos são
capazes de trocar saberes e gerenciar conhecimentos. Fala-se de uma sala de aula sem muros
(Cebrián, 1999), autodidatismo, divulgação de ideias e no professor como “animador da
inteligência coletiva”, ou seja, aquele que contribui para a reflexão e o pensamento (Lévy, 1999).

• Incorporando a Internet ao cotidiano: revisão da literatura brasileira – nessa seção, o


grupo de pesquisa faz uma revisão bibliográfica sobre os principais trabalhos cujo tema seja
o uso da Internet no meio educacional. Chamam a atenção para o fato de que existem três
linhas de trabalho acerca desse tema: aqueles que definem o novo papel do professor e seus
desafios, aqueles que procuram investigar a aplicação do uso da Internet como recurso
didático, e aqueles que olham para as reações dos professores: ansiedades, desconfortos,
etc. Essa última linha de investigação ainda não é muito explorada, porém.
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.

• Método: Deixa claro qual foi a metodologia de investigação e análise do grupo de


pesquisa – entrevistas com 20 professores que lecionam diferentes matérias, em
escolas particulares do Rio de Janeiro. Esclarece-se qual o gênero e a faixa etária
desses professores, bem como sua familiaridade com a rede de computadores e
internet. As entrevistas eram individuais, de caráter informal, com roteiro preparado
previamente- identificação do sujeito, caracterização do sujeito como usuário de
Internet, visão e sentimentos dos entrevistados e visão dos participantes acerca do uso
da Internet no contexto pedagógico.

• Análise dos Dados: nessa seção, deixa-se claro que as entrevistas foram transcritas e
analisadas a partir das técnicas da análise do discurso proposta por Nicolaci-da-Costa
(1994). As respostas foram comparadas a fim de identificar pontos recorrentes
(categorias de análise), e, posteriormente, analisou-se cada entrevista de forma
individual, buscando possíveis contradições e conflitos individuais.

• Resultados: são apresentados em diferentes seções, com o nome fictício dos


professores. A partir da exposição da fala dos docentes, as pesquisadoras apresentam
sua análise sobre os resultados.
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.

• Informação e conhecimento: dois conceitos em revisão


Nessa seção, explica-se que a maioria dos professores discutiu e refletiu bastante,
em suas falas, sobre os conceitos de “informação” e “conhecimento” – há certa
dificuldade em defini-los, exatamente por estarem em revisão constante. Conhecimento
seria aquilo que precede reflexão, prática, revisão, introspecção, etc. e Informação, por
outro lado, viria rapidamente, de forma constante, como “flashes”, “superficialmente”,
podendo, ou não, configurar conhecimento, a depender do trabalho feito a partir dela.
Esse excesso e essa rapidez da informação incomoda a maioria dos entrevistados e traz a
preocupação sobre os efeitos pedagógicos dessa superficialidade da informação. O
desafio seria ensinar o aluno a transformar Informação em Conhecimento, de modo a se
tornar agente ativo, reflexivo e crítico diante do que vê e lê no ambiente virtual.

• “Copiar-Colar”: uma prática que gera polêmica


Segundo os resultados da pesquisa, os professores têm duas visões distintas sobre a
Internet como fonte de informação: alguns são compreensivos em relação às dificuldades
dos alunos em identificar informações boas e ruins no meio digital. Nesse caso, o
“copiar-colar” seria algo compreensível, visto que todos estariam aprendendo a utilizar o
suporte online.
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.

Já um segundo grupo de professores defende que existem muitas consequências


negativas nesse hábito “copiar-colar”: o aluno não lê aquilo que pesquisa, não reflete
sobre as informações ali transcritas e, por isso, deixaria de aprender de verdade. Para
ambos os grupos, o caminho possível é o de mediar e ensinar o aluno a selecionar dados
confiáveis e refletir sobre eles.

• Verdades no lugar da verdade absoluta: a instabilidade do conhecimento


relativizado
Nesta seção, evidencia-se a opinião dos professores de que é impossível ter uma
visão unilateral das coisas, por conta da diversidade de informações - os conhecimentos
são relativos e transitórios. O grau de confiabilidade na Internet é baixo, por parte dos
educadores, visto que nesse meio pode-se encontrar informações de todo o tipo. Nesse
sentido, defendem que o professor deve orientar o aluno sobre sites confiáveis, sugerir
fontes seguras, etc. Isso o protege, inclusive, de experimentar situações desagradáveis.
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.
• Conhecimento “intotalizável” e “indominável” e desidealização do papel do professor
Para os professores, a partir do advento da Internet, seu papel tornou-se outro no contexto
pedagógico – agora, é impossível ser detentor de todo o conhecimento existente, o que traz certo
sentimento de vulnerabilidade. O professor se sente despreparado, desconfortável e fragilizado
diante do aluno que pode, inclusive, saber mais do que ele sobre determinado assunto.

• Considerações Finais
Segundo as pesquisadoras, o que se pode inferir dessa investigação é que:
1. Os professores passaram a ter outro papel dentro do universo da globalização dos saberes,
precisando, inclusive, rever sua identidade, até então definida como a de “detentor do saber”;
2. O acesso fácil a qualquer tipo de informação através da Internet gera preocupação, angústia e
mal-estar nos docentes;
3. Há diferença entre os conceitos de Informação e Conhecimento, sendo este a informação já
processada, refletida.
4. A função do professor passa a ser a de auxiliar o aluno a desenvolver olhar crítico sobre aquilo
que lê e vê na internet.
5. A prática do “copiar-colar” é perigosa, e os alunos precisam ser estimulados a refletir sobre o
que pesquisaram – o professor deve provocar questionamentos;
6. Existe uma crescente sensação, entre os docentes, de “desatualização” – os professores têm
medo de serem confrontados pelos alunos e seus pais.
7. A Internet abalou o conceito de professor e de aluno, estabelecendo novas relações.
III. Breve análise sobre o conteúdo do artigo
científico – ideias principais de cada seção.

• Referências
As autoras explicitam quais são as fontes consultadas ao longo do desenvolvimento
da pesquisa. Em sua maioria, referem-se a livros e textos cujo tema é realidade virtual, o
trabalho docente, a realidade da sala de aula, a cibercultura e a Psicologia.

IV. Referência Bibliográfica


ABREU, Rosane de Albuquerque dos Santos; NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria.
Mudanças geradas pela internet no cotidiano escolar: as reações dos professores. Paidéia
(Ribeirão Preto),  Ribeirão Preto ,  v. 16, n. 34, p. 193-203,  Aug.  2006 .   Available
from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2006000200007&lng=en&nrm=iso>. access on  30  Mar.  2020.  
https://doi.org/10.1590/S0103-863X2006000200007.

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