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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

• Turma: 4°ano do curso de Psicologia

• Disciplina: Temas em Psicopatologia

• Docente: Bruna Rafaele Milhorini Greinert

• Tema: A formação dos sintomas

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Os caminhos da formação dos sintomas
• Para os leigos, os sintomas constituem a essência de uma
doença;

• E a cura consiste na remoção dos sintomas;

• Eliminar os sintomas não equivale a curar a doença;

• Depois de eliminados os sintomas, resta a capacidade de formar


novos sintomas;

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Introdução
• Os sintomas são atos prejudiciais, ou, pelo menos, inúteis à vida da
pessoa;

• São indesejados e causadores de desprazer e sofrimento;

• O principal dano que causam reside no dispêndio mental que acarretam, e


no dispêndio adicional que se torna necessário para se lutar contra eles;

• O dispêndio de energia resulta em extraordinário empobrecimento da


pessoa no que se refere à energia mental;

• Paralisa a pessoa para todas as tarefas importantes da vida.

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Introdução
• Todos nós somos doentes (neuróticos);

• As precondições da formação dos sintomas também podem ser


observadas em pessoas normais;

• Passamos pelas mesmas fases do desenvolvimento;

• O que irá diferir refere-se a quantidade de energia gasta;

• Ex. ritual para dormir patológico e saudável.

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Introdução
• Os sintomas neuróticos são resultado de um conflito que surge
em virtude de um novo método de satisfazer a libido.

• Um dos componentes do conflito é a libido insatisfeita, que foi


repelida pela realidade e agora deve procurar outras vias para
satisfazer-se;

• Se a realidade se mantiver intransigente a libido será compelida a


tomar o caminho da regressão e a tentar encontrar satisfação.

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Introdução
• Se as regressões não suscitarem qualquer objeção por parte do ego,
não surgirá neurose alguma;

• Se o ego não concordar com essas regressões, origina-se o conflito;

• A libido é interceptada pelo ego;

• Deve procurar escapar em alguma direção na qual possa encontrar


uma descarga para suas catexias de energia.

• Libido segue o princípio do prazer;


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Formação do sintoma
• As catexias de energia devem retirar-se do ego;

• Uma saída dessa espécie é-lhe oferecida pelas fixações situadas


na trajetória do seu desenvolvimento;

• Fixações das quais o ego se havia protegido, no passado, por


meio de repressões;

• Os conteúdos inconscientes estão sujeitos a mecanismos de


defesas, principalmente condensação e projeção;

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Formação do sintoma

• A oposição formada contra a libido no ego persegue-a como se


fora uma anticatexia;

• E compele-a a escolher uma forma de expressão da própria


oposição;

• Assim o sintoma emerge como um derivado do conflito entre


catexia e anticatexia;

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Distinção entre sonho e sintoma:

Sonho: na formação onírica, o propósito pré-consciente visa


simplesmente a preservar o sono; não permitir que algo possa irromper
na consciência;
Consegue ser mais tolerante porque a situação de alguém que dorme
é menos perigosa.
O estado de sono, impede qualquer saída para à realidade.
Resolução saudável do conflito;

 Sintoma: fruto da realização distorcida de um desejo inconsciente;


Energia é muito grande, a mente não suporta;
Resolução patológica, real e que envolve a regressão;
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Onde, pois, encontra a libido as fixações necessárias para romper as
repressões?

• Nas atividades e experiências da sexualidade infantil, nas tendências


parciais abandonadas, nos objetos da infância abandonados;

Por que a infância é tão relevante para a formação do conflito?

• É na infância que pela primeira vez se tornam manifestas as


tendências instintuais que a criança herdou com sua disposição inata;

• Outros instintos pela primeira vez são despertados e postos em


atividade;
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Portanto, a fixação da libido do adulto agora se desdobra em mais dois
componentes: a constituição herdada e a disposição adquirida no início da
infância.

Causa da neurose =

Disposição devido à fixação da libido + Experiência casual (trauma no adulto)

Constituição sexual
Experiência infantil
(experiência pré-histórica)

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Libido dos neuróticos experiências sexuais infantis

Tais experiências são tão importantes que a libido a elas retornou


regressivamente, após ter sido expulsa de suas posições
posteriores.

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Formação do sintoma
• As neuroses infantis são muito mais comuns do que se supõe;

• Deixam de ser notadas;

• São consideradas sinais de uma criança má ou arteira;

• Se uma neurose emerge posteriormente na vida, a análise revela


que é continuação da doença infantil (que apareceu velada a um
comportamento);

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Fixação retenção de determinada quantidade de
energia libidinal;

2 casos:

1° A origem da patologia recai sobre as experiências da infância:


compromete o desenvolvimento completo da criança;

2° A causa das doenças recai sobre os conflitos posteriores do


adulto, mas que a libido regride num ponto de fixação infantil;

Inibição do desenvolvimento X Regressão

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Libido que foi barrada pela realidade e retorna a um ponto de fixação

Realidade que barra a libido

Fixação

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Regressão:

Forças externas: situações traumáticas da realidade


Ex.: um filho que morre e o sujeito apresenta um quadro
depressivo.

Forças internas: a fixação atrai a energia libidinal para aquele


ponto mal resolvido do desenvolvimento
Ex.: sujeito isola-se, fica deprimido, sente solidão (estratégia
infantil).

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Formação do sintoma
• Regressão: a libido retorna a épocas do desenvolvimento
anteriores na qual sua libido não se privava de satisfação;

• Se necessário retornam à época em que eram bebês de colo;

• O sintoma repete esta forma infantil de satisfação;

• O indivíduo sente a satisfação como sofrimento e se queixa


deste;

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Formação do sintoma
• Aquilo que para o indivíduo em determinada época constituía
satisfação, hoje gera resistência e repugnância;

• O sintoma é fruto desta modificação da satisfação em sofrimento;

• Criança suga o seio depois de alguns anos recusa-


se a tomar leite;

• Revive a lembrança do seio materno, outrora tão desejado.

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Formação do sintoma
• Os sintomas não se parecem absolutamente com nada que nos
represente satisfação;

• Eles desprezam os objetos e, com isso, abandonam sua relação com


a realidade externa;

• Rejeita-se o princípio da realidade e retorna ao princípio do prazer;

• Retorno de um tipo de autoerotismo (retorno as primeiras satisfações);

Ex.: adulto que se isola do mundo.


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Sintomas Conhecimento das experiências infantis Fixação da libido

• Nem sempre as experiências infantis são verdadeiras;

Experiências infantis podem ser :


 Falsas
 Verdadeiras
Compostas de verdade e de falsificação

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Formação do sintoma
• Devemos igualar fantasia e realidade;

• As fantasias possuem certa realidade;

• O paciente criou essas fantasias por si mesmo;

As fantasias possuem realidade psíquica, em contraste com a realidade


material, e gradualmente aprendemos a entender que, no mundo das
neuroses, a realidade psíquica é a realidade decisiva.

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Formação do sintoma
• Recordações que aparecem repetidamente na história inicial da vida
dos neuróticos:
1°- Observação do coito dos pais;
2°- Sedução por um adulto;
3°- Ameaça de ser castrado.

Ex.: Não é raro que um menininho que começa a brincar com seu pênis e
ainda não tem noção de que se deve esconder tal atividade, seja
ameaçado, por um de seus pais ou pela babá, de lhe serem cortados o
pênis ou a mãe pecaminosa.

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Formação do sintoma
• Os pais acreditam ter realizado algo de útil;

• Muitas pessoas recordam destas ameaças, principalmente se


ocorreram em um período posterior;

• A criança em sua imaginação, capta uma ameaça desse tipo;

• Percebe que a satisfação auto-erótica lhe é proibida;

• Descobre os genitais femininos (descobre a castração da menina).

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Formação do sintoma
• Comum que uma criança, enquanto ainda não se julga possuir compreensão ou
memória, seja testemunha do ato sexual dos pais ou de outras pessoas adultas;

• Não se pode rejeitar a possibilidade de que a criança será capaz de entender e


reagir a essa impressão retrospectivamente;

• Se, entretanto, o coito é descrito em seus mínimos detalhes, os quais seriam


difíceis de observar ou se revela sendo por trás (a maneira de animais) trata-se
de uma fantasia;

• A fantasia se baseia numa observação do coito de animais (como o de cães).

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Formação do sintoma
• Tais fantasias em sua maioria não são reais;

• Ex.: no caso de meninas que relatam um evento no qual o pai


figura como o sedutor.

• Trata-se de uma fantasia movida pelo desejo de sedução da


menina.

• Pode ser que realmente a sedução e abuso aconteceram em vias


de fato.

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Formação do sintoma

• Esses eventos da infância incluem-se entre os elementos


essenciais de uma neurose;

• Podem ocorrer na realidade;

• Mas caso contrário, são formados pela fantasia.

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Formação do sintoma
• De onde procede as necessidades dessas fantasias e o material
para elas?

• Suas fontes situam-se nos instintos; um acervo filogenético;

• A sedução de crianças, a sedução por um adulto e a ameaça de


castração foram em determinada época, ocorrências reais dos
tempos primitivos da família humana;

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Formação do sintoma
Qual a origem e significação da fantasia?

O ego humano pela pressão da necessidade externa é educado


lentamente no sentido de avaliar a realidade e de obedecer aos
princípio da realidade;

O ego leva a renunciar objetos e fins que está voltada sua busca de
prazer;

Os homens sempre acham difícil renunciar ao prazer.

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Formação do sintoma
• Fantasia: atividade mental na qual as fontes de prazer
abandonadas pelo ego sobrevivem livres das exigências da
realidade;

• Ficar devaneando sobre imaginárias realizações de desejos traz


satisfação.

Desejo devaneio realização satisfação

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Formação do sintoma
• Na fantasia os seres humanos continuam a gozar da sensação de serem livres da
realidade;

• Comparação : Reservas naturais X Fantasia

• Reservas naturais: preserva o estado natural da terra, todo tipo de planta e


animais podem crescer ali;

• Fantasia: é como uma reserva natural , apartada do princípio da realidade.

• As mais conhecidas produções da fantasia são os devaneios: satisfações


imaginárias de desejos ambiciosos, megalomaníacos, eróticos.
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O papel da fantasia na formação dos sintomas
Em caso de frustração, a libido reveste de catexia e retorna as posições que
abandonou, no qual permaneceram aderentes determinadas parcelas da
mesma libido;

Como a libido encontra o caminho para chegar a esses pontos de


fixação?

Todos os objetos e tendências que a libido abandonou ainda não foram


abandonados em todos os sentidos;

Tais objetos são mantidos nas fantasias;

A libido necessita retirar-se para as fantasias a fim de encontrar aberto o


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caminho que conduz a todas as fixações reprimidas.
O papel da fantasia na formação dos sintomas

• Introversão: desvio da libido das possibilidades de satisfação


real e a hipercatexia das fantasias que até então foram
consideradas inconscientes;

• Objetivo da fantasia: atividade mental para obter prazer e evitar


desprazer;

• A fantasia surge como uma forma de dominar as quantidades de


excitação (estímulos) que atuam no aparelho mental e em conter
sua acumulação, capaz de gerar desprazer.

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Fantasia e arte

• Artista: transfere todo o seu interesse, e também toda a sua libido, para
as construções (para a arte);

• A arte é composta pelos desejos e fantasias do artista;

• Na arte utiliza-se o mecanismo da sublimação: transformação de


impulsos indesejados para algo que é socialmente aceitável;

• É a saída que aquela mente encontrou para canalizar seus impulsos.

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Fantasia e arte
• A sublimação é uma saída que aquela mente encontrou para não
surtar;

• Ex.: Ilustre pintor Van Gogh

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Fantasia e arte

• Mecanismo de defesa bem sucedido, um dos mais elaborados.

• Quem admira uma obra de arte está compartilhando do mundo


interno do artista;

• Quem admira sente prazer com suas fantasias ao identificar-se


com a obra.

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FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund
Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Vol. XVI
Texto: Os caminhos da formação dos sintomas

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