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MÓDULO 4 - CONSUMÍVEIS DE SOLDAGEM

Objetivos
Através do estudo deste módulo, o leitor tornar-se apto a:
1. Definir o que é um consumível
2. Definir o que é especificação AWS para consumíveis e o campo de aplicação das
especificações mais usuais
3. Definir o que é a classificação AWS para consumíveis.
4. Interpretar a classificação AWS de consumíveis.
5. Saber qual a diferença entre as classificações AWS de consumíveis e as classificações
estabelecidas pelo código ASME.
6. Efetuar exame visual e dimensional nos consumíveis
7. Analisar o sistema de controle de armazenamento, secagem e manuseio dos consumíveis a
partir de plano previamente elaborado.
8. Efetuar inspeção nas condições de armazenamento, secagem e manuseio.
9. Efetuar inspeção, nas instalações e equipamentos evolvidos no sistema de
armazenamento,
CONCEITOS
Introdução
De acordo com a definição já estudada no
Módulo 2 - Terminologia, consumíveis são
todos os materiais empregados na deposição
ou proteção da solda, tais como: eletrodos
revestidos, varetas, arames sólidos e
tubulares, fluxos, gases e anéis consumíveis.
GASES DE PROTEÇÃO
Na seleção de gases de proteção adequados
para a soldagem de determinados materiais,
os seguintes fatores devem ser
considerados: composição química,
espessura do material de base, posição de
soldagem e tipo de corrente.
Os gases de proteção para soldagem são de
dois tipos: Inertes e Reativos.
Gases Inertes
Os gases inertes são aqueles que não reagem com o metal
líquido da poça de fusão. Os gases inertes mais utilizados
na soldagem são: Argônio e Hélio.
O Argônio (Ar) Esse gás é obtido da atmosfera pela
liquefação do ar e purificado até o estágio de 99,995%
(grau solda).

O argônio, misturado em pequenas quantidades de


oxigênio, melhora a estabilidade do arco e a fluidez
dando, como resultado final, um bom cordão de solda.
As misturas de Ar + O2 mais utilizadas foram desenvolvidas em
função de testes em diferentes tipos de materiais, estando, hoje,
definidas conforme indicado.

Composições da Mistura Ar + O2 usuais em função dos


Metais de Base
% de O2 na mistura Tipo de Metal de Base
1 a 2% Aços de Baixa
Liga
Aços Inoxidáveis
3 a 5% Aços Carbono
• Hélio
O Hélio (He). Esse gás é obtido a partir do gás
natural e purificado até alcançar 99,99% de
pureza.
Gases Reativos
Os gases reativos são aqueles que reagem com o
metal líquido da poça de fusão, podendo alterar
as propriedades mecânicas do metal depositado.
Os gases reativos podem ser de dois tipos: os
ativos e os redutores.
• GásAtivo
O gás ativo mais empregado na soldagem é o CO2
que além de poder ser utilizado sozinho para a
proteção da poça de fusão, pode também ser
utilizado com o argônio na soldagem dos aços
carbono e baixa liga. O Oxigênio também é um
gás ativo, mas nunca é utilizado sozinho. Este
geralmente é combinado com o argônio (mistura
binária) ou com o argônio mais CO2 (mistura
tríplice).
• Gás Redutor
O Hidrogênio (H2) pode ser adicionado ao Ar ou He para aumentar a
temperatura do arco e produzir uma atmosfera levemente redutora. É comum
na Europa a utilização de adições de até 15% H2, mas o risco desta quantidade
produzir poros no metal de solda é muito grande. A explicação para o aumento
da temperatura do arco, quando da utilização do H2, é a seguinte: o hidrogênio
(em sua forma molecular), ao passar pelo arco elétrico a elevadas
temperaturas, se dissocia tornando-se hidrogênio atômico; no momento em que
estes atingem as regiões mais frias do arco, os hidrogênios atômicos reagem
entre si, formando novamente o hidrogênio molecular (H2), reação essa que é
acompanhada de uma grande liberação de energia. Deve ser notado que o uso
de hidrogênio pode causar trinca nos aços carbono e aços- liga; como também
pode causar porosidade no metal de solda de aços ferríticos, alumínio, cobre e
nas soldas multi-passes de níquel e aços inoxidáveis austeníticos.
NOÇÕES SOBRE ESPECIFICAÇÕES DA AWS
Os metais de adição são agrupados em função da composição
química do metal depositado ou do consumível e do processo de
soldagem. A especificação indica os requisitos para os consumíveis
de acordo com seu emprego.
Para enquadrarem-se numa especificação AWS, os consumíveis
devem atender a requisitos específicos, tais como:
- Propriedades mecânicas do metal depositado.
- Composição química do metal depositado.
- Sanidade do metal depositado, verificada por meio de exame
radiográfico.
Com exceção dos gases, todos os consumíveis comumente
usados estão cobertos pela especificação AWS; esta não
prevê todos os tipos de metais de adição disponíveis, pois
alguns têm formulação recente e outros têm suas
características mantidas como segredo de fabricação.
A Tabela 4.3 fornece exemplos de algumas especificações
AWS. O código ASME (American Society for
Mechanical Engineering) utiliza-se da especificação
AWS empregando a abreviatura SF (do inglês,
Specification) antes do código de especificação AWS.
Tabela 4.3 - Exemplo de Especificações ASME/AWS
DESIGNAÇÃO ASME Séc. II Parte C/ AWS GRUPO DE VARETAS, ELETRODOS E
. FLUXOS PARA A SOLDAGEM DE
METAIS.
SFA/A-5.1 Eletrodos de Aço ao Carbono para Soldagem Manual a Arco
. com Eletrodo Revestido (SMAW)
SFA/A-5.2 Varetas de Aços ao Carbono e Baixa Liga para Soldagem Oxi- Gás
(OFW)
SFA/A-5.4 Eletrodos de Aço Inoxidável para Soldagem Manual a Arco . .
. com Eletrodo
Revestido (SMAW)
SFA/A-5.5 Eletrodos de Aço Baixa Liga para Soldagem Manual e Arco . .
. com Eletrodo
revestido (SMAW)
SFA/A-5.9 Eletrodos Nus e Varetas de Aço Inoxidável para Soldagem
SFA/A-5.12 Eletrodos de Tungstênio e suas Ligas para Soldagem e . .
.
Corte a Arco
SFA/A-5.17 Eletrodos de Aço ao Carbono e Fluxos para . .
Exemplo de Especificações ASME/AWS

SFA/A-5.1 Eletrodos de Aço ao Carbono para Soldagem Manual a Arco


. com Eletrodo Revestido
SFA/A-5.2 Varetas de Aços ao Carbono e Baixa Liga para Soldagem Oxi- Gás
SFA/A-5.4 Eletrodos de Aço Inoxidável para Soldagem Manual a Arco . .
. com
Eletrodo Revestido
SFA/A-5.5 Eletrodos de Aço Baixa Liga para Soldagem Manual e Arco . .
. com
Eletrodo revestido
NOTA: Quanto à aceitação dos gases de proteção, o que se exige dos mesmos é que atendam
a critérios de pureza previamente estabelecidos no procedimento de soldagem.
2.1 Diferença entre "Especificação" e "Classificação"
A especificação AWS estabelece as condições de testes para os consumíveis a serem
realizados pelo fabricante, a fim de verificar se a solda produzida apresenta as
propriedades mecânicas mínimas exigidas.
Desta forma, a especificação além de classificar os consumíveis, determina que os mesmos
atendam a requisitos de:
- Fabricação;
- Critérios de aceitação;
- Composição química do metal depositado;
- Propriedades mecânicas do metal depositado;
- Exame radiográfico do metal depositado;
- Embalagem;
- Identificação;
- Garantia, etc.
Por outro lado, a classificação AWS refere-se a um consumível e a respeito do
mesmo, fornece, em valores aproximados, algumas de suas propriedades
mecânicas (limite de resistência, impacto), como também sua composição
química e particularidades relativas ao revestimento, ou seja, fornecendo ao
consumível uma designação lógica, que permita identificá-Io mais facilmente e
suas características principais.
Portanto, a diferença entre especificação e classificação é:
A especificação AWS determina de maneira exata as características de um
consumível e dá garantias sobre suas propriedades.
ENQUANTO QUE:
A classificação AWS apresenta uma maneira lógica de designar um consumível.
3 FAMILIARIZAÇÃO COM AS CLASSIFICAÇÕES AWS DE
CONSUMÍVEIS
Nas especificações A WS, os consumíveis são designados por um
conjunto de algarismos e letras com um dos seguintes prefixos:
E - Eletrodo para soldagem a arco elétrico;
R - Vareta para soldagem a gás; .
B - Metal de adição para brasagem;
F - Fluxo para arco submerso;
ER - Indica a possibilidade de aplicação com eletrodo nu (arame) ou
vareta.
A seguir, serão dados exemplos de critérios e sistemas de
classificação dos consumíveis.
Generalidades
Antes de iniciar a análise das duas especificações propriamente, serão
apresentadas algumas informações técnicas inerentes ao assunto em questão.
A) Breve descrição sobre a fabricação de eletrodos revestidos
É importante observar que o eletrodo revestido é composto de duas partes: uma
metálica (alma) e outra na forma de massa (revestimento).
A alma é comum aos diferentes tipos de eletrodos e são aplicados a todos os
materiais, tanto para os aços carbono ou baixa-liga, como para os inoxidáveis
sintéticos. Trata-se de um aço de baixo carbono do tipo efervescente. No
revestimento, estão contidos os elementos para a estabilização do arco,
desoxidantes, formadores de escória que podem aumentar a resistência
mecânica e/ou ductilidade do metal de solda.
A expansão dos gases contidos no aço efervescente da alma, mais outros elementos
que integram o revestimento do eletrodo, favorecem a transferência do metal
durante a sua fusão, sobretudo na posição sobre-cabeça e vertical.
Para a fabricação dos eletrodos, primeiro misturam-se os diferentes
elementos que compõem o revestimento. A seguir, de acordo com
tipo de eletrodo que se deseja elaborar, se agrega o aglomerante
que pode ser silicato de sódio (Na) ou de potássio (K). Constituída
a massa e remetida para as prensas de extrusão, onde o
revestimento é prensado em torno da alma metálica, tem-se o
eletrodo. Após esta etapa, procede-se a secagem a temperaturas
que variam de acordo com o tipo de revestimento.
• Funções do Revestimento
O revestimento deve cumprir, fundamentalmente, três funções:
elétrica, física e metalúrgica.
a - Função elétrica: abertura e estabilidade do arco elétrico, tanto em corrente
contínua como em alternada. Para esse fim, utilizam-se silicato de sódio (Na) e
potássio (K).
b - Função física: formação de fumos mais densos que o ar para proteger tanto o
metal em transferência durante a soldagem como o banho de metal fundido, da
contaminação pelo hidrogênio (H2), nitrogênio (N2) e oxigênio (02)
encontrados no ar atmosférico. Os fumos contribuem também na transferência
metálica nas posições de soldagem desfavorecida pelo efeito da gravidade. A
escória que cobre o metal fundido, recentemente depositado, dá sustento aos
cordões de solda depositados tanto na posição vertical, como na sobre-cabeça.
c - Função metalúrgica: refinar a estrutura do metal depositado retirando as
impurezas, em forma de escórias, provenientes do metal de base e do próprio
metal de adição, assim como os óxidos originados durante a operação de
soldagem. Prover de elementos de liga o metal, com o objetivo de manter a
composição química desejada.
Tipos de Revestimento
Em função da constituição química do revestimento, podem-se
distinguir os seguintes tipos de eletrodos revestidos: ácido,
celulósico, rutílico e básico.
a - Revestimento ácido: O depósito com este eletrodo tem boas
propriedades mecânicas, sempre que utilizado em aços de boa
qualidade, do contrário são suscetíveis a formar trincas.
b - Revestimento celulósico: o eletrodo com revestimento celulósico é
o preferido na soldagem de oleodutos e gasodutos. Desvantagem:
introduz grande quantidade de hidrogênio no metal de solda e
que, por isso, não é indicado na soldagem de junta de grande
responsabilidade.
c – Revestimento rutílico: Este tipo de revestimento é indicado na
união de componentes que apresentam problemas de montagem,
ou seja, fornece boas condições em unir componentes que tenham
grandes aberturas de raiz. A penetração do arco é relativamente
baixa, o que pode acarretar em falta de penetração nas soldas em
ângulo.
d - Revestimento básico: A característica deste revestimento é a
produção de cordões de solda com baixíssimo teor de hidrogênio.
os cordões de solda obtidos com este revestimento apresentam
excelentes propriedades mecânicas (tenacidade - resistência ao
impacto), tornando-o o mais indicado na soldagem de aços de alta
resistência e de grãos finos. Por serem altamente higroscópicos, ou
seja, absorvem com facilidade a umidade do ambiente, estes
eletrodos devem ser conservados em ambientes secos e ressecados
antes de serem utilizados.
3.1.2 Critérios de Classificação
Os eletrodos cobertos pela especificação AWS A5.1 são classificados tendo como
base:
1º - Tipo de corrente;
2° - Tipo de revestimento;
3° - Posição de soldagem;
4º - Propriedades mecânicas do metal depositado na condição “como soldado"
ou “envelhecido". Para os eletrodos que se enquadram na Especificação AWS
A5.5-96 são válidas as considerações anteriores de número 1, 2 e 3, acrescidas
das seguintes:
4 - composição química do metal depositado
5 - propriedades mecânicas do metal depositado na condição "como soldado" ou
como tratado termicamente pós-soldagem.
3.1.3 Sistemas de Classificação
A classificação genérica de um eletrodo tem a seguinte forma:
A5.1 -> E XXX X X
1234
A5.5 -> E XXX X X X
12345
onde:
Dígito 1: A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2: Estes dígitos, em número de dois ou três, indicam o limite
de resistência à tração mínima de metal de solda em "ksi'" (1 ksi
= 1.000 psi). Alguns exemplos podem ser vistos na Tabela 4.4.
Dígito 3: Designa a posição de soldagem na qual o eletrodo
revestido pode ser empregado com resultados
satisfatórios.
ELETRODO POSIÇAO DE SOLDAGEM
E-XX1X Todas as posições.
E-XX2X Plana e Horizontal (especialmente
solda em ângulo-horizontal).
E-XX4X Todas as posições (especialmente a
vertical descendente para os eletrodos de baixo
hidrogênio).
Dígito 4:
Este dígito pode variar de O (zero) a 9
(nove). Os dois últimos dígitos
designam:
- O tipo de corrente com o qual o
eletrodo pode ser usado;
- Tipo de revestimento.
Dígito 5 - Este sufixo só é utilizado na
especificação AWS 5.5-96 Eletrodos
Revestidos para a Soldagem a arco
de aços Baixa Liga, e se compõe de
letras e algarismos que indicam a
composição química do metal
depositado.
NOTAS:
(A) A fim de atender às exigências de liga do grupo de
sufixo G, o metal de solda depositado precisa ter o teor
mínimo de apenas um dos elementos listados. Os
requisitos adicionais de composição química podem ser
estabelecidos, por acordo, entre o comprador e o
fornecedor ou fabricante;
(B) As ligas do grupo de sufixo M são previstas para
atender aos requisitos das classificações cobertas pelas
especificações militares norte-americanas;
(C) O eletrodo E-7018-W deve conter entre 0,30 a 0,60%
de Cu;
3.2 Classificação de Varetas de Aços ao Carbono e Baixa
Liga para SoIdagem a Oxigás (Especificação AWS A5.2-
92)
3.2.1 Critério de Classificação
As varetas para a soldagem são classificadas tendo como
base a resistência à tração do metal depositado.
3.2.2 Sistema de Classificação
A classificação de uma vareta genérica tem a seguinte
forma:
R XXX
1 2
onde:
1 - A letra R designa uma vareta para
soldagem a gás;
2 - Estes dígitos indicam,
aproximadamente, o limite de
resistência à tração mínimo do metal e
solda, em ksi (1 ksi = 1000 psi).
3.3 Classificação dos Eletrodos de Aço Inoxidável para a Soldagem
Manual a Arco com Eletrodo Revestido - Especificação AWS A5.4-
92
3.3.1 Critério de Classificação
Os eletrodos revestidos são classificados tendo como base a
composição química de metal de solda não diluído (metal
depositado), tipo de corrente e posição de soldagem.
3.3.2 - Sistema de Classificação
A classificação de um eletrodo genérico tem a seguinte forma:
E XXXXX - X X
1 2 34
Onde:
Dígito 1 - A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2 - Estes dígitos, que se referem à
composição química do metal depositado podem
ser compostos de três ou mais algarismos ou
letras, e indicam uma composição específica.
Para os aços inoxidáveis, os dígitos iniciais
referem-se à composição química definida de
acordo com a classificação (designação) AISI.
American Iron and Steel Institute.
Digito 3 - Este dígito refere-se às posições em que o eletrodo pode ser
empregado com resultados satisfatórios.
E-XXX-1X: o número 1 (um) indica que o eletrodo pode ser usado
em todas as posições, porém na prática. Os eletrodos apresentam
desempenho satisfatório para soldagem em todas as posições
apenas para os diâmetros até 4 mm. Para diâmetros superiores a
4 mm o desempenho só é satisfatório nas posições horizontal
(apenas para solda em ângulo) e plana isto realmente acontece
com a grande maioria dos eletrodos revestidos.
E-XXX-2X: o número 2 (dois) indica que o desempenho do eletrodo
só é satisfatório na posição horizontal (apenas para solda em
ângulo) e na posição plana.
Dígito 4 - Este dígito refere-se ao tipo de corrente em que o
eletrodo deve ser utilizado, e em combinação com o
anterior indica os tipos e/ou características do
revestimento.
E-XXX-15: este eletrodo deve ser utilizado em corrente
contínua e ligado ao pólo positivo (CC+), ou seja,
polaridade inversa. Os elementos químicos da
composição destes eletrodos estão totalmente
incorporados na alma e o revestimento está constituído
por elementos calcários, similar ao E-7015 da
especificação AWS A5.1.91.
3.4 Classificação dos Eletrodos Nus (Arames) e Vareta de Aço
Inoxidável para Soldagem (Especificação AWS A5.9-93) Esta
especificação apresenta as exigências para a classificação dos
seguintes consumíveis de aço inoxidável: eletrodo nu (arame),
vareta, fita e metal cored (tipo de arame tubular que possui
núcleo metálico).
3.4.1 Critérios de Classificação
Os consumíveis do tipo arame, vareta e fita enquadrados nesta
especificação são classificados tendo como base a composição
química do próprio consumível. Para o consumível "metal
cored", este é classificado tendo como base a composição química
do metal depositado.
3.4.2 Sistema de Classificação
A classificação de um eletrodo/vareta genérica tem a seguinte forma:
E R XXXXX
1 2 3
Onde:
Dígito 1 - A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2 - A letra R designa uma vareta;
Dígitos 1 + 2 - As letras ER, que são utilizadas sempre juntas,
referem-se ao consumível na forma de um eletrodo nu ou uma
vareta, aplicável em processos de soldagem TIG, MIG, MAG e
Arco Submerso. Quando o consumível a ser utilizado for do tipo
"metal cored", a letra "R" deverá ser substituída pela letra "C":
EC.
Dígito 3 - Estes dígitos, normalmente em número
de 3, referem-se à composição química do metal
de adição definido de acordo com a classificação
(designação) AISI; podem ainda ser seguidos de
letras que indicam uma composição específica. A
adição de um símbolo após a classificação, indica
que a composição química deste elemento foi
alterada em relação à composição química geral.
Exemplos:
ER308 - Composição química
ER308L - Mesma composição química do
ER308, mas com menor teor de carbono.
ER308MoL - Mesma composição química do
ER308L, mas com teor de molibdênio
.
3.5 Classificação dos Eletrodos de Aço Carbono e Fluxos para
Soldagem a Arco Submerso (Especificação AWS A5.17-89)
3.5.1 Critério de Classificação:
Os arames e fluxos cobertos por esta especificação são classificados
tendo como base:
1. Propriedades mecânicas do metal depositado, usando o fluxo em
combinação com qualquer um dos eletrodos classificados nesta
especificação.
2. Condição do tratamento térmico no qual as propriedades
mecânicas são obtidas.
3. Composição química do eletrodo, para o caso de arames sólidos,
ou do metal depositado, para os eletrodos compósitos.
4

3.5.2 Sistema de Classificação


A classificação de uma combinação genérica
de um fluxo com um arame tem a seguinte
forma:
F X X X – E X XX K
1 2 34 5 6 7 8
Onde:
Dígito 1 - A letra F designa um fluxo;
Dígito 2 - Este dígito refere-se ao limite de
resistência à tração mínima do metal
depositado.
Exemplos:
F 6X - EXXX - Faixa do limite de resistência
à tração entre 60.000 e 80.000 psi (415 e 550
Mpa), onde o número 6 indicado tem
relação com o limite mínimo da faixa.
Dígito 3 - Designa a condição de tratamento térmico na
qual os testes foram conduzidos: "A“ refere-se à
condição "Como Soldado" e "P" ao tratamento térmico
após soldagem. O tempo e a temperatura deste
tratamento térmico estão contemplados no corpo da
especificação A5.17;
Dígito 4 - Este dígito refere-se à menor temperatura em
que se efetuou o ensaio de impacto (charpy com entalhe
em V), obtendo-se valores de no mínimo 27 J para o
metal depositado.
Dígito 5 - A letra E designa um eletrodo, e as letras EC
indicam eletrodo composto;
Dígito 6 - As letras L, M e H que podem aparecer neste
campo, referem-se a:
L - Eletrodo de baixo teor de manganês (máx. 0,60%);
M - Eletrodo de médio teor de manganês (máx. 1,40%);
H - Eletrodo de alto teor de manganês (máx. 2,20%).
Dígito 7 - Estes dígitos (em número de dois a quatro)
referem-se à composição química do eletrodo.
Dígito 8 - A letra K indica que o eletrodo foi fabricado com
aço acalmado ao silício.
Fluxos
Os fluxos são compostos basicamente de aluminato-rutilo,
aluminato-básico, ou fluoreto básico.
São homogeneizados e granulometricamente controlados.
As misturas variam segundo formulação de cada
fabricante. As funções básicas dos fluxos são: proteger a
poça de fusão do contado com a atmosfera pela
cobertura do metal com a escória fundida; purificar a
poça de fusão; modificar a composição química do metal
depositado e influenciar no acabamento do cordão de
soldagem suas propriedades mecânicas.
A especificação AWS diferencia 4 (quatro) tipos de fluxos,
de acordo com o seu processo de
fabricação. São eles:

1 - fundidos
2 - aglutinados
3 - aglomerados
4 - misturados mecanicamente Desses, os mais utilizados
são os fluxos aglomerados e, os menos empregados, os
misturados.
Classificação dos Metais de Adição de Aços ao Carbono para a
Soldagem por Arco com Gás de Proteção Especificação AWS 5.18-
93
3.5.5 Critério de Classificação
Os metais de adição desta especificação, arame sólido e varetas, são
classificados com base na composição química dos mesmos e,
conforme as propriedades mecânicas do metal depositado.
3.5.6 Sistema de Classificação
A classificação genérica de um arame para soldagem a arco com gás
de proteção de aços ao carbono tem a seguinte forma:
ER XX S - X
1 2 3 4
Onde:
Dígito 1 - As letras ER, quando utilizadas juntas, referem-se ao consumível na
forma de eletrodo, vareta ou arame, aplicável em processos de soldagem MAG,
MIG, TIG e Plasma;
Dígito 2 - Estes dígitos indicam o limite de resistência à tração do metal
depositado, em Ksi (1 Ksi = 1000 psi)
Exemplo: ER 70 S - X = 72.000 Lbs/pol2 = 500 MP;
Dígito 3 - A letra S designa vareta ou arame sólido;
Dígito 4 - Este sufixo indica a composição química.
3.6 Classificação dos Eletrodos de Aço ao Carbono para Soldagem a
Arco com Arame Tubular Especificação AWS A5.20-95
3.6.1 Critério de Classificação
Os eletrodos tubulares para soldagem a arco de aço-carbono estão
classificados com base nos seguintes fatores:
a) Propriedades mecânicas do metal soldado, na condição de como
depositado;
b) Posição de soldagem;
c) Uso ou não de uma proteção externa;
d) A adequabilidade para aplicações de um único passe, ou em
passes múltiplos;
e) Tipo de corrente.
3.6.2 Sistema de Classificação
A classificação genérica de um eletrodo tubular para soldagem de
aços carbono tem a seguinte forma:
E X X T - XX
1 2 3 4 5
Onde:
Dígito 1 - A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2 - Este dígito indica o limite de resistência à tração mínimo
do metal depositado 10 ksi (1 ksi = 1000 psi) nas condições de
como soldado.
Dígito 3 - Este dígito indica a posição de soldagem para o
qual o eletrodo é recomendado;
0 - Posição plana e horizontal
1 - Todas as posições
Dígito 4 - Indica um eletrodo tubular com núcleo fluxado;
Dígito 5 - Indica a utilização e a característica de
desempenho.
3.7 Classificação dos Eletrodos de Aço Inoxidável para a Soldagem a
Arco com Arame Tubular e Varetas com Núcleo Fluxado de Aço
Inoxidável para Soldagem TIG Especificação AWS A5.22-95
3.7.1 Critério de Classificação
Os eletrodos tubulares, arame tubular e varetas de núcleo fluxado,
para soldagem de aços resistentes à corrosão, ao cromo e ao
cromo-níquel estão classificados com base nos seguintes fatores:
a) Composição química do metal depositado,
b) Meio de proteção empregado durante a soldagem,
c) Posição de soldagem;
d) Tipo de corrente utilizada.
3.7.2 Sistema de Classificação
A classificação genérica de um eletrodo tubular para soldagem de aço cromo e aço cromo-
níquel tem a seguinte forma:
E XXXXX T X - X
1 2 3 4 5
Onde:
Dígito 1 - A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2 - Estes dígitos, normalmente em número de três a cinco, referem-se à classificação
de acordo com a composição química do metal depositado,
Dígito 3 - Indica se tratar de um eletrodo tubular com núcleo fluxado;
Dígito 4 - Refere-se à posição de soldagem: 1- Todas as posições O - Posição plana e
horizontal.
Dígito 5 - Indica o meio de proteção, a corrente e polaridade empregadas durante a
soldagem e o processo de soldagem. Os meios de proteção cobertos por esta
especificação incluem:
3.8 Classificação dos Eletrodos de Aço Baixa Liga para Soldagem a
Arco com Arame Tubular Especificação AWS A5.29-80
3.8.1 Critério de Classificação
Os eletrodos tubulares para a soldagem a arco de aços baixa-liga,
estão classificados com base nos seguintes fatores:
a) Propriedades mecânicas do metal depositado;
b) Posição de soldagem;
c) Uso de gás para proteção externa;
d) Tipo de corrente;
e) Composição química do metal de solda depositado.
3.8.2 Sistema de Classificação
A classificação genérica de um eletrodo tubular para soldagem de
aços baixa liga, tem a seguinte forma:
E XX X T X - X
1 2 3 4 5 6
Onde:
Dígito 1 - A letra E designa um eletrodo;
Dígito 2 - Este dígito em número de um ou dois se refere a faixa de
valores de resistência à tração do metal depositado em 10 ksi (1
ksi = 1000 psi) nas condições como soldado, ver Tabela 4.19;
NOTA: Os requisitos de resistência à tração deste eletrodo serão
estabelecidos em acordo entre o comprador e o fornecedor ou
fabricante.
Dígito 3 - Este dígito indica a posição de soldagem para o qual o
eletrodo é recomendado
0 - Posição plana e horizontal
1 - Todas as posições
Dígito 4 - Indica se tratar de um eletrodo tubular com núcleo
fluxado;
Dígito 5 - Indica a utilização e o desempenho do consumível.
6 - Este dígito designa
a composição química
do metal depositado
4 AGRUPAMENTO DOS MATERIAIS DE ADIÇÃO
(ELETRODOS, ARAMES, FLUXOS, ETC).
O código ASME *1 Seção II Parte C utiliza o mesmo sistema de
especificações e classificações da AWS, como por exemplo:
*1 American Society of Mechanical Engineers (Sociedade Americana
de Engenheiros Mecânicos)
*2 American Welding Society (Sociedade Americana de Soldagem)
ASME AWS
Especificação: SFA-5.1 = A 5.1
Classificação: E 7018 = E 7018
Utilizando as especificações AWS, o código ASME agrupa os metais
de adição e os designa com um n° denominado F number. Esta
designação ordena os metais de adição em função da dificuldade
que oferecem aos soldadores e operadores de soldagem quanto à
execução de soldas isentas de defeitos.
Esse agrupamento visa reduzir, sempre que possível, a quantidade
das qualificações de desempenho, o que não significa que os
metais de adição, ainda que, pertencendo a um mesmo grupo,
possam substituir indiscriminadamente os metais usados nos
testes de qualificação.
Tabela 4.21- F nºs de eletrodos, arames, etc. Para qualificação de
soldadores e operadores
5.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMBALAGEM
Por exigência normativa, as embalagens devem conter as seguintes informações (Figura 4.1)
- nome do fabricante; - especificação AWS correspondente;
- diâmetro do eletrodo; - número do lote ou da corrida.
TODOS OS ELETRODOS DEVEM SER
ARMAZENADOS, QUANDO AINDA EM
SUAS EMBALAGENS ORIGINAIS SEM
USO, SEJAM ELES BÁSICOS OU
CELULÓSICOS.
O local de estocagem dos eletrodos em suas
embalagens originais terá de ser preparado
a fim de permitir a manutenção das
propriedades originais do produto.

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