Você está na página 1de 45

SISTEMATIZAÇÃO DA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
PERIOPERATÓRIA - SAEP
Profª Enf. Amanda Serpa Martins
Objetivos do SAEP

• Qualidade de assistência;
• Aprimoramento técnico-científico;
• Atenção para uma atenção individualizada e humanizada ao paciente
cirúrgico;
• Avaliar as necessidades individuais do paciente;
• Diminuir riscos inerentes ao ambiente cirúrgico.
Enfermagem Perioperatória

• Assistência que engloba as três fases da cirurgia:

1. Pré-operatória

2. Transoperatória

3. Pós-operatória
Período Pré-operatório

• Período que se inicia na admissão da clínica cirúrgica até o momento que o


paciente chega ao centro cirúrgico;
• É classificado em mediato e imediato;
• Tem como objetivo preparar o paciente adequadamente para a cirurgia,
diminuir riscos no intra-operatório e evitar complicações e desconfortos no
pós-operatório.
Preparo Pré-operatório

• Preparo psicológico: Para aliviar a tensão, a enfermagem deverá conversar


com o paciente e esclarecer-lhe as dúvidas e temores.
• Preparo espiritual: Algumas vezes o paciente pode receber a visita do seu
líder religioso para reavivar o sentimento de confiança e fé.
• Preparo físico: Consiste em preparar o corpo e o organismo do paciente
para o ato cirúrgico, através de procedimentos de enfermagem e
administração de medicamentos prescritos.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
mediato
• São os cuidados ofertados ao paciente no período de internação até as 24h
que antecedem o procedimento cirúrgico. Nesse caso a atuação da
enfermagem consiste em admitir o paciente na clínica cirúrgica.
• A admissão do paciente à clínica cirúrgica segue com muita semelhança a
rotina de admissão às outras clínicas do hospital. Com atenção é claro, ao
aviso de: exames laboratoriais pré-operatórios. RX. Aviso ao serviço de
nutrição e dietética, ao centro cirúrgico do tipo de cirurgia que será realizada,
nome do cirurgião, e provável horário e data. Esses últimos podem ser
mudados de acordo com novas informações do médico.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
mediato
• Preparar psicologicamente o paciente;
• Controlar de SSVV;
• Preparar e orientar para exames radiológicos se houver;
• Controlar o peso, eliminação urinária, intestinal, etc;
• Observar e orientar quanto à alimentação (dietas, jejuns, restrições);
• Observar e orientar quanto à higiene.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
mediato
• Orientar o paciente quanto o procedimento e a possibilidade de, no pós-
operatório, o mesmo permanecer com dreno, sondas...
• Orientar também sobre visitas e permanência de familiares.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
imediato
• O pré-operatório imediato consiste no período de 24h antes da cirurgia e vai
até o encaminhamento do paciente para o centro cirúrgico;
• Cuidados são voltados para o preparo do paciente para o procedimento
cirúrgico.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
imediato
• Tricotomia – consiste na raspagem ou retirada dos pêlos da região que será
incisionada e áreas circunvizinhas, higiene e limpeza com água e sabão ou soluções
antissépticas na região tricotomizada. As áreas para tricotomia variam de acordo com
o tipo de cirurgia;
• Higiene corporal – Se estiver em condições, o próprio paciente deverá ser orientado
para tomar um banho completo. Dá-se maior importância à região onde será feita a
incisão. Também deve se dar muita atenção aos cabelos, unhas e pés. Em pacientes
do sexo feminino deve-se observar se as unhas estão pintadas, nesse caso o esmalte
será removido. Em pacientes do sexo masculino pode-se fazer tricotomia facial
(barbeá-los) antes da cirurgia.
Atuação da enfermagem no pré-operatório
imediato
• Alimentação – Inclui a orientação sobre o jejum. O período para o jejum pode
variar de acordo com a cirurgia. A finalidade deste é manter o trato intestinal
livre de resíduos. Em média se exige de 8 a 12 horas.
• Suspensão de medicamentos via oral sob prescrição médica;
• Preparo intestinal – Pode ser feito através da lavagem intestinal, enemas,
laxantes, conforme a prescrição médica. Tem por finalidade esvaziar o intestino
a fim de evitar incontinência fecal, acidentes como a perfuração da alça
intestinal durante a cirurgia, bem como prevenir a formação de gases no pós-
operatório.
Assistência de enfermagem imediatamente antes
da cirurgia:
• Checar jejum do paciente, orientá-lo a manter-se dessa forma até segunda
ordem; suspender medicação V.O.
• Verificar higiene corporal (banho) e área tricotomizada;
• Prender os cabelos com touca ou gorros adequados e oferecer camisola
cirúrgica;
• Verificar unhas (curtas e sem esmalte);
• Retirar jóias e próteses; entregar aos familiares ou ao setor competente;
• Encaminhar o paciente ao sanitário para que esvazie a bexiga;
Assistência de enfermagem imediatamente antes
da cirurgia:
• Controlar SSVV, comunicando qualquer anormalidade;
• Colocar o paciente no leito e observar para que ele fique deitado até a ida
para o CC;
• Administrar medicação pré-anestésica (conforme prescrição médica e rotina
do hospital). O paciente deverá permanecer sob observação e deitado após
ter recebido a medicação;
• Atentar para qualquer anormalidade no estado do paciente;
Assistência de enfermagem imediatamente antes
da cirurgia:
• Anotar todos os cuidados prestados ao paciente e suas condições em seu
prontuário;
• Anexar todos os exames ao prontuário (RX, exames laboratoriais...)
• Encaminhar o paciente ao CC;
• O paciente nunca deverá ser deixado sozinho sob a maca, então é necessário
esperar junto ao paciente até que sua ida ao centro cirúrgico seja solicitada.
Período Transoperatório

• A assistência de enfermagem no período transoperatório refere-se


aos cuidados indiretos da equipe no preparo do centro cirúrgico (CC) e da
sala de operações (SO), com previsão e provisão de todos os recursos
necessários para a realização do ato anestésico-cirúrgico;
• Assim como preenchimento de impressos cirúrgicos, recepção do paciente
na SO (período intra-operatório), confirmar identidade e procedimento do
paciente junto a equipe e entre outros.
Período Pós-operatório

• Período que vai desde o final da cirurgia até a alta hospitalar;

• Tem como objetivo restabelecer o máximo as funções fisiológicas e evitar


complicações e desconfortos no pós-operatório;

• É classificado em pós operatório imediato, mediato e tardio.


Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato
• Corresponde às primeiras 24 horas após o término da cirurgia;
• Sendo que as primeiras horas o paciente permanece na SRPA, onde é
assistido pelos profissionais de enfermagem até o momento que esteja em
condições de ir para a clínica cirúrgica.
• Na SRPA a equipe de enfermagem trabalha em conjunto para prestar a
melhor assistência.
Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato - SRPA
• Auxiliar na monitorização dos sinais vitais: atentar-se a pressão arterial,
saturação de O², frequência cardíaca e frequência respiratória;
• Observar o estado geral do paciente: observar se há alterações no nível de
consciência e estado geral do paciente;
• Auxiliar no controle da dor: administração de analgésicos prescritos para
alívio de dor;
Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato - SRPA
• Auxiliar no cuidado com as feridas: O técnico de enfermagem auxilia na
troca de curativos (caso necessário) e observação da ferida operatória (FO)
para identificar problemas;
• Realizar medidas de higiene: Manter o ambiente limpo e organizado,
realizar troca de roupas de camas e itens utilizados pelo paciente;
• Estar disponível para atender o paciente quando necessário.
Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato
• Assim que o paciente é encaminhado ao CC, inicia-se o preparo da unidade
do paciente:
 Adequar leito (tipo operado);
 Posicionar suporte de soro;
 Manter limpeza geral do ambiente;
Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato
• Recepcionar o paciente no apartamento ou enfermaria;
• Auxiliar na transferência da maca para o leito;
• Observar SSVV frequentemente. Na primeira hora é indicada verificação a
cada 15 minutos e a cada 30 minutos nas duas horas seguintes, seguindo
prescrição a partir disso; Verificar temperatura axilar a cada 4 horas;
• Auxiliar nos cuidados a ferida operatória, em geral, observar se há
sangramento excessivo.
Atuação da enfermagem no pós-operatório
imediato
• Auxiliar nos cuidados com drenos e sondas. Observar volume e aspecto do
líquido drenado;
• Auxiliar na aspiração de secreções, se necessário;
• Administrar medicações prescritas;
• Observar estado geral do paciente, a fim de verificar possíveis
complicações.
Pós-operatório mediato

• É o período que inicia depois das primeiras 24 horas. O paciente


permanecerá internado na clínica cirúrgica até o momento da alta. Esse
período varia conforme a cirurgia realizada e, principalmente de acordo
com as reações individuais de cada paciente. Os cuidados aplicados nesse
período visam proporcionar ao paciente uma recuperação mais rápida
preparando-o para voltar às atividades normais.
Atuação da enfermagem no pós-operatório
mediato
• Controle de SSVV; Atentar-se a alterações;
• Auxiliar nos curativos da ferida operatória e sempre observar os aspectos da
incisão, se há sinais de infecção;
• Auxiliar o paciente, quando necessário, na realização de higiene;
• Auxiliar também, se necessário, na deambulação precoce;
• Administrar medicamentos prescritos;
RISCO OPERATÓRIO
Risco Cirúrgico
• É uma avaliação realizada antes de submeter o paciente ao procedimento cirúrgico;

• Pode ser definido como um cálculo realizado a partir da avaliação clínica e


laboratorial do paciente, a fim de determinar sua condição de saúde e recomendar,
ou não, o procedimento cirúrgico;

• Não se restringe apenas no ato cirúrgico em si, mas ao conjunto de fatores que
podem interferir na capacidade de o paciente reagir ao procedimento cirúrgico ou á
cicatrização do ferimento.
Propósito da avaliação pré-operatória e risco
cirúrgico
• Durante a cirurgia, o aparelho cardiovascular é sobrecarregado, então
precisa estar em condições que desfavoreçam os riscos de complicações;
• Calcular o risco cirúrgico é importante para diminuir as chances de morte,
de sequelas e de complicações após a operação;
• Dependendo da gravidade da operação, testes simples costumam ser
requisitados, em especial aqueles que monitoram o sistema cardiovascular.
Risco Cirúrgico
• Fatores que influenciam o risco cirúrgico:
 Idade;
 Doenças crônicas;
 Histórico médico e familiar;
 Tabagismo;
 Obesidade;
 Alcoolismo;
 O procedimento que será realizado.
Exames de Risco Cirúrgico

• A avaliação é baseada na anamnese, exames físicos, laboratoriais e


diagnóstico;

• A solicitação dos exames são baseados de acordo com os fatores de riscos


pessoais e o procedimento a ser realizado;

• Existem exames específicos que são solicitados devido afecções, como no


caso de problemas pulmonares, que é exigido o raio-X torácico.
Exames de risco cirúrgico mais exigidos antes de
uma intervenção
• Hemograma: Por meio dele, é possível detectar infecções virais e
bacterianas, além de outras condições que podem apresentar riscos para a
operação. E destaca-se as doenças como: Anemia, leucemia e processos
inflamatórios.
• Glicemia capilar: Sua finalidade é verificar os níveis de açúcar na corrente
sanguínea, representados pela taxa glicose.
• Creatinina e Ureia: Avaliar funções renais.
Exames de risco cirúrgico mais exigidos antes de
uma intervenção
• Coagulograma: Um dos exames de risco cirúrgico mais importante, pois
ele determina a capacidade do paciente de produzir coágulos, que atuam no
organismo para impedir sangramentos.
• Eletrocardiograma: Considerado também um dos mais importantes, pois
avalia o funcionamento cardíaco. Sua finalidade é detectar anomalias,
doenças ou alterações no coração.
Hemograma
• ERITROGRAMA
- Parte do exame que avalia a série vermelha, no caso, contagem e avaliação
dos glóbulos vermelhos, de acordo com os seguintes parâmetros:
- Quantitativo de eritrócitos (glóbulos vermelhos ou hemácias);
- Dosagens de hemoglobina (Hb) e hematócrito.
Função principal dos eritrócitos: transporte de O² dos pulmões para os
tecidos e transferir CO² dos tecidos para os pulmões.
Valores de referência

Eritrócitos

Eritrograma Hemácias 4.4 a 6 milhões/ mm³

Hemoglobina 13.0 a 18.0 g/dL


• A contagem das hemácias é
chamada de hematrimetria e revela Hematócrito 38 a 52%
alterações importantes para
determinar anemias (oligocitemia) Valores de referência da
mulher
ou Policitemia (aumento da
viscosidade do sangue); Eritrograma

• Valores de referência podem variar Hemácias 4.2 a 5.5 milhões/ mm³


entre laboratórios. Hemoglobina 12.0 a 16.0 g/dL

Hematócrito 35 a 47%
Leucograma
• Leucócitos ou glóbulos brancos tem função essencial na resposta imunológica (RI)
do organismo, no caso, células de proteção. E divide-se em cinco:
- Basófilos: tipo menos comum de leucócitos no sangue. Participam de processos
alérgicos.
- Eosinófilos: responsáveis pelo combate de parasitos e pelo mecanismo da alergia.
- Linfócitos: principais linhas de defesa contra infecções por vírus e contra o
surgimento de tumores. São eles também os responsáveis pela produção dos
anticorpos;
Leucograma
- Monócitos: São ativados tanto em processos virais quanto
bacterianos. Ativados por linfócitos T (Identificar e matar patógenos e
células infectadas);
- Neutrófilos: Participam da resposta imunológica inata, com atuação no
combate a bactérias.
• Valor de referência total em adultos: 4.000 a 11.000 células/mm³
Creatinina e Ureia
• O músculos necessitam de energia para exercer funções. O “combustível” que gera
essa energia é a proteína creatina fosfato, sintetizada a partir das proteínas da
alimentação. É produzida no fígado e armazenada nos músculos.
• O consumo constante da creatina fosfato resulta no lixo metabólico conhecido
como creatinina que é lançado na corrente sanguínea e eliminado na urina através
dos rins.
proteínas ingeridas na dieta → produção de creatina fosfato pelo fígado → consumo
da creatina fosfato pelos músculos para geração de energia → produção de
creatinina → eliminação da creatinina pelos rins.
Creatinina e Ureia
• A ureia é outra substância produzida no fígado, também como resultado da
metabolização de proteínas da alimentação;
• Sua eliminação é também na urina através dos rins;
• Elevação dos níveis de creatinina e ureia são sinais de mau funcionamento dos
rins.
Valores referência creatinina: Mulheres adultas: 0,60 a 1,2 mg/dL;
Homens adultos: 0,70 a 1,3 mg/dL.
A concentração de creatinina varia de acordo com a quantidade de massa corporal.
Valor referência ureia: Para adultos: entre 13 e 43 mg/ dL.
Coagulograma
• Os exames que compõem o coagulograma são:
• Tempo de Sangramento (TS): Esse exame analisa a velocidade com que os
pequenos vasos sanguíneos da pele são capazes de se fechar para interromper
um sangramento. (1 a 3 min)
• Tempo de Ativação da Protrombina (TAP): para medir se a coagulação do
sangue está boa e por quanto tempo o sangue coagula. Converte fibrinogêncio
em fibrina junto as plaquetas. (10 a 14 segundos)
• Tempo de Ativação Parcial da Tromboplastina (TTPA): avaliar como estão
funcionando alguns fatores de coagulação. Gera fibrina (22 a 31 segundos)
Coagulograma

• Tempo de Trombina (TT): O tempo de trombina corresponde ao tempo


necessário para que o coágulo seja formado após a adição de trombina, que
é o fator necessário da coagulação para que haja a ativação do fibrinogênio
em fibrina, que garante a estabilidade do coágulo.
• Número de Plaquetas: As plaquetas são as células sanguíneas responsáveis
por auxiliar na formação do coágulo sanguíneo. (150.000 a 400.000 mm³)
Eletrocardiograma
• A onda P é o traçado que corresponde à despolarização dos átrios (contração dos átrios).
• O intervalo PR é o tempo entre o início da despolarização dos átrios e dos ventrículos.
• O complexo QRS é a despolarização dos ventrículos (contração dos ventrículos).
• O segmento ST é o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos
ventrículos.
• A onda T é a repolarização dos ventrículos, que passam a ficar aptos para nova contração.
• Cada batimento cardíaco é composto por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.
• Frequência cardíaca normal: 60 a 100bpm.
Eletrocardiograma - ECG
ASA - American Society of Anesthesiologists

• Um dos meios mais comuns que auxilia na classificação de risco cirúrgico após a
avaliação clínica;
• O sistema ASA é dividido em 6 classes – quanto maior a classificação, maior o risco de
mortalidade durante a cirurgia.
ASA 1 representa um paciente sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos
ASA 2 aponta para uma condição leve a moderada, que pode afetar a cirurgia ou
anestesia, mas não compromete a atividade normal do paciente – como hipertensão
controlada
ASA 3 indica um distúrbio que compromete a atividade normal, impactando a anestesia
e a cirurgia – como arritmia
ASA - American Society of Anesthesiologists
ASA 4 mostra uma desordem severa, que pode levar à morte e tem grande
impacto na anestesia e cirurgia – como insuficiência renal
ASA 5 é usada para representar um paciente moribundo, que depende da
operação para sobreviver mais do que 24 horas
ASA 6 indica um paciente com morte cerebral, que terá os órgãos
removidos para doação.
• Esse sistema de classificação tem como foco o risco da operação para o
paciente, considerando a natureza da condição clínica e do procedimento
que será feito.

Você também pode gostar