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Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Ciências Biológicas


Curso: Biomedicina
Disciplina: Bioquímica Médica

Marcadores Tumorais:
proteínas, genéticos, receptores e outros

Docentes: Heliana Carvalho e Sandra Gadelha


Discentes: Aline Brandão, Clarice do Carmo, Kariton Bronze, Luciana
Baptista, Marcela Reis, Marianna Ramos, Thiago Gonçalves
Sumário
1. Introdução

2. Marcadores Tumorais Protéicos

3. Receptores como Marcadores Tumorais

4. Marcadores Tumorais Genéticos

5. Outros Marcadores Tumorais


O que é Câncer?

Segundo o INCA:
“Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100
doenças que têm em comum o crescimento desordenado
(maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos,
podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do
corpo”.

Fonte: http://www.juhaina.net/?act=artc&id=13392
Brasil: estimativa de novos casos de câncer para
2018

Fonte: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/estimativa-2018.pdf
Bahia e Salvador: estimativas de novos casos de
câncer para 2018

Fonte: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/estimativa-2018.pdf
Marcadores Tumorais

Substâncias produzidas pelo


organismo em resposta ao
crescimento de cânceres, ou pelo
próprio tecido cancerígeno.

Podem ser detectadas em sangue,


urina ou amostras de tecido.

Alguns marcadores são específicos


para determinados tipos de câncer,
enquanto outros são encontrados
https://www.laboratoriosensus.com.br/marcadores-tumorais/
em vários tipos da doença.
Proteínas

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/estruturas-das-proteinas.htm
Imunoglobulina

 Marcador de mieloma múltiplo;

 Paraproteínas monoclonais  bandas intensas na


eletroforese.
 < 95% dos pacientes com mieloma múltiplo.

 Ig não malignas  5% dos pacientes com mais de 75


anos. Não estão associadas à proteína Bence Jones.
o “Gamopatia monoclonal de significado indeterminado" (MGUS).

 Bence Jones  cadeia leve de Ig monoclonal livre na


urina. Sua concentração no diagnóstico inicial é um
indicador prognóstico de progressão da doença.
Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2014/03/para-
que-serve-tecnica-de-imunofixacao.html

 As cadeias pesadas determinam a classe das Imunoglobulinas e são


designadas por letras gregas:

γ (gama): IgG
µ (mu): IgM
δ (delta): IgD
α (alfa): IgA
ε (épsilon): IgE

 As cadeias leves podem ser do tipo Kappa (κ) ou Lambda (λ).


Imunofixação

Técnica utilizada para determinar qual tipo de imunoglobulina


monoclonal os plasmócitos estão secretando.

 Eletroforese de proteínas: pico


monoclonal nas
gamaglobulinas.

 Essa técnica substituiu a


imunoeletroforese pois é mais
sensível e rápida.

Fonte:
https://www.biomedicinapadrao.com.br/2014/03/para-
Imunofixação

Após a separação das proteínas, o anti-soro (contra IgA, IgG, IgM, cadeia
leve Kappa e Lambda) é colocado sobre as frações separadas.

As proteínas não precipitadas são lavadas e o imunoprecipitado é corado.

Este método tem grande aplicação na identificação de proteínas M


presentes em pequenas quantidades, que são difíceis de detectar por outros
métodos.

O anti-soro deve ser utilizado em diluição ótima para garantir a


equivalência antígeno/anticorpo.
A. No soro normal observa-se uma turvação com os soros anti-IgG e anti-
kappa, sem quase detectar outros tipos, devido a baixa concentração.

B. No soro de mieloma múltiplo IgG/kappa, por exemplo, observa-se a


presença da proteína em elevada concentração.

Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2014/03/para-que-serve-tecnica-de-
imunofixacao.html
Proteínas S-100

 Grupo de pelo menos 19 proteínas de ligação ao cálcio


relacionadas.

 Sua função fisiológica é incerta;

 Progressão do câncer: S-100A4, S-100A2, S-100A6 e S-100p.

 S-100A4:
 Células imunes selecionadas
 Expressão fraca em queratinócitos, melanócitos e células de Langerhans.

 Não é expressa na mama, no cólon, na tireóide, no pulmão, no rim ou no


pâncreas.
Proteínas S-100

S-100A4  doença mais agressiva

 Câncer de mama
 Carcinoma escamoso do esôfago
 Cânceres gástricos

Marcador independente de prognóstico na análise multivariada.

A falta de expressão em tecido normal e sua expressão no tecido


tumoral a tornam um excelente candidato ao uso histológico de
rotina como um marcador de câncer.
S-100β é rotineiramente usada como um marcador
histológico diagnóstico de melanoma e metástase de
melanoma. Recentemente a medida de suas
concentrações séricas tem sido investigada para
monitorar recidiva da doença. Na ausência de
melanoma, as concentrações séricas de 3-100(3 são
normalmente não detectáveis; entretanto, com doença
recorrente, S-100J3 aumenta. Usando-se um
imunoensaio (LIA-mat Sangtec 100; Byk-Sagtec
Diagnostics, Alemanha), foi sugerido que um corte de
0,12 ] i g /L fornece sensibilidade e especificidade de
0,29 e 0,93, respectivamente. S-100p é um marcador
mais sensível e específico para melanoma recorrente e é
capaz de detectar recidiva mais cedo que L D ou ALP
(marcadores tradicionais de recidiva de melanoma).
Tireoglobuliria e Anticorpos

A tireoglobulina (Tg) é produzida pela glândula tireóide como precursor do hormônio da tireóide
(Capítulo 41). O principal uso da medida de Tg é como marcador tumoral para pacientes com um
diagnóstico de câncer de tireóide diferenciado. Aproximadamente dois terços desses pacientes têm
um Tg pré-operatório elevado. Uma concentração de Tg pré-operatória elevada confirma a
capacidade do tumor de secretar Tg e valida o uso da medida pós-operatória de Tg para monitorar
a recidiva do tumor. Em termos pós-operatórios, o método mais sensível para detectar tumor
residual ou metástase é a observação após estímulo de TSH. Em tumores bem diferenciados, um
aumento de dez vezes nas concentrações de Tg é observado após estímulo de TSH. Tumores
pobremente diferenciados, que não concentram iodo, podem revelar uma resposta brusca ao
estímulo de TSH. Monitorar Tg geralmente não é útil em pacientes que não têm Tg pré-operatório
elevado. Anticorpos antitireoglobulina podem também ser usados para monitorar doença residual
ou recidiva, ou ambos. Medidas de anti-Tg seriadas têm sido propostas como um indicador
prognóstico independente do tratamento porque um aumento nos anticorpos anti-Tg pode sugerir
recidiva do tumor. IMA e RIA são os dois principais métodos usados para a medida de Tg. Os
ensaios de I M A têm a vantagem de ter um tempo de incubação mais curto e são automatizáveis;
entretanto, eles sofrem interferências maiores. As principais interferências em ambos os ensaios
são anticorpos antitireoglobulina, que causam uma subestimativa de Tg no IMA. Anticorpos
antitireoglogulina podem ser medidos diretamente em todos os pacientes ou, se ambos I M A e
RIA são usados para medir Tg, um resultado discordante sugere a presença de anticorpos
antitireoglobulina.
Cromograninas

Cromograninas

Cromograninas são uma família de componentes protéicos presentes nos


grânulos secretores da maioria das células neuroendócrinas. A família granina
consiste em três principais grupos de proteína, cromogranina A (CgA), B (CgB)
e secretogranina II, III, IV e V. As cromograninas são encontradas nas células
neuroendócrinas por todo o corpo, incluindo as células neurais dos sistemas
nervosos central e periférico. Tem sido sugerido que elas desempenham uma
função na regulação dos grânulos secretores. Além disso, as cromograninas
secretadas podem ser proteoliticamente processadas pata formar peptídeos
bioativos. A cromogranina A é a mais estudada das cromograninas é
amplamente expressa por tecido neuroendócrino e é co-secretada por células
neuroendócrinas juntamente com hormônios peptídeos e neuropeptídios. Esta
ampla distribuição e co-secreção a torna um excelente marcador histoquímico
e plasmático de tumores neuroendócrinos.
Aplicações Clínicas

Estudos têm mostrado que tanto CgA quanto CgB são úteis na detecção de
vários tumores neuroendócrinos, incluindo tumores carcinóides,
feocromocitoma e neuroblastoma. Na maioria dos casos, CgA é produzida
em concentrações mais altas do que CgB; entretanto, em alguns casos, CgB
é positiva quando CgA é negativa, portanto, pode ser vantajoso medir as
duas. No caso dos tumores carcinóides, os tumores dos intestinos anterior e
médio são normalmente tumores funcionais que produzem serotonina. CgA
é tão específico para detecção de ambos os tumores carcinóides dos
intestinos anterior e médio quanto o metabólito de serotonina ácido 5-
hidroxiindolacético (5-HIAA), e é o marcador preferido dos tumores distais,
que são comumente não funcionais. Embora os tumores não funcionais
tenham perdido a capacidade de secretar serotonina, eles retêm a
capacidade de secretar cromograninas. Para detecção de feocromocitomas,
CgA pode ser tão sensível e específico quanto as catecolaminas plasmáticas
ou metanefrinas urinárias.
Metodologia Analítica

Atualmente, CgA é medida por imunoensaio.


Dependendo do ensaio, anticorpos policlonais ou
monoclonais são usados. Deve se tomar cuidado na
escolha de um teste, visto que CgA e as outras
cromograninas são muito processadas após liberação,
o que pode torná-las não detectáveis pelo ensaio e
produzir resultados falso-negativos. Portanto, um teste
que reconheça as moléculas intactas e processadas é
desejável. Ensaios comerciais para a CgB ainda não
estão disponíveis.
Receptores
Receptores de Estrógeno e Progesterona

Os receptores de estrógeno e progesterona são usados


para o câncer de mama como indicadores de
hormonoterapia,' Os pacientes com receptores de
estrógeno e progesterona positivos tendem a
responder ao tratamento hormonal. Aqueles com
receptores negativos serão tratados por outras
terapias, tais como quimioterapia. Os receptores de
hormônio também servem como fatores prognósticos
em câncer de mama. Pacientes positivos para os
receptores de estrógeno e progesterona têm um
prognóstico melhor.
Bioquímica

Os receptores de estrógeno (ERs) e de progesterona (PRs) são membros


da família de receptores de hormônio esteróide nucleares e estão
envolvidos na ativação transcricional hormônio-ditecionada. Ambos os
ERs e PRs estão presentes em um grande complexo proteico, e sob a
ligação do hormônio, os receptores migram para o núcleo, ligam-se ao
DNA e ativam a transcrição. Estrógeno e progesterona têm pelo menos
dois receptores separados. Estrógeno tem ERa e ERp, que são transcritos a
partir de genes distintos. Duas formas de PR, PR-A e PR-B, também
existem e ambos são transcritos a partir do mesmo gene. PR-A não tem os
primeiros 165 aminoácidos de PR-B. Os ERs e PRs são encontrados em
tecidos, tais como os de útero, glândula pituitária, hipotálamo e mama, e
parecem estar envolvidos no desenvolvimento e na progressão do tumor.
Além disso, o estado de ER e PR se correlaciona tanto com o prognóstico
quanto com a resposta ao tratamento; portanto, medir as concentrações
de ERs e PRs é clinicamente útil.
Aplicações Clínicas

A dosagem de ER no tecido tumoral de mama é útil como indicador prognóstico e na determinação de probabilidade de
hormonoterapia. Dos pacientes com carcinoma da mama, 60% têm tumores que são ER-positivos. E 7 a 8 vezes mais
provável que estes respondam à terapia endócrina, tais como tamoxifen, toremifeno e droloxifeno. Além disso, a U.S.
National Câncer Institute Consensus Statement sugere que todos os pacientes com câncer de mama que têm ER-
positivos devem sofrer tratamento hormonal independentemente de suas idades, estado de menopausa, estado nodal
ou tamanho do tumor. Noventa e cinco por cento dos pacientes com tumores ER-negativos falham nesta resposta.
Quanto maior o conteúdo de ER do tumor, mais alta é a taxa de resposta à terapia endócrina. Aproximadamente um
terço das mulheres com carcinoma de mama metastático obtém remissão clínica seguindo vários tipos de terapia
endócrina direcionados para diminuir suas concentrações de estrógeno. Tais terapias incluem ooforectomia,
hipofisectomia e adrenalectomia (terapia ablativa), e administração de antiestrógenos e andrógenos (terapia aditiva).
Como um indicador prognóstico, a positividade de ER sugere uma melhor sobrevida de 5 anos; entretanto, após 5 anos
os tumores ER-negativos têm um prognóstico melhor. Ocasionalmente um tumor é definido como ER-negativo, mas a
paciente responde à terapia endócrina (resultados falsonegativos produzidos em um ensaio de ER). Resultados
falsopositivos de ensaios de ER (tumor ER-positivo, mas nenhuma resposta à terapia endócrina) são mais comuns do
que os resultados falso-negativos. A explicação mais freqüente é a heterogeneidade do tumor, com biópsia de um local
que não é representativo de outros depósitos tumorais. Além deste problema, existe evidência de que algumas células
tumorais têm defeitos de receptor nas etapas anteriores às iniciais de ligação do hormônio. O teste de PR é um auxiliar
útil para o ensaio de ERs. Como a síntese de PR parece ser dependente da ação do estrógeno, a dosagem da atividade
de PR fornece a confirmação de que todas as etapas da ação de estrógeno estão intactas. De fato, as pacientes com
câncer de mama metastático com ambos os tumores ER- e PR-positivos têm uma taxa de resposta à terapia endócrina
de 75%, enquanto aquelas com tumores ER-positivos e PR-negativos têm uma taxa de resposta de 40%. Além disso,
somente 25% de pacientes ER-negativos/PRpositivos respondem à terapia endócrina, enquanto menos de 5% dos
pacientes ER-negativos/PR-negativos respondem. A porcentagem de amostras positivas é maior em mulheres pós-
menopausa do que naquelas que estão em pré-menopausa.
Metodologia Analítica

Os ensaios imunocitoquímicos são usados para medir receptores de hormônio


esteróide. Tanto o método bioquímico quantitativo clássico para analisar os
receptores de esteróide em amostras de tecido tumoral (ensaio de titulação) quanto
os imunoensaios enzimáticos são obsoletos porque os ensaios imunocitoquímicos
são mais baratos e mais simples, requerem menos tempo e podem ser realizados
usando menos tecido. Os ensaios imunocitoquímicos usam anticorpos
monoclonais para detectar proteínas receptoras de esteróide em seções de tecido
congelado, tecidos em bloco de parafina, aspirados por agulha fina e efusões
malignas. Nestes procedimentos, o anticorpo monoclonal primário é incubado com
uma seção fina do tecido montado em uma lâmina de microscópio. A localização e
a visualização do material receptor são subseqüentemente realizadas por uma
coloração de imunoperoxidase indireta. Amostras com coloração em pelo menos
20% das células malignas são geralmente consideradas receptor-positivas. Ensaios
imunocitoquímicosnão são influenciados pela presença de estrógenos,
antiestrógenos ou proteínas de ligação a esteróide. Além disso, os métodos
imunocitoquímicos possibilitam estudar o conteúdo de receptor especificamente
em células tumorais.
Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico

O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) é um protótipo de uma família


de receptores de tirosina quinase. Os ligantes naturais do EGFR são o fator de
crescimento epidérmico (EGF) e o fator de crescimento transformante (TGF)-a. Em
tecido tumoral, estes fatores podem promover crescimento tanto do tipo parácrmo
quanto do tipo autócrino. Em uma análise de mais de 200 estudos completados entre
1985 e 2000, determinou- se que a superexpressão de EGFR tinha valor prognóstico
em muitos cânceres. Foi observado que o EGFR é um indicador de prognóstico forte
em cânceres de cabeça e pescoço, de ovário, cervical, de bexiga e esofágico. Os
pacientes com EGFR elevado mostraram sobrevivência geral reduzida em 70% dos
estudos. Nos cânceres de mama, colorretal, gástrico e de endométrio, observou-se
que EGFR é um indicador prognóstico moderado, com 52% dos estudos mostrando
sobrevivência reduzida quando quantidades elevadas de EGFR são observadas. O fato
de que EGFR está envolvido na progressão de vários tipos de tumor significa que ele
representa um potencial ponto de intervenção e tratamento destes cânceres. Têm sido
desenvolvidos muitos compostos que inibem a sinalização de EGFR por bloqueio da
ligação do ligante ou inibição da atividade de tirosina quinase. EGFR é medido em
tecido por ensaios imunocitoquímicos e hibridização in situ por fluorescência (FISH).
Genéticos
Marcadores Genéticos

O crescimento tumoral é uma característica herdável das células e se acredita que seja o resultado de mudanças
genéticas. Múltiplas alterações genéticas podem ser necessárias para a transformação de uma célula de um estado
normal para um tumoral e, finalmente para a disseminação metastática. Portanto, a avaliação de alterações
cromossômicas pode preencher a lacuna deixada pelos marcadores bioquímicos tradicionais do soro no
estabelecimento do risco de câncer e rastreamento de câncer. Duas classes de genes estão envolvidas no
desenvolvimento do câncer- oncogenes e genes supressores. Os oncogenes são derivados dos proto-oncogenes que
podem ser ativados por mutações dominantes, tais como mutações de ponto, inserções, deleções, translocações ou
inversões. A maioria dos oncogenes codifica proteínas que funcionam em alguma etapa da ativação de células para
proliferação, e sua ativação leva à divisão celular. Grande parte dos oncogenes está associada a cânceres
hematológicos, tais como leucemia e, em uma menor extensão, a tumores sólidos. A outra classe de genes tumorais,
os genes supressores, tem sido isolada, na maioria das vezes, de tumores sólidos. A oncogenicidade de genes
supressores é derivada da perda do gene, ao invés de sua ativação, como com os oncogenes. Deleção ou
monossomia podem levar à perda dos genes supressores de tumor. O principal gene supressor de tumor, TP53, atua
no reparo do dano ao DNA e pode iniciar a apoptose (morte celular programada). O reparo é mediado pela ativação
da produção de p21, que bloqueia o ciclo celular no final de Gj para permitir que o reparo aconteça. A perda de
função deste gene causada por perda ou mutação pode resultar na incapacidade do processo de reparo do DNA e
levar à tumotigênese. E esperado que o conhecimento da seqüência do genoma humano e a identificação de todos
os genes permitirão a determinação de quais genes são expressos diferencialmente ou de forma anormal no câncer,
e da função das mutações ou dos rearranjos desses genes no desenvolvimento e na progressão do câncer. Por
exemplo, a identificação de polimorfismos de um único nucleotídeo e de outras diferenças genéticas entre os
indivíduos pode permitir o desenvolvimento de modelos para predizer a predisposição individual ao câncer e a
propagação de estratégias de prevenção efetivas, tais como vigilância, quimioprevencão e modificações nutricionais
e de estilo de vida.
Oncogenes

Os proto-oncogenes são genes celulares normais


relacionados aos genes de vírus tumorais. Foi
observado que a ativação dos protooncogenes está
associada ao câncer. Estes genes codificam produtos
que estão envolvidos nos processos celulares normais,
tais como vias de sinalização de fatores de
crescimento. Superexpressão do oncogene levará ao
crescimento celular anormal, resultando em câncer.
Tem sido mostrado que dos mais de 40
protooncogenes identificados, somente uns poucos são
marcadores tumorais úteis.
Genes ras

Os genes ras foram primeiramente identificados como sendo responsáveis pelas propriedades tumorigênicas dos vírus
dos sarcomas de Harvey (H^rcu) e Kirsten (K-ras), que produzem tumores em animais, e forneceram a primeira
evidência de que as equivalências nas células humanas poderiam estar envolvidas no desenvolvimento de tumores. As
proteínas codificadas pelos genes ras estão localizadas na face interna da membrana plasmática. Elas se ligam a
nucleotídeos de guanina e atuam como interruptores moleculares que regulam os sinais mitogênicos dos fatores de
crescimento para o núcleo através das vias de transdução de sinal. As proteínas Ras são ativadas em associação com
os receptores de proteína-tirosina quinase e são necessárias para a proliferação induzida por fator de crescimento ou
para a diferenciação demuitos tipos celulares. N^ras é encontrado no braço curto do cromossomo humano 1.
Alterações em N-ras parecem constituir uma etapa crítica da caicinogênese. O gene N-ras mutado é encontrado em
neurob las tomas e leucemia mielóide aguda. K-ras mutado está presente em 95% dcs cânceres pancreáticos, 40% dos
cânceres de cólon, e 30% dos cânceres de pulmão e bexiga, e em percentagens mais baixas em outros tumores. Uma
única mutação de ponto no décimo segundo códon de K-TOS altera o aminoácido codificado de glicina para valina na
proteína p21. Esta mutação é de longe a mais freqüentemente encontrada em cânceres. Mutações de K-ras parecem se
correlacionar com prognóstico pobre e sobrevivência livre de doença mais curta em pacientes com adenocarcinoma
de pulmão e carcinoma de endométrio. No entanto, em geral, a presença de mutações em ras tem pouca aplicação
prática para determinação do prognóstico. O ras ativado é detectado por expressão do produto do gene ras, p21, em
tecido tumoral. Por imunoistoquímica, o produto de ras é encontrado não apenas em cerca de 40% dos tumores de
cólon, mas também em pólipos de cólon, que supostamente são prémalignos. Uma intensidade relativa de coloração
mais alta para p21-ras pode discriminar tecidos tumorais de normais ou de lesões benignas de tecidos de mama,
pâncreas; estômago, pulmão, útero ou tireóide. O nível de expressão no tecido parece se correlacionar com o estágio
ou grau do tumor, mas p21-ras pode também ser visco em algum tecido normal, e outros estudos não mostram
diferença significativa entre tumores benignos e malignos. O uso de p21 como marcador tumoral no tecido ou no soro
não é bem estabelecido. Mutações dos oncogenes ras têm sido detectadas no D N A das fezes de 9 de 15 pacientes com
tumores colorretais curáveis.
Gene c-myc

O gene c-m^c é o proto-oncogene do vírus do mielocitoma de aves. Ele se liga ao D N A e


está envolvido na regulação da transcrição. O produto gênico, p62, está localizado no
núcleo de células transformadas, e os níveis de c-nryc se correlacionam com a taxa de
divisão celular. A proteína c-myc é essencial para a replicação do D N A e aumenta a
transcrição do mRNA. A ativação do gene c-myc está associada a linfomas de célula B e
T, sarcomas e endoteliomas. Em leucemias e linfomas, a expressão aumentada de c-myc
pode ser devida à amplificação ou translocação cromossômica do gene. Em leucemias
agudas de células T, existe uma translocação (8:14) ( q 2 4 : q l l ) que resulta em ativação
do gene, e esta ativação está associada a um prognóstico ruim. Uma diminuição da
expressão de c-mjc após o início da quimioterapia sugere uma resposta favorável.
Superexpressão de p62 pode ser vista em 70% a 100% dos cânceres de mama primários
usando imunoistoquímica, e a intensidade da coloração é maior com o aumento do
estágio do tumor. Amplificação em carcinomas de pulmão e gliomas se correlaciona com
a agressividade clínica. Pode existir uma expressão 5 a 40 vezes maior de c-rrvyc em
cânceres de cólon quando se compara com mucosa normal, mas o nível de expressão não
se correlaciona com progressão. Uma relação similar tem sido encontrada em cânceres
cervical, gástrico, de fígado e outros. Concentrações sérícas de c-myc têm sido usadas
para detectar recidiva, mas não para diferenciar câncer de doenças benignas.
Gene Her-2/neu

O gene Her-Z/neu (também conhecido como c-erbB-2) é assim chamado


por sua associação com rumores neurais (neu). Este gene codifica uma
proteína transmembrana de 185 kDa expressa em células epiteliais e
pertence à família EGF de receptores de tirosina quinase. A família EGF i n
c l u i quatro membros; o receptor de EGF (EGFR; também conhecido como
ErbBl/HER-1), ErbB2/HER-2/neu, ErbB3/HER-3 e ErbB4/HER-4. A
família EGF de receptores tem a mesma estrutura geral, consistindo em um
domínio extracelular de ligação ao ligante (ECD), um único domínio
transmembrana e um domínio intracelular de tirosina quinase. O domínio
extracelular pode sofrer clivagem proteolítica por metaloproteases,
liberando o ECD (conhecido como pl05) no sangue, que pode ser detectado.
Todos estão envolvidos em proliferação celular, diferenciação e
sobrevivência. HER-2/neu normalmente é expresso no epitélio de inúmeros
órgãos, incluindo pulmão, bexiga, pâncreas, mama e próstata, e tem se
mostrado elevado em células tumorais.
Aplicações Clínicas

A amplificação de HER-2/neu é observada em tumores de mama, ovariano e gastrointestinal. Em câncer de


mama, parece ser útil como indicador tanto de prognóstico de sobrevivência geral como de tamanho de
tumor ou expressão de ER e PR, mas não tão bom quanta o número de linfonodos envolvidos em metástase.
Tem sido mostrado que coiiceiitrações séTicas elevadas de antígeno de HER-2/neu se correlaciona com
diminuição de resposta à hormonoterapia de câncer de mama. Dos três oncogenes - HER-2/neu, ras e c-myc
- H E R - 2 /mu tem o valor prognóstico mais forte em câncer de mama.
Concentrações sérícas de p l 0 5 são mais úteis em câncer de mama, com algum uso em pacientes com câncer
ovariano. As concentrações de p l 0 5 em câncer de mama se correlaciona com um prognóstico pior e um
estado livre de doença mais curto. Concentrações elevadas de HER-2/neu também se correlacionam com
tamanhos maiores de tumor, positividade de linfonodo e escore de grau alto. As concentrações séricas de
HER-2/neu não são apenas usadas para o prognóstico, mas podem ser usadas para orientar o tratamento. U
m estudo de 719 pacientes com câncer de mama mostrou que concentrações elevadas de HER-2/neu em
pacientes com cânceres ER-positivos apresentavam benefício clínico significativamente menor das terapias
hormonais. Além disso, o estudo mostrou uma tendência em direção a melhores resultados com inibidores
de aromatase dos pacientes com HER-2/neu sérico elevado. As concentrações séricas de HER-2/new são
úteis em pacientes com câncer de mama recorrente quando o tecido é d i f í c i l de ser obtido. Tratamento
com herceptina (um anticorpo monoclonal direcionado contra o receptor de HER-2/neu) é agora
administrado apenas às pacientes com câncer de mama que têm amplificação de HER-2/Wu. Em câncer
ovariano, p l 0 5 elevado se correlaciona com agressividade aumentada do tumor, estágio clínico mais
avançado e pior conseqüência clínica. HER-2/neu não é útil em combinação com CA 125 ou sozinho para
distinguir tumores ovarianos benignos de malignos, mas ele pode ser útil na identificação de um subgrupo de
pacientes de alto risco.
Metodologia Analítica

A imunoistoquímica é usada para detectar quantidades aumentadas


da proteína HER-2/neu em células tumorais. FISH tem sido usado
para a detecção da amplificação do gene HER-2/neu. A
imunoistoquímica é u m procedimento relativamente simples e pode
ser feita na maioria dos laboratórios, mas sofre com a variação entre
os analistas. FISH é menos dependente do analista, mas só detecta
aumentos no número de cópias do gene. Detecção do ECD de HER-
2/n£u (p 105) no SOTO é feito por ELISA e imunoensaio
automatizado. Ambos os ensaios usam os mesmos anticorpos
monoclonais que reconhecem diferentes epítopos do ECD que não
reagem de forma cruzada com qualquer outro membro da família
EGF. E importante destacar que nãoexiste interferência do anticorpo
monoclonal terapêutico, herceptina, em qualquer um dos ensaios.
Bct-2

O produto do oncogene bcl-2 é uma nova proteína integral de membrana de 25 kDa e 239
aminoácidos, que se localiza principalmente nas membranas mitocondriais e em outras
membranas celulares. Sabe-se que esta proteína inibe apoptose e contribui para a sobrevivência
de células tumorais, especialmente linfoma e células leucêmicas. O proto-oncogene bcl-2 foi
identificado em linfomas foliculares, nos quais uma translocação 14:18 resulta em formação de
um gene fusionado bcí-2-cadeia pesada de imunoglobulina. A ativação do gene bcl-2 através do
promotor de imunoglobulina resulta em produção de altas quantidades da proteína bcl-2. A
proteína é normalmente expressa em células que têm um período de vida longo (p. ex.,
neurônios) e em células proliferativas de linhagens celulares de renovação rápida, tais como as
células epiteliais basais. O oncogene bcí-2 é altamente expresso em uma variedade de cânceres
hematológicos, incluindo linfomas, mielomas e leucemias crônicas (doenças malignas
caracterizadaspor sobrevivência celular prolongada). No cólon normal, células bcl-2-positivas
estão restritas a células epiteliais basais, enquanto, em pólipos displásicos e carcinomas, muitas
células positivas podem ser encontradas nas regiões parabasal e superficial. A expressão
anormal do gene bcl-2 parece sei um evento do início da carcinogênese colorretal. A l ém disso, a
superexpressão do gene bcí-2 está associada ao desenvolvimento de resistência à quimioterapia
citotóxica de câncer em uma variedade tumores, incluindo tumores epiteliais e linfomas.
Portanto, a detecção do produto do gene bcl-2 em tumores é uma indicação de progressão.
Estudos futuros podem determinar sua utilidade para predizer resistência à quimioterapia.
BCR-ABL

A leucemia mielóide crônica (CML) é uma doença mieloproliferativa resultante da expansão


clonal de uma célula-tronco hematopoiética multipotente transformada. Em aproximadamente
90% dos pacientes corn CML, o evento transformante é a formação do cromossomo Philadelphia,
uma translocação balanceada entre os cromossomos 9 e 22 [t(9;22)(q34;qll)] criando o gene de
fusão BCR-ABL. A proteína derivada desta fusão é uma tirosina quinase citoplasmática
constitutiva mente ativa que ativa muitas vias de sinalização que levam ao crescimento e à
inibição da apoptose. A detecção da BCR-ABL é útil no diagnóstico de CML e no direcionamento
do tratamento, porque existem muitas estratégias que têm como alvo o gene BCR-ABL por
oligonucleotídeos anti-sensos, ou o domínio quinase de BCR-ABL pelo inibidor de tirosina
quinase ST1571. A detecção de BCR-ABL, por transcrição reversa-reação de polimerase em cadeia
(RT-PCR), também é útil no monitoramento da doença residual mínima em pacientes que
sofreram transplante de medula óssea. No subgrupo de pacientes com leucemia linfoblástica
aguda que possuem o cromossomo Philadelphia, uma RT-PCR positiva para o gene BCKABL
representa um risco muito maior de recidiva comparado ao resultado negativo. Em pacientes
com CML após transplante de medula óssea, resultados de RT-PCR positivo aos 6 a 12 meses
foram associados ao risco 26 vezes maior de recidiva, e um resultado positivo aos 3 meses não foi
preditivo de risco. A quantidade de transcrito de BCR-ABL por ng de RNA também se
correlacionou com o risco de recidiva; menos de 1% dos pacientes com um nível decrescente de
mRNA de BCfrABL ou menos de 50 transcritos por jig de RNA em queda, e 72% dos pacientes
com mais de 50 transcritos por |ig de RNA em queda.
RET

O receptor de tirosina quinase RET está envolvido em morfogênese do rim, maturação do


sistema nervoso periférico e diferenciação de espermatogônia. O receptor RET existe em
um complexo multimérico que inclui um dos quatro co-receptores ligados ao
glicosilfosfatidilinositol (GPI) ( G F R a l , 2, 3 e 4). O complexo responde a quatro ligantes:
fator neurotrófico derivado da glia (GDNF), neurturina (NTN), persefina (PSP) e artemina.
A ativação de RET parece ocorrer através de dimerização e transfosforilação do receptor
que recruta inúmeras moléculas de sinalização. RET, como outros receptores de tirosina
quinase, ativa as vias de crescimento posteriores e pode resultai em sinalização
descontrolada do câncer. A ativação inadequada de RET tem sido extensivamente
estudada em ( í ) câncer de tireóide papilar, (2) MEN-2 e (3) FMTC. Em cada um, o
mecanismo de ativação de RET ocorre por meio de dimerização e transfosforilação
desreguladas do receptor RET. No caso do câncer de tireóide papilar, um evento genético
cria uma fusão entre o domínio de tirosina quinase do RET e um domínio de dimerização
que pode ser doado por muitos genes. Em MEN-2A e FMTC, mutações de ponto do
domínio extracelular induz ligações dissulfeto entre os receptores, induzindo, assim, a
dimerização. Em MEN-2B, uma mutação de ponto no domínio quinase parece alterar a
especificidade do substrato da tirosina quinase e aparentemente leva à ativação
inapropriada das vias de crescimento posteriores.
Genes Supressores de Tumor

Historicamente, a evidência dos genes supressores de tumor foi derivada do estudo


de células híbridas de células normal e maligna que se comportavam normalmente.
Concluiu-se que células normais continham um gene que suprimiu a expressão da
malignidade. Reversão à malignidade ocorreu quando as células em cultura
perderam cromossomos normais. O estudo dos genes supressores pode fornecei
uma pista quanto ao desenvolvimento do câncer a partir do estado celular normal ao
estado benigno e canceroso e à metástase. O desenvolvimento do câncer de cólon
requer múltiplas etapas que envolvem várias mutações. A perda de um gene do
cromossomo 5 leva a um aumento do crescimento celular. Adenoma em sua fase
precoce está associado à perda de grupos metil da fita de DNA. Com a mutação do
gene ras e a perda do gene DCC no cromossomo 18, o adenoma avança para o
estágio tardio. O carcinoma é encontrado com a perda do gene TP53 no cromossomo
17. Finalmente, a metástase ocorre com outras perdas cromossômicas. A utilidade
clínica de detecção de mutações nos genes supressores de tumor recai não apenas no
diagnóstico e no prognóstico de câncer, mas também na predição de suscetibilidade
quando a mutação está presente na linhagem germinativa, tal como com os genes de
câncer de mama BRCA1 e BRCA2.
Gene Retinoblastoma

O retinoblastoma (RB) é um tumor raio de crianças que ocorre tanto em famílias quanto esporadicamente.
O trabalho de Knudson sobre a incidência familiar específica de RB resultou na hipótese two-hit. Ele
considerou que, na forma herdada do tumor, uma mutação estava presente na linhagem germmativa e em
todas as células do corpo, o outro evento mutacional ocorrendo somaticamente em uma das células da
retina em desenvolvimento. Na forma esporádica, ambas as mutações ocorrem somaticamente no mesmo
retinoblasto em desenvolvimento, um evento relativamente raro. A hipótese tu/ofiit tem servido como
modelo para outros genes supressores de tumor. O gene RB foi localizado no cromossomo 13q por perda
de uma região dobandeamento CTomossômico dos linfócitos do sangue periférico
de pacientes com a forma familiar e por estudos de perda de heterozigosidade tanto de RBs quanto de
alguns osteossarcomas. Entretanto, a maioria dos tumores não cem deleções grandes, mas mutações de
ponto ou inserções e deleções pequenas que resultam em truncamenco prematuro do produto protéico. O
produto protéico do gene RB é uma fosfoproteína nuclear com uma massa molecular de cerca de 105 kDa
(pl05-RB). Esta proteína se liga a um produto de um vírus tumoral de DNA, incluindo a proteína E I A do
vírus tumoral murino e a proteína E7 do papilomavírus humano. Quando pl05-RB é hipofosforilado, ele se
complexa com^fatores de transcrição, tais como E2F, e bloqueia a transcrição de genes das células na fase
S. E2F dimeriza com uma proteína DP e regula a transcrição de vários genes envolvidos na síntese de
DNA. Inativação ou perda de p 105-RB desregula as sínteses de D N A e aumenta a proliferação celular.
Portanto, RB é um gene supressor de tumor, na medida em que ele suprime a síntese de DNA. A detecção
de mutações em RB é útil na determinação da suscetihilidade de um indivíduo ao desenvolvimento de RB
na forma familiar, mas ela não é usada como marcador tumoral.
Gene TP53

De particular interesse é o gene TP53 que se localiza no cromossomo 17q. Acredita-se que p53 nativa ou selvagem
controla a divisão celular poi regulai a entrada na fase S. Este efeito de controle da proteína p53 pode ser perdido por
deleção do gene ou produção de uma proteína mutante capaz de competir. Entre 35% e 40% dos carcinomas de
cólon mostram deleção em um alelo de TP53 e uma mutação de ponto no outro alelo; portanto,
nenhuma proteína p53 selvagem é expressa nestes/ tumores. Deleção alélica de TP53 ocorre apenas raramente
em/adenomas (menos de 10%), sugerindo que a inativação de TP53 pode ser um evento relativamente tardio na
carcinogênese de cólon. Além disso, até 25% dos cânceres de mama também têm TP53 alterado. Mutações em TP53
produzem proteínas p53 inativas, permitindo que as células se movam através do ciclo celular e contribuindo para o
crescimento autônomo do câncer. Muitas mutações diferentes de TP53 têm sido encontradas em cânceres humanos.
Grande parte das mutações de ponto está localizada em quatro regiões da proteína (resíduos de aminoácidos 117-
142, 171-181, 134-158 e 270-286); três "hot-sfots" (regiões preferencialmente mutadas) afetam os resíduos 175, 248 e
273. Além disso, mutações seletivas de guanina para timina são encontradas no códon 249 em HCCs humanos de
pacientes de áreas de alta incidência da África e da Ásia associadas à exposição à aflatoxina. Mutações nos códons
245 e 258 são encontradas na síndrome de Li-Fraumeni, uma síndrome autossômica dominante rara, caracterizada
por diversos neoplasmas em muitos diferentes locais no corpo. Anticorpos monoclonais contra proteínas p53
mutadas têm sido desenvolvidos. A p53 selvagem está normalmente presente em quantidades muito pequenas que
não são detectadas por imunoistoquímica, enquanto a proteína mutante se acumula em quantidades facilmente
detectáveis. Superexpressão das proteínas mutantes t em sido detectada em até 70% dos cânceres colorretais
primários. Superexpressão de p53 em cânceres de mama está associada a prognóstico ruim, mas esta associação não
é tão forte como a associação com c-erbB-2. Até 75% dos SCCs parecem superexpressar uma proteína mutante
(mutação misseme). Finalmente, anticorpos circulantes contra proteínas p53 mutantes têm sido encontrados nos
soros de pacientes com cânceres de mama e pulmão e linfomas das células B. Esta resposta do anticorpo pode ser
útil neste subgrupo de pacientes para o monitoramento de recidiva.
APC

Um dos primeiros eventos nas supostas etapas de progressão das lesões precursoras em
câncer de cólon é a perda do gene polipose adenomatosa de cólon (APC) era pólipos pré-
malignos. O gene APC codifica uma proteína de 300 kDa que pode estar truncada nas células
tumorais. A função normal do produto do gene APC não é conhecida, mas ele interage com
proteínas, tais como a- e p-cateninas, envolvidas em interações célula-célula em células
epiteliais. Este gene é mutado nas síndromes hereditárias de câncer colorretal dos tipos
polipose e não-polipose. Nos tipos polipose, centenas e até mesmo milhares ou mais de
tumores benignos (pólipos) surgem antes do desenvolvimento do câncer. Nos tipos não-
polipose, muitos poucos pólipos são observados, mas o risco elevado de câncer é
essencialmente similar. O gene APC foi detectado por uma deleção intersticial do
cromossomo 5q em um paciente com centenas de pólipos. Mais de 80% dos indivíduos com
câncer colorretal hereditário têm mutações germinativas em um dos alelos APC, incluindo
deleções grandes ou mutações localizadas. As formas hereditárias de câncer colorretal são
relativamente incomuns, mas mutações somáticas parecem ser de muita importância no
desenvolvimento de cânceres colorretais não hereditários. Mais de 70% dos tumores
colorretais, independentemente do tamanho ou da histologia, têm uma mutação específica
em um dos dois alelos APC, e a mutação pode também ser encontrada em outros tipos de
tumor, incluindo tumores de mama, esôfago e cérebro. A utilidade da perda da proteína APC
para diagnóstico e prognóstico está agora sob investigação.
Neurofibromatose Tipo 1

Neurofibromatose tipo 1 (NF1), ou doença de von Recklinghausen, é uma


síndrome herdada em padrão dominante, manifestada principalmente por
proliferação de células da crista neural, resultando em neurofibromas
múltiplos, manchas café-com-leite e nódulos de Lisch da íris. Mutações no
gene NF1 têm sido encontradas em ceTca de 20% dos pacientes com NF1. O
gene NF1 foi localizado na região pericentromérica do cromossomo 17q,
banda 11. Ele é um gene grande que codifica uma proteína p300, chamada
neurofibromina. Esta proteína tem um alto grau de similaridade com
proteínas ativadoras de GTPase. Embora o mecanismo de ação exato da
proteína não seja conhecido, parece que a perda ou a inativação da função
da neurofibromina leva a alterações das vias de transdução de sinal
reguladas por proteínas G similares a ras pequenas, resultando em sinais
contínuos do tipo "ligado" de ativação celular. Mutações ínativadoras de
NF1 também têm sido encontradas em câncer colorretal, melanoma e
neurobíastoma.
BRCA 1 e BRCA 2

Tem sido mostrado que um subgrupo de pacientes com câncer de mama tem uma predisposição
herdada como um traço autossômico dominante para desenvolver cânceres de mama e ovário. Dois
loci genéticos têm sido identificados: BRCAl, no cromossomo 17q, e BRCA2, que se localiza no 13q 12-
13. BRCAl codifica uma proteína de 1863 aminoácidos que pode atuar como fator de transcrição. A
capacidade de detectar mutações em BRCAl e BRCA2 em células somáticas permite a identificação de
indivíduos nas famílias com câncer de mama que carregam o gene mutado. Estima-se que 1 em 200
mulheres nos Estados Unidos pode ter uma mutação germinativa no gene BRCAl. Isto tem criado um
dilema ético para os médicos, pacientes e suas famílias e companhias de seguro e organizações de
manutenção da saúde, na medida em que agora é possível predizeT com razoável certeza que um
indivíduo que carrega uma mutação em umdestes genes desenvolverá cânceres de mama e / o u
ovário. O que deve ser feito caso seja observado que um indivíduo saudável carrega uma mutação no
gene BKCA? Portadores de uma mutação no gene BRCA1 têm um risco de 85% de desenvolver câncer
de mama e um risco de 45% de desenvolver câncer de ovário com 85 anos. Estes pacientes devem
fazer mastectomia ou ovariectomia preventiva? As companhias de seguro e as organizações de
manutenção de saúde devem ter taxas mais altas para os portadores?
Sempre foi objetivo da pesquisa do câncer ser capaz de identificar indivíduos sob risco. Agora que é
possível, nós devemos desenvolver uma política para lidar com a informação. Embora a detecção da
mutação não seja útil como marcador tumoral por si só, com maior entendimento de como os
produtos do gene mutado atuam, pode ser possível entender os eventos moleculares que levam ao
desenvolvimento de alguns cânceres de mama e ovário.
Deletado em Carcinoma Colorretal

O gene deletado em carcinoma colorretal (DCC) codifica uma


proteína de membrana da superfamília da imunoglobulina. A
função exata de DCC ainda não foi elucidada. No entanto, estudos
têm sugerido uma função no desenvolvimento axonal como um
componente do receptor de netrina-1, e outros têm sugerido uma
função na promoção de apoptose. Em câncer de cólon, acredita-se
que DCC atua como um supTessoT de tumor, portanto, deleção ou
expressão reduzidas se correlacionam com o aumento do estágio e
um prognóstico mais pobre. Ao contrário, a perda da expressão de
DCC em câncer gástrico esteve associada a um melhor prognóstico
e uma maior diferenciação de células tumorais. Mais trabalho é
necessário para determinar a função exata de DCC tanto em
câncer de cólon quanto em outros cânceres gástricos.
Marcadores Diferentes
Ácidos Nucléicos liberados de células

D N A e RNA circulantes têm sido identificados desde os anos de 1970, mas


apenas no final dos anos de 1980 é que as características neoplásicas do D N A
foram reconhecidas. D N A e RNA circulantes têm sido propostos como
marcadores de certos tipos de câncer. Para se usar D N A circulante como
marcador de câncer, deve existir um mecanismo para diferenciar D N A normal de
D N A neoplásico. Isto é alcançado por detecção de mutações no D N A circulante
que está presente nas células tumorais (p. ex.,mutações em ras que ocorrem em
diversos cânceres), por análise de microssatélite do D N A circulante ou por
detecção de translocações cromossômicas comuns que causam câncer. Alterações
epigenéticas de D N A circulante, tais como padrões de metilação alterados,
podem também ser detectadas. Embora esta tecnologia seja relativamente nova,
durante a próxima década, a detecção de D N A circulante combinará um número
crescente de técnicas clinicamente úteis; entretanto, muitas questões devem ainda
ser respondidas, tais como a fonte do D N A liberado de células e que formas
existem do D N A e do RNA. No futuro, esta tecnologia poderá ter a capacidade de
fornecer um painel mais global dasanormalidades presentes no paciente.

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