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ORTOPEDIA

Síndrome Compartimental
Dr. Jânio Dantas Gualberto

Andrezza Alves Feitosa – M13


➢ Lesão por arma de fogo em antebraço são
INTRODUÇÃO particularmente propensas a SCA (em 15%).
➢ Entre 6-9% das fraturas expostas tibiais são
É uma condição patológica na qual a circulação e a função complicadas por sd. Compartimental.
dos tecidos dentro de um espaço fechado estão ➢ Outra etiologia é a picada por animais peçonhetos como
comprometidas por um aumento da pressão local. cobras, aranhas, abelhas, principalmente em região
tenar, hipotenar e de metacarpo.
A imagem a seguir mostra um caso de síndrome
compartimental em que o diagnóstico e o tratamento foram
realizados tardiamente, o que resulta no membro sem FISIOPATOLOGIA
função. O dano é irreversível.
Edema > Aumento da pressão compartimental >
Colabamento vascular > Isquemia > Dano tecidual> Necrose

Os principais grupos musculares são separados em


compartimentos pela fáscia muscular. A função da fáscia é
de fornecer locais de fixação para os músculos, mantendo a
posição dos grupos musculares durante o movimento e
melhorar a vantagem mecânica do músculo durante
contração. O aumento da pressão dentro desse
compartimento pode levar à isquemia local e a morte celular.
A vasodilatação de pré-capilares no sistema
arteriolar causada por lesão muscular, juntamente com
colapso de vênulas, aumenta a permeabilidade do leito
capilar, leva a um aumento da rede de filtração e ao aumento
da pressão de fluido intersticial nos tecidos traumatizados.
À medida que aumenta, a perfusão adequada do tecido
torna-se diminuída, ocorrendo comprometimento da
perfusão tecidual. Uma vez que a perfusão atinge níveis
criticamente baixos pode ocorrer hipóxia tecidual. A
combinação de hipóxia e desenvolvimento de hipoglicemia
Outras sinonímias (nomes denominados a síndrome
na célula causa edema tecidual.
compartimental): isquemia de voclkmann, isquemia local,
necrose isquêmica, rabdomiólise, phlegmasia cerulea
Compressão
dolens. Nessa aula, o foco é a sd.compartimental aguda. Lesão arterial Trauma Exercícios
Prolongada

Incidência
• De 164 Sd.compartimental, 149 são do sexo masculino Edema/hemorragia
• Faixa etária mais acometida - a partir de 35 anos
• Incide de 3,1 casos para cada 100 mil habitantes
• 69% são por fraturas – 50% tíbia e 23% sem fraturas Aumento da Pressão Intracompartimental

Etiologia Diminuição da pressão capilar


• ↓ Retorno venoso • Fraturas
- ataduras, gesso, garrote • Cirurgias
Isquemia muscular Isquemia Nervosa
• Compressões prolongadas MM • Embolização
• Posicionamento prolongado MM • Queimaduras
- paciente anestesiado, tração • Lesões arteriais Necrose muscular Necrose nervosa
• Injeções
- IV, IM, infiltrações Parestesia Paresia
Fibrose

Anestesia Paralisia
Contração

SINDROME COMPARTIMENTAL
Gênese da dano tecidual: AVALIAÇÃO DA PRESSÃO TECIDUAL
• Até 4 horas de lesão é reversível É um importante recurso no diagnóstico e para
• 4 a 8 horas é reversível ou não instituir o tratamento. Esse método foi desenvolvido por
• > 8 horas é irreversível Whitesides e Heckman (1996), de forma simples e utilizando
– muitos autores dizem que após 8 horas não adianta instrumentos comuns encontrados em qualquer hospital – a
fazer nenhum procedimento com o objetivo de salvar o pressão normal do compartimento deve ser sempre menor
tecido, pois há prejuízo funcional total. que 30 mmHg. Os instrumentos a serem utilizados são um
manômetro de mercúrio, uma seringa de 20 cc, um 3-way e
Acidente com de moto com 3hr de evolução: o jelcro no compartimento onde quer ser medido. Se fecha
o manômetro de mercúrio, injeta o ar e fecha o
compartimento da seringa para que seja medido a pressão
do compartimento.

SINAIS E SINTOMAS
Abaixo temos o medidor de pressão eletronico, ele é o mais
Na Anamese comum, porém não se tem em todo hospital. Se aplica o
• Inspeção: pele tensa, edemaciada e fina. jelcro com a agulha, injeta ar e fecha o compartimento da
• Palpação: tensão do membro seringa, dando a medida da pressão naquele tecido
- caso seja em panturrilha por exemplo, nota-se o
membro “empastado” devido a alta pressão interna.
• Na mobilização passiva o paciente vai referir muita dor.

No diagnóstico clínico terá os 5Ps que se consideram


presentes na SC, alguns autores consideram 6Ps. São eles:

PAIN O sintoma mais precoce,


Sinais e mais consistente e mais
sintomas
iniciais
PARESTESIA importante é a dor muito
forte e desproporcional Em relação a anatomia, os autores consideram que a perna
possui 3 compartimentos: anterior, posterior e lateral:
PRESSÃO* que não cede com o uso
de analgésicos potentes,
nem com a imobilização
PALIDEZ
do membro e que
Sinais e
exacerba-se com o
sintomas PARALISIA movimento de extensão
tardios
passiva dos dedos.
PULSELESS

A parestesia ocorre no ínicio da instalação do quadro


isquêmico, mas não é o mais importante, nem mais precoce.
Outros sinais são a palidez (pode estar presente ou não). O
pulso pode estar presente mesmo com a isquemia instalada,
a sua presença não descarta a sd. A paralisia ocorre com a
isquemia já estabelecida, se considera um dano permamente
– não serve como um sinal de alarme.
REVISÃO DE ANATOMIA – MMII
ANATOMIA NORMAL

Compartimento anterior da perna (mais acometido): Compartimento


M. Tibial anterior Compartimento Anterior
M. Extensor longo dos dedos posterior profundo
M. extensor longo do hálux
M. fibular terciário Compartimento
A. tibial anterior Lateral
N.fibular comum
Compartimento
Compartimento lateral: posterior superficial
M.fibular longo
M. fibular curto
N. fibular superficial Seção transversal através da panturrilha direita

Compartimento posterior superficial: SINDROME


M. gastrocnêmico COMPARTIMENTAL
M. sóleo
M. poplíteo
M. plantar
VV. safenas: curta e longa
N. sural

TRATAMENTO

Retirada da imobilização > Hipotermia do membro >


Fasciotomia; revascularização se necessário!
Inchaço dos musculos causando compressão de
nervos e vasos sanguineos

Fasciotomia

É um procedimendo cirurgico na
qual a fáscia é cortada para aliviar a pressão
e tratar a perda de circulação em uma área
de tecido e musculo. E também é um
procedimento de salvamento para membros
quando ultilizada para tratar a sindrome
compartimental.

Se o paciente apresentar os sinais e


sintomas apresentados deve-se realizar a
fasciotomia, ou o membro acabará morto!

COMPLICAÇÕES
• Edema • Necrose
• Hérnia M.M • Rabdomiólise Incisão
• Fraqueza • Falência renal. longitudinal A fascia está
• Dor crônica e insensibilidade • Amputação feito sobre a cortada no
fíbula compartimento
• Contratura de volckman • Dedo em garra
lateral
(membro sem função)
reduzindo a
pressão dos
A Rabdomiólise (RM) e uma síndrome caracterizada por músculos
uma destruição das fibras musculares esqueléticas e que laterais da perna
resulta na liberação dos constituintes intracelulares das
fibras para a circulação sanguínea, a mioglobina. A
mioglobina pode danificar os rins e causar uma falência renal
CASO CLÍNICO
Paciente do sexo masculino, com 37 anos, tinha saído
de um culto evangélico e estava na parada de ônibus
quando foi vítima de bala perdida. Teve um ferimento de
arma de fogo na panturrilha, com orifício de entrada,
mas sem orifício de saída, sendo única lesão, e chega ao
seu plantão após 2horas do incidente.

IMAGEM: mostra uma fasciotomia (incisão pele >


subcutâneo > fáscia) econômica no compartimento medial e
lateral. Nota-se que no lateral, a fasciotomia não foi
adequada pois precisa ser mais agressivo (abrir toda a fáscia
do membro), senão o risco de necrose e dano tecidual
continuam praticamente o mesmo que não tivesse feito o
procedimento. Nesse caso, o paciente teve que ser CONDUTA:
encaminhado para uma amputação a nível de coxa. Realizar o exame físico, inspeção, palpação,
movimentação passiva e analisar se a dor piora, checar
a presença dos pulsos, verificar a sensibilidade
(presença de parestesia?).

Quando foi realizado o RX verificou-se fratura da tíbia:

IMAGEM: Vítima de acidente botrópico por picada da cobra


jararaca, a imagem mostra uma fasciotomia bem generosa
que mesmo assim evoluiu com edema e cianose – o paciente
teve seu membro amputado e complicações como a
rabdomiólise, insuficiencia renal e óbito. DIAGNÓSTICO:
SD.COMPARTIMENTAL POR FRATURA DE TÍBIA
O paciente passou por uma cirurgia (fasciotomia
+fixador externo), só que após isso, apresentou cianose
RESUMO em 4 cruzes do membro e verificou-se uma ausência de
Pensar na hipotése diagnóstica > tratar precocemente pulso. HD? Lesão vascular! Realizar revascularização,
geralmente se faz com a safena.
> clínica evidente é SOBERANA > fasciotomia – é
Então o mais indicado é a realização do reparo vascular
simples, prática e eficaz! + osteossíntese (uma fixação menos invasiva) + e a
medida que o edema vai diminuindo da fasciotomia, o
ferimento vai sendo fechado = membro salvo e
recuperação total após 4 meses de pós-operatório.

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