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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTERIO DO MAR, ÁGUAS INTERIORES E PESCAS


DIRECÇÃO NACIONAL DE OPERAÇÕES

FISCALIZAÇÃO DA PESCA E EXTENSÃO DA PESCA ILEGAL EM


MOÇAMBIQUE

FORMAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM ORDENAMENTO TERRITORIAL,


ECOSSISTEMAS MARINHOS E PESCAS

Dezembro de 2020
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OBJECTIVO

Fazer uma radiografia do sistema de fiscalização da


pesca com vista a sua melhoria para melhor
desempenhar o seu papel na gestão sustentável dos
recursos pesqueiros.

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ENQUADRAMENTO JURÍDICO
 Lei das Pescas - Lei n.º 22/2013, de 1 de Novembro;
 Regulamento Geral da Pesca Marítima (REPMAR) - Decreto n.º 89/2020, de 8 de Outubro;
 Regulamento da Pesca nas Águas do Interior (REPAI) –Decreto n.º 57/2008, de 30 de Dezembro;
 Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva - Decreto n.º 51/99, de 31 de Agosto;
 Diploma Ministerial n.º 58/2009, de 9 de Outubro, o plano nacional de acção para prevenir, impedir
e eliminar a pesca ilegal não reportada e não regulamentada (PNA-INN);
 Resolução n.º 26/2008 de 17 de setembro a política de MCS e a estratégia de implementação;
 Diploma Ministerial n.º 286/2012, de 31 de Outubro, o qual estabelece a obrigatoriedade de
instalação do dispositivo de localização automática (DLA);
 Decreto n.º 47/2017 de 18 de Abril de 2017, o regulamento que estabelece o regime jurídico de
utilização do espaço marítimo nacional (RJUEM);
 Diploma Ministerial n.º 22/2008, de 26 de Março, que aprova o quadro jurídico normativo do
processo de infracção de pesca;
 A Lei do mar - Lei n.º 20/2019 de 8 de Novembro;
 Política de Monitorização, Controlo e Fiscalização da pesca e estratégia de implementação
(Resolução n. 26/2008);
 Protocolo das Pescas SADC (2001);
 Resolução n.º 68/2010, de 31 de Dezembro – Acordo relativo as Medidas de Controlo do Estado de
Porto para prevenir, impeder e eliminar a pesca INN;
 Lei n.º 5/2017, de 11 de Maio, Lei de protecção, conservação e uso sustentavel da biodiversidade
biologica. 3
Enquadramento Espacial
O MAR NA EXTENSÃO DO TERRITORIAL NACIONAL

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VISÃO GERAL DO SECTOR DA PESCA MARÍTIMA

A costa marítima moçambicana tem uma extensão de cerca de 2.700 km, com três secções distintas:

 A costa norte, com cerca de 770 km, tem um litoral de fundos coralíferos e rochosos e uma
plataforma continental estreita, com algumas baías abrigadas e águas interiores a ilhas litorais;

 A costa centro, com cerca de 980 km, estende-se desde os dois distritos mais meridionais de
Nampula até ao distrito de Govuro, na província de Inhambane; e

 A costa sul, com cerca de 950 km, vai desde ao banco da boa paz de águas profundas, estende-se
desde o distrito de Govuro, na província de Inhambane, até ao extremo sul da província de
Maputo.
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VISÃO GERAL DO SECTOR DA PESCA MARÍTIMA

A distribuição dos recursos pesqueiros é dependente destas condições diferentes:


nos estuários e baías pequenos peixes pelágicos, peixes demersais de barriga
macia, crustáceos abundantes, espécies demersais de fundo do mar e alguns
grandes peixes pelágicos nas proximidades das ilhas perto da costa, tilápia, bagre
(Niassa) e peixe tigre, tchenga encontram-se nas grandes massas de água interiores
assim como bagres e tilápias em Cahora Bassa.

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INTRODUÇÃO

A Fiscalização da Pesca - assegura que a pesca se realize no respeito pela legislação de pesca
com vista a prevenir a ocorrência da pesca ilegal, não reportada e não regulamentada.

Dupla Abordagem:

 Preventiva – que encoraja o cumprimento voluntário das medidas legais através da


disseminação e consciencialização, exposição dos infractores, etc;

 Repressiva – quando falha a abordagem preventiva e há um violações acentuadas a lei.


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IMPACTO DA PESCA ILEGAL

 Cientifíco – pesca ilegal falsea as conclusões e recomendações da


investigação e os planos de gestão das pescarias;

 Gestão das Pescarias – devido a sobre-pesca e consequente


redução/colapso dos ecossistemas e stocks;

 Económico - perdas económicas para o Estado por não captar as


receitas dos pescadores ilegais e concorrência desleal (entre os
legais/ilegais) dos produtos no mercado com prejuízo para os legais;

 Sociais - preocupações sociais às comunidades pesqueiras e


delapidação de recursos em prejuízo das gerações vindouras.
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OBJECTIVO DA FISCALIZAÇÃO Plataformas de Fiscalização
Reduzir ao mínimo e/ou eliminar a
incidência de acções da pesca ilegal, não
AÉREA
reportada e não regulamentada (INN)
SISTEMA DE AFRETAMENTO
permitindo a maximização dos benefícios DE AVIONETA
EMBARCANDO-SE NELAS
socio-económicos da pesca e contribuindo FISCAIS E MILITARES/PCLF
para a sustentabilidade dos recursos COSTEIRAS
pesqueiros.
MISSÕES (150-200 DIAS) DE
LOCAIS DE INCIDÊNCIA PATRULHA REALIZADAS
COM BARCOS DE PATRULHA
DA FISCALIZAÇÃO Fiscalização
Z. E. EXCLUSIVA
da Pesca
MISSÕES (150-200 DIAS) DE
PATRULHA COM RECURSO AO
BARCO PATRULHA E MISSÕES
BILATERAIS (MOC-RSA-TANZ.)
e REGIONAIS.

TERRESTRES

PORTOS DE PESCA E CENTROS DE


PESCA
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EXPERIÊNCIAS E OPORTUNIDADES (CONT.)

Entretanto, a existência de recursos de alto valor económico (recursos


naturais vivos e não vivos - hidrocarbonetos), e as responsabilidades
relativamente à segurança marítima (pirataria, acidentes marítimos e
poluição) obrigam a que o país esteja organizado e preparado com meios de
fiscalização marítima adequados para evitar que esses mesmos recursos sejam
objecto de pilhagem.

Este facto alia-se a longa linha de costa de cerca de 2700 km de comprimento,


caracterizada por uma ampla diversidade de habitats incluindo dunas, praias,
estuários, baías, ilhas, recifes de corais e mangais, onde ocorrem diversas
actividades económicas que necessitam de ser devidamente ordenadas e
controladas para garantir a reversão dos benefícios ao país.
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PATRULHAS REGIONAIS
Missões Bilaterais: (Moçambique/RSA);
Missões Multilaterais: (Quénia, Tanzânia, Moçambique, África do
Sul);
Regional: (Comissão do Oceano Índico -COI)
Controlo de entrada/saída na ZEE

Inspecções em porto e Medidas de Controlo de Estado de


Porto: Sujeição de todas embarcações (nacionais e estrangeiras) a
inspecções prévias em Portos Moçambicanos (características
técnicas do barco; livros de bordo; existências a bordo; artes de
pesca; debriefing ao capitão sobre leis; entrega da licença de
pesca).

A FAO apoia Moçambique na Assistência técnica em formulação de


estratégia nacional com vista ao melhoramento da implementação
das medidas de controlo de Estado de Porto

A DNOP mantém funcional o cadastro de controlo de entradas e


saídas da z.e.e. das embarcações estrangeiras permitindo fazer
análise de risco através do cruzamento com o vms de entre outras
informações (capturas a bordo na entrada e saída e pontos de
entrada preferenciais)
PRINCIPAIS INFRACÇÕES

 A pesca não licenciada;


 A pesca ilegal por embarcações de pesca estrangeira e presume-se que o alvo destas
operações são as várias espécies de atum;
 A prática do transbordo não autorizado, Pesca em zona proibidas;
 A pescas por artesanais principalmente devido acesso aberto ao mar, propicia numerosas
infracções (por exemplo, intrusões em áreas protegidas, pesca em época de defeso ou veda,
utilização de artes proibidas);
 Falsas declarações sobre as capturas;
 O uso de artes de pesca ilegais (nocivas).

As estimativas recentes do prejuízo económico devidos à pesca INN é de cerca de 60 milhões


de USD ano, facto que coloca grandes desafios para a fiscalização da nossa imensa linha de
costa. O fundamento para está baseado principalmente em actividades ilegais de embarcações
estrangeiras e embarcações industriais nacionais.
Alguns exemplos de embarcações estrangeiras de pesca ilegal em Moçambique: Antillas
Reefer, Nessa 7, STS 50. 12
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Nessa 7 ST50
VMS E SUAS FUNCIONALIDADES
 O Sistema de Vigilância dos Navios -
Vessel Monitoring System (VMS) é um
sistema de monitorização por satélite,
que a intervalos regulares, fornece às
autoridades das pescas informações
sobre a localização, o curso e a
velocidade das embarcações de pesca,
através de um Dispositivo de Localização
Automática (DLA), instalado a bordo da
embarcação de pesca;

 o VMS é actualmente uma ferramenta


padrão de monitorização e controlo da
pesca em todo o mundo.

 Monitorização de todos barcos


licenciados industrais e semi-industrais
(posição, curso, velocidade, data e hora)
incluindo pelos respectivos proprietários-
mydata);
 Detecção de violações de áreas restritas;
ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DE VMS

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ENGAJAMENTO NOS PROCESSOS DO COMBATE A PESCA ILEGAL

 Participação em projectos regionais, nomeadamente no programa regional de vigilância


das pescas da Comissão do Oceano Indico - COI.

 Participação no projecto de governação e crescimento compartilhado das pescas no


sudoeste do Oceano Índico – patrulhas regionais.

 Participação na plataforma do Fish-i Africa, criada em 2012 com o objectivo de melhorar a


cooperação e a partilha de informações para combater de forma eficáz a pesca ilegal.

 Estreitamento de parceria com a organização stop illegal fishing, através da plataforma


Fish-i-áfrica e a Sea Shepherd global uma organização não governamental sem fins
lucrativos pretendem levar a cabo missões de patrulhas regionais de fiscalização em
Moçambique a título gratuito com o recurso a uma embarcação de fiscalização denominda
Ocean Warrior cabendo apenas Moçambique custear apenas a despesa de deslocação e
ajudas de custo dos fiscais.
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CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE
FISCALIZAÇÃO MARÍTIMA (CEFMAR)

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CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE FISCALIZAÇÃO MARÍTIMA
(CEFMAR)

FUNÇÃO FUNDAMENTAL DO ESTADO NA GOVERNAÇÃO DO MAR


Intervenientes na fiscalização
marítima da ZEE

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MELHORIA DO QUADRO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

No quadro institucional e organizacional das instituições foi revista a Lei do Mar, no qual foi criado
para garantir uma eficiente e eficaz fiscalização de actividades que ocorrem no espaço marítimo
nacional, o centro de coordenação de operações de fiscalização marítima abreviadamente designado
por CEFMAR, que integra todas as entidades, com funções de fiscalização no espaço marítimo
nacional.
No exercício das suas funções de fiscalização marítima integrada, o CEFMAR coordena a planificação
e programação operativa de actividades e da utilização conjunta dos recursos humanos e institucionais,
os meios operativos requeridos, à disposição das entidades com funções de fiscalização.
Ao CEFMAR incumbe, ainda, participar da coordenação, planificação, programação, integração, no
contexto nacional, e materialização de operações de fiscalização marítima conjunta que decorrem da
implementação de compromissos regionais e internacionais, assumidos pela República de
Moçambique.
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PROPOSTA DE MODELO PARA A OPTIMIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO
MARÍTIMA EM MOÇAMBIQUE

Órgão autónomo e
especializado para a
fiscalização marítima do CEFMAR Centro Regional de MCS
MIMAIP

Fiscalização das Coordenar a fiscalização


Fiscalização das actividades das actividades no Espaço
actividades na zona no Espaço Marítimo Nacional Marítimo Nacional e dos
costeira
países da SADC

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Com a criação do CEFMAR, há necessidades que o órgão especializado para a
matéria de fiscalização marítima do MIMAIP, juntamente com as diversas
entidades com interesse no mar, destaquem seus quadros para o centro onde de
forma integrada possam melhor exercer a fiscalização no espaço marítimo
nacional, nos termos do n.º 4 do artigo 92 da Lei n.º 20/2019, de 8 de Novembro,
(nova Lei do Mar).

Nos termos do n.º 8 do artigo 92 da Lei do Mar, o CEFMAR exerce as suas


funções sob coordenação do órgão do Governo que superintende a área do mar.

A DNOP está no processo de elaboração da proposta do regulamento sobre as funções,


organização e regime de funcionamento do Centro de Coordenação de Operações de
Fiscalização Marítima – CEFMAR para a sua aprovação a nível do Conselho de Ministros.

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Cenário ideal para a fiscalização Maritíma

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“Fiscalização efectiva em Moçambique, só com
envolvimento de todos”

Obrigado

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