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LOMBALGIA OCUPACIONAL E

IMPACTOS NO COTIDIANO
Projeto de extensão de Cinesioterapia - Universidade Estácio de Sá
LOMBALGIA OCUPACIONAL

A lombalgia é uma dor relatada em região lombar, que pode ocorrer sem motivo aparente, mas em geral é relacionada a
algum trauma com ou sem esforço. A lombalgia pode ter origem em várias regiões: em estruturas da própria coluna, em
estruturas viscerais; pode ainda ter origem vascular ou origem psicogênica (5)

Pesquisas epidemiológicas indicam que a incidência de dores na região lombar na população em geral varia de 50% a
80%. A dor nas costas, uma das principais razões para buscar assistência médica, hospitalização e procedimentos
cirúrgicos, é frequentemente observada em homens com mais de 40 anos e mulheres com idades entre 50 e 60 anos.
Estas últimas provavelmente experimentam esse problema devido à maior ocorrência e implicações da osteoporose (1-2).

A lombalgia ocupacional, a maior causa isolada de transtorno de saúde relacionado com o trabalho, a causa mais comum
de incapacidade em trabalhadores com menos de 45 anos de idade, tem predileção por adultos jovens e é responsável
por aproximadamente 1/4 dos casos de invalidez prematura (1-3-4).
CLASSIFICAÇÃO
De acordo com Mckenzie, a lombalgia pode ser classificada como estática (quando através de uma má postura, também
dito por um quadro postural), ou cinética (quando é decorrente de uma má biomecânica, ou sobrecargas cinéticas) (6). Na
verdade qualquer tentativa de classificação pode ser discutível, pois não existe um consenso sobre o assunto. (6)

Outra forma de classificação é a de CARVALHO & MOREIRA (1996), classificam em: estruturais (as
mecânicodegenerativas: protusões discais, osteoartrose), inflamatórias (espondilites), por doenças ósseas metabólicas
(osteoporose), por neoplasias (tumores), por dores referidas (pélvicas, renais), e não específicas (fibromialgias). (7)
ANATOMO-FISIOLOGIA DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna protege a medula espinhal do sistema nervoso central, que está alojada em seu interior, serve também de pivô para a
sustentação e mobilização da cabeça, permitindo movimentos de diversas partes do corpo e dando fixação a vários músculos.

A coluna, sob um ponto de vista anatômico, tem como principal função suportar o peso da maioria do corpo e transmiti-lo, através da
articulação sacro-ilíaca para os ossos do quadril. (8)

Para cumprir estas funções a coluna apresenta os seguintes itens: - Vértebras - Curvaturas e alterações posturais - Articulações dos
corpos vertebrais - Ligamentos - Medula espinhal e nervos - Mobilidade da coluna lombar - Músculos atuantes nos movimentos do
tronco (8)
MOBILIDADE DA COLUNA LOMBAR
Os movimentos da coluna vertebral são: flexão, extensão, flexão lateral e rotação. Eles dependem da ação coordenada do sistema
neuromuscular agonista, que o produz; e do antagonista, que o controla.(9)

Na região lombar devido a orientação sagital das facetas, o movimento principal é o de flexão lateral, onde a rotação é praticamente
nula, com exceção da vértebra L5, cujas facetas inferiores são do tipo sacral (orientadas frontalmente), possibilitando 4 ou 5º de rotação,
que leva à uma rotação horizontal pélvica .(9)

Uma vértebra lombar tem apenas meio grau de rotação possível. Fisiologicamente, uma vértebra lombar só tem movimentos puros de
flexão lateral Na região dorsal, nos movimentos de flexão lateral, as vértebras fazem uma leve rotação para o mesmo lado da flexão
lateral, permitindo um leve cruzamento dos processos espinhosos, e, sobretudo a passagem da apófise articular entre a transversa
espinhosa da vértebra de baixo.(9)
TRABALHO E ERGONOMIA
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o Homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e particularmente a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. O trabalho pode ter vários
significados para o indivíduo, conforme sua representação cognitiva. Dependendo, portanto não só da cultura, como das características
individuais, e meios sociais em que estão inseridos. Trabalho: Atividade humana capaz de transformar a natureza e gerar significado
humano (10)
A RELAÇÃO DA LOMBALGIA COM O TRABALHO

A relação da lombalgia com o trabalho geralmente ocorre por fatores ergonômicos e traumáticos. Os fatores ergonômicos referem-se às
exigências das tarefas, ao ambiente de trabalho, à adequação e condições de funcionamento e manutenção de equipamentos disponíveis
e formas de organização e execução de trabalho (11).

Os fatores traumáticos relacionam-se, geralmente, ao trabalho físico e pesado decorrente do manuseio e levantamento de cargas. Entre
os fatores traumáticos, a OMS classifica em: risco individual (idade, sexo, relação peso e altura, desequilíbrio muscular, capacidade da
força muscular, condições socioeconômicas e a presença de patologias) e risco profissional devido à intensidade das forças compressivas
na coluna vertebral decorrentes do manuseio de cargas e posturas adotadas pelo empregado durante a execução da atividade e o emprego
de posturas inadequadas por longos períodos de tempo (11).
Quando utilizamos o termo “lombalgia ocupacional” estamos nos referindo àquela cujo surgimento ou piora esteja
relacionado ao ofício do indivíduo. Acomete principalmente adultos jovens e é a maior causa isolada de transtorno
relacionado ao trabalho, incluindo absenteísmo e incapacidade total ou parcial para o trabalho.(12)

De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, em relação às causas da lombalgia ocupacional , podemos citar
as posturas incorretas adotadas em decorrência de distorções no ambiente e na organização do trabalho; ofícios que envolvam
carregamento de carga; tarefas que acarretam excesso de flexão e/ou rotação do tronco. Importante também para o surgimento
de lombalgias e outras doenças do aparelho locomotor as longas jornadas de trabalho sem pausas e o estresse laboral. (12)
1. Marras WS. Occupacion allow back disorder causation and control. Ergonomics. 2000;43:880-902.
2. Hart LG, Deyo RA, Cherkin DC. Physician office visits for low back pain: frequency, clinical evaluation, and treatment patterns from a U.S.
National survey. Spine. 1995;20:11-9.
3. Iguti AM, Hoehne EL. Lombalgias e trabalho. Rev Bras Saúde Ocup. 2003,28:78-87.
4. Silva MC, Fassa AG, Valle NGJ. Dor lombar crônica em uma população adulta no sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Cad
5. CORRIGAN B.; MAITLAND G.D. Prática Clínica: Ortopedia e Reumatologia. Editorial Premier, 2000.
6.(MCKENZIE apud CAILLIET, 1999).
7. MOREIRA, C.; CARVALHO, M. A. Noções Práticas de Reumatologia. Vol I. Belo Horizonte: Health, 1996.
8.FATTINI C. A.; DANGELO J. G. Anatomia Básica dos Sistemas Orgânicos. São Paulo: Atheneu, 1998.
9. BIENFAT, M. Os desequilíbrios estáticos. São Paulo: Summus Editorial, 1995.
10.CRUZ, R. M. Psicologia do trabalho. Material de apoio oferecido ao Curso de Pós graduação em Engenharia de Produção, ergonomia. Lab.
Psicologia do Trabalho - Depto. Psicologia - UFSC, 2000.
11.Organizacion Mundial de Salud-OMS. Identificacion de enfermedades relacionadas com el trabajo y medidas para combatelas. Genebra:
OMS; 1985. p. 31-6 (Série Inf. Tec. 714)
12. Sociedade Brasileira de Reumatologia- Lombalgia Ocupacional 9/8/2011

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