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Teorias e Técnicas Psicoterápicas I

Conceitualização Cognitiva
Objetivos da aula
• Investigar a estruturação e o desenvolvimento
da conceitualização cognitiva;

• Compreender aspectos da conceitualização


cognitiva através do estudo de caso.
Consideração pertinente
• Na metade da década de 80 do século passado a
terapia cognitiva havia alcançado o status de um
“sistema de psicoterapia”, pois consistia em:
• 1 - Uma teoria da personalidade e da psicopatologia
com achados empíricos consistentes;
• 2 – Um modelo de psicoterapia, com um conjunto
de princípios e estratégias que se combinavam com
a teoria da psicopatologia;
• 3 – Achados empíricos consistentes baseados em
estudos clínicos científicos para apoiar a eficácia
dessa abordagem. (BECK, A. apud BECK, J., 2013)
Consideração pertinente
 Princípio № 1 da Terapia Cognitiva

A terapia cognitiva baseia-se em uma


formulação em contínuo desenvolvimento do
paciente e de seus problemas em termos
cognitivos.
Conceitualização
 O psicoterapeuta constrói a formulação de
caso e busca integrar:

 Aspectos da estrutura da personalidade;

 Seus processos cognitivos;

 Suas estratégias comportamentais;

Disfuncionalidade atual.
Conceitualização Cognitiva

 É a etapa entre o processo de recepção do


paciente e sua escuta inicial e a aplicação do
plano de tratamento.

 Ela é fundamental para uma abordagem


psicoterápica objetiva e eficiente.
Conceitualização Cognitiva
 É considerada tanto parte integrante do
planejamento da terapia, quanto uma técnica
psicoterápica.

 Funciona como uma espécie de bússola para


o terapeuta.

 Utilizada como recurso de psicoeducação do


paciente.
Conceitualização Cognitiva
 É importante salientar que:

 Cada conceitualização é uma organização


esquemática que busca retratar a arquitetura
mental do cliente;

 Além disto busca explicitar todos os principais


esquemas mentais, processos de pensamento e
raciocínio que o indivíduo utiliza.
Estrutura da Conceitualização Cognitiva

 Há diversos modelos de formulação de casos


em Psicoterapia Cognitivo-comportamental;

 Com o desenvolvimento de novas abordagens


psicoterápicas e/ou novas teorias cognitivas
da gênese e do desenvolvimento da
personalidade, surgem novos formatos de
conceitualização.
Componentes da Formulação Cognitiva
• 1. Dados de identificação do paciente
• 2. Uso de medicações
• 3. Motivo da busca do atendimento
• 4. Forma de encaminhamento
• 5. Informações históricas relevantes
• 6. Lista de problemas
• 7. Diagnóstico ateórico (multiaxial)
• 8. Diagnóstico teórico
• 9. Focos do Tratamento
• 10. Plano de Tratamento
Componentes da Formulação Cognitiva
 1. Dados de identificação do paciente
a) Nome do Paciente
b) Idade
c) Escolaridade
d) Profissão e ocupação
e) Estado civil e com quem reside
f) Religião (praticante ou não)
g) Genetograma
Componentes da Formulação Cognitiva
 1. Dados de identificação do paciente
h) Outros profissionais que atendem o paciente.
Quando iniciou? Quantos vezes se tratou? Duração do
tratamento?
i) Tratamentos psicoterápicos anteriores:
Quando foi? Quantas vezes? Duração?
Resolutividade? Abandono? Interrupção?
j) Possui filhos? Se sim, quantos?
k) Naturalidade
l) Endereço
Componentes da Formulação Cognitiva
 2. Uso de medicações

 a) Uso de entorpecentes atuais (drogas / substâncias


psicoativas)

 b) Medicações psiquiátricas (com dose)

 c) Medicações não psiquiátricas atuais

 d) Todas as três classes acima, anteriormente


utilizadas
Componentes da Formulação Cognitiva
 3. Motivo da busca do atendimento
• Relação com o componente 6.

 4. Forma de encaminhamento
a) Demanda espontânea

b) Encaminhamento de instituições públicas;

c) Serviços ou profissionais do setor privado.


Componentes da Formulação Cognitiva

 5. Informações históricas relevantes

a) História familiar
• Pais e sua relação com eles;
• Relacionamento com os irmãos;
• Fatos marcantes da infância e da adolescência;
• Possíveis traumas (significado atribuído pelo
paciente).
Componentes da Formulação Cognitiva

 5. Informações históricas relevantes

b) História escolar:
• Percepção geral;
• Amizades;
• Desempenho acadêmico;
• Situações traumáticas (significado atribuído
pelo paciente).
Componentes da Formulação Cognitiva

 5. Informações históricas relevantes

c) História social:
• Amizades (círculo amplo ou restrito).
• Nível de atividades sociais (reforçadores
sociais, repertório de habilidades sociais);
• Interesses pessoais.
Componentes da Formulação Cognitiva

 5. Informações históricas relevantes

d) História sexual:
• Interesses e preferências;
• Início da atividade sexual (masturbação e
relacionamentos)
• Crenças vinculadas;
• Possíveis traumas.
Componentes da Formulação Cognitiva

 6. Lista de problemas

 Listar todas as dificuldades do paciente, de


forma objetiva, em termos concretos e
comportamentais;

 Os problemas podem assumir a forma de uma


categoria e dentro desta, é importante
especificar em comportamentos.
Componentes da Formulação Cognitiva
 6. Lista de problemas
 Hierarquizar os problemas trazidos em três
categorias que podem facilitar a ordenação dos
focos:

• Problemas com comportamentos suicidas;

• Problemas que interfiram com a terapia;

• Problemas que interfiram na qualidade de vida.


Componentes da Formulação Cognitiva

 7 – Diagnóstico ateórico (Multiaxial)

A elaboração de hipóteses diagnósticas


conforme os manuais classificatórios (DSM-V e
CID-10) são importantes por duas razões.
• Primeiro por nos orientarem através de sinais
e sintomas;
• Segundo por nos proporcionarem diagnósticos
diferenciais.
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico

a) Tríade Cognitiva

 Visão de si;
 Visão dos outros/mundo
 Visão do futuro
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico
b) Diagrama de conceitualização cognitiva

Dados relevantes da Crenças Crenças Estratégias


infância e adolescência Nucleares Intermediárias compensatórias

Parte inicial do diagrama

Engloba os esquemas mentais mais ativados no


paciente durante seu funcionamento desadaptativo.
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico
b) Diagrama da conceitualização cognitiva

Situação Pensamento Significado


Emoção Conduta
desencadeante automático do P.A.

Segunda parte do diagrama

Explicita o funcionamento automatizado do paciente e os “gatilhos”


típicos que o levam a agir de modo a confirmar (reforçar) o
esquema central disfuncional
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico
c) Esquemas iniciais desadaptativos e Estilos de
enfrentamento (Young)

• Utilização dos questionários de Young para


esquemas iniciais desadaptativos e para
estilos de enfrentamento
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico
d) Pontos fortes e recursos

• É Crucial que aspectos positivos sejam indicados;

• É uma forma de psicoeducar o paciente a não


focalizar-se somente em seus aspectos negativos
Componentes da Formulação Cognitiva

 8. Diagnóstico teórico

e) Crenças que podem interferir no atendimento

f) Aspectos ambientais relevantes

g) Aspectos familiares ou do estilo de vida que


podem prejudicar a terapia.
Componentes da Formulação Cognitiva

 9. Focos do Tratamento

 10. Plano de tratamento


Conceituação Cognitiva

 Sobre o Modelo de Conceituação Cognitiva


proposto por Judith Beck.
Formulação de Caso
• O processo de formulação de um caso inicia-se
a partir das seguintes perguntas:

 Qual é o diagnóstico do paciente?


 Quais são seus problemas atuais, como esses
problemas se desenvolveram e como eles são
mantidos?
 Que pensamentos e crenças disfuncionais estão
associados aos problemas; quais reações estão
associadas ao seu pensamento?
Formulação de Caso
 Desta forma o terapeuta levanta hipóteses
sobre como o paciente desenvolveu a desordem

• Que aprendizagens e experiências antigas (e


talvez predisposições genéticas) contribuem para
seus problemas hoje?

• Quais são suas crenças subjacentes (incluindo


atitudes, expectativas e regras) e pensamentos?
Formulação de Caso
• Como ele enfrentou suas crenças disfuncionais?

 Que mecanismos cognitivos, afetivos e


comportamentais, positivos e negativos, ele
desenvolveu para enfrentar suas crenças
disfuncionais?
 Como ele via (e vê) ele mesmo, os outros, seu
mundo pessoal, seu futuro?
Formulação de Caso

 Que estressores contribuíram para seus


problemas psicológicos ou interferiram em sua
habilidade para resolver esses problemas?
Conceituação Cognitiva
• Quando começa a sua construção?

• Quando termina?

• Qual é a importância de se ter uma


conceituação cognitiva?
Referências

RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um


diálogo com a psiquiatria. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2011.
Capítulo 9: Conceitualização cognitiva de casos adultos.

WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a


terapia cognitivo-comportamental: um guia ilustrado.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
Capítulo 3: Avaliação e Formulação.
Referências
BECK, J. S. Terapia cognitiva: teoria e prática. 2
ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

Capítulo 3 – Conceituação cognitiva

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