ERIK ERIKSON (1902-1994) Teoria do desenvolvimento psicossocial • O desenvolvimento pessoal depende da interação entre o sujeito e o meio que o rodeia
• O crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases
• A cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de
seu ego, mas também das exigências do meio em que vive, sendo portanto essencial a análise da cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão As crises de desenvolvimento • Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre um aspecto positivo e um aspecto negativo da personalidade
• A forma como cada crise é ultrapassada ao longo dos estágios
influenciará a capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida; esta crise pode ter um desfecho positivo ou negativo
• Da solução positiva, da crise, surge um ego mais rico e forte; da
solução negativa constrói-se um ego mais fragilizado
• A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e se
reformulando de acordo com as experiências vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e fracassos As crises de desenvolvimento Erikson aborda o crescimento humano do ponto de vista dos conflitos (internos e externos) que a personalidade vital suporta, ressurgindo de cada crise com um sentimento maior de unidade interior
Adulto com personalidade saudável:
com certa unidade de personalidade e capaz de perceber corretamente a si próprio e ao mundo O primeiro estágio: confiança básica versus desconfiança básica • Ocorre aproximadamente no primeiro ano de vida (0-18 meses) • A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe • Virtude social desenvolvida: esperança
“(...) a criança não só aprendeu a confiar na uniformidade e na continuidade
dos provedores externos, mas também em si próprio e na capacidade dos próprios órgãos para fazer frente ao seus impulsos e anseios”. (Erikson,1987) O segundo estágio: autonomia versus vergonha e dúvida • Ocorre aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos • É caracterizado por uma contradição entre a vontade própria (os impulsos) e as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar • Virtude social desenvolvida: desejo
“De um sentimento de autocontrole sem perda de auto-estima resulta um
sentimento constante de boa vontade e orgulho; de um sentimento de perda do autocontrole e de supercontrole exterior resulta uma propensão duradoura para a dúvida e a vergonha”. (Erikson, 1976) O terceiro estágio: iniciativa versus culpa
• Ocorre aproximadamente entre os 3 e 6 anos
• A criança já conseguiu a confiança, com o contato inicial com a mãe, e a autonomia, com a expansão motora e o controle. Agora, cabe associar a autonomia e a confiança à iniciativa, através da expansão intelectual
• Virtude social desenvolvida: responsabilidade
O quarto estágio: diligência versus inferioridade • Decorre na idade escolar antes da adolescência (6 -12 anos) • A criança percebe-se como pessoa trabalhadora, capaz de produzir, sente-se competente • O sentimento de inferioridade pode levar a bloqueios cognitivos, descrença quanto às suas capacidades • A ordem e as formas técnicas passam a ser importantes para as crianças desta fase • Virtude social desenvolvida: competência O quinto estágio: identidade versus confusão de identidade • Ocorre no período da adolescência (12 a 21 anos) • O adolescente precisa de segurança frente a todas as transformações – físicas e psicológicas – do período. Essa segurança é encontrada na forma de sua identidade, que foi construída por seu ego em todos os estágios anteriores • A preocupação do adolescente em encontrar um papel social provoca uma confusão de identidade, afinal a preocupação com a opinião alheia faz com que o adolescente modifique o tempo todo suas atitudes O quinto estágio: identidade versus confusão de identidade • É neste estágio que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade • Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada crise da adolescência
• Virtude social desenvolvida: fidelidade/lealdade
• Vertente Positiva: socialização • Vertente negativa: fanatismo Identidade no adolescente “A pessoa jovem, a fim de sentir a globalidade, deve experimentar uma continuidade progressiva entre aquilo que foi durante os longos anos da infância e aquilo em que promete converter-se, no futuro previsto; entre aquilo que ela se concebe ser e aquilo que ela percebe os outros verem nela e esperarem dela. Individualmente falando, a identidade inclui (mas é mais que) a soma de todas as identificações sucessivas desses primeiros anos, quando a criança queria ser como as pessoas de que dependia – e frequentemente era forçada a sê-lo. A identidade é um produto singular que enfrenta agora uma crise a ser exclusivamente resolvida em novas identificações com os companheiros da mesma idade e com figuras líderes fora da família”.
(Identidade: juventude e crise, Erik Erikson, 1968)
Identidade no adolescente “Os jovens devem tornar-se pessoas inteiras por direito próprio e isto durante uma fase do desenvolvimento caracterizada por uma diversidade de mudanças no crescimento físico, no amadurecimento genital e na consciência social. À globalidade a ser realizada nessa fase chamei um sentido de identidade interior”.
(Identidade: juventude e crise, Erik Erikson, 1968)
Crise de identidade
Ciclo vital: com a adolescência o indivíduo
desenvolve os requisitos preliminares de desenvolvimento fisiológico, amadurecimento mental e responsabilidade social para experimentar e atravessar a crise de identidade. O sexto estágio: intimidade versus isolamento • Ocorre aproximadamente entre os 21 e os 40 anos, (adulto jovem) • Ao estabelecer uma identidade definitiva e bem fortalecida, o indivíduo estará pronto para uni-la à identidade de outra pessoa, sem se sentir ameaçado. Esta união caracteriza esta fase • Para que essa associação seja positiva, é preciso que a pessoa tenha construído, ao longo dos ciclos anteriores, um ego forte e autônomo o suficiente para aceitar o convívio com outro ego sem se sentir anulado ou ameaçado • Quando isso não acontece, ou seja, o ego não é suficientemente seguro, a pessoa irá preferir o isolamento à união, pois terá medo de compromissos, numa atitude de “preservar” seu ego frágil
• Virtude social desenvolvida: amor
O sétimo estágio: generatividade versus estagnação • Ocorre aproximadamente entre os 35 - 60 anos (adulto) • É caracterizado pela necessidade em orientar a geração seguinte, em investir na sociedade em que se está inserido. É uma fase de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da família • Há a possibilidade do sujeito ser criativo e produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações vindouras; produção de ideais; obras de arte; participação política e cultural; educação e criação dos filhos • A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens materiais e egoísmo
• Virtude social desenvolvida: cuidado do outro
O oitavo estágio: integridade versus desespero • Ocorre a partir dos 60 anos (maturidade) • É a hora do balanço, da avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida • Quando se renega a vida, se sente fracassado pela falta de poderes físicos, sociais e cognitivos, este estágio é mal ultrapassado • Integridade - Balanço positivo do seu percurso vital, mesmo que nem todos os sonhos e desejos se tenham realizado e esta satisfação prepara para aceitar a idade e as suas consequências • Desespero - Sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal sucedida, pouco produtiva e realizadora, que lamentem as oportunidades perdidas e sentem ser já demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros anteriores. • Virtude social desenvolvida: sabedoria unidade da personalidade Bibliografia Erikson, E. Identidade, Juventude e Crise. Rio de Janeiro: Zahar editores,1976. Erikson, E. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1987. Rabello, E.; Passos, J.S. Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento. http://josesilveira.com/artigos/erikson.pdf, consulta em 04/09/2018.