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CONTROLE DO CICLO CELULAR

Profa. Dra. Enilza Maria Espreafico


emesprea@fmrp.usp.br

Depto. de Biologia Celular e Molecular


Laboratório de Biologia Celular e Molecular do Câncer

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto


Universidade de São Paulo
Um princípio unificador da
Biologia
 A Teoria Celular

Todos os organismos vivos são compotos de células, células são as unidades


microscópicas da vida e todo ser vivo surge de um ser vivo pré-existente.

 O termo célula foi cunhado por Robert Hooke (1635–1703) quando observou a
cortiça sob um microscópio simples.

 Toda célula se origina de uma célula pré-existente: “omnis cellula ex cellula”.


Virchow (1821–
1902).

A vida não se origina espontaneamente ao longo da nossa existência. Evidências


indicam que a origem e evolução da vida ocorreu há bilhões de anos.
O que é o ciclo de crescimento e
divisão celular?

Uma série encadeada de


eventos necessários para a
reprodução celular fidedigna
A fidelidade na reprodução celular se baseia no princípio de
que cada fase de transição ocorra no momento certo e na
ordem certa

Metáfase - anáfase

Questões:

• Quais são as transições ativas do


ciclo celular?
_______________________________
• Qual é o comando central que leva a
célula a passar de uma fase a outra
do ciclo celular?
_______________________________
• O que previne a reversão do ciclo?
_______________________________
Requisitos para o ciclo celular

1) A ordem dos eventos é fixa: replicação > mitose > citocinese.

• A sequência de eventos do ciclo celular é rigidamente coordenada, de maneira que se uma etapa
não for cumprida, a etapa posterior não será iniciada.

2) Progressão no ciclo celular: O ciclo celular é controlado por moléculas que


impulsionam a passagem de uma etapa para outra e moléculas que retardam essa
transição.
• A fosforilação é um evento predominante na regulação da transição de fases
• A biossíntese e destruição de moléculas específicas também são essenciais para a transição e
irreversibilidade do ciclo cellular
• A defosforilação também é essencial entre os eventos regulatórios
3) Crescimento: um requisito para a divisão é a célula ter duplicado sua massa
(geralmente o crescimento ocorre em G1, mas pode ocorrer durante as fases S e G2
também)

• Caso contrário, o organismo permanecerá do mesmo tamanho com células cada vez menores
4) Pontos de checagem: São vias de sinalização intracelulares latentes, prontas para agir a
medida que o ciclo celular progride. Essas vias de sinalização são ativadas por danos no
DNA ou outras condições intracelulares anômalas e têm como função interromper o ciclo
celular. Esse princípio é fundamental para garantir que erros não sejam perpetuados. O
bloqueio do ciclo pode permanecer até os problemas serem solucionados ou a célula pode
Em tecidos ou em cultura as células proliferam de maneira
dessincronizada – não há sincronismo entre células vizinhas

Microscopia convencional Citometria de fluxo

G1

Número de
G2 e M

células
S

Quantidade relativa de DNA por célula


(unidade arbitrária)
Proliferação celular nos tecidos de um organismo ou em uma população
de células em cultura é dessincronizada
Destino da célula filha
• Reprodução: portanto, prosseguir no
ciclo celular. Requer sinalização
mitogênica e para crescimento

• Quiescência - saída do ciclo (G0),


geralmente, temporária, dependente de
estímulos anti-proliferação, ou devido a
falta de estímulos mitogênicos.

• Diferenciação não terminal ou terminal:


Saída do ciclo (G0) e diferenciação de
acordo com o acionamento de programas
genéticos desencadeados por sinalização
extracelular.

• Senescência - estado terminal,


Ponto de irreversível - desencadeado por
restrição encurtamento dos telômeros (ou outros
danos irreparáveis).
Fases do ciclo celular e pontos de controle - Quais são as transições ativas?

Há 3 transições ativas no ciclo celular:

G1/S: Em organismos
Montagem da Transição unicelulares é momento de
maquinaria mitótica metáfase – anáfase início; em células de organismos
multicelulares é considerado o
ponto de restrição. Ao passar por
ele, inicia-se a replicação do DNA;

G2/M: Ao se atingir um limiar


de ativação (molécula
ativadora) para entrada em fase
M, a mitose é disparada;

Metáfase/Anáfase: Ao se atingir o
Ponto Início
de restrição limiar da molécula ativadora, a
anáfase é disparada.
A maquinaria de replicação é ativada após a
passagem pelo ponto de restrição
Qual é o comando central que leva a célula a passar de uma fase a outra
do ciclo celular? Atividade de Cdk-ciclinas
M-Cdk inativada
Hct1-APC ativada
CKI acumula-se
Baixa produção de ciclina
= Supressão de toda atividade Cdk

D1, D2, D3
Cdh1-APC/C é importante para criar uma fase G1 estável, importante para o
intervalo de crescimento
Como a célula escapa da estável FASE G1 para iniciar a
FASE S???

Sinais extracelulares estimulam a proliferação celular

Acúmulo de ciclinas de G1 (D) seguidas das ciclinas G1/S (E)


A divisão das células é estimulada por mitógenos – a progressão através do ponto de
restrição, de G1 para a fase S, depende de estímulo por fatores extracelulares (mitógenos)
O crescimento da célula é estimulado pela via de mTOR
Ex: IGF, Insulina etc

Rheb

Figure 17-65 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Indução de quiescência e diferenciação celular pode ser estimulada por receptores serina/treonina
quinases (RSTKs)

Família do fator de crescimento transformante TGF-β atua através de Receptor Serine/Threonine Kinase e Smads

Resposta desencadeada por essa via:


Saída do ciclo celular seguida de
diferenciação celular

mRNA que codifica a proteína


CKIs (p15INK4B), antes (0) e apó s
estímulo por TGFβ, nos tempos
indicados.
CDK-ciclina

• CDKs (Quinases

dependendes de ciclinas):

São as proteínas

responsáveis pelo

controle do ciclo celular.

• Sua atividade depende


das ciclinas (subunidades
regulatórias e de
reconhecimento do
substrato).

As CDKs são constantes, variam as ciclinas.


Principais ciclinas e CDKs
Complexo Ciclina CDK
G1-CDK Ciclina D CDK4/CDK6
G1/S-CDK Ciclina E CDK2
S-CDK Ciclina A CDK2
M-CDK Ciclina B CDK1
Proteína regulatória das Cdks
O que é a ciclina? que serve como fator de
reconhecimento do substrato.

O que causa a atividade cíclica das


ciclinas?

• Síntese e degradação reguladas


Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina 2001 pelas descobertas dos fatores regulatórios do
ciclo celular

Leland H. Tim Hunt Sir Paul M. Nurse


Hartwell

S. Cerevisiae Sea urchin


Cdc28 Eggs - cyclins S. Pombe
Cdk1 Cdc2 = Cdc28 =Cdk1
G1-S

• Tais modelos experimentais revelaram os fatores regulatórios essenciais


para controle do ciclo celular.
• Esses fatores são evolutivamente conservados em todas as espécies de
eucariotos.
Leveduras
Identificação de genes que codificam proteínas
regulatórias do ciclo celular - levedura como organismo modelo

A- temperature permissiva

B- temperature restritiva
Experimentos de complementação em levedura
Fusão de células sugere a existência de um fator solúvel indutor de mitose

O envelope nuclear se rompe e os cromossomos se condensam…


Os níveis de ciclina mitótica variam ciclicamente no decorrer do ciclo celular, atingindo seu
pico em metáfase e decaindo abruptamente ao final de mitose
Como a ciclina é reconhecida para degradação?
Como ela é marcada para degradação?

Domínio de reconhecimento: caixa de destruição das ciclinas

Poliubiquitinação das ciclinas mitóticas


O que regula a atividade das Cdks
dependentes de ciclinas?

1) Ligação das ciclinas


2) Fosforilação dupla: sítio inibitório e sítio
ativador
3) Defosforilação
4) Ligação de proteínas inibitórias ao complexo
Cdk-ciclina
Ativação de Cdks

In mice, knocking out all three


Cdc25 causes death due to loss of
Mol Cell. 2011 Feb 4; 41(3): 263–274. rapidly-proliferating epithelial cells
Inibição por proteínas inibidoras do complexo Cdk-ciclina
Em leveduras, a proteína Sic1 inibe o complexo Cdk-ciclinas na fase
G1
• Um conjunto de proteínas inibitórias de CDKs (CKIs) em mamíferos:
 INKs (p16-Ink4a, p15-Ink4b) e CIPs/KIPs (p21, p27)
As INKs inibem as Cdk4/6-ciclina D
(G1)
As CIPs/KIPs inibem Cdk2-ciclina E
(G1/S)
SCF: um complexo ubitiquina ligase necessário para
degradar as proteínas inibitórias de Cdk-ciclinas (CKIs)

• Para dar início ao processo de proliferação, as CKIs tem de ser


degradadas, por meio da fosforilação seguida de ubitiquinação por SCF.

Skp, Cullin, F-box containing


complex (or SCF complex)
Transição G1/S
Os mecanismos que controlam a entrada em FASE S em células animais – A
proteína RETINOBLASTOMA (Rb) atua como um freio em células de mamíferos
FASE S
Como o sistema de controle do ciclo celular desencadeia o
processo de replicação e ao mesmo tempo previne sua
ocorrência mais de uma vez por ciclo?

DNA de célula
em G1 inicia
replicação-
incorpora
nucleotídeos
marcados
Controle da Replicação
Dois mecanismos agem em concerto
para impedir a re-replicação do DNA:

1) GEMININA é sintetizada ao
início da fase S e inibe o fator
de replicação Cdt1
prevenindo a formação do
complexo pre-replicativo –
geminina é degradada após
ubiquitinação por APC/C

2) Além de ser inibida por


geminina, Cdt1 é degradada
no inínio da fase S de modo
dependente de ubiquitinação
SCF-Skp2. Cdc6 também é
degradada no início de S.

• Somente em G1, Cdc6 e Cdt1


são ressintetizadas.
TRANSIÇÃO G2/M
Ativação de M-Cdk (Cdk1)

In mice, knocking out all three


Cdc25 causes death due to loss of
Mol Cell. 2011 Feb 4; 41(3): 263–274. rapidly-proliferating epithelial cells
Regulação da atividade
quinase de MPF por:
Cdc13 (ciclina B)
Cdc2 (Cdk1)
Y15 T14
Wee1 (tirosina e treonina
quinase= dual specificity kinase-
inibitória de Cdk1-ciclina B)

CAK (quinase ativadora de


Cdk1-ciclina B)

Cdc25 (fosfatase ativadora de Cdk1-


ciclina B), remove fosfato inibitório
Y15
Efeito de mutações em Cdc25 e Wee1

Cdc 25 = fosfatase Falta de Cdc25 ou


Excesso de Wee1
ativadora de CDK

Wee1 = Tirosina Excesso de Cdc25


quinase inibitória ou Falta de Wee1
Atividade coordenada de M-Cdk e fosfatases sobre
o envelope nuclear
A ativação de APC leva a degradação de coesinas e o conseqüente
disparo da anáfase
1- A inibição farmacológica de APC pelo
peptídeo ‘caixa de destruição da ciclina’
bloqueia o ciclo em metáfase

2- A presença de ciclina
B não degradável bloqueia o
ciclo celular em anáfase
Controle da entrada em anáfase e saída da mitose por APC
Atividade coordenada de M-Cdk e fosfatases sobre
o envelope nuclear
O disparo da Citocinese depende de desativar a M-Cdk

M-Cdk

M-Cdk desativada
Fosfatases predominam
Em síntese, a degradação de ciclina mitótica, e consequentemente inativação da CDK-ciclina
B, em anáfase tem várias funções cruciais:

1 – Promove a descondensação cromossômica, formação do envelope nuclear e


citocinese

2 – Permite a síntese dos complexos pré-replicativos nas origens de replicação dos


cromossomos

3 – Permite um “resetting” do sistema de controle do ciclo a um estado de


inatividade de Cdk para iniciar G1

4 – Após decaimento de Cdc20/APC, outra molécula passa a ativar APC, Cdh1 (a


qual é ativada quando ciclina B cai)

5 - Aumento de CKIs, como a p27 – inibe Cdk-ciclina

6 - Inibição da transcrição de ciclinas


Pontos de checagem
Os sistemas de monitoramento de ciclo celular
Pontos de checagem
MAD2 ativada

Cdc25 é inibida

P53 > CIPs e INKs


Ponto de checagem
Fase G1
Quinases sensoras de dano:
ATR (ataxia telangiectasia e
Rad3 relacionada), ATM
(ataxia telangiectasia
Como p53 mutated), seguindo ativação
de Chk1, Chk2
bloqueia o Chk1 e Chk2

Ciclo Celular
em G1
P
Pontos de checagem em S e G2
Vias de sinalização dos pontos de checagem
Entrada em mitose é bloqueada por
replicação incompleta do DNA: O ponto de
checagem da Replicação do DNA (FASE S)
exercício
CAFEINA INIBE O PONTO DE CHECAGEM DA
REPLICAÇÃO DO DNA

150 ml de café = 100 mg

Cafeína: 196 g/mol

Dose efetiva = 10 mM

Volume de água em um adulto 40 litros


Que volume de café você precisaria tomar para atingir a dose necessária para
interferir com o ponto de checagem?
É plausível a existência de um sensor de erros na
replicação do DNA e danos do DNA causados por
agentes externos?

Qual seria esse sensor? ATR e ATM

Qual seria seu papel?

O de ativar as respostas de parada no ciclo celular


e reparo do DNA?

Integrando Pontos de Checagem G1, S e G2...


Ataxia Telangiectasia Mutated (ATM) é um sensor central de dano no DNA e controla o
ciclo celular ativando pontos de checagem em:

G1 (via ATM-p53-p21, ATM-Chk2-p53-p21, ATR-Chk1/2-Cdc25A) ,


S (via ATM/ATR-Chk2/1–Cdc25A*sinal para degradação) e
G2 (ATR-Chk2-Cdc25c)

Em seres humanos, mutação no gene TP53 e Chk2


são causas da Sindrome de Li-Fraumeni –
predisposição a múltiplos tipos de câncer
Vias de sinalização dos pontos de checagem de erros na replicação ou dano no
DNA
Ponto de Checagem do Fuso Mitótico
Metáfase
Falha
Mad2 no cinetocoro livre Não-disjunção

Ver vídeo
Vídeo: O que acontece com a MAD2 do cinetocoro a medida que a o ciclo celular
progrede de prófase a anáfase?
Como é que um único, minúsculo, cinetocoro livre
consegue inibir toda a APC da célula?
Assistam a esta aula para aprenderem mais sobre a estrutura dos cinetocoros e
o ponto de checagem do fuso mitótico (ponto de checagem da metáfase)

https://www.ibiology.org/cell-biology/kinetochore/
Integrando o Sistema de Controle do
Ciclo de Divisão Celular

ATM Chk2/1 ATR ATR ATM


Chk1/2
Regulação do crescimento e proliferação
celular no nível do organismo –
definindo o tamanho do órgão
Em todos os organismos, desde bactérias até humanos, o tamanho
celular é proporcional à ploidia – o número de cópias do genoma por
célula.
No entanto, em alguns organismos como a Salamandra a variação na ploidia
não influencia o tamanho dos órgãos e do organismo, mas em outros sim.

O cérebro posterior de uma


Salamandra haploide (A) e de uma
Salamandra tetraploide (B). Note
que na Salamandra tetraploide (B), o
número reduzido de células
compensa o tamanho aumentado
das células, de forma que o tamanho
final do órgão é semelhante ao do
organismo haploide (A).
Figure 17-70 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)
Ao contrário da Salamandra, na planta A. thaliana, o tamanho
aumentado das células devido a ploidia aumentada resulta em
aumento do orgão e do organismo

Arabopsis thaliana
Haploides Tetraploides
Salamandra
A Miostatina é uma proteína sinalizadora, membro da família TGF-β, que inibe
especificamente o crescimento e a proliferação de mioblastos – as células
precursoras que se fundem para dar origem às grandes células multinucleadas (fibras
musculares) do músculo esquelético. Ela é produzida por células musculares e age de
modo autócrino para inibir a miogênese.

Aumento extremo da musculatura: anormalidade causada por mutação no gene que codifica miostatina

Figure 17-69 Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008)


Via de Hippo: uma via que inibe o crescimento por inibir a
expressão de ciclina E, portanto inibindo a progressão no ciclo
celular na transição G1/S, além de ativar a morte celular por
inibir inibidores de apoptose
O tamanho dos órgãos e dos organismos - resumo

O tamanho dos animais e de seus órgãos varia amplamente e depende principalmente da


sua massa celular total.

Essa massa total depende, por sua vez, do tamanho e número de células, que podem ser
aumentados pelo crescimento celular e divisões celulares, respectivamente.

O número de células pode ser reduzido pela morte celular programada.

Cada um desses processos depende de sinais intracelulares e extracelulares.

Ainda não está claro como tais processos são regulados e coordenados para estabelecer
e manter o tamanho final característico de um órgão ou animal adulto.
Bibliografia
MODELOS EXPERIMENTAIS QUE
PERMITIRAM A DESCOBERTA DOS
REGULADORES CENTRAIS DO CICLO CELULAR
Fusão de células sugere a existência de um fator solúvel indutor de mitose

O envelope nuclear se rompe e os cromossomos se condensam…


Leveduras
Identificação de genes que codificam proteínas
regulatórias do ciclo celular - levedura como organismo modelo

A- temperature permissiva

B- temperature restritiva
Experimentos de complementação em levedura
Maturação de ovócitos de Xenopus

girino

Produção de
Progesterona
ao estímulo
pelo macho
Identificação do MPF (fator promotor de
maturação/mitose/Cdk-ciclina mitótica) em Xenopus
Os níveis de ciclina mitótica variam ciclicamente no decorrer do ciclo celular, atingindo seu
pico em metáfase e decaindo abruptamente ao final de mitose
Proteína regulatória das Cdks
O que é a ciclina? que serve como fator de
reconhecimento do substrato.

O que causa a atividade cíclica das


ciclinas?

• Síntese e degradação reguladas


Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina 2001 pelas descobertas dos fatores regulatórios do
ciclo celular

Leland H. Tim Hunt Sir Paul M. Nurse


Hartwell

S. Cerevisiae Sea urchin


Cdc28 Eggs - cyclins S. Pombe
Cdk1 Cdc2 = Cdc28 =Cdk1
G1-S

• Tais modelos experimentais revelaram os fatores regulatórios essenciais


para controle do ciclo celular.
• Esses fatores são evolutivamente conservados em todas as espécies de
eucariotos.
A mitose pode ser estudada em núcleos
adicionados a extratos de ovócitos in vitro

Nesse extrato, mRNA, proteínas, peptídeos ou outras substâncias


podem ser adicionados para observação dos seus efeitos sobre a
progressão mitótica

Observem os resultados experimentais


mostrados a seguir e respondam às
perguntas:
Analisem os slides seguintes, livros textos ou informações disponíveis na internet e tentem responder:

1) Explique os princípios da utilização do extrato de citoplasma de ovos de rã como modelo experimental para estudo da progressão
do ciclo celular em núcleos isolados de espermatozoide e caracterização de componentes das três transições ativas do ciclo celular
(G1/S e G2/M e M/A)? (Slide 29 e artigo indicado > merece ser visto! 
2) Em que se baseia a adição de CaCl 2 ao extrato antes da análise da replicação? O que se pode concluir sobre o papel da proteína p27
com base no resultado mostrado no slide 30?
3) Agora, analise o slide 31 e responda: Qual a importância da síntese e degradação da ciclina B para a atividade de MPF? Obs: ‘MPF’
(fator promotor da fase M = atividade do complexo Cdk1-ciclina B e Cdk1-ciclina A)?
4) Agora analise o slide 32. O extrato citoplasmático de ovos de rã contém todos os fatores e as proteínas necessários para a montagem
do fuso mitótico e a divisão nuclear completa? Justifique.
5) Em seguida, compare o resultado mostrado no slide 33 com o do slide prévio. Que diferenças você observa no desenrolar (cinética)
da mitose? É compatível com a representação gráfica vista no slide 31?
6) Como a ciclina é reconhecida para degradação? (slide 35)
7) Como ela é marcada para degradação? (slide 35)
8) No slide 36, vemos o que ocorre quando se adiciona ao extrato, concentrações progressivamente maiores de um peptídeo isolado,
cuja sequência de aminoácidos é precisamente a caixa de destruição da ciclina B. Descreva e interprete o resultado, contrastando-o
com a conclusão do resultado anterior (Q. 5).
9) Por que o tratamento com o peptídeo causa efeito diferente do efeito visto quando se substitui o mRNA selvagem por um mutante
(que codifica uma ciclina B não degradável)?
Extrato de citoplasma de ovos de rã preso em metáfase da meiose II é um excelente
modelo experimental para compreensão de controles do ciclo cellular – o trabalho
citado a seguir é excelente e dá todas as bases para entendimento dos princípios
dessa metodologia (inclui um trecho do texto abaixo). Ela pode ser usada para estudar
a regulação do início da replicação do DNA e da mitose. Vejam a seguir.
Peter J. Gillespie, Agnieszka Gambus, and J. Julian Blow. Preparation and use of Xenopus egg
extracts to study DNA replication and chromatin associated proteins. Methods. 2012 Jun; 57(2):
203-213. doi: 10.1016/j.ymeth.2012.03.029:
The ability of Xenopus egg extracts to support cell cycle progression in
vitro depends on some key properties of early Xenopus embryos. As in
other vertebrates, Xenopus eggs are arrested in metaphase of
meiosis II. Fertilization promotes completion of meiosis, the
extrusion of a polar body and progression into interphase of the
mitotic cell cycle. In only 7 h after fertilization they undergo 11
synchronous rounds of cell division in the absence of significant
transcription; only after this stage (the ‘Mid-Blastula Transition’) does
zygotic transcription occur [3]. Most of the proteins required for cell
cycle progression are pre-formed in the egg, and the continuing
translation of a single protein (cyclin B) can support passage through
the whole cell cycle [4]. For this reason, Xenopus egg extracts contain
abundant stockpiles of material to support the nuclear assembly and
replication of DNA up to concentrations typically seen at the onset of
zygotic transcription (cell cycle 12, with ∼4000 cells per embryo) [5].
Demonstração do papel de um regulador da entrada em fase S (Replicação do DNA)
em núcleos de espermatozoide adicionados a extrato de ovos de rã

Explique o resultado obtido – o que se pode concluir sobre o papel da proteína p27?

Timecourse of replication
factors association with
chromatin. The replication
reaction was assembled plus
or minus 100 nM of p27KIP1.
(A) DNA synthesis was
assayed by α32P-dATP
incorporation. (B) Chromatin
was isolated at the indicated
times, separated by SDS–
PAGE and immunoblotted
with antibodies against the
indicated replication proteins.
The lower portion of the
protein gel was stained with
Coomassie for histones.
Demonstração experimental de que a
síntese e degradação de ciclina B são
necessárias para a atividade cíclica de
‘MPF’
Progressão mitótica de núcleos livres, contidos em extratos de
ovócitos, fertilizados in vitro
metáfase >> anáfase >> telófase >> intérfase

metáfase Início de anáfase final de anáfase intérfase

Fuso
mitótico
1- O que ocorre quando o mRNA codificante de ciclina B é substituído por um
mRNA mutante, cujo produto codificado é uma ciclina B não degradável?

metáfase >> anáfase >> anáfase >> anáfase......

Fuso
mitótico
Conclusão:

A ciclina B dispara o processo de mitose e sua


degradação é necessária para o término do
processo, em outras palavras, a célula
necessita de ciclina B para entrar em mitose e
precisa degradá-la sair de mitose (mais
especificamente, os núcleos mitóticos ficam presos em
anáfase, de acordo com o resultado do experimento visto no
slide prévio).
Como a ciclina é reconhecida para degradação?
Como ela é marcada para degradação?

Domínio de reconhecimento: caixa de destruição das ciclinas

Poliubiquitinação das ciclinas mitóticas


2- O que ocorre quando se adiciona ao extrato excesso do peptídeo caixa de
destruição da ciclina B?

3- Por que o excesso do peptídeo causa efeito


diferente do causado por ciclina B mutante?

Tempo = 15 min

Tempo = 35 min
A ativação de APC leva a degradação de coesinas e o conseqüente
disparo da anáfase
1- A inibição farmacológica de APC pelo
peptídeo ‘caixa de destruição da ciclina’
bloqueia o ciclo em metáfase

2- A presença de ciclina
B não degradável bloqueia o
ciclo celular em anáfase
Controle da entrada em anáfase e saída da mitose por APC
A degradação de ciclina é dependente de APC (ciclossomo), sendo que
a ativação de APC é dependente de Cdk-ciclina.
Pontos de Checagem

MAD2
ativada

Cdc25
inibida

P53 > CIPs e


INKs
Pontos de checagem – G1

•O ponto de
checagem de G1 é
ativado quando a
célula não atingiu o
tamanho ideal ou se
as condições do
meio não estão
propícias para a
divisão (ex: falta de
nutriente) e quando
há lesão no DNA.
Pontos de checagem – G2

•O ponto de
checagem G2 é
ativado quando há
erros na replicação
do DNA, se a célula
não atingiu o
tamanho ideal e se
as condições do
meio não são
propícias para a
divisão.
Pontos de checagem – Metáfase

 O ponto de
checagem
Metáfase é ativado
se os
cromossomos não
se encontram na
placa equatorial
(se não estão
corretamente
ligados ao fuso,
sob tensão).
Ativação de M-Cdk
Regulação da atividade
quinase de MPF por:
Cdc13 (ciclina B)
Cdc2 (Cdk1)
Y15 T14
Wee1 (tirosina e treonina
quinase= dual specificity kinase-
inibitória de Cdk1-ciclina B)

CAK (quinase ativadora de


Cdk1-ciclina B)

Cdc25 (fosfatase ativadora de Cdk1-


ciclina B), remove fosfato inibitório
Y15
Efeito de mutações em Cdc25 e Wee1

Cdc 25 = fosfatase Falta de Cdc25 ou


Excesso de Wee1
ativadora de CDK

Wee1 = Tirosina Excesso de Cdc25


quinase inibitória ou Falta de Wee1
Atividade coordenada de M-Cdk e fosfatases sobre
o envelope nuclear
O disparo da Citocinese depende de desativar a M-Cdk

M-Cdk

M-Cdk desativada
Fosfatases predominam
Em síntese, a degradação de ciclina mitótica, e consequentemente inativação da CDK-ciclina
B, a partir de anáfase tem várias funções cruciais:

1 – Promove formação do envelope nuclear, descondensação cromossômica,


citocinese

2 – Permite a síntese dos complexos pré-replicativos nas origens de replicação dos


cromossomos

3 – Permite um “resetting” do sistema de controle do ciclo a um estado de


inatividade de Cdk para iniciar G1

4 – Após decaimento de Cdc20/APC, outra molécula passa a ativar APC, Cdh1 (a


qual é ativada quando ciclina B cai)

5 - Aumento de CKIs, como a p27 – inibe Cdk-ciclina

6 - Inibição da transcrição de ciclinas


Como a célula escapa da estável FASE G1 para iniciar a FASE S???

Sinais extracelulares estimulam a proliferação celular

Acúmulo de ciclinas de G1

As principais ciclinas e Cdks em vertebrados:

Complexo Ciclinas Cdk


G1-Cdk ciclinas D (D1, D2 e D3 em mamíferos) Cdk4/Cdk6
G1/S-Cdk ciclina E Cdk2
S-Cdk ciclina A Cdk2
M-Cdk ciclina B Cdk1
As células de mamífero dependem de estímulo por fatores extracelulares para romperem a
barreira de G1 e poderem proliferar
Demonstração de que a ciclina D é
necessária para desencadear a
fase S em células de mamífero
Síntese de DNA visualizada por incorporação de
BrdU
As ciclinas-CDKs ao longo do ciclo celular
-- comandos que promovem o ciclo celular
Proteólise de “inibidores de ciclina-Cdks” (CIPs, CKIs, INKs) é controlada por fosforilação
seguida de ubiquitinação por SCF
Visualizando a dinâmica espaço-
temporal da progressão no ciclo celular
– por indicadores fluorescentes
Desenvolvimento de indicadores da progressão do
ciclo celular fluorescentes G1 – G1/S – S/G2/M
mKO2-hCdt130-120

Células HeLa mAG-hGem1-110


Desenvolvimento de indicadores da progressão do
ciclo celular fluorescentes G1 – G1/S – S/G2/M

mKO2-hCdt130-120

mAG-hGem1-110

Superexpressão de Cdt1 inteira causou parada em G2 devido a re-replicação do


DNA, por isso a caracterização de clones truncados.
(A) Proliferação até confluência (B) Tratamento com TGF-beta – Um
ciclo de divisão seguido de parada em G1 e indução de EMT
Ensaio de migração (wound-healing)
TGFbeta EMT parada em G1
FUCCI: Fluorescent,
ubiquitination- based cell cycle
indicator

Células HeLa

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