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APLICAÇÕES DA TRIBOLOGIA NA INDÚSTRIA

DOUGLAS GOESSE
PEDRO HENRIQUE MATOS

IFES – CAMPUS CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM


COORDENADORIA DE ENGENHARIA MECÂNICA

JUNHO DE 2023
Introdução
Em muitos contextos, o uso de princípios da tribologia consiste em uma importante ferramenta para
sistemas mecânicos, e sua análise pode levar a ganhos de produtividade e eficiência. São exemplos: o uso
de rolamentos, mecanismos automotivos, processos de manufatura e até na medicina.

Em nosso trabalho traremos aquelas estudadas por Ian Hutchings e Philip Shipway, no livro Tribology -
Friction and Wear of Engineering Materials.
Rolamentos
- Rolamentos são dispositivos que permitem que duas partes de um mecanismo se
movam livremente entre si em uma ou duas dimensões desejadas, e impedem o
movimento em outra direção;

- Vida útil.
Rolamentos
Rolamentos
Parâmetros para escolha do rolamento
- Velocidade de trabalho
- Carga
- Tamanho
- Peso
- Localização do eixo
- Necessidade de lubrificação
- Atrito
Tribologia Automotiva
Grande parte da energia utilizada em veículos automotivos é dissipada por fricção. A figura a seguir mostra
como se distribui durante o uso da energia gerada na combustão em um veículo de passeio:

Figura 1 – (HUTCHINGS; SHIPWAY, 2017)


Apenas 38% dessa energia é convertida em trabalho mecânico, e dentro desse percentual a
maior parte é usada para superar resistência ao atrito.
Isso mostra como melhorias tribológicas poderiam impactar na redução do consumo de
combustível.
Os 38% de energia convertida em trabalho mecânico, podem ainda ser divididos em:
• Motor;
• Transmissão;
• Resistencia ao rolamento;
• Freios;
• Resistência do ar.
Motor
Utilizado na grande maioria dos carros, o motor de combustão interna alternativo contém vários deslizamentos e
contatos rolantes diferentes, os quais sofrem desgaste e dissipam energia. Os componentes internos do motor
são lubrificados pelo óleo armazenado no cárter na parte inferior do motor e circulado para as várias regiões por
uma bomba.

O lubrificante automotivo totalmente formulado usado em um motor consiste em um óleo base e diversos aditivos
com diferentes funções para garantir a sua efetiva lubrificação em todos os contatos.

Cerca de metade da energia dissipada pela fricção em um motor está associada ao contato pistão-cilindro, um
terço pode ser atribuído ao trem de válvulas e dois terços aos rolamentos do virabrequim.

A folga entre o pistão e o cilindro é vedada por um conjunto de anéis transportados em ranhuras no pistão, que
pressionam contra o furo do cilindro, conforme mostrado a seguir.
Para reduzir o consumo de lubrificante se faz necessária uma boa vedação, porém o contato
próximo causa um aumento das perdas por atrito. Por isso, cuidados com a geometria dos anéis e
ranhuras, e seleção dos materiais de todos os componentes podem desempenhar um papel na
melhoria da eficiência do motor e na redução do desgaste.
Sistema de Freio
Em um sistema de freio, as pastilhas normalmente cobrem de 10% a 15% da área da faixa que
descrevem no disco. A figura a seguir mostra um conjunto de freio comum em veículos de
passeio.
No atrito entre a pastilha e o disco o mais importante é que haja consistência e estabilidade, com valores que não
caiam consideravelmente à medida que a temperatura aumenta, uma vez que aumentos de 150 a 300°C são
comuns.

Em um carro de passeio, o coeficiente de atrito é normalmente cerca de 0,4, e a quantidade de energia dissipada
na interface deslizante em condições severas de frenagem pode ser de até 30 kW.

Em carros comuns, os discos são geralmente feitos de ferro fundido cinzento e as pastilhas de freio são compostos
contendo vários constituintes diferentes, que podem ser classificados como aglutinantes, fibras, aditivos de fricção
(lubrificantes e abrasivos) e enchimentos.

A área de contato durante uma frenagem moderada consiste em cerca de 20% da área total da pastilha, distribuída
em várias pequenas ilhas (platôs) que se projetam alguns μm acima do nível do restante da sua superfície.
Tribologia Na Fabriação
Na manufatura, processos de remoção são amplamente utilizados, onde material é removido de uma peça
bruta para alcançar o formato desejado. São exemplos de processos de subtração de metal: rosqueamento,
corte de engrenagens, fresagem, perfuração, torneamento e serragem.

Normalmente, metade a três quartos do trabalho mecânico necessário para o corte é dissipado como calor
através do trabalho plástico na zona primária de cisalhamento. Aproximadamente 85% desse trabalho
mecânico é levado embora no cavaco, enquanto o restante é transportado para a peça. O atrito na interface
entre a face de saída da ferramenta e o cavaco é responsável pelo trabalho mecânico restante.
Idealmente, a vida útil de uma ferramenta de corte é determinada por processos de desgaste, que
causam uma mudança de dimensão constante, gradual e previsível. Esses processos podem ser
incorporados ao planejamento de produção, permitindo que a ferramenta seja
A equação de vida útil da ferramenta de Taylor geralmente relaciona a vida útil de uma ferramenta
de corte com a velocidade de corte V.

A relação entre a taxa de desgaste e a temperatura pode depender dos vários mecanismos de
desgaste da ferramenta. Por exemplo, abrasão, fraturas e lascamentos são, na maior parte dos
casos, relativamente independentes da temperatura. Todavia, à medida que a temperatura da
ferramenta aumenta, o grupo de mecanismos conhecido como "dano térmico" aumenta
rapidamente.
Por exemplo, o dano térmico por deformação plástica ocorre quando a aresta de corte fica
quente demais e fraca demais para sustentar as forças aplicadas a ela. Dessa forma fazem-
se necessários materiais de ferramenta que mantenham sua resistência em alta temperatura.
A difusão também pode ocorrer quando os materiais da ferramenta e da peça se solúvem.
Isso resulta na perda do material da ferramenta para o cavaco e no enfraquecimento do
material da superfície.

A difusão, o amolecimento térmico e a reação química são todos processos com ativação
térmica e, embora tenham diferentes energias de ativação, esperamos que o desgaste da
ferramenta seja acelerado pela temperatura por todos esses mecanismos.
Os fluidos de corte líquidos são usados em várias operações de corte e têm uma série de vantagens. Sua função
principal é resfriar a ferramenta e a peça de trabalho em altas velocidades de corte, especialmente em operações
em que a ferramenta corta continuamente. Eles lubrificam a interface ferramenta-cavaco a velocidades mais baixas
e em cortes interrompidos. No entanto, a criação contínua de uma superfície nova de cavaco e seu movimento ao
longo da face de saída da ferramenta, juntamente com o contato íntimo entre as duas superfícies, dificultam a
penetração do lubrificante nessa região. Os fluidos de corte também servem para remover os fragmentos de
cavaco da área de corte e proteger a peça de trabalho contra a corrosão por inibição.

O manuseio, reciclagem e descarte de fluidos de corte usados está também ligado a questões ambientais.

Em processos de manufatura subtrativa que usam pequenas partículas para desgaste abrasivo, as partículas
abrasivas são aderidas a um contracorpo composto, normalmente uma roda, que se move contra a peça de
trabalho.
Bio-tribologia
A biotribologia é um campo amplo que estuda o atrito e a lubrificação em organismos vivos. Isso inclui o
estudo do atrito entre tecidos moles dentro do corpo, como no coração, pulmões, olhos e articulações
móveis do esqueleto.

Os bio-tribologistas também investigam fenômenos tribológicos em animais e plantas, como as propriedades


dos pés de insetos e répteis que lhes permitem se mover em superfícies verticais.
Um foco importante é o estudo das articulações sinoviais, essenciais para a locomoção animal, e
o desenvolvimento de métodos bem-sucedidos de substituição de articulações doentes. As
articulações sinoviais apresentam baixo atrito, com coeficientes de atrito entre 0,002 e 0,006. A
lubrificação dessas articulações envolve vários mecanismos que operam em diferentes condições.
No entanto, a degradação da cartilagem nas articulações sinoviais, conhecida como osteoartrite,
compromete a mobilidade em uma parcela significativa da população.
A pesquisa em bio-tribologia nas articulações visam melhorar o desempenho, a durabilidade e os
resultados para os pacientes que necessitam de próteses.
Compreender as complexas interações entre materiais, lubrificação e desgaste nessas
articulações é fundamental para o desenvolvimento de dispositivos protéticos mais eficazes.
Como exemplo, as próteses modernas de quadril substituem os componentes naturais da
articulação por uma esfera metálica lisa na cabeça do fêmur. O sucesso da substituição depende
da escolha dos materiais, do projeto da prótese e das habilidades cirúrgicas. A lubrificação é
diferente das articulações naturais e o objetivo é alcançar baixo atrito e baixa taxa de desgaste, e
vários métodos têm sido usados para reduzir o desgaste nessas próteses, como o uso de
cabeças femorais de cerâmicas polidas.
Os avanços na ciência dos materiais também contribuíram para o desenvolvimento de
biomateriais com propriedades tribológicas aprimoradas, que podem imitar mais de perto o
comportamento das articulações naturais. Além disso, os pesquisadores estão buscando otimizar
os mecanismos de lubrificação nas próteses de quadril. Isso inclui o desenvolvimento de
articulações artificiais autolubrificantes, que podem fornecer uma lubrificação adequada de forma
autônoma, e a exploração de superfícies infundidas com lubrificante, para melhorar ainda mais a
eficiência da lubrificação.
Artigo
Tribologia de compósitos de matriz polimetria na indústria automotiva

Classificação dos compósitos:


- Autolubrificantes
- De Fricção
- Eletricamente condutivos
- Resistentes a alta temperatura
- Auto reparadores
Artigo
Tribologia de compósitos de matriz polimetria na indústria automotiva

Combinações de compósitos para lubrificação


- Níquel (Ni) em Poliamida (Pi)
- Poliamida reforçada com fibra de carbono

Aonde é demonstrado que a combinação de Níquel em poliamida em um aço de


rolamento exibe uma fricção e desgastes muito baixos.
Referência
HUTCHINGS, Ian; SHIPWAY, Philip. Tribology - Friction and Wear of Engineering Materials.
Second Edition, 2017. Published by Elsevier Ltd.
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