Você está na página 1de 12

A

precarização
das vidas na
periferia
Desigualdade social
está atrelada à baixa
expectativa de vida
dos indivíduos que
vivem em favelas
( De acordo com o artigo “The health of people who
live in slums” (tradução livre), publicado pela revista
científica The Lancet, a estimativa é de que quase
1 bilhão de pessoas morem em favelas. )
A questão das favelas assume
dimensão sem precedentes na
história do Brasil. Embora seja
considerado um problema com
raízes históricas no final do século
XIX, de início a favela era um
problema localiza-do nos grandes
centros e assumia, em termos
proporcionais, ainda uma dimensão
mais pontual. Cortiços, estalagens
ou casas de cômodos eram as
formas de moradia pre-dominantes
entre as camadas populares no final
do século XIX e início do século XX.
Em resumo, existem restrições de ordem macroestrutural que
tornam a favela a solução possível para a carência de moradias.
Essas restrições são ainda agravadas pela “funcionalidade” da
sobrevivência da favela para a reprodução do sistema político. De
fato, a tolerância e a acomodação histórica de sucessivos
governos com o problema da favela se refletem, por um lado, na
falta de centra-lidade do tema da habitação nas demandas
populares por políticas sociais e, por outro lado, no papel de
intermediação e coopta-ção das lideranças clientelistas e
populistas que se alimentam da “troca” do apoio à ocupação, visto
como favor e não como direito
Assim, as favelas subsistem e devem continuar
em cena durante um bom tempo. No entanto, as
políticas voltadas especificamente para o
enfrentamento desse problema mudaram,
criando-se hoje um certo consenso acerca da
necessidade de urbanização e melhoramentos,
em detrimento das ações de remoção que
caracterizaram outros períodos.
Nesses termos, um "movimento geral de precarização" se
traduz nas formas de estruturação da vida social nos bairros de
periferia, cada vez mais circunscritas ao improviso e à
instabilidade, que parecem se tornar quase regras gerais. Isso
reforça os argumentos precedentes, a exemplo do de Wacquant
(2005), e também permite atribuir "um sentido teórico explícito à
problemática da exclusão urbana" e abordar os "bairros em
dificuldades", nos quais se acumulam processos de exclusão
social e se reconhece, muitas vezes, a existência de uma
estrutura social própria, através de seus modos de socialização
– e também de isolamento, estigmatização e segregação.
As cidades vem sofrendo,
especialmente depois de 1980, o
declínio do crescimento econômico
e a pressão das políticas neoliberais
que estão gestando um quadro
muito mais complexo de exclusão:
sem que se tenha vencido a velha e
tradicional exclusão, nasceu a nova.
“Infelizmente, se não fossem mobilizações como a Cufa, A
Voz das Comunidades, o Papo Reto e outros coletivos, as
comunidades teriam entrado em convulsão social durante
a pandemia. As favelas também produzem riquezas,
nossa luta é para mostrar que não temos apenas
desgraça”, afirma o ativista.
O que Preto Zezé, líder da CUFA insere nesta fala, é a
discursão sobre a carga sócio-econômica das periferias, e
introduz que a visibilidade das comunidades como um contexto
“geopolítico“ e não apenas como um problema social da
urbanização desenfreada, desencadeia uma força nas políticas
públicas que podem melhorar a qualidade de vida dos
moradores das favelas.
Nature Icons
SEO & Marketing Icons

Você também pode gostar