Cracas • As Cracas (Thoracica) são um crustáceo da família das Cirrípedes, sendo que até meados do século XVIII era considerado – erradamente – um molusco. É nos Açores que encontra uma forte presença de cracas e poderá igualmente degustar esta iguaria. • A melhor maneira de serem cozinhadas é serem mergulhadas ainda vivas com os bicos virados para cima e sem tirar o musgo que as cobre. Extraem-se das cavidades com auxílio de um prego dobrado e depois bebe-se o caldo que restar na cavidade vazia • Apesar do seu aspecto pouco apelativo, as cracas são um petisco delicioso e uma ótima entrada Tigelada • A tigelada é um doce tradicional dos Açores, e a sua receita varia ligeiramente de ilha para ilha. Vou apresentar-lhe uma versão da tigelada que é apreciada em várias partes do arquipélago: Tigelada de Mel. • Doce de colher cozido em forno de lenha, dentro de um caçoilo de barro vidrado médio ou grande, de cor castanho-escuro à superfície e interior amarelo. O seu aroma é essencialmente a canela e citrinos e a textura é similar à de um pudim. • A tigelada era tradicionalmente confecionada nas alturas festivas e a sua origem perde-se no tempo. Era feita sobretudo a partir do início do Verão, o que está relacionado com o facto de ser por esta altura do ano que se começa a crestar as colmeias. A cozedura da tigelada de mel tradicional é feita no forno de lenha e, tendo todas as aldeias um forno comunitário, a vida das mulheres estava facilitada. Assim, a seguir à cozedura do pão, ou após se ter assado o melhor cabrito, fazia-se a "entrada solene" dos tachos de barro onde a tigelada ia a cozer no forno bem quente. Bife à Regional • O bife à regional dos Açores é um ícone da culinária local, apreciado tanto pelos habitantes como pelos visitantes do arquipélago. Este prato distintivo tem as suas raízes na tradição açoriana, utilizando carne maioritariamente proveniente do efetivo leiteiro das ilhas, criado em pastagens verdejantes em harmonia com a natureza. • A história do bife à regional remonta aos primórdios da gastronomia açoriana, quando o cozinheiro Manuel Craveiro, conhecido por confecionar o tradicional bife à inglesa para casas senhoriais em Ponta Delgada, introduziu uma variante deste prato no restaurante de Alcides Cabral de Melo. Esta adaptação, utilizando ingredientes locais como a pimenta da terra e o alho da ilha de São Miguel, rapidamente se tornou popular entre os clientes, dando origem ao bife à Alcides, que figurava nas ementas do restaurante já em 1963. • Um dos locais mais emblemáticos para saborear este prato é o restaurante da Associação Agrícola da ilha de São Miguel, na Ribeira Grande, considerado por muitos como a "catedral da carne" dos Açores. Este espaço tornou-se uma atração turística, recebendo milhares de visitantes que procuram apreciar o sabor autêntico do bife à regional. • No restaurante da Associação Agrícola, para além do bife tradicional, são apresentadas diversas variantes deste prato, utilizando ingredientes regionais como o ananás, o maracujá e o queijo de ilha. Esta diversificação reflete a capacidade de adaptação da culinária açoriana às novas tendências e preferências gastronómicas. • Ao longo dos anos, o bife à regional dos Açores tem recebido a visita de diversas personalidades das artes, do cinema e do espetáculo, que não hesitam em saborear esta iguaria durante as suas passagens pelo arquipélago. Este prato representa não apenas um deleite para o paladar, mas também um símbolo da identidade e hospitalidade açoriana, transmitindo aos seus apreciadores os sabores e tradições únicas deste belo destino gastronómico. Polvo • O polvo dos Açores, embora não seja o prato mais célebre do arquipélago, possui uma história fascinante que remonta aos ciclos económicos e às tradições gastronómicas únicas das ilhas. Inicialmente, o polvo era capturado devido à sua proximidade com os mariscos que se alimentavam dos restos das baleias, revelando assim uma ligação intrínseca entre as vidas marítimas do polvo e da baleia. • No entanto, apesar da sua relevância histórica, o polvo assado nem sempre foi reconhecido como uma especialidade emblemática dos Açores. Foi apenas recentemente que este prato ganhou destaque, sendo nomeado como candidato dos Açores no concurso das maravilhas da gastronomia portuguesa. • A história do polvo dos Açores ganha vida no restaurante Mariserra, na localidade de Roque, na ilha de São Miguel, onde António Cavaco, confrade-mor da Confraria dos Gastrónomos dos Açores, narra as origens e evolução deste prato. Apesar de outras especialidades açorianas terem sido inicialmente consideradas como as principais candidatas, o polvo acabou por se destacar e ser selecionado como finalista, surpreendendo até mesmo os membros da confraria. • António Cavaco destaca a versatilidade do polvo na culinária açoriana, sendo encontrado em diversas preparações, desde arroz a filetes, passando pelo guisado. No entanto, é o polvo assado no forno que se destaca como uma verdadeira iguaria dos Açores, refletindo a riqueza e diversidade da gastronomia local. • Assim, o polvo dos Açores não apenas representa um prato saboroso e tradicional, mas também simboliza a identidade e o património culinário deste magnífico arquipélago atlântico. A sua história única e a sua evolução ao longo dos tempos são testemunhas da riqueza cultural e gastronómica das ilhas açorianas, proporcionando uma experiência gastronómica autêntica e memorável para todos os que têm o privilégio de saboreá-lo. Licor de Leite • Licor de leite é uma deliciosa iguaria tradicional dos Açores, e sua história remonta a tempos antigos. Embora não haja registros escritos específicos sobre sua origem, o consumo de licores faz parte do folclore e dos costumes das gentes açorianas • Como todos os outros licores caseiros, a sua origem perde-se no tempo, se bem que não tenha sido encontrado nenhum registo escrito. Contudo, o consumo dos licores faz parte do folclore tradicional e determinados costumes implicam a sua integração na vida das gentes açorianas. Um desses costumes, que se aplica a todos os outros licores caseiros, é uma curiosa tradição da ilha de S. Miguel em que, por alturas do Natal, grupos de adolescentes vão de porta em porta perguntando se “o menino mija”, oferecendo-se-lhes então um pequeníssimo cálice de licor juntamente com outras guloseimas. • A curiosa particularidade deste licor será talvez a sua dupla utilização: quer como licor, quer através do aproveitamento dos seus resíduos, na confeção do pudim de Natal.
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