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Os doces fazem parte da memória dos alagoanos, integrando sua história desde os
tempos coloniais. Embora tenha surgido como herança dos colonizadores portugueses,
em Alagoas o hábito de fazer doces foi favorecido pela fartura das frutas tropicais
e do açúcar abundante nos engenhos, grande estímulo para a criação das saborosas
iguarias que hoje compõem o cardápio tradicional das famílias.
O antigo povoado de Ipioca tem sua origem ligada ao processo de ocupação das terras
litorâneas da região Norte do Estado e sua igrejinha secular, dedicada a Nossa
Senhora do Ó, remonta ao século XVIII. Aos poucos o núcleo urbano se avoluma,
ocupando os morros, criando ruas e vielas sinuosas, marcadas pelo casario singelo.
Segundo informações orais, a fatura desse quitute remonta a cerca de 100 anos atrás
e as pessoas mais antigas dizem ter aprendido com as avós. Algumas famílias de
baixa renda, moradoras de Ipioca mantém viva a memória dos seus antepassados
através da preservação da tradição. Em volta da atividade se congregam não apenas
as mulheres, mas, também, maridos, dispostos a participar do processo e garantir
auxílio para a sobrevivência material do grupo familiar.
Com o Registro, espera-se que sejam tomadas as devidas iniciativas para salvaguarda
e repasse do conhecimento junto à população detentora do bem, o povo de Ipioca. O
“saber-fazer” do doce deverá ser preservado, divulgado e valorizado de modo a
manter-se na história, não permitindo seu desaparecimento, nem negando às próximas
gerações o deleite que o seu sabor proporciona ao paladar.