1. Pressupostos, perspectivas actuais e desafios na
iniciação ao pensamento geográfico na Educação de Infância. Objectivos específicos
1. Mobilizar conceitos, pressupostos e perspetivas atuais
da abordagem do pensamento geográfico na educação pré-escolar. 1. Desenvolvimento da aprendizagem geográfica • Através da geografia as pessoas descrevem, explicam e estruturam as interacções entre os objectos que existem fisicamente no espaço.
• Os conceitos geográficos assentam em conceitos de
espaço que a criança desenvolve ao explorar o seu meio ambiente. Compreensão do espaço • A exploração do meio começa cedo. • As primeiras compreensões do espaço fornecem dados a partir dos quais a criança desenvolve um mapa representativo do espaço, que se inicia por volta dos 2 anos. • Os conceitos relacionados com a compreensão do espaço topológico são os primeiros a desenvolver-se. Compreensão do espaço • Estes conceitos incluem as relações espaciais formadas por vizinhança ou proximidade, fechamento (em 2 dimensões) envolvimento em 3 dimensões); continuidade; separação; e ordem. • As crianças muito pequenas podem ser familiarizadas com o espaço topológico, porque este não exige referência a linhas restas nem a medição. Compreensão do espaço:
• Por volta dos 4 ou 5 anos, o espaço projectado e o espaço
euclidiano começam a ser esboçados num pano de fundo do espaço topológico.
• As relações projectivas, que envolvem linhas rectas e
perspectivas, começam a desenvolver-se, mas não completamente realizadas antes dos 7 anos. Compreensão do espaço:
• As relações geométricas euclidianas apenas estão
presentes nas crianças mais pequenas na forma de um esboço grosseiro. • À medida que as crianças começam a compreender o espaço projectivo, começam também a aperceber-se que os objectos surgem de forma diferente, quando vistos de ângulos e distâncias diferentes. • Como resultados os mapas tornam-se mais exactos. Compreensão do espaço • Os mapas, gráficos e diagramas incorporam e dependem dos conceitos topológicos, euclidianos e projectivos para proporcionarem uma série de informações.
• A compreensão pelas crianças do espaço euclidiano
desenvolve-se à medida que aprendem a realizar operações aritméticas. Compreensão do espaço
• A aprendizagem do espaço inicia-se com os conceitos de
espaço topológico, que começa com a compreensão de conceitos relativos ao seu próprio corpo e progride para o meio que a rodeia. As relações espaciais são o ponto de partida para a educação geográfica. A aprendizagem geográfica das crianças • Rushddoony (1968) analisou a investigação que se relacionava com as técnicas de leitura de mapas, mas por não serem estudos longitudinais, pouco sistemáticos, com um número reduzido de alunos não se podiam extrair conclusões.
• Rice e Cobb (1978) analisaram a investigação num contexto
mais amplo, relacionado com a educação geográfica em geral e não especificamente com as técnicas de leitura de mapas. • Alguns dos estudos analisados referiram que as crianças do 1.º ciclo do ensino básico, quando recebem orientações sistemáticas, são capazes de funcionar a níveis mais elevados de competência cartográfica e conceptualização.
• Rice e Cobb concluíram que as crianças podem aprender
processos analíticos complexos e conceitos de geografia, quando são participantes activos numa série de inquéritos altamente estruturados e sequencializados. A aprendizagem geográfica das crianças
• Cox(1977) destacou que a investigação sobre a educação
geográfica necessitava de analisar os efeitos da prática pedagógica sobre o desempenho.
• Vários estudos procuraram identificar a sequência em que
melhor se ensinam as técnicas de leitura de mapas relacionado essa aprendizagem com a idade em que aprendem um conceito ou competência geográfica. A aprendizagem geográfica das crianças
• Blaut, McCleary e Blaut (179) concluíram que as crianças do
1.º ano são capazes de ler determinados mapas.
• Blaut e Stea (1974) concluíram que as crianças de 3 anos
são capazes de compreender certos tipos de mapas simples.
• Lanegran, Snowfield e Lauren (1970) verificaram que as
crianças são capazes de aprender os pontos cardeais no jardim de infância. A aprendizagem geográfica das crianças
• Estes estudos indicaram que as crianças pequenas
conseguem , até certo ponto,trabalhar com mapas. A aprendizagem geográfica das crianças • Atkins (1981) examinou os efeitos da prática pedagógica na compreensão pelas crianças das técnicas de interpretação de mapas e do globo terrestre e concluiu que as crianças pequenas aprendem, quando se lhes ensina , de forma sistemática , técnicas de interpretação de mapas e do globo terrestre.
• Outros estudos procuraram comprovar a diferença de
aprendizagem quando se utilizam estratégias pedagógicas adequadas ao ensino da geografia. Conteúdo e ensino de geografia no jardim de infância
• Uma das actividades importantes para a aprendizagem da
geografia é a construção pelas crianças dos seus próprios mapas. • Os professores e educadores devem estimular as crianças a explorar vários mapas. • O globo deverá ser introduzido antes da utilização formal de mapas formais. Conteúdo e ensino de geografia no jardim de infância
• Os primeiros mapas e globos devem ser simples.
• Os mapas devem referir-se a localizações familiares e usar poucos símbolos. • Os mapas topográficos, em alto relevo, são particularmente adequados às crianças mais pequenas. Conteúdo e ensino de geografia no jardim de infância • A direcção é uma componente importante dos mapas e globos. • As crianças pequenas devem começar por descrever o lugar das coisas em relação a si próprias, às outras e aos outros objectos. • Devem realizar primeiro exercícios simples de direcção (em cima, em baixo, esquerda, direita e só depois Norte/Sul). • Pode-se iniciar as crianças nas distâncias relativas “próximo”, “longe” e “mais longe”. • A utilização de grelhas, em mapas de estradas, das cidades. Tarefa de grupo 4- pensamento geográfico A partir da leitura do artigo e da tese de doutoramento indicados abaixo apresente um conjunto de atividades/estratégias que promovam o pensamento geográfico das crianças de Educação Infantil. Bohan, C. (2001). Begin, Where I am: Kindergarden Geography. Georgia State University.
Juliazs, P. (2017). O pensamento espacial na educação
infantil: uma relação entre Geografia e Cartografia. Tese de Doutoramento. Faculdade de Educação de São Paulo. Desenvolvimento da compreensão económica
• A economia é o estudo de como as pessoas equilibram
carências ilimitadas com recursos limitados.
• Que conceitos económicos podem compreender as crianças
nos primeiros anos da infância?
• Kourilsky e Hirshleifer (1976) identificaram 9 conceitos como
perceptíveis pelas crianças de jardim de infância e do 1.º ciclo do ensino básico: escassez; tomada de decisões; preço de ocasião e análise custo-benefício; produção; especialização; distribuição; consumo e poupança; oferta e procura; organização empresarial e risco empresarial; e dinheiro e troca de géneros. Estádios de desenvolvimento do pensamento económico • Danziger (1958) enunciou 4 estádios de desenvolvimento do pensamento: 1- constatou que as crianças mais novas demonstravam pouca ou nenhuma compreensão do dinheiro; 2- as crianças mais velhas usavam uma explicação funcional, ritualista ou moralista, da troca e do uso do dinheiro; Estádios de desenvolvimento do pensamento económico 3-à medida que amadureciam, as crianças descreviam a reciprocidade entre as pessoas e encaravam o dinheiro mais como um meio de troca do que como um artigo que se troca por outro;
4- os alunos mais velhos e mais amadurecidos, por volta dos
8 anos, compreendiam e descreviam as relações entre uma ampla variedade de conceitos económicas. O conceito de dinheiro • Furth (1980) e Fox (1978) estudaram a forma como as crianças dos 4 aos 6 anos entendiam o conceito de dinheiro e concluíram que elas tinham pouca ou nenhuma compreensão da natureza recíproca das transacções entre compradores e vendedores efectuadas nas lojas, encarando o dinheiro como parte de um ritual que se passava nas lojas. A capacidade das crianças para aprenderem conceitos económicos
• Os trabalhos de investigação de Armanto e Flores (1986),
Shung (1981, 1983) e Shung e Birkey (1985) vieram demonstrar que existem diferenças desenvolvimentais na aprendizagem da economia pelas crianças. • A crianças mais novas demonstraram um raciocínio concreto e, por vezes , moralista. • No entanto, a investigação realizada sobre conceitos específicos de economia vieram comprovar que as crianças mais novas não entendiam as relações entre os conceitos e eram incapazes de definir ou explicar conceitos económicos. A capacidade das crianças para aprenderem conceitos económicos • Armento e Flores (1986) descobriram uma mudança desenvolvimental significativa, relacionada com a idade, nas respostas das crianças a perguntas relativas a conceitos micro e macroeconómicos.
• Concluem que a exposição sistemática das crianças a
actividades directas com conceitos económicos pode ser importante para o desenvolvimento desses conceitos. A capacidade das crianças para aprenderem conceitos económicos
• Sugerem que o conteúdo económico do currículo para as
crianças novas incluíssem as transacções comercias; o processo de fabrico de mercadorias e o fornecimento de serviços. O ensino de conceitos económicos
• Hansen ( 1985) resumiu a investigação relacionada com a
educação económica na infância e concluiu que as crianças entram para o ano preliminar ao ensino básico com uma literacia económica baseada na experiência e que, por isso, são capazes de adquirir conceitos económicos. Implicações • Existem provas de que aos 5 anos as crianças já conseguem aprender conceitos económicos e tomar decisões quanto ao seu uso.
• As crianças aprendem melhor os conceitos económicos
através de experiências reais.
• Ainda não é claro o momento em que as crianças estão
desenvolvimentalmente preparadas para aprender conceitos económicos. Socialização política
• A investigação sobre a socialização política sugere que os
programas de estudos sociais podem estimular melhor o desenvolvimento das crianças através da discussão de personagens, questões e preocupações políticas.
• Os professores/educadores devem promover a discussão
política. • Os investigadores fizeram notar a importância das experiências não políticas como, por exemplo, a interacção social com os colegas, os pais e os professores, que ajudam as crianças a aprender e generalizar a compreensão do mundo político.
• Concluiu-se que as crianças pequenas são pensadoras
políticas intuitivas. Leituras recomendadas Carvalho, G. & Freitas, M. Luísa (2010). Metodologia do Estudo do Meio. Luanda: Plural editores. http:// repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10730/1/Metodol_Estu do_do_Meio.pdf
Enciclopédia de Educação Infantil, Vol. 2 (O Meio Físico e Social).
Hohmann, M & Weikart, D. P. (1997). Educar a Criança. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian. Leituras recomendadas Hohmann, M & Weikart, D. P. (1997). Educar a Criança. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Whitebread, D. (Ed.) (1996). Teaching and Learning in the
Early Years. London: Routledge. Leituras recomendadas
Juliazs, P. (2017). O pensamento espacial na educação
infantil: uma relação entre Geografia e Cartografia. Tese de Doutoramento. Faculdade de Educação de São Paulo.