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GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS

Profª: Ana Selma Sena


A criança no mundo e o mundo da
criança

A maioria dos livros didáticos adotados para o


segmento de 1° ao 5° ano da Educação Básica organizam
o conteúdo de forma sistemática e gradativa, como se o
universo da criança estivesse restrito nos primeiros anos
e fosse ampliado, de forma gradativa, ao longo dos anos
seguintes. Assim, o modelo mais comum que
observamos é a apresentação de conteúdos na seguinte
estrutura:
ANO CONTEÚDO
1º A casa, a rua, a escola e o bairro.

2º O município – seus limites, aspectos históricos, físicos e econômicos.

3º O Estado – elementos físicos, humanos e econômicos, espaço urbano e rural


e meios de transporte.

4º O Brasil e suas regiões – aspectos descritivos da paisagem e a divisão


geográfica.

Esta estrutura pressupõe que o mundo da criança está fechado e


limitado e que caberá somente ao ambiente escolar ampliar a sua
dimensão de mundo. Este modelo despreza os percursos
realizados pela criança em outras esferas, os seus passeios com a
família, as viagens realizadas, e, sobretudo, o acesso à televisão
que descortina uma série de outros lugares e culturas para o
universo infantil, mesmo que inadvertidamente.
É o modelo de educação bancária ao qual se referia Paulo Freire,
onde o aluno é apenas um local de depósito de informações, sem
considera-lo como um sujeito ativo no processo. Nesta proposta, o
individuo estaria sujeito à influência de apenas duas fontes de
informação: a casa (família) e a escola (professores), como está
representado na figura a seguir:

Formação centrada na casa e na escola


Neste modelo, um aluno de sete anos que chegasse na escola
após uma viagem e desejasse compartilhar sua experiência, o
professor não conseguiria contextualizar esta vivência no
conteúdo de Geografia, já que ele estaria limitado ao bairro. Ou
seja, embora a escolha dos conteúdos como a rua e o bairro,
pressupõem uma aprendizagem a partir da realidade do aluno,
elas não o fazem, pois partem do princípio que o universo de um
indivíduo está restrito apenas ao espaço geográfico do seu
entorno.
Não consideramos o acesso ao universo de informações de vários
locais do mundo e as facilidades com os meios de transportes
atuais (mais rápidos, mais seguros e mais baratos) que
possibilitam o deslocamento da família com maior freqüência e
maiores distâncias. Assim, não é mais possível estruturar a
Geografia enquanto disciplina a partir da restrição e não da
ampliação do imaginário geográfico dos alunos.
O acesso à informação na sociedade de informação
é realizado por meio das mais diversas fontes.
Mesmo o aluno mais excluído economicamente e
digitalmente, conhece a existência de outras formas
de informação e faz uso delas, muitas vezes usando
caminhos ilícitos. Veja o modelo atual, que se
contrapõe com a educação bancária:
Formação na sociedade
informacional

Considerando as orientações dos Parâmetros Curriculares


Nacionais, uma estrutura organizada em grandes eixos temáticos e
voltada para a análise e reflexão da realidade local do aluno,
sempre em contraponto com o global, nos parece mais adequada
ao fluxo de informações e conhecimentos ao que nossos alunos
estão sujeitos nos dias de hoje.
Uma proposta com eixos temáticos
integradores

Os primeiros anos do Ensino Fundamental são essenciais no


processo de construção de conceitos que serão utilizados na
disciplina ao longo de toda a Educação Básica. Muitos professores
encontram dificuldades com os alunos do 6° ano, e estas
dificuldades estão associadas ao processo de desconstrução de
uma série de informações distorcidas trazidas pelos alunos em
sua formação nos primeiros anos. Um dos problemas detectados
no Ensino Fundamental, diz respeito aos limites na capacidade de
abstração dos alunos em relação aos conteúdos.
Mas muito deste limite está associado ao processo de
construção equivocado, que aí sim, cria limites e barreiras na
aprendizagem. Para o desenvolvimento pleno da aprendizagem
no segundo segmento do Ensino Fundamental (6° ao 9° ano), os
alunos deveriam apresentar:
1. Familiaridade com o mapa-múndi e suas representações;

2. Compreensão do formato da Terra e sua estrutura interna;

3. Capacidade de orientação através do conhecimento dos pontos


cardeais e movimentos da Terra;

4. Conhecimentos dos elementos básicos da cartografia,


legendas, símbolos, fronteiras e demais representações;

5. Estrutura consolidada nos conceitos básicos de local/global e


sua inserção no mundo;

6. Conhecimento de temas relacionados ao meio-ambiente e


diversidade.
O mais fascinante no trabalho com os primeiros anos é a
possibilidade de trabalhar com materiais concretos. Desde o
primeiro ano os alunos devem manusear um globo terrestre, de
preferência de plástico inflável. O manuseio e a construção de
maquetes, planetas (de massa ou isopor), desenho de mapas,
observação direta (movimento do sol, estrelas, problemas
ambientais), permitem a internalização de conceitos básicos que
serão retomados e aprofundados nas séries mais avançadas.
Esta estratégia pedagógica, desenvolve o espírito investigativo
do aluno, bem como possibilita a reflexão e a criticidade. Quanto
mais materiais oferecemos aos alunos, mais ampliamos sua
perspectiva de mundo. Não é preciso se preocupar, acreditando
que a diversidade confundirá os alunos. Basta pensar na
perspectiva dos brinquedos, eles são capazes de brincar com uma
variedade grande e nunca se cansam de explorar coisas novas.
Os elementos necessários para o
desenvolvimento da aprendizagem em
Geografia nos primeiros anos, podem ser
desdobrados em eixos temáticos para cada
série, como mostra a sugestão a seguir:
Eixos temáticos integradores

Minha casa no mundo


1º Ano
Nosso planeta, nossa casa

2ºAno
Como a terra funciona

Conhecendo os caminhos
3ºAno
A formação da terra: Dos dinossauros
ao homem
4ºAno
A diversidade de pessoas, culturas e
lugares
Além das fronteiras: O mundo do
conhecimento
Nesta proposta, é possível trabalhar os temas transversais
inseridos no conteúdo da disciplina, observando a construção de
conceitos elementares como orientação, formação e estrutura da
Terra, cartografia e diversidade de pessoas e lugares.
Para o desenvolvimento de uma proposta desta natureza, temos
excelentes materiais disponíveis que podem ser utilizados em
sala de aula. O livro do Pequeno Príncipe, por exemplo, além dos
valores básicos de amizades, respeito, diversidade, etc. pode ser
utilizado como uma introdução ao que estudamos em Geografia,
para que, e por que. Muitos outros livros infanto- juvenis podem
servir como apoio para o desenvolvimento dos conteúdos.
O mais fascinante no trabalho com os primeiros anos é a
possibilidade de trabalhar com materiais concretos. Desde o
primeiro ano os alunos devem manusear um globo terrestre, de
preferência de plástico inflável. O manuseio e a construção de
maquetes, planetas (de massa ou isopor), desenho de mapas,
observação direta (movimento do sol, estrelas, problemas
ambientais), permitem a internalização de conceitos básicos que
serão retomados e aprofundados nas séries mais avançadas.
Esta estratégia pedagógica, desenvolve o espírito investigativo
do aluno, bem como possibilita a reflexão e a criticidade. Quanto
mais materiais oferecemos aos alunos, mais ampliamos sua
perspectiva de mundo. Não é preciso se preocupar, acreditando
que a diversidade confundirá os alunos. Basta pensar na
perspectiva dos brinquedos, eles são capazes de brincar com uma
variedade grande e nunca se cansam de explorar coisas novas.

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