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Aprendizagem da Matemática

O processo de ensino-aprendizagem sobre geometria


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Nesta webaula, abordaremos o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos relativos à geometria, de acordo
com os objetos e habilidades descritos na BNCC para o ensino fundamental I e para a educação infantil.

Ao trabalharmos com as crianças pequenas, precisamos levar em conta as particularidades dessa fase,
considerando que elas aprendem sobre o que existe à sua volta mediante as descobertas. Por isso, não devemos
antecipar a formalização de conceitos, mas propiciar e estimular atividades para que elas, individualmente e/ou
em grupos, realizem diversas explorações e investigações utilizando seus sentidos, para que, assim, possam
enriquecer suas interações e aguçar suas curiosidades e interesses. 

A seguir, veja os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento relacionados com os conteúdos da unidade


temática geometria do ensino fundamental I.

Habilidades da educação infantil relacionadas à unidade temática geometria

Objetivos de aprendizagem e Relação com a unidade temática geometria


desenvolvimento (habilidades)

(EI01ET04) Manipular, experimentar, Essas habilidades têm o mesmo foco que as habilidades
arrumar e explorar o espaço por meio de referentes à localização, cujo objetivo é localização e
experiências de deslocamentos de si e dos movimentação de objetos e pessoas no espaço, utilizando um ou
objetos. mais pontos de referência e indicação de mudança de sentido e
direção. 
(EI02ET04) Identificar relações espaciais
(dentro e fora, em cima, embaixo, acima,
abaixo, entre e do lado) e temporais
(antes, durante e depois).

(EI03ET01) Estabelecer relações de Essa habilidade pode ser vista como introdução para que as
comparação entre objetos, observando crianças aprendam a relacionar figuras geométricas espaciais
suas propriedades. (cones, cilindros, esferas e blocos retangulares) a objetos
familiares do mundo físico.

(EI02ET05) Classificar objetos, Essas habilidades estão relacionadas à grande parte das
considerando determinado atributo habilidades cujos objetivos referem-se às figuras planas:
(tamanho, peso, cor, forma etc.). reconhecimento do formato das faces de figuras geométricas
espaciais; reconhecimento e características de figuras
(EI03ET05) Classificar objetos e figuras de geométricas planas e espaciais.
acordo com suas semelhanças e
diferenças.

 Fonte: adaptado de BRASIL (2018).


Atividades lúdicas
Mesmo que haja relação entre as habilidades do ensino infantil e as das séries iniciais do fundamental, não
podemos esquecer que a forma de apresentar e estimular o aprendizado é bem diferente. No ensino infantil, os
conceitos precisam estar implícitos em brincadeiras, histórias, jogos, músicas, desafios, tudo com a maior
diversidade possível, para que estimulem os seus diferentes sentidos e curiosidades. 

Já no que se refere às séries iniciais do ensino fundamental, mesmo que haja um amadurecimento dos
alunos e na forma de ensinar geometria, os algoritmos não devem ser vistos como foco.

Avaliação diagnóstica
Pensando nisso, é importante que não apenas as atividades partam das práticas sociais vividas pelos alunos,
como também as formas de avaliar. Logo, a avaliação diagnóstica deve ser aplicada ao iniciar uma nova
competência, pois ela, basicamente, tem a função de coletar informações sobre os conhecimentos prévios, as
aptidões e as dificuldades dos alunos, para que seja possível planejar e realizar atividades de acordo com as
situações identificadas. 

Geometria
De acordo com a BNCC (2018), a geometria é utilizada em diversas áreas do conhecimento auxiliando inclusive na
resolução de problemas reais. O conjunto de objetivos de conhecimento e habilidades que envolvem essa unidade
temática é amplo e visa, entre outros, desenvolver o pensamento geométrico dos alunos ao trabalhar com formas
e relações entre elementos de figuras planas e espaciais, além de posição e deslocamento no espaço. 

A geometria é a parte da matemática que o aluno identifica a conexão com a realidade mais facilmente, além de
promover valores estéticos e culturais, já que através dela o aluno pode observar a arte, as construções
arquitetônicas e até mesmo a própria natureza. No entanto, muitos alunos apresentam dificuldades em entender
e diferenciar alguns conceitos geométricos justamente porque eles são apresentados nas aulas de forma abstrata,
mecânica e algorítmica, sem relação com objetos reais. No entanto, o fato de a geometria poder ser vista na
prática não significa que seus conceitos matemáticos são simples.

Círculo e esfera 

Um exemplo de dificuldade que as crianças podem apresentar no aprendizado de geometria é no momento


de diferenciar um círculo de uma esfera. Uma maneira de ajudá-las a compreender essas diferenças é
fazendo associações com objetos do mundo físico, como afirma a habilidade EF01MA13 do primeiro ano
“Relacionar figuras geométricas espaciais (cones, cilindros, esferas e blocos retangulares) a objetos familiares
do mundo físico.” (BRASIL, 2018, p. 279). Para isso, leve objetos como bolas de diferentes esportes, como
futebol, voleibol, basquetebol, pingue-pongue, para representar a esfera e objetos como tampas de lata de
achocolatado, CD’s, moedas e etc., para representar os círculos. A ideia é que façam associação de diferentes
objetos com uma mesma figura geométrica. Nessa perspectiva é interessante que a inserção de uma nova
competência seja feita de forma lúdica, associada, sempre que possível, com objetos reais, para que a criança
possa observar semelhanças e/ou diferenças entre eles e assim construir um conhecimento mais sólido,
obtendo autonomia e confiança.

Poliedros e corpos redondos 

Entre as habilidades para o segundo ano está a que se refere ao reconhecimento de características de figuras
espaciais, que na verdade é a introdução do conceito de poliedros e corpos redondos. Mas, o que as crianças
devem aprender e saber expressar é se a figura tem ou não face, se ela é redonda ou não. Uma maneira de
transmitir para a linguagem delas é pedir que associem corpos redondos a objetos que rolam. As faces
podem ser trabalhadas, inicialmente, como a parte em que as figuras conseguem ficar sobre a mesma.
Partindo do pressuposto de que a habilidade EF01MA13, citada anteriormente, foi trabalhada no primeiro
ano e, portanto, as crianças já devem associar alguns objetos às figuras geométricas, leve objetos que
lembrem cubos, esferas, cone, pirâmide e bloco regular e questione-as sobre quais elas acreditam que
rolariam ou não, e o porquê (segundo elas) de isso acontecer. Em seguida, faça o teste e mostre quais de fato
rolam e apresente o conceito de corpos redondos e poliedros a partir do que elas disserem.
Assim, com base em estudos recentes sobre aprendizagem infantil e sobre o ensino de Matemática nessa fase,
somados ao desenvolvimento e implementação de documentos orientadores dos currículos como a BNCC, o
ensino de geometria ganhou mais espaço, tornando-se uma das cinco unidades temáticas. Isso deve-se ao fato de
que, ao desenvolver o pensamento geométrico, a criança torna-se capaz de investigar propriedades, conjecturar e
fazer argumentos convincentes, características fundamentais para seu desenvolvimento em outras áreas da
Matemática e em outras disciplinas.

Planificações
No último ano do ensino fundamental I há habilidades que se referem ao trabalho com planificações,
competências que visam aprofundar e fixar a compreensão das propriedades e características das figuras
geométricas espaciais, estabelecendo relações com suas representações planas e observando-as sob diferentes
pontos de vista.

É possível realizar atividades de planificações com materiais de fácil acesso, como caixinhas de pasta de dente,
sabonete (no caso de prismas retos); já para cilindro é possível juntar o suporte central do papel higiênico. A
utilização de tais objetos reforça, implicitamente, a ideia de que as figuras geométricas estão em lugares que eles
nem imaginariam.

É importante manter-se atento no processo de ensino-aprendizagem, observando o progresso e as


dificuldades dos alunos, para que seja retomado, sempre que necessário e possível, o conceito com que
tiverem dificuldades. Isso pode ser feito por meio de uma avaliação contínua, que tem como objetivo analisar
o desenvolvimento do aluno (levando em consideração seu conhecimento prévio e o objetivo de cada
competência), e, de acordo com os resultados dela, rever o seu próprio método de ensino. Segundo Saraiva
(2003), a validade de uma teoria/método de ensino é desenvolvida pelo professor sobretudo pela reflexão
sobre sua prática em sala de aula, e essa reflexão é o processo-chave do desenvolvimento profissional.

Tato como ferramenta de ensino 


Sabendo que as crianças da educação infantil aprendem melhor usando todos os seus sentidos, seria interessante
usar o tato delas para que percebam a diferença entre figuras planas e espaciais. Uma sugestão seria colocar
alguns objetos para representar essas figuras em uma mesa, vendar os olhos dos alunos e pedir para que peguem
um objeto e o identifiquem apenas com o toque, e depois retirar a venda para conferir. No decorrer da atividade,
questione-os sobre o porquê ou como identificaram a figura e, quando errarem, fale sobre alguma característica
dela para que, ao final da atividade, eles saibam diferenciá-la de outras.

Além da continuidade, essa avaliação deve ser feita com a maior diversidade possível, utilizando registros ou
oralmente, de forma coletiva ou individual, tornando viável avaliar não só as competências referentes à geometria
como o desenvolvimento social do aluno. 
Avaliação somatória
Para finalizar a avaliação da unidade temática geometria, indica-se a utilização de uma avaliação somatória, cujo
objetivo é diagnosticar o aprendizado em um prazo maior de tempo. Essa avaliação deve ser feita de várias
maneiras, e não apenas escrita: é possível propor, por exemplo, uma gincana de charadas, em que as respostas
sejam figuras geométricas planas e/ou espaciais e os enigmas contenham características dessas figuras. O
professor faz a charada, cada dupla a responde em um papel e depois todos mostram suas respostas juntos, o
que dará a oportunidade de todas as duplas participarem de todas as charadas. Após cada resposta, pode
questioná-los sobre qual parte da charada ou qual característica fez com que eles chegassem à resposta dada
(sendo ela certa ou errada) e só depois de os alunos exporem seus argumentos o professor diz a resposta correta.
Nesse processo, o professor pode observar a postura em relação às respostas e aos argumentos dados para
avaliá-los.

Qualquer que seja a forma escolhida para avaliar, é importante valorizar maneiras que considerem a capacidade
do aluno de reconhecer e diferenciar as características das figuras geométricas planas e espaciais, de localização a
partir de referenciais externos e/ou em planos cartesianos, e, ainda, de expressar tais conceitos de forma correta
com suas próprias palavras.

Contudo, é importante lembrar que o conhecimento do professor deve ser contínuo, desde sua formação inicial e
durante sua atuação profissional. Por isso, é fundamental procurar se manter atualizado em relação aos estudos
de novas maneiras de ensinar geometria, pois, além das particularidades do processo de ensino dessa área, é
preciso levar em conta o quão diferente um aluno é de outro e que uma metodologia que funcione com uma
turma não necessariamente funcionará com outra. Dessa maneira, o acesso à tecnologia amplia as possibilidades
de trabalho e a troca de experiências com outros profissionais, podendo ajudar a compreender certas dificuldades
enfrentadas por você. 

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