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Cinco lições em

Psicanálise
Freud (1910)
Contexto das Cinco Lições
• As cinco lições foram proferidas nas festividades do 20º aniversário de fundação da Clerk University,
em Worcester, Massachusetts, em setembro de 1909.
• Essas conferências propunham uma espécie de síntese da doutrina do primeiro Freud, aquele, otimista,
da Belle Époque, convencido de ter imprimido ao mundo o impulso de uma revolução do íntimo. Nessa
data, ainda não haviam aflorado as noções de narcisismo, metapsicologia, tópicas complicadas ou pulsão
de morte. Freud falava em libido, cura e manifestações do inconsciente na vida cotidiana (Roudinesco);
• “Na época eu tinha apenas 53 anos, sentia-me jovial e saudável, a breve estadia no Novo Mundo fez
muito bem à minha autoestima. Na Europa, eu me sentia um desterrado, nos Estados Unidos me vi
acolhido pelos melhores como um igual. Quando subi à cátedra em Worcester para proferir as minhas
‘Cinco lições de psicanálise’, foi como a realização de um sonho improvável. A psicanálise então não
era mais uma ilusão, transformara-se em uma preciosa parcela da realidade”.
Na fotografia do grupo, realizada no dia da
cerimônia, percebemos, em pé na primeira
fila, Freud e Jung, vestindo sobrecasaca
preta, ao lado de Stanley Hall, Adolf Meyer,
Franz Boas, William James. Atrás deles,
Jones, Brill, Ferenczi, Michelson,
Rutherford.
Embora tenha conquistado o Novo Mundo, Freud nem por isso
deixou de continuar a ver a América como “uma máquina
louca”: “Meu sucesso será curto, os americanos me tratam feito
uma criança que se diverte com sua boneca nova, a qual logo
será substituída por um novo brinquedo.”
Alguns anos mais tarde, a psicanálise tornou-se o “tratamento
mental” mais popular do continente americano. Varreu as velhas
doutrinas somáticas, implantou-se no lugar e no espaço da
psiquiatria, ridicularizou os grandes princípios da moral
civilizada e suscitou o entusiasmo da classe média.
Compreende-se então a fúria gerada, na sequência, contra aquele
europeu pessimista, pouco inclinado a aderir ao eixo do bem e
do mal em matéria de sexualidade. Ele não semeara, em 1909, a
confusão na consciência pesada dos puritanos? Na realidade, os
americanos receberam triunfalmente a psicanálise pelo que ela
não era – uma terapia da felicidade – e a rejeitarão sessenta anos
mais tarde por não cumprir a promessa que não poderia cumprir.
Josef Breuer (1842-1925)
• Foi um médico e fisiologista austríaco;
• Em 1880, aliviou os sintomas de depressão e hipocondria (histeria) de
uma paciente, Bertha Pappenheim, depois de induzi-la a recordar
experiências traumatizantes sofridas por ela na infância;
• A hipótese de Breuer salienta que a causa primeira da histeria pode ser
encontrada na interferência de um estado anormal de funcionamento da
consciência denominado "hipnoide". Trata-se de uma situação limítrofe
entre o sono e a vigília que torna o doente mais suscetível à sobrecarga
de afeto. Nessa linha explicativa, o que determina o desencadeamento
da histeria é o fator hereditariedade. Em última instância, trata-se de
uma predisposição congênita que gera um funcionamento anormal do
cérebro e da consciência.
Freud X Breuer
Temos entre Freud e Breuer uma discussão polarizada em torno de qual fator
exerce maior influência na etiologia dos fenômenos histéricos. Trata-se de uma
querela entre "determinismo psíquico versus determinismo fisiológico"
(Freud, 1914/1999: 48). A depender da escolha que se faça, a hipótese dinâmica
esboçada para a formação dos sintomas pode ser valorizada e interpretada de
maneiras distintas.
Breuer aceita a tese de que, enquanto um dos componentes da energia psíquica, a
sexualidade participa da formação dos sintomas histéricos. Não reconhece,
contudo, o alcance ampliado da sexualidade na origem da dissociação psíquica.
Essa é a direção para onde Freud é levado pela escuta das histéricas
(RABELO, Sobre o legado de Breuer e Anna O. Tempo psicanal, 2011).

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