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História da filosofia –

Bacon-Descartes
Me. João Vitor dos Santos
Francis Bacon e os empiristas

• Francis Bacon (1561-1626), filósofo e político inglês.

• Fundador do método indutivo moderno e um dos pioneiros na


sistematização e no debate sobre os fundamentos da Ciência.

• Seu livro mais importante, O avanço do saber, é notavelmente moderno


em muitos aspectos. Em geral, é tido como a origem do ditado “Saber é
poder”; e, embora possa haver predecessores que disseram o mesmo,
Bacon o fez com nova ênfase. O fundamento de sua filosofia era
inteiramente prático: conferir à humanidade o domínio das forças da
natureza mediante descobertas e invenções científicas. 696
Francis Bacon e os empiristas

• Dedução: processo de raciocínio através do qual é possível,


partindo de uma ou mais premissas aceitas como
verdadeiras, a obtenção de uma conclusão necessária.
(Euclides e os lógicos).

• Indução: raciocínio que parte de dados particulares (fatos,


experiências, enunciados empíricos) e, por meio de uma
sequência de operações cognitivas, chega a leis ou conceitos
mais gerais, indo dos efeitos à causa, das consequências ao
princípio, da experiência à teoria.
Francis Bacon e os empiristas

• Indução por enumeração simples: era uma vez um censor


que precisava registrar o nome de todos os chefes de família
de uma aldeia galesa. O primeiro por ele questionado se
chamava William Williams; o segundo, o terceiro e o quarto
também. Por fim, o censor disse a si mesmo: “Que maçante!
É evidente que todos se chamam William Williams.
Colocarei isso no papel e tirarei uma folga.” O oficial,
porém, estava enganado: havia um único homem chamado
John Jones. Claro fica, portanto, que podemos nos equivocar
caso confiemos muito cegamente na indução por
enumeração simples. 697
Francis Bacon e os empiristas

• Seu método consistiu em fazer uma lista de corpos quentes,


uma lista de corpos frios e uma lista de corpos com graus
variáveis de calor. Com elas em mãos, esperava identificar
alguma característica sempre presente nos corpos quentes e
sempre ausente nos corpos frios, bem como presente em
graus variáveis nos corpos dotados de diferentes graus de
calor. Valendo-se de um método assim, queria identificar leis
gerais, chegando, em primeiro lugar, ao grau mais baixo de
generalidade.
Francis Bacon e os empiristas

• A partir de certo número dessas leis, chegaria então às leis


do segundo grau de generalidade — e assim por diante. Uma
lei sugerida deveria ser verificada mediante sua aplicação a
circunstâncias novas; estaria confirmada na mesma medida
em que funcionasse. Alguns casos são especialmente
valiosos porque nos permitem escolher entre duas teorias,
ambas possíveis na medida em que observadas as
considerações anteriores; esses casos são denominados
“prerrogativas”.
Francis Bacon e os empiristas

• Bacon supunha que as hipóteses poderiam ser diretamente


derivadas das leis e dos dados encontrados.

• As hipóteses, historicamente, no entanto, nunca puderam ser


derivadas diretamente da observação: é preciso que o
cientista invente teorias que sejam capazes de organizar os
dados e não o contrário.

• Um behaviorista e um psicanalista observam um sujeito com


comportamentos/pensamentos obsessivos.
Francis Bacon e os empiristas

• Bacon também, em certa medida, subestimou o papel da


dedução nas ciências: as diferentes lógicas e sistemas
matemáticos.

• Talvez até hoje não superamos o problema da indução por


enumeração simples: como se sabe que os dados são
suficientemente abrangentes?
Descartes

• René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês.

• Considerado o fundador da filosofia moderna: primeiro


grande pensador que considerou a revolução científica que
estava ocorrendo e, em certa medida, primeiro pensador que
impôs o problema da subjetividade.

• Irá propor um sistema filosófico “desde o zero”.


Descartes

• Vendeu as terras que foram herdadas de seu pai e investiu o


dinheiro, recebendo uma renda suficiente para seu próprio
sustento.

• Retirou-se pra Fauborg Saint-Germain, no entanto, quando seus


amigos o descobriram, alistou-se no exército holandês e pôde
desfrutar mais 2 anos de solidão.

• Foi durante o inverno de 1619-20, na Bavária, em plena guerra,


que o autor teve a experiência descrita em Discurso do Método.
Descartes

• Certa manhã, sob o tempo frio, entrou onde ficava o fogão e


permaneceu ali durante todo o dia, meditando; segundo seu
próprio relato, metade de sua filosofia estava já concluída
quando enfim saiu […]. 717

• Por intermédio de embaixador francês, Descartes,


infelizmente, travou correspondência com a rainha Cristina
da Suécia.

• Faleceu em 1650.
Descartes

• Diversas contribuições no campo científico: superadas


atualmente: sangue que evapora.

• Revolucionou a matemática e a geometria: a criação do


plano cartesiano.
Descartes

• Cérebro como morada da alma:

• Via os corpos dos homens e animais como máquinas; os


animais, comparava a autômatos governados inteiramente pelas
leis da física e carentes de sentimento ou consciência. Os
homens, por sua vez, eram diferentes: possuíam alma residente
na glândula pineal.

• Ali, ela entraria em contato com os “espíritos vitais”, e mediante


esse encontro dar-se-ia a interação entre alma e corpo. 720
Descartes

• Em Aristóteles, temos 3 almas: a vegetativa, a sensitiva e a


racional; em Descartes, teremos somente a racional.

• Discurso do método (1637) e as Meditações Metafísicas (1642).

• Metafísica: qualquer sistema filosófico voltado para uma


compreensão ontológica, teológica ou suprassensível da
realidade.

• Início da dúvida cartesiana.


Descartes

• Assim, o meu desígnio não é ensinar aqui o método que cada


qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas apenas
mostrar de que maneira me esforcei por conduzir a minha.
30*

• Processo pessoal? Iluminismo alemão e Kant.


Descartes

• A relativização da moral e dos costumes: De modo que o


maior proveito que daí tirei foi que, vendo uma porção de
coisas que, embora nos pareçam muito extravagantes e
ridículas, não deixam de ser comumente acolhidas e
aprovadas por outros grandes povos, aprendi a não crer
demasiado firmemente em nada do que me fora inculcado só
pelo exemplo e pelo costume; e assim, pouco a pouco, livrei-
me de muitos erros que podem ofuscar a nossa luz natural e
nos tomar menos capazes de ouvir a razão. 33*
Descartes

• Mas não temerei dizer que penso ter tido muita felicidade de
me haver encontrado, desde a juventude, em certos
caminhos, que me conduziram a considerações e máximas,
de que formei um método, pelo qual me parece que eu tenha
meio de aumentar gradualmente meu conhecimento, e de
alçá-lo, pouco a pouco, ao mais alto ponto, a que a
mediocridade de meu espírito e a curta duração de minha
vida lhe permitam atingir. 29*

• A procura pelo método.


Descartes

• O que Descartes aprendeu com a Lógica/Matemática:

1. Jamais aceitar qualquer saber como verdadeiro se ele não lhe parecer
absolutamente evidente.

2. Dividir cada um dos problemas que eu encontrar em parcelas menores quantas


vezes for possível.

3. Estabelecer uma ordem de problemas que vão dos mais simples aos mais
complexos ordenadamente.

4. Enumerações, observações e revisões devem ser realizadas o maior número de


vezes e de forma mais abrangente possível.
Descartes

• Como ele precisava duvidar das coisas e tentar criar um


saber provisório, Descarte propõe sustentar uma moral
provisória que ele mesmo criou: isso é um passo importante.
Durante esse processo, ele chega a experimentar outras
ocupações, chegando à conclusão que ser filósofo é melhor.

• Inicia suas meditações após 9 anos de experimentos durante


sua retirada para a Holanda.
Descartes - A dúvida radical

• De há muito observara que, quanto aos costumes, é


necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem
muito incertas, tal como se fossem indubitáveis, como já foi
dito acima; mas, por desejar então ocupar-me somente com a
pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir
exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso
tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim
de ver se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que
fosse inteiramente indubitável. 46*
Descartes - A dúvida radical

• Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes,


quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como
eles nos fazem imaginar. E, porque há homens que se
equivocam ao raciocinar; mesmo no tocante às mais simples
matérias de Geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei
como falsas, julgando que estava sujeito a falhar como
qualquer outro, todas as razões que eu tomara até então por
demonstrações. 46*
Descartes - A dúvida radical

• E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos


que temos quando despertos nos podem também ocorrer
quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que
seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas
que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais
verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. 46*
Descartes - A dúvida radical

• O gênio maligno.

• Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim


pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu,
que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta
verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que
todas as mais extravagantes suposições dos céticos não
seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem
escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que
procurava. 46*
Descartes - A dúvida radical

• Resta, no entanto, algo de que não posso duvidar: nenhum


demônio, por mais astuto que seja, poderia me enganar se eu
não existisse. Meu corpo pode ser ilusão e não existir, mas
não o pensamento. 723

• “Pensamento”, em Descartes é algo lato: sentir, duvidar,


imaginar, compreender etc.
Descartes - A dúvida radical

• Essa passagem está no núcleo da teoria do conhecimento de


Descartes e contém o que há de mais importante em sua
filosofia. A maioria dos filósofos subsequentes conferiu
importância à teoria do conhecimento, e o fato de o terem feito
se deve majoritariamente a ele. O “penso, logo existo” faz com
que o espírito seja mais certo do que a matéria e que meu
espírito (para mim) seja mais certo do que o espírito dos outros.
Em toda filosofia que advém de Descartes, portanto, nós
encontramos tendência ao subjetivismo e a ver a matéria como
algo que só pode ser conhecido, caso de fato o possa, por uma
inferência dada a partir do que se sabe sobre o espírito. 723
Descartes - A dúvida radical

• A “transformação” da cera.

• A coisa que constitui a cera não pode ser sensível, uma vez que se
encontra por trás de todas as aparências que ela assume aos vários
sentidos. A percepção da cera “não é uma visão, um toque ou uma
imaginação, mas uma inspeção da mente”.

• O conhecimento que advém dos sentidos é confuso e partilhado com os


animais; agora, porém, que despojei a cera de seus trajes, vejo-a, com o
espírito, toda nua. A partir da visão sensível da cera, segue-se com
certeza minha própria existência, mas não a dela. O conhecimento das
coisas externas deve se dar pelo espírito, e não pelos sentidos. 724-725
Descartes - A dúvida radical

• A razão conserva conceitos mesmo diante das mudanças e


enganos do mundo.

• O engano da aparência.

• A realidade como ilusão de ótica.


Descartes - A dúvida radical

• Críticas ao cartesianismo.

• Em lugar nenhum ele prova que os pensamentos necessitam de


um pensador, e tampouco há motivo para acreditar nisso,
exceto em sentido gramatical. 727

• Quem disse que é o Eu quem pensa?

• O dualismo não resolvido entre a mente e o corpo. Como um


influencia o outro se são substâncias diferentes?

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