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DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

DA VIDA ADULTA INTERMEDIÁRIA

Prof.ª Esp. Luciana Moreira Machado


A TRAJETÓRIA DE VIDA NA MEIA-IDADE

Como os cientistas do desenvolvimento abordam o estudo


do desenvolvimento psicossocial na vida adulta intermediária?

Os cientistas do desenvolvimento consideram o


desenvolvimento psicossocial da meia-idade de duas formas:
objetivamente e subjetivamente.
ABORDAGEM DA CIÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO
Subjetivo Objetivo

•As pessoas constroem ativamente a percepção Analise das trajetórias e caminhos


de si, e da estrutura de suas vidas. tomados, notando assim as evoluções
conquistadas.
• Promovem a construção de um script de suas
vidas, planejando assim alcançar seus objetivos de
vida.

• Como as pessoas descrevem a si própria.


Mudança e continuidade devem ser vistas no contexto e
em termos da vida como um todo.
MUDANÇAS DA MEIA-IDADE: ABORDAGENS TEÓRICAS

Embora alguns teóricos afirmem que a personalidade está


essencialmente formada na meia-idade, há um consenso
crescente de que o desenvolvimento da meia-idade mostra tanto
mudança como estabilidade.

 Teóricos humanistas, como Maslow e Rogers, viam a meia-


idade como uma oportunidade para mudança positiva.
O modelo dos cinco fatores de Costa e McCrae mostra
uma mudança mais lenta após os 30 anos de idade. Outra
pesquisa do traço encontrou mudança positiva mais
significativa com diferenças individuais.
Carl Jung afirmava que homens e mulheres na meia-idade
expressam aspectos da personalidade antes reprimidos.

 Duas tarefas necessárias são abandonar a imagem de


jovem e reconhecer a mortalidade.
Carl Jung achava que cada pessoa é única e singular e que,
portanto, tem um destino exclusivo.

Seria essencialmente despertar nosso potencial individual e


consciência, superar a resistência e alcançar a liberdade sem o fardo
do medo.
Termo de Jung para o surgimento do self verdadeiro por meio do
equilíbrio ou integração das partes conflitantes da personalidade.

O começo da individuação se dá com a retirada da identificação


parental.
O objetivo de tudo isso é fazer com que o indivíduo se torne a
pessoa que realmente é.

É o momento de busca de si
mesmo do autoconhecimento. Nesse
instante começa um relacionamento
entre o inconsciente e consciente,
que se concretiza por meio de um
símbolo, que os une.
O sétimo estágio psicossocial de Erikson é a generatividade
versus estagnação.

A generatividade pode ser expressa por meio da parentalidade


e por tornar-se avô, de ensino ou aconselhamento, da produtividade
ou criatividade, do autodesenvolvimento e da “manutenção do
mundo”.
A virtude deste período é o cuidado. A pesquisa atual sobre
generatividade a considera mais prevalente na meia-idade,
mas esse padrão não é universal.
Vaillant e Levinson encontraram mudanças importantes na
meia-idade no estilo de vida e na personalidade.

Desde a luta ocupacional aos 30 anos à reavaliação, e


muito frequentemente a drástica reestruturação da vida aos 40,
à suavização e relativa estabilidade aos 50.
Vaillant, como Jung, relatou uma diminuição da
diferenciação de gênero na meia-idade e uma tendência do
homem a ficar mais terno e expressivo.

Do mesmo modo, o homem de Levinson na meia-idade é


menos obcecado com a realização pessoal e mais preocupado
com os relacionamentos; e mostra a generatividade ao tornar-
se mentor de pessoas mais jovens.
Interioridade: termo de Neugarten para uma preocupação
com a vida interior (introversão ou introspecção), que
geralmente aparece na meia-idade.
O MOMENTO DOS EVENTOS: O RELÓGIO SOCIAL

A maior fluidez do ciclo de vida


hoje tem enfraquecido parcialmente
a suposição de um “relógio social”.
O desenvolvimento da personalidade adulta depende menos da
idade do que de eventos importantes da vida.

A meia-idade frequentemente traz uma reestruturação de papéis


sociais: separar-se dos filhos, se torna avô ou avó, mudar de
trabalho ou de carreira e, eventualmente, aposentar-se.

 Contudo, apesar dos múltiplos desafios e eventos variáveis da


meia-idade, a maioria dos adultos nesta fase da vida parece ser
bem capaz de lidar com eles.
O SELF NA MEIA-IDADE: PROBLEMAS E TEMAS

Problemas e temas psicossociais cruciais durante a vida adulta


intermediária dizem respeito à existência de uma crise de meia-
idade, desenvolvimento da identidade (incluindo identidade de
gênero) e bem-estar psicossocial.
Crise da meia-idade: em alguns
modelos normativos de crise, período
estressante da vida desencadeado
pela revisão e pela reavaliação do
passado, ocorrendo
caracteristicamente dos 40 aos 45
anos.
Generatividade é um aspecto do desenvolvimento da
identidade.

 A psicologia narrativa descreve o desenvolvimento da


identidade como um processo contínuo de construção da
história de vida. Pessoas altamente generativas tendem a
focalizar-se em um tema de redenção.
De acordo com a teoria do processo de identidade de
Whitbourne, as pessoas continuamente confirmam ou revisam as
suas percepções sobre si mesmas com base na experiência e no
retorno dos outros.

Os processos de identidade característicos de um indivíduo


podem prever adaptação ao envelhecimento.
Momentos Decisivos: transições psicológicas que envolvem
mudanças ou transformações significativas na percepção do
significado, propósito ou direção da própria vida.

Revisão Da Meia-idade: Exame introspectivo que


frequentemente ocorre na meia-idade, levando à reavaliação e à
revisão de valores e prioridades.
Resiliência Do Ego: a capacidade de adaptar-se flexível e
desembaraçadamente a possíveis fontes de estresse.

Teoria Do Processo De Identidade (TPI): teoria do


desenvolvimento da identidade de Whitbourne baseada em
processos de assimilação e acomodação.
Esquemas Da Identidade: percepções acumuladas do self
moldadas por informação proveniente de relacionamentos
íntimos, de situações relacionadas ao trabalho e da comunidade
e de outras experiências.

Assimilação Da Identidade: termo de Whitbourne para o


esforço de adaptar uma nova experiência a um autoconceito
existente.
Acomodação Da Identidade: termo de Whitbourne para o
ajustamento do autoconceito para adequar-se a novas
experiências.
Pesquisas não apoiam uma crise normativa da meia-idade.
É mais correto referir-se a uma transição que pode ser um
momento psicológico decisivo.
Emotividade e personalidade estão relacionadas a bem-
estar psicológico.

Pesquisa baseada na escala de seis dimensões de Ryff


revelou que a meia-idade é geralmente um período de saúde
mental positiva e bem-estar, embora o nível socioeconômico
seja um fator.
RELACIONAMENTOS NA MEIA-IDADE

Qual é o papel dos relacionamentos sociais nas vidas das


pessoas de meia-idade?
Duas teorias sobre a importância da mudança dos
relacionamentos são a teoria do comboio social de Kahn e Antonucci
e a teoria da seletividade socioemocional de Carstensen.

De acordo com ambas as teorias, o apoio socioemocional é um


elemento importante na interação social da meia-idade em diante.
Os relacionamentos na meia-idade são importantes para a
saúde física e mental, mas também podem apresentar
demandas estressantes.
Teoria Do Comboio Social: teoria de que as pessoas
passam pela vida cercadas por círculos concêntricos de
relacionamentos íntimos, dos quais elas se valem em busca de
assistência, bem-estar e apoio social.
Teoria Da Seletividade Socioemocional: teoria de que as
pessoas selecionam contatos sociais com base na evolução
da importância relativa das interações sociais como fonte de
informação, auxílio no desenvolvimento e manutenção de um
autoconceito e como uma fonte de bem-estar emocional.
RELACIONAMENTOS CONSENSUAIS

 Atualmente, mais casamentos terminam em divórcio, mas os


casais que permanecem juntos podem frequentemente esperar por 20
anos ou mais de vida em comum após o último filho sair de casa.

Pesquisa sobre a qualidade dos casamentos sugere uma queda


na satisfação conjugal durante os anos de criação de filhos, seguida
por uma melhora no relacionamento após os filhos deixarem a casa
dos pais.
Os coabitantes colhem as mesmas recompensas que as pessoas
casadas?
A coabitação na meia-idade pode afetar negativamente o bem-estar
dos homens.

Entre 18.598 norte-americanos com mais de 50 anos, os homens


que coabitam (mas não as mulheres) eram mais propensos a ser
depressivos do que suas contrapartes casadas, mesmo quando
variáveis como saúde física, apoio social e recursos econômicos foram
controladas.
Divórcio na meia-idade pode ser estressante e pode acarretar
uma mudança de vida. O capital conjugal tende a dissuadir o
divórcio na meia-idade.
Benefícios emocionais e financeiros construídos ao longo de um
casamento, que tendem a manter os casais juntos.

 O divórcio hoje pode ser menos ameaçador ao bem-estar na


meia-idade do que no período adulto jovem. Embora ainda seja
causador de uma situação traumática.
As pessoas casadas tendem a ser mais felizes na
meia-idade do que as pessoas em qualquer outro
estado civil.
Em razão de alguns homossexuais adiarem assumir sua
orientação sexual, na meia-idade eles podem estar apenas
começando a estabelecer relacionamentos íntimos.

As pessoas de meia-idade tendem a investir menos tempo


nas amizades do que os adultos mais jovens, mas dependem do
apoio emocional e da orientação prática dos amigos.
RELACIONAMENTOS COM FILHOS MADUROS

Pais de adolescentes têm de enfrentar a perda do controle


sobre as vidas de seus filhos.

Ironicamente, pessoas que se encontram em duas épocas da


vida popularmente ligadas a crises emocionais – adolescência e
meia-idade – frequentemente vivem na mesma casa. Geralmente,
adultos de meia-idade são pais de filhos adolescentes.
Enquanto lidam com suas próprias preocupações, os pais
têm de lidar diariamente com jovens que estão passando por
grandes mudanças físicas, emocionais e sociais.
QUANDO OS FILHOS VÃO EMBORA: O NINHO VAZIO

O esvaziamento do ninho é libertador para muitas


mulheres, mas pode ser estressante para casais cuja
identidade depende do papel de pais, ou para aqueles que
agora têm de enfrentar problemas conjugais anteriormente
ignorados.

Ninho Vazio: Fase de transição que acompanha a saída


do último filho da casa dos pais.
CUIDANDO DE FILHOS CRESCIDOS

Pais de meia-idade tendem a permanecer envolvidos com seus


filhos adultos, e a maioria, em geral, é feliz com o rumo das vidas
de seus filhos.

Podem surgir conflitos sobre a necessidade de os filhos adultos


serem tratados como tais e os pais continuarem a se preocupar
com eles.
PROLONGAMENTO DA PARENTALIDADE: O
“NINHO ATRAVANCADO”

Atualmente, mais adultos jovens estão adiando a partida da


casa dos pais ou estão retornando a ela, algumas vezes com suas
próprias famílias.

Os ajustes tendem a ser mais tranquilos quando os pais veem


os filhos adultos se encaminhando para a autonomia.
Síndrome Da Porta Giratória: tendência dos adultos jovens
que já deixaram a casa dos pais a voltar quando enfrentam
problemas financeiros, conjugais ou outros.
OUTROS LAÇOS DE PARENTESCO

Relacionamentos entre adultos de meia-idade e seus pais


são geralmente caracterizados por uma forte ligação afetiva.

 As duas gerações geralmente mantêm contato frequente


e oferecem e recebem assistência. O auxílio flui dos pais para
os filhos.
À medida que a vida passa, mais e
mais pais idosos se tornam dependentes
dos cuidados de seus filhos de meia-
idade.

A aceitação dessas necessidades de


dependência é a marca da maturidade
do filho e pode ser o desfecho de uma
crise filial.
As chances de tornar-se um cuidador de um pai idoso
aumenta na meia-idade, sobretudo para as mulheres.

 Cuidar pode ser uma fonte de considerável estresse, mas


também de satisfação. Programas de apoio da comunidade
podem ajudar a evitar o esgotamento do cuidador.
Embora os irmãos tendam a ter menos contato na meia-idade
do que antes e depois, a maioria dos irmãos de meia-idade
permanece em contato, e seus relacionamentos são importantes
para o bem-estar.
QUAIS SÃO OS PAPÉIS DOS AVÓS NOS DIA DE HOJE?

A maioria dos adultos tornam-se avós na meia-idade e têm


menos netos que as gerações anteriores.

A separação geográfica não afeta necessariamente a


qualidade dos relacionamentos entre avós e netos.
O divórcio e um novo casamento de
um filho adulto pode afetar o
relacionamento entre avós e netos.
Um número cada vez maior de avós está criando netos cujos
pais são incapazes de fazê-lo. Criar os netos pode acarretar
tensões físicas, emocionais e financeiras.
REFERÊNCIAS

PAPALIA, Diane E.; Martorell, Gabriela. Desenvolvimento humano. 14. ed.,


2009.

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