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O CICLO VITAL DO

SUJEITO E DA
FAMÍLIA
DISCIPLINA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO III - ADULTEZ E VELHICE
PROFESSOR: FERNANDO RODRIGUES - FACILITAÇÃO: ROZY SANTOS
FASES DA VIDA, MOMENTOS CHAVE, DESENVOLVIMENTO
Michel Vignes, Jean-Philippe Raynaud
A fragilidade do bebê humano exige um desenvolvimento prolongado em um
ambiente em constante mudança e depende da presença de figuras
protetoras. Isso é essencial para nossa inteligência e capacidade de
adaptação, mas nos torna vulneráveis à separação e perda.
O desenvolvimento humano é um processo complexo influenciado por
genética, epigenética, eventos de vida e fatores sociais, resultando em
singularidades individuais.

Um Bebê
Antes mesmo de nascer, a criança já existe fisicamente e
também na imaginação e fantasias dos pais. Cuidar das
relações precoces entre bebês e seu ambiente é
fundamental para o desenvolvimento saudável, impactando
positivamente a vida deles na adolescência e na idade
adulta. A psicopatologia do recém-nascido e do bebê é
influenciada por percepções, sensações e interações
relacionais.
Primeira Infância
Nos primeiros meses, ocorre um rápido desenvolvimento sensorial-
motor e interações com outros. O desenvolvimento físico, psicomotor
e cognitivo continua por anos, tornando-se mais complexo e
vulnerável. A atenção à dimensão social, familiar, linguagem,
intersubjetividade e à forma como o bebê percebe o mundo
enriqueceu a abordagem das manifestações psicopatológicas nesse
período. Atualmente, essas manifestações estão centradas no corpo,
nas habilidades motoras e no funcionamento relacionado à
alimentação, sono, controle dos esfíncteres e excitação.

Idade Escolar
Na fase de latência, há um equilíbrio delicado entre o
desenvolvimento e a repressão sexual. Essa fase é
fundamental para a aprendizagem escolar, a identificação
e a socialização. A psicopatologia se manifesta através de
inibição ou instabilidade psicomotora, distúrbios de
atenção, ansiedade, dificuldades de aprendizado e
socialização, além da busca por amizades.

Adolescência, juventude
A adolescência é frequentemente descrita como um período de crise e
intensidade, marcado pelo surgimento da puberdade e pela vulnerabilidade.
Manifestações psicopatológicas graves, como vícios, anorexia nervosa, distúrbios
de personalidade e esquizofrenia, muitas vezes se tornam aparentes durante essa
fase. Isso levanta questões sobre o que é considerado normal ou patológico e o
que é transitório nesse período. A prevenção do suicídio é uma preocupação
significativa na adolescência. Embora a juventude seja teoricamente
um período de amadurecimento, também é caracterizada por
imaturidade e comportamento regressivo. A adolescência é
frequentemente comparada a um "carnaval de intensidade".
Essa fase foi bem ilustrada pela psicanalista francesa
Françoise Dolto e seu “complexo da lagosta”, quando a capa
protetora desse animal marinho torna-se pequena, ele precisa
descarta-la e passar um tempo sem proteção, até que o novo
exoesqueleto, agora maior, endureça. Ao longo da vida,
existem muitos desses períodos e troca de carapaça, e em
todos temos o mesmo comportamento: muito medo de
sucumbir.
O CICLO VITAL DO
SUJEITO E DA
FAMÍLIA
DISCIPLINA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO III - ADULTEZ E VELHICE
PROFESSOR: FERNANDO RODRIGUES - FACILITAÇÃO: ROZY SANTOS

Maturidade, meia-vida
A crise de meia-idade e o estado psicológico do adulto
nessa fase são pouco estudados, mas geralmente
envolvem fazer um balanço e questionar o sentido da
vida, do que de planos e ilusões sobre realizações
futuras. A menopausa e andropausa são marcos
fisiológicos importantes nessa etapa, com implicações
psicológicas significativas. Os distúrbios
psicopatológicos mais comuns incluem ansiedade e
tendências depressivas.

Velhice
O discurso atual sobre a velhice desafia os limites físicos, incentivando os idosos
a permanecerem ativos, politicamente ativos e financeiramente independentes.
No entanto, essa fase é marcada por desafios sociais e emocionais, como luto,
aposentadoria, problemas de saúde, perda de autonomia, solidão e isolamento,
com uma alta incidência de suicídio entre os idosos.
A psicopatologia está interligada com as patologias
somáticas, especialmente as neurológicas, destacando a
importância da geronto-psiquiatria e da pesquisa sobre o
envelhecimento e demência. Em algumas culturas, a
velhice é associada à retirada e ao desengajamento
voluntário, enquanto em outras sociedades, o isolamento
pode ser doloroso, representando esquecimento e perda
de utilidade e reconhecimento social.

Velhice e morte
As gerações futuras enfrentam o desafio de manter conexões
humanas com pessoas muito idosas, com mais de um século
de vida. Além disso, muitos países com recursos limitados
estão buscando investimentos, criando um paradoxo. A
morte, mesmo quando medicalizada, levanta questões éticas
sobre autoconsciência, dignidade nos cuidados paliativos e
a importância de rituais, mesmo em cerimônias de cremação
simplificadas, para lidar com esse último enigma da vida.
As descobertas no desenvolvimento individual e no conhecimento sociocultural
estão começando a impactar o tratamento de doenças e distúrbios,
especialmente em relação a fatores dietéticos e orientações para a criação de
crianças. O futuro parece estar focado na prevenção, evidenciado pelo
crescimento da psicologia e psiquiatria no contexto do cuidado com bebês.

ASPECTOS BIOÉTICOS NO CICLO VITAL José Roberto Goldim


Durante a vida de uma pessoa, família, comunidade ou até mesmo civilização, a
sucessão de mudanças é inexorável. Desde antes do nascimento até depois da
morte, a vida e o viver das pessoas são fase de um continuum, de um processo que
pode ser antecipado como possibilidade, mas nunca como a certeza de
concretização de uma realidade. Ao longo da vida, as expectativas mudam e se
ressignificam. Muitas expectativas positivas são associadas à gestação, ao parto e
ao próprio puerpério. O desenvolvimento do bebê, da criança e do adolescente é
cercado de cenários futuros favoráveis, algumas vezes antecipados de forma
adequada, outras vezes, não. A fase adulta, que parece a mais previsível e estável,
revela-se uma etapa igualmente rica em mudanças. Essa fase é prevista como um
conjunto de possibilidades em que os ganhos superam as perdas. Já na velhice, ao
contrário, existe um entendimento equivocado de que sempre as perdas superam
os ganhos. As reflexões propostas pela bioética podem orientar o entendimento
sobre as mudanças que ocorrem no transcorrer da vida e do viver das pessoas.

“A morte não deve ser entendida fora da vida,


mas como parte do processo da vida e do viver”

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