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RESUMO
Cada vez mais empresas investem seus recursos e seu tempo na busca de soluções
para seus problemas. No entanto, a falta de definição de objetivos e de um planejamento
estratégico impede que bons resultados sejam obtidos.
A Teoria das Restrições e seu Processo de Pensamento são ferramentas poderosas que
podem auxiliar a empresa em definir seus objetivos e traçar um plano de ação para que
eles sejam alcançados. Tais ferramentas fornecem subsídios que podem ser
aproveitados pelo Planejamento Estratégico, Gestão de Portfólio de Projetos e Gestão
de Projetos.
É baseado nisso que esse trabalho, em forma de análise exploratória, busca mostrar
como a Teoria das Restrições pode ser um poderoso aliado na definição dos objetivos
estratégicos da empresa.
Palavras-chave: Teoria das Restrições. Processo de Pensamento.
Planejamento Estratégico. Gestão de Portfólio de Projetos. Gestão de Projetos
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais há uma crescente demanda por novos métodos para que a
organização obtenha melhores resultados. Essa demanda independe do setor que a
empresa atue, seja de produção ou serviços. O número de projetos aumenta a cada
dia, isso pode ser facilmente verificado pela grande demanda de profissionais
certificados em gestão de projetos.
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Victor Rubens Falsarella Lima Macedo. Pós-graduando em 2008 do IBTA.
E-mail: vicfalmac@gmail.com
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DESENVOLVIMENTO
PERGUNTA FERRAMENTA
O quê mudar? Árvore da Realidade Atual (Current Reality Tree – CRT)
Para o quê mudar? Diagrama de Evaporação de Nuvem (Evaporating Cloud
Diagram - ECD)
Árvore da Realidade Futura (Future Reality Tree – FRT)
Como provocar a mudança? Árvore dos Pré-Requisitos (Prerequisite Tree – PRT)
Árvore de Transição (Transition Tree – TT)
Quadro 1: Ferramentas do Processo de Pensamento
O diagrama deve ser lido da esquerda para a direita, de cima para baixo.
Cada seta representa uma relação lógica de necessidade, onde o objetivo depende
das duas condições necessárias ao seu cumprimento e estas dependem de seus
pré-requisitos. Lemos o diagrama da seguinte forma: Para se alcançar o objetivo
“O”, precisa-se de “A” e “B”. Para obter-se “A” e “B” deve-se “C” e “D”, sendo que “C”
e “D” são idéias conflitantes.
Goldratt (2006) afirma que na natureza não existem relações conflitantes e
que no mundo dos negócios essas relações também não existem, o que existem são
apenas suposições errôneas sobre o negócio. Para resolvermos o conflito exposto
pelo DDN precisamos de algumas soluções pressupostas, que Goldratt (1992) as
chama de “injeções”. Elas encontram-se “escondidas” sob cada seta. Levantadas as
soluções analisamos quais delas são verdadeiras e eliminamos as falsas, ou seja,
as que não atingem um efeito desejado, até que se elimine o conflito.
Posteriormente, nesse artigo, será dado um exemplo mais explícito de como se
trabalhar com as injeções e a resolução do conflito.
Continuando com as ferramentas do Processo de Pensamento, temos a
Árvore de Realização Futura (Future Reality Tree – ARF). Essa ferramenta nos
possibilita estudar os impactos das soluções aplicadas no DDN e se serão geradas
novas conseqüências negativas.
Para cada solução injetada no DDN é gerado um efeito. A ARF trabalha para
que os Efeitos Indesejáveis (EIs) sejam transformados em efeitos desejáveis (EDs),
através de novas injeções feitas no sistema. Além disso, a ARF nos permite
visualizar os “ramos” negativos da árvore que surgirão com as soluções aplicadas.
(ROCHA NETO;BORNIA, 2002).
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Goldratt (1994) nos diz que devemos podar os ramos negativos, onde estão
os verdadeiros riscos e que “devemos completar nossas ofertas com ações
adicionais que praticamente impeçam que os pontos negativos identificados
ocorram.”. “Com o isolamento do ramo negativo pode-se melhor estudá-lo e
aparecer o pressuposto que quebra a irrealidade da injeção.” (ROCHA
NETO;BORNIA, 2002).
Num primeiro momento a ARF parece ser uma solução milagrosa, pois
inserimos apenas os efeitos desejados. Para evitar essa aparência de solução
completa, Goldratt (1994) propôs conceito de “Ramos De Ressalva Negativa”. Tais
ramos são responsáveis por verbalizar e demonstrar aquilo que torna a injeção irreal
(NOREEN; SMITH; MACKEY, 1996). Os Ramos De Ressalva Negativa, de acordo
com Cox e Spencer (2002), podem, ainda, serem utilizados para testar as
possibilidades de ocorrência e os efeitos negativos da solução proposta.
A figura abaixo representa o processo de montagem da ARF:
Até este ponto têm-se o quê mudar, com a utilização da Árvore de Realidade
atual, e para o quê mudar, com a utilização do Diagrama de Evaporação de Nuvem
e a Árvore de Realidade Futura. Com o resultado destas três ferramentas têm-se
subsídios suficientes para dar-se o próximo passo e chegar à solução desejada, mas
“Como provocar a mudança”?
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A Árvore de Pré-Requisitos deve ser lida de cima para baixo: Para alcançar
a injeção, temos que cumprir o objetivo intermediário a fim de superar o obstáculo.
Se a APR é a fase de macro-planejamento da implantação das mudanças
(RENTES;SOUZA, 1997), a fase de micro-planejamento da implantação das
mudanças é a Árvore de Transição (Transition Tree – TT).
A TT é a árvore lógica de causa-efeito desenhada para detalhar, passo a
passo, as ações que deverão ser tomadas para se que se alcance o objetivo ou se
implemente as mudanças propostas (GIORGIO; PIZOLATO; XAVIER, 2001), assim,
a lógica da AT é a seguinte “se for realizada a ação, então o Objetivo Intermediário
será alcançado.”.
A AT é uma ferramenta de comunicação e capacitação (emporwement) que
permite seguir um caminho de ações com um claro entendimento do que se esperar
ao longo do caminho e o porquê disso. Trata-se de uma lógica repetitiva de causa-
efeito que coloca ações em contexto com objetivos e inclui as necessidades para a
ação, a ação, as razões para a ação, o resultado esperado e então a razão para a
próxima necessidade (PATRICK,2001).
A seqüência de passos para a construção da AT é a seguinte: inserir na
árvore os OIs identificados na APR; Determinar as ações, necessidades e razões
necessárias para a seqüência dos OIs; Certificar que as ações garantam os
resultados esperados e; Caso essas ações não sejam suficientes, repetir o processo
até que se elenquem todas as ações necessárias para garantir os resultados
esperados. (LACERDA;RODRIGUES, 2007).
Abaixo está uma figura representativa da uma Árvore de Transição:
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APR, a qual mostra os obstáculos que devem ser ultrapassados para se alcançar
cada ED gerado na ARF.
Selecionando-se o ED “Testes reduzem incertezas” para a construção da
APR, devem-se pensar quais possíveis obstáculos pode surgir para que esse ED
seja realizado. Tais obstáculos podem ser: roteiro de testes inadequado e obsoleto,
falta de treinamento dos testadores e base de dados, para testes, ineficaz. Esses
são apenas alguns exemplos de obstáculos que podem ser encontrados.
Como dito em seções anteriores nesse artigo, cabe agora estabelecer OIs
para se ultrapassar os obstáculos levantados, seguindo uma lógica de causa efeito.
Continuando com o exemplo dado: se o roteiro de testes é inadequado, então é
preciso criar um roteiro de testes que tenha abrangência suficiente de testar todas
as possibilidades de erros que possam ser encontradas; se os testadores não estão
treinados, a empresa deve capacitar seus testadores, afim de que, tenham
conhecimento suficiente sobre o sistema para descobrir possíveis falhas nas
atualizações; se a base de dados é ineficaz, então a empresa deve, em conjunto
com seus clientes, criar um ambiente cuja base de dados seja mais parecida,
possível, com a realidade dos clientes.
Posto isto, pode-se agora desenhar a Árvore de Pré-Requisitos abaixo:
Com isso está concluída tarefa de definir o que é necessário ser feito para
satisfazer um ED encontrado na ARF. O mesmo processo (criação da APR e AT)
deve ser realizado para todos os outros EDs que aparecem na ARF. Quando todos
os EDs tiverem seu plano de ação de traçado, terá fim o Processo de Pensamento e
o resultado será um planejamento que detalha o quê e como deve(m) ser(em)
feita(s) mudança(s) para se resolver o problema-raiz levantado na construção da
ARA.
Estes são apenas dois exemplos de muitos outros benefícios que a TOC e o
PP trazem à empresa.
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CONCLUSÃO
O presente artigo mostrou a abordagem holística da Teoria das Restrições e
definiu o que é restrição de um sistema. Depois, explicou o Processo de
Pensamento da Teoria das Restrições e cada uma de suas ferramentas. Explicou
como cada ferramenta se comporta, seus objetivos e sua aplicabilidade. Após um
breve resumo sobre Planejamento Estratégico, Gestão de Portfólio de Projetos e
Gerenciamento de projetos, mostrou, de forma mais didática possível, em um
cenário fictício, a aplicação das ferramentas do Processo de Pensamento para a
solução de um problema-raiz. E, por fim, mostrou como o Processo de Pensamento
pode ser aliado ao Planejamento Estratégico de uma organização.
Com as informações apresentadas nesse artigo pode-se criar uma relação de
quais ferramentas do Processo de Pensamento são mais adequadas ao
Planejamento Estratégico, Gestão de Portfólio e Gestão de Projetos e o motivo
dessa relação. A tabela abaixo representa essa relação:
Gestão de Portfólio de Gerenciamento de
Planejamento Estratégico
Projetos Projetos
Mostra o problema-raiz e
ARA
fornece o foco à estratégia
Mostra o conflito entre em
duas necessidades da
DDN
organização. Fornece a
solução para o mesmo
Mostra os efeitos
ARF desejáveis da aplicação da
solução no conflito
Define os objetivos
APR intermediários para se
alcançar a solução final.
Define o quê e como se
AT deve atuar para solucionar
o problema-raiz.
Quadro 2 – Relação entre ferramentas do PP e Planejamento Estratégico, Gestão de Portfólio e
Gerenciamento de Projetos
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ABSTRACT
This text explains the Theory of Constraints and its Thinking Process and how both can
be a tool used by the organizations to define her objectives and make an act plan to
achieve them. It’s an exploratory study that intends to relate Thinking Process and
strategic objectives by explaining how the tools of Thinking Process can be used as allies
to Strategic Planning, Project Portfolio Management and Project Management.
Keywords: Theory of Constraints. Thinking Process. Strategic Planning.
Project Portfolio Management. Project Management.
REFERÊNCIAS
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WESSELS, Don J.. The Strategic Role of Project Management. Pm World Today,
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