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O que é neuroplasticidade?

Treino da mente e plasticidade mental - neuroplasticidade

Vitor Geraldi Haase,

O conceito de plasticidade neural diz respeito ao fato de que a


estrutura do sistema nervoso central não é fixa ou impermeável à
influência do ambiente e dos padrões de atividade funcional. A
estrutura do sistema nervoso é, ao menos em parte, influenciada
pelos padrões de atividade no sistema. O conceito de que os
padrões de atividade influenciam a estrutura do sistema nervoso é
resumido sob a forma da expressão “plasticidade dependente de
atividade”.

Existem evidências de que células nervosas centrais podem se


regenerar ou até mesmo se formar de novo, inclusive em mamíferos
adultos. Uma das regiões onde esta forma de plasticidade se
expressa com mais freqüência é o hipocampo. As sinapses são,
entretanto, as estruturas com maior potencial para remodelação em
função da estimulação ambiental e do nível de atividade.

Nos experimentos clássicos de Hubel e Wiesel com gatos recém-


nascidos foi constatado que a sutura da pálpebra de um dos olhos
impedia o surgimento das colunas de dominância ocular no córtex
occipital, impedindo o desenvolvimento da visão binocular. Tais
modificações se mostraram reversíveis se a sutura era desfeita
após algumas semanas, mas não após alguns meses.
Clinicamente, o fenômeno é observado em humanos com
estrabismo. Se o estrabismo é revertido tardiamente a visão no olho
não-dominante é prejudicada irreversivelmente e os resultados
cirúrgicos são apenas estéticos.

Em 1949 o psicólogo canadense Donald Hebb formulou a sua


famosa lei, que reza mais ou menos assim. Quando o neurônio A e
o neurônio B descarregam simultaneamente, então os dois sofrem
transformações tróficas que fazem com que as conexões sinápticas
entre os mesmos seja reforçadas. O conceito de Hebb foi formulado
de forma puramente teórica e constitui junto com o fenômeno anti-
hebbiano a base conceitual das redes neurais. O reverso da lei de
Hebb é que se os dois neurônios A e B não descarregam de forma
sincrônica então a conexão sináptica entre eles tende a
enfraquecer. A lei de Hebb constitui-se de um mecanismo
associativo poderoso e plástico o qual foi explorado
computacionalmente nas redes neurais, permitindo a simulação de
diversos comportamentos inteligentes adaptativos, tais como
aprendizagem, discriminação de padrões, sensibilidade contextual e
reconstrução de padrões a partir de fragmentos etc. Das idéias de
Hebb originou-se o conceito de assembléia neural, ou seja, o grupo
de neurônios que se constrói e se desfaz on line de forma
extremamente dinâmica como a unidade funcional do cérebro mais
relevante para o estudo do comportamento e da atividade mental.

Estudos eletrofisiológicos com células cerebrais embrionárias


demonstram que neurônios que são estimulados eletricamente de
modo simultânea sofrem efeitos tróficos que resultam no
desenvolvimento e na manutenção de contatos sinápticos.
Enquanto neurônios que são estimulados de forma assincrônica
não fazem contato sináptico ou têm seus contatos sinápticos
desfeitos por falta de estimulação. Estes achados são resumidos
sob a forma de um aforisma: “Neurons that fire together, wire
together. Neurons that do not fire together, do not wire together”.

A plasticidade sináptica tem sido explorada também no cérebro de


mamíferos adultos, inclusive humanos. Merzenich e colaboradores
realizaram alguns experimentos pioneiros no final da década de 80.
Os experimentos eram realizados com macacos que tinham a
representação somatosensorial dos dedos das mãos mapeadas
através de registros com potenciais evocados. O mapeamento
cortical cerebral permitia estabelecer os limites das áreas
somatosensoriais primárias que respondiam à estimulação de cada
um dos dedos da mão contralateral. Após o mapeamento cortical
somatosensorial várias manipulações experimentais eram
realizadas. Em um grupo de macacos, um dos dedos, o segundo
dedo, por exemplo, era amputado. Após alguns meses o
mapeamento sensorial cortical era novamente realizado. Os
resultados mostraram que a área cortical que originalmente
representava o segundo dedo passou a responder à estimulação do
primeiro ou do terceiro dedos. Os resultados de Merzenich e
colaboradores sugerem a existência de interações competitivas
entre as sinapses. Se um neurônio cortical perde suas aferências
ele não vai ficar de bobeira, sem fazer nada, apenas consumindo
glicose e oxigênio sem oferecer uma contrapartida funcional para o
organismo. Ao contrário disto, os neurônios desaferentizados são
recrutados pelas assembléias neurais vizinhas, as quais competem
entre si por no estabelecimento de conexões.

Numa outra variante dos experimentos de Merzenich, dois dedos, p.


ex., o segundo e o terceiro eram suturados e passavam a funcionar
como uma unidade anatômico. Sob estas circunstâncias o
mapeamento cortical pós-cirúrgico mostrou uma fusão dos campos
receptivos corticais dos dois dedos suturados. Evidências clínicas e
de neuroimagem funcional demonstram que os efeitos da
plasticidade sináptica são observados também em humanos
adultos. Agliotti e cols. na Itália demonstrram que mulheres
mastectomizadas apresentam manifestações de mama fantasma.
Ou seja, a estimulação de algumas regiões do tórax e do pescoço
ou região auricular podem desencadear sensações referidas na
mama que foi amputada. A melhor interpretação para o fenômeno
dos membros ou partes fantasma após amputações é com base em
fenômenos de plasticidade representacional cortical. Neurônios que
originalmente representavam a parte amputada do corpo passam a
ser ativados por áreas corporais cuja representação cortical é
vizinha ou funcionalmente conectada.

O grande desafio contemporâneo não diz mais respeito à


demonstração da existência de plasticidade sináptica em adultos,
mas ao melhor modo de explorar o fenômeno clinicamente de
modo a promover a restituição funcional após lesões cerebrais.
Uma abordagem à reabilitação que se originou dos conceitos de
plasticidade sináptica é a chamada terapia por indução de
restrições (“constraint induced therapy” ou CIT). A CIT parte do
princípio de que fenômenos de plasticidade sináptica competitiva se
instalam após o estabelecimento de uma necrose tecidual cerebral.
Como os neurônios sobreviventes que faziam parte das
assembléias formadas pelos neurônios destruídos começam a ser
recrutados por outras assembléias neuronais, o processo resulta
em uma inibição das funções representadas na rede neuronal cujos
neurônios foram parcialmente destruídos. O único modo de reverter
esta tendência inibitória é forçando o uso da parte do corpo ou
função afetada.

No caso de uma hemiplegia, o processo reabilitador proposto pela


CIT consiste em colocar o indivíduo, por quatro a cinco horas por
dia , quatro a cinco vezes por semana, em um ambiente
caracterizado pela contingência de que o membro não afetado é
imobilizado e o indivíduo só pode funcionar, ou seja, realizar todas
as funções propostas, utilizando o membro afetado. A função da
parte afetada do corpo é então estimulada por meio de técnicas de
reforçamento diferencial e modelagem. No caso das afasias, os
pacientes são trabalhados intensivamente em grupos terapêuticos,
com dois ou três terapeutas e alguns pacientes, onde a
contingência estabelecida é que o único modo de comunicação
aceitável é o verbal. A comunicação não-verbal é posta em extinção
e a comunicação verbal reforçada e modelada.

Se você tem interesse em ler mais sobre constraint induced therapy


leia o artigo de Taub e cols. (1998), o qual está disponível no site
www.periodicos.capes.gov.br, que pode ser acessado a partir das
bibliotecas universitárias brasileiras.

Vitor Geraldi Haase

Referência Bibliográfica

Taub, E, Crago, J. E. & Gitendra, U. (1998). Constraint-induced


therapy: a new approach to treatment in physical rehabilitaton.
Rehabilitation Psychology, 43, 152-150.

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AVC e Neuroplasticidade
Mirella Brito e Nicodemos Teles de Pontes Filho

O acidente vascular cerebral (AVC) é a doença neurológica que mais


freqüentemente acomete o sistema nervoso e é a principal causa de
incapacidades físicas e mentais. Ocorre devido a uma interrupção do fluxo
sangüíneo para o cérebro, que pode ser por obstrução de uma artéria que o
supre, caracterizando o AVC isquêmico ou por ruptura de um vaso – AVC
hemorrágico.

Os principais fatores relacionados à ocorrência dos AVCs são: hipertensão


arterial, diabetes mellitus, doenças cardíacas, obesidade, sedentarismo e
tabagismo.
As seqüelas dependem da localização e do tamanho da área cerebral que foi
atingida e do tempo que o paciente levou para ser atendido ( melhor o
prognóstico quanto mais rápido for iniciada a recuperação), sendo as mais
comuns hemiparesia, alterações visuais, da fala e da memória.

A circulação sanguínea do cérebro

O sangue chega ao cérebro através das artérias vertebrais e das


artérias carótidas internas, que se comunicam através do
polígono de Willis, este é uma anastomose arterial que fornece o
suprimento sangüíneo para os hemisférios cerebrais, sendo
formado pelas artérias cerebrais anteriores e posteriores, artérias
comunicantes anterior e posteriores e pela carótida interna. Estas
artérias possuem paredes muito finas, o que as torna mais
vulneráveis a hemorragias. A artéria cerebral que é mais
comumente acometida por AVC é a artéria cerebral média.

Lesões e plasticidade neural

O estrago causado no cérebro por um AVC pode provocar perda de


sua função, mas através de um fenômeno denominado
“neuroplasticidade”, o cérebro pode se reajustar funcionalmente,
havendo uma reorganização dos mapas corticais que contribui para
a recuperação do AVC.

As mudanças descritas na organização do córtex incluem o aumento dos


dendritos, das sinapses e de fatores neurotróficos essenciais para a
sobrevivência de células nervosas. Após ocorrer uma lesão, em algum lugar do
córtex motor, mudanças de ativação em outra regiões motoras são observadas.
Essas mudanças podem ocorrer em regiões homólogas do hemisfério não
afetado, que assumem as funções perdidas, ou no córtex intacto adjacente a
lesão. Graças a essas reorganizações corticais, que podem ter início de um a
dois dias após o AVC e podem se prolongar por meses, os pacientes podem
recuperar, pelo menos em parte, as habilidades que haviam sido perdidas.

A recuperação da função nos membros ,promovida pela plasticidade, é


dificultada por um fenômeno conhecido como “não-uso aprendido”. Com a
perda da função de uma área do cérebro atingida pelo AVC, a região do corpo
que estava ligada a essa área também é afetada, perdendo a sua capacidade
de movimentação. Como o paciente não consegue mover o membro mais
afetado, compensa usando o outro, deste modo, após um certo tempo, quando
os efeitos da lesão não estão mais presentes e ocorreram readaptações no
cérebro, os movimentos poderiam ser recuperados, no entanto, o paciente já
“aprendeu” que aquele membro não é mais funcional.

Terapia de movimento

No período seguinte ao AVC, é observada uma diminuição nas


áreas de representação cortical dos músculos afetados, pois como
estes não estão trabalhando, sua área correspondente no cérebro
não é estimulada. Para tentar superar ou diminuir os efeitos do não-
uso aprendido, uma das práticas que vem sendo utilizada é a
Constraint-Induced Movement Therapy (CI-therapy) ou uso-
forçado, que tem demonstrado aumentar as mudanças plásticas
favoráveis à recuperação.

A técnica consiste no uso forçado do braço afetado pela restrição do uso do


braço não afetado (veja a figura abaixo). Durante um período de 10 a 15 dias, o
paciente fica com o braço não afetado imobilizado, assim, as diversas
atividades como comer, vestir-se, escrever, cozinhar são realizadas pelo braço
afetado, havendo novamente estimulação do córtex danificado. O paciente faz
nesse período treinamento fisioterápico por seis horas diárias, praticando
tarefas repetitivas com o braço afetado. Por causa desse uso aumentado do
braço afetado, a área do cérebro relacionada a este volta a ser estimulada,
ocorre uma intensa reorganização cortical que aumenta a área de
representação deste membro no córtex e melhora o funcionamento motor.
Assim, a CI-therapy pode ser considerada efetiva no combate ao não-uso
aprendido.
Conclusões

Pelo que foi visto, podemos concluir que a neuroplasticidade é


essencial para a reabilitação de paciente portadores de AVC, e um
dos métodos usados para estimulá-la é a CI-therapy, que vem
obtendo resultados satisfatórios na reorganização do córtex motor e
na superação do não-uso aprendido.

Referências

Cramer, S. C., Moore, C. I., Finklestein, S. P., Rosen, B. R. (2000). A


Pilot Study of Somatotopic Mapping After Cortical Infarct. Stroke 31:
668-671

Liepert, J., Bauder, H., Miltner, W. H. R., Taub, E., Weiller, C. (2000). Treatment-
Induced Cortical Reorganization After Stroke in Humans. Stroke 31: 1210-1216

Liepert, J., Miltner, W.H.R., Bauder, H., Sommer, M., Dettmers, C., Taub, E.,
Weiller, C. (1998). Motor cortex plasticity during constraint-induced movement
therapy in stroke patients. Neurosci Lett. 250:5–8.

Taub ,E., Uswatte, G., Pidikiti, R.D. (1999). Constraint-induced movement


therapy. a new family of techniques with broad application to physical
rehabilitation-a clinical review. J Rehab Res Dev. 36: 237–251.

Para saber mais

http://www.americanheart.org/
http://www.stroke-info.com/
http://www.stroke.org/
http://www.strokeassociation.org/
http://www.aota.org/
http://www.abneuro.com.br/
http://www.fisiosite.com.br/
reabtrials.org
http://www.strokefamily.org/
http://www.therubins.com/

Autores

Mirella Magalhães Tenório Brito, graduanda em Fisioterapia na


UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), monitora na
disciplina Anatomia 1, estagiária no Hospital das Clínicas de
Pernambuco na área de Traumato-ortopedia, com pesquisas de
Iniciação Científica nas áreas de Neurofisiologia e Patologia . E-
mail: mirellabritto@hotmail.com

Dr. Nicodemos Teles de Pontes Filho, mestre em Imunopatologia pela UFPE,


doutorando em Nutrição. Professor do Departamento de Patologia da UFPE,
pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Azami(LIKA-UFPE) ,
curso de especialização em Microscopia Eletrônica na Keio University no
Japão.

Publicado em 4.Nov.2001
Copyright 2001 Universidade Estadual de Campinas
Revista Cérebro & Mente
Uma Iniciativa do Núcleo de Informática Biomédica
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Neuroplasticidade: fundamentos para a


reabilitaçäo do paciente neurológico adulto
Oliveira, Claudia Eunice Neves de; Salina, Maria Elisabete;
Annunciato, Nelson F

Devido a complexidade do sistema nervoso centro(SNC), sua


grande trama neural, a variedade de respostas que ele pode
oferecer e a necessidade de uma possível reorganizaçäo, nos
casos de lesöes, faz-se necessário um estudo sobre os aspectos
plásticos deste sistema, com o objetivo de procurar, por meio da
revisäo da literatura, uma fundamentaçäo teórica, a qual trará bases
para a prática clínica do paciente neurológico adulto. A plasticidade
neural é um fenômeno que altera a intrincada rede neural.

Processos como a potencializaçäo sináptica, supersensitividade de


denervaçäo, recrutamento de sinapses silentes e brotamentos,
favorecem a recuperaçäo funcional do SNC. A plasticidade neural
näo ocorre apenas em processos neuropatológicos, mas, também,
no funcionamento normal do organismo, durante o desenvolvimento
embriológico e durante o processo de aprendizagem. Assim, a
plasticidade do SN näo se traduz em cura, mas, antes, na tentativa
de formar novas conexöes e ou recuperar conexöes perdidas.

Fonte:
http://www.fisioterapiasalgado.com.br/visualiza.asp?id=152

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NA ERA DO CONHECIMENTO
A mente humana – com todos os atributos, potencialidades e
mistérios que lhe são reconhecidos – continua a ser um tema
sedutor e aberto às mais variadas abordagens (filosóficas,
biológicas, neuropsicológicas, etc.). Produto da atividade
concertada de grandes aglomerações de células cerebrais
altamente especializadas e de um complexo metabolismo que só
agora começa a ser compreendido, a mente humana cumpre
numerosas funções que se exprimem em diferentes planos.

Graças à evolução bem sucedida do sistema cérebro-mente, a


história da Humanidade é um percurso empolgante de conquistas.
Em não muitos milhões de anos vencemos uma série de etapas
evolutivas e, chegados ao século XXI, eis-nos senhores de uma
sociedade multifacetada, complexa e altamente competitiva –
produto, afinal, da dinâmica interação entre o exercício do
pensamento e os desafios da vida.
.
A história da humanidade reflete assim, desde os seus primórdios, o
resultado da nossa inteligência criativa. Em poucos milênios
desbravamos territórios inóspitos e levantamos civilizações.
Rapidamente percebemos que tínhamos o poder de exercer
transformações no que antes parecia imutável. A criatividade
tornou-se a grande força da nossa inteligência. De simples
recoletores e caçadores passamos rapidamente a inventores,
técnicos e artistas. E com isso modificamos completamente a face
do planeta e a história do nosso Mundo.
.
Agora, em plena Era do Conhecimento, o intelecto perfila-se como
um capital de valor inestimável. Já ninguém duvida que a riqueza
das nações, das comunidades e das organizações (seja de que tipo
forem) depende mais dos recursos intelectuais – inteligência,
criatividade e conhecimento – do que qualquer bem tradicional,
incluindo o próprio dinheiro. De fato, a força muscular e o trabalho
das máquinas estão rapidamente a ser substituídos pela
inteligência.
.
O neurofitness tem como finalidade ajudar o cérebro a atingir e a
manter o nível de capacidade ótima. Esta disciplina assenta em três
princípios fundamentais:

1. O cérebro é um órgão que tem a capacidade para se renovar


a si mesmo.
2. O cérebro tem capacidade ilimitada de aprendizagem e pode
aumentar a sua eficiência através do exercício físico.
3. O cérebro responde eficazmente à atividade física, ao treino
mental e ao estilo de vida, podendo manter-se ágil durante
toda a vida.
Uma característica vital do cérebro é chamada de
neuroplasticidade. Aqui reside o segredo do poder mental. A
neuroplasticidade (ou plasticidade neural) refere-se à capacidade
dos neurônios de se transformarem e adaptarem a sua estrutura e
função em resposta às exigências externas e internas do
organismo.

De fato, toda a exigência que desafie ou estimule o cérebro (por


exemplo, aprender um novo idioma) produz mudanças anatomicas
muito significativas a nível celular como o aumento dos dendritos
(filamentos que se ramificam a partir do centro da célula para
contactarem outros neurônios), o aumento no número de espinhas
dendríticas, a formação de novas sinapses (junções especializadas
existentes nos neurônios através das quais estes conectam entre
si), o aumento da atividade das neuroglias (células que apoiam os
neurônios) e alterações no metabolismo celular (transformações
químicas que estão no centro do trabalho cerebral).

Existem vários tipos de neuroplasticidade. A primeira, chamada de


“neuroplasticidade de desenvolvimento” compreende vários e
complexos estágios e realiza-se ao longo da vida dos neurônios a
fim de permitir o natural desenvolvimento do cérebro. Outra forma, a
chamada “neuroplasticidade dependente da experiência” surge
especialmente com novas experiências, desafios e aprendizagem.
Dá-se então a chamada expansão do mapa, isto é, a cada nova
aprendizagem o cérebro reorganiza-se, expande as suas conexões
neurais (de neurônio) e modifica as capacidades, ampliando-as e
fixando-as na memória do indivíduo. Há também a
“neuroplasticidade após lesão cerebral” que traduz as capacidades
de auto-reparação nos tecidos que permanecerem intactos após
uma lesão no cérebro. Finalmente, a “neurogênese” diz respeito ao
nascimento de novos neurônios no cérebro.

Os exercícios de neurofitness incentivam a atividade plástica do


cérebro, ampliando e reforçando as suas múltiplas aptidões e
talentos. É lícito acreditar que um cérebro ativo e estimulado por
diferentes desafios se revele mais perspicaz, mais hábil e
naturalmente mais capaz de responder às solicitações do
pensamento.

Na exigente sociedade de hoje só as pessoas que invistam


seriamente no capital intelectual de que dispõem (inteligência,
criatividade e conhecimento) poderão aspirar a lugares destacados
no mundo do trabalho. Aprender mais e mais e durante toda a vida
tornou-se numa exigência da Era do Conhecimento. Para tal temos
de estar na melhor forma mental. A “potência cerebral ótima” pode
ser atingida através de um estilo de vida sadio, uma alimentação
equilibrada e ginástica cerebral adequada [atividade física regular –
atividade física terapêutica].

Escrito por Ceo em 10:41:33


Fonte:
http://nelsonlima.blog.com/544955/

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ATIVIDADE FÍSICA AJUDA A MELHORAR


DESEMPENHO CEREBRAL
21-06-2007

Dicas para seu condicionamento físico e mental

Por Nuno Cobra Ribeiro,


Prof de Educação Física –

Estudos recentes feitos com 259 crianças pela Universidade de


Illinois (EUA), concluíram que os estudantes que se saíam melhor
nas atividades físicas tinham também melhor desempenho escolar.
Assim constataram que a atividade física ajuda a melhorar o
desempenho do cérebro.

No Brasil neurocientistas de importantes universidades também


concordam com o estudo e o assunto também mereceu matéria de
capa de uma importante revista semanal brasileira. Ou seja,
quebrou-se o mito de que os neurônios (células nervosas do
cérebro) se perdem. Ao contrário, o cérebro produz novas células e
pode se manter jovem evitando falha de memória ou perda de
raciocínio.

"Quando nós corremos, caminhamos, pedalamos ou nadamos,


numa atividade uniforme, estamos aumentando o número de
neurônios e, quando exercemos movimentos de complexa
realização, criamos conexões interneurais. Por esse motivo a
atividade física é um elemento primordial para manter o
cérebro jovem e ativo e evitar falha de memória, perda de
raciocínio, mal de Alzheimer..."

Atividades como correr, nadar, pedalar, andar ou qualquer outra que


exija um desempenho cardiovascular (musculação, por exemplo,
não vale) alteram o padrão do funcionamento das células cerebrais,
pois os exercícios melhoram a oxigenação e a comunicação entre
as células nervosas - sinapse. E essa comunicação mais rápida
entre os neurônios nos deixa mais 'espertos' e com raciocínio mais
rápido.

Anos 60

Ainda no final dos anos 60, batalhava junto ao academismo sobre


meu ponto de vista que se podia chegar ao cérebro pelo músculo -
trocando em miúdos - é exatamente isso: a atividade física melhora
o desempenho cerebral. Para a visão acadêmica da época isso era
uma maluquice.

Eu tinha uma idéia muito concreta de que o nosso organismo era, e


é, regido por leis básicas e fundamentais que são seguidas por
todos os órgãos. Dizia que o organismo era uno, uma coisa só, e
reagia sempre da mesma forma, independente do órgão em
questão.

Assim havia chegado à conclusão que existe uma lei básica de


ação e reação: todo órgão mais usado, e mais exigido, torna-se
mais desenvolvido. Entendia que essa lei comum a todo o
organismo, dava ao músculo o poder de reagir a um esforço e se
transformar, desenvolvendo-se.

Então o cérebro nada mais era do que um outro órgão com funções
extramente específicas e diferentes das do músculo, mas que
obedecia às mesmas regras orgânicas. Não havia absolutamente
nenhuma diferença entre o músculo e o cérebro. Dizia também que
se o fígado se regenerava, por que os neurônios também não
obedeceriam essa mesma lei?

A atividade física que exige um esforço cardiovascular melhora o


funcionamento do coração, que ejetará mais sangue na corrente
circulatória. Com isso, fígado rins e demais órgãos são beneficiados
e o mesmo acontece com o cérebro. Ou seja, ele depende do
sangue que o nutre da mesma maneira que o fígado, o baço, os
rins...

Obstáculos

Haviam dois obstáculos para aceitar a relação entre atividade física


e cerebral

1º) A "ditadura do intelecto" do século passado colocava o músculo


como a parte mais insignificante do corpo, esquecendo-se
completamente de que esse nada mais é do que o "braço" do
cérebro. Ou seja, o músculo como "braço do cérebro" está de tal
maneira ligado a ele que é absolutamente impossível um viver sem
outro.

2º) A medicina da época separava o ser humano em


compartimentos estanques e incomunicáveis.

"Chegar ao cérebro pelo músculo e ao espírito pelo corpo"

Quanto mais trabalhamos nossos músculos através de movimentos


complexos, mais nós exigimos uma participação mais incisiva do
cérebro. Foi nessa época que criei a famosa frase: "Chegar ao
cérebro pelo músculo e ao espírito pelo corpo".

Quando nós corremos, caminhamos, pedalamos ou nadamos,


numa atividade uniforme, estamos aumentando o número de
neurônios e, quando exercemos movimentos de complexa
realização, criamos conexões interneurais. Por esse motivo a
atividade física é um elemento primordial para manter o cérebro
jovem e ativo e evitar falha de memória, perda de raciocínio, mal de
Alzheimer...

Um cérebro mais vigoroso torna-se mais capaz de lidar com os


desafios.

Cérebro e músculos

O trabalho muscular exige um trabalho do cérebro. Para dar conta


de cada movimento que realizamos, miríades de músculos entram
em ação. E como o músculo trabalha pela lei do tudo ou nada - ou
ele se contrai ou não - cada uma de suas milhões de *miofibrilas
são exigidas para a realização daquele exato movimento. Quanto
mais complexo o movimento, mais músculos agem e mais o cérebro
trabalha.

Há toda uma sinergia muscular em torno do movimento para que


ele saia perfeito. São milhões de miofibrilas contraindo-se dentro de
cada fibra que compõe cada músculo.

Qual deve ser a freqüência da atividade física?

Temos que levar em conta o aspecto fisiológico


(momento cardiovascular) de cada um. O trabalho físico deve ser
regular e sistemático e sempre necessita de uma pausa para
restabelecer as unidades celulares e musculares.

*Miofibrila = Fibra contrátil presente no interior das células


musculares.

Nuno Cobra
é prof. de Ed. Física e preparador físico de várias celebridades
Fonte: vya estelar – uol

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A ATIVIDADE AERÓBICA É O MELHOR


ANTI-DEPRESSIVO
ATIVIDADE AERÓBICA – EDUCAÇÃO FÍSICA TERAPÊUTICA –
DEPRESSÃO – ANTIDEPRESSIVO – NEURÔNIOS – NEUROGÊNESE

Prof. Nuno Cobra,


é formado pela Escola de Educação Física de São Carlos e
pós-graduado pela Universidade de São Paulo. Foi preparador
físico de Ayrton Senna, Mika Hakkinen, Rubens Barrichello,
Abílio Diniz entre outros.

Palavras-chave: neurônios; neurogênese adulta; depressão;


atividade aeróbica;

Um dos maiores e mais desanimadores dogmas da


neurobiologia no século 20 acaba de cair por terra. No maior
achado da neurociência nos últimos tempos, descobriu-se que
o cérebro adulto continua a fabricar neurônios de forma
contínua por toda nossa vida.

A descoberta da neurogênese adulta (fabricação de novas


células nervosas ou neurônios) abre novas possibilidades de
cura para doenças, tais como derrame ou mal de Parkinson,
nos quais parte do funcionamento cerebral é claramente
prejudicado.

A nova pesquisa mostra, também, que a neurogênese tem um


papel importante em outras doenças psíquicas, especialmente
a depressão.
A depressão clinica é uma doença completamente debilitadora
causando por vezes total incapacitação do paciente, podendo
levar ao suicídio.

Dois renomados neurocientistas americanos Fred Gage do


Salk Institute e Barry Jacobs da universidade de Prynceton,
descobriram que a depressão clínica pode surgir de uma falha
no cérebro em relação a produção de novos neurônios.

Os experimentos mostram que a neurogênese acontece


principalmente em uma parte do cérebro chamada
"Hipocampo", responsável por reger a aprendizagem, a
memória e as emoções. Os estudos mostraram que os
pacientes que estão em depressão a longo tempo, têm um
hipocampo consistentemente menor do que os pacientes não
depressivos.

Isto ocorre porque os novos neurônios não estão sendo


produzidos tão rapidamente quanto necessário para substituir
os que estão morrendo. O stress, combinado com fatores
genéticos, é o maior responsável pela supressão da
neurogênese no hipocampo.

O laboratório de Gage, porém, chegou ao acaso a uma


descoberta surpreendente.

Gage descobriu que a neurogênese se duplica quando os ratos


têm em sua gaiola uma simples roda onde podem praticar
atividades aeróbicas de longa duração, como caminhadas e
corridas.
O mais surpreendente é que o aumento da neurogênese
provocado pelo exercício é muito maior em relação ao
aumento causado pela última geração de medicamentos anti-
depressivos.

As descobertas foram tão convincentes que praticamente


quase toda equipe que trabalha no projeto começou a praticar
uma atividade aeróbica.

A explicação para o fenômeno é que a atividade física


aumenta o ritmo cardíaco, aumentando a circulação
sanguínea no cérebro, o qual recebe maior quantidade de
fatores estimulantes ao aumento da neurogênese.

Outra possibilidade é devido ao fato de a atividade aeróbica


proporcionar um ritmo cerebral chamado "Thetha" que, por sua
vez, aumenta a produção de seretonina e o desenvolvimento
dos neurônios.

É interessante para mim, perceber cientificamente, o que já


percebia intuitivamente através de experiências com alunos
que sofriam de depressão, e que se curaram através da
atividade física, inclusive eliminando, com o tempo,
medicamentos dos quais eram dependentes.
É bom lembrar, no entanto, que uma atividade eficiente e
saudável, deve ser praticada sempre em equilíbrio de oxigênio,
ou seja, sem sofrimento e razoável conforto respiratório.

Fonte:
Revista "Viva" ano 1 n.º 7.

Sugestão de Leitura :
Livro: “A Semente da Vitória”- Prof Nuno Cobra
Editora SENAC São Paulo
Rua Rui Barbosa, 377 – 1.º andar – Bela Vista
CEP 01326-010
Caixa Postal 3595 – CEP 01060-970 – São Paulo – SP
Tel 0xx-11-284-4322
Fax 0xx-11-289-9634
E-mail: eds@sp.senac.br
Home Page: http://www.sp.senac.br

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“O leite e seus derivados, segundo algumas pesquisas, dentre elas
os dados mostrados no livro recentemente lançado de Robert
Cohen [“Leite: Alimento ou Veneno?” do pesquisador e cientista
Robert Cohen, Editora Ground, 2005 ], não são alimentos que
fazem bem à saúde, pelo contrário, são a causa de grande número
de enfermidades, entre elas: obesidade, diabetes tipo 2, otites de
repetição (dor de ouvido em crianças), amigdalites, alergias,
barriga-de-leite, colesterol elevado, câncer de mama, câncer de
próstata, e muito, muito mais....”

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