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Como nossa alma dividida entre a percepo e a inteleco, ela pode fazer que
o sensvel se imponha ao inteligvel, mas tambm que o inteligvel supere o sensvel. A
alma se encontra, pois, em uma encruzilhada: por um lado, ela tentada a ceder s
tentaes do mundo material, que a tentam desviando-a de si mesma; por outro lado, ela
tenta agarrar a voz do divino que habita nela e que lhe permite de se lembrar de si
mesma. Os homens no so totalmente capazes de descobrir o patrimnio espiritual
escondido em suas almas: preciso, pois, que eles se tornem conscientes por um
trabalho constante de introspeco que lhes conduza ao caminho da verdade.
O impulso mais forte para seguir este caminho vem da experincia do belo. A
Beleza possui, ela tambm, seu arqutipo ideal no Nos, que retira o Belo diretamente
do Um e onde o Belo coincide com o Bem. Assim como escreve mile Brhier
(2008:97), a esttica de Plotino impregnada desta ideia que a beleza no se adiciona
s coisas como um acidente externo, mas consiste verdadeiramente na sua essncia
(1.2). [...] preciso, pois, que a beleza seja um elemento terreno do ser belo e que ela
seja o reflexo de uma Ideia, que faz deste ser o que ele . Valor esttico e valor
intelectual coincidem. a partir deste arqutipo ideal que as formas resplandecem
sobre as coisas, as quais ns definimos bela pela mediao da Alma. A Beleza
intelectual e a beleza sensvel so, com efeito, ligadas por uma relao semelhante
quela que o fogo mantm com as diferentes cores. Sendo bem mais imaterial que as
coisas que ele aclara, o fogo contm a forma mesma da luz e da cor, porque sua funo
originria de brilhar e de aclarar : ele a fonte de onde a coisas recebem suas cores e
ento sua beleza (1.6.3). Mas se o fogo no pode se destacar da luz e da cor, uma coisa
material deveria parar de mostrar sua cor e ento sua beleza, uma vez desprovida de luz.
Manifestando-se inicialmente pela asthesis, ou seja, na exterioridade perceptvel das
coisas belas a serem vistas e a serem entendidas, a forma se torna desejvel e suscita em
ns a emoo, misturada de estupor e de desordem, prpria ao Eros. Mas como o que
resplandece para os nossos olhos no seno o reflexo ptico de uma beleza interior e
invisvel, como o que acaricia nossas orelhas no seno o reflexos de harmonias
secretas e dificilmente ouvveis, ns devemos entrever (at mesmo entreouvir) no
charme da beleza sensvel este ndice da Beleza intelectual que ultrapassa toda espcie
de asthesis e que constitui o princpio e o alvo de nossa alma [...].