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I. Apresentação:
No início dos anos 40, Niemeyer foi contratado pelo industrial e intelectual
Francisco Inácio Peixoto para elaborar dois projetos em Cataguases: uma
casa e um colégio. O projeto arquitetônico da residência de Chico Peixoto
foi entregue em 1940. Os projetos contaram com jardins de Burle Marx.
Como ornamentos para o prédio do colégio, o arquiteto sugeriu a
instalação de um painel em mosaicos de Paulo Werneck e de um mural de
Cândido Portinari.
Em 1945 filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e manifesta seu
idealismo politico defendendo um mundo mais justo e igualitário. Durante
alguns anos da ditadura militar do Brasil auto-exilou-se na França.
Em 1947, seu reconhecimento mundial é atestado: Niemeyer viaja para os
Estados Unidos para compor uma equipe de arquitetos renomados que
farão o projeto da sede das Nações Unidas em Nova Iorque. No ano
anterior havia recebido um convite para lecionar na Universidade de Yale,
porém teve seu visto negado devido à sua posição política. Em 1950, o
primeiro livro sobre seu trabalho (The Work of Oscar Niemeyer) é
publicado nos EUA, por Stamo Papadaki.
III-Comentários Críticos
“Não e o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível
criada pelo homem. O que me atrai e a curva livre e sensual . A curva que
encontro nas montanhas do meu país, na mulher preferida, nas nuvens do
céu, nas ondas do mar. De curvas é feito todo o universo. O universo curvo
de Einstein.”
"Penso que para ser uma obra de arte, no verdadeiro sentido da palavra,
uma obra arquitetural deve, esta é uma condição fundamental, conter um
mínimo de criatividade, ou seja, uma contribuição pessoal do arquiteto.
Senão, ela se contentará em reutilizar as formas e soluções já conhecidas,
produtos de escolas que caem rapidamente no academismo e se
encontram ultrapassadas." PETIT, Jean. Niemeyer: poeta na arquitetura.
s.l. : Fidia Edizione d'Arte, c1995. p.61.
A natureza do terreno, o ambiente em que será inserida a construção, o
sentido econômico que ela representa, a orientação etc.
É curioso (...) sentir como a imaginação varia, como as idéias vão surgindo
diferentes, (...) ora simples, caminhando para o monumental. Em todas
prevalece a curva, essa liberdade plástica que preferimos, decorrente de
“tudo que vimos e amamos na vida”, como me disse um dia André
Malraux do seu museu imaginário.
(...) Um dia, Carlos Drummond de Andrade escreveu num dos seus versos:
“Oscar desenha na areia seu edifício”. E tinha razão o nosso amigo. De um
risco inicial nasce a arquitetura e até na areia isso pode acontecer.
A Explicação Necessária :
Às vezes um projeto custa a se definir. Outras, ele surge de repente como
se, antes, nele nos tivéssemos detido cuidadosamente.
E isso aconteceu com este projeto. O terreno era estreito, cercado pelo
mar e a solução aconteceu naturalmente, tendo como ponto de partida o
apoio central inevitável.
Defini então o perfil do museu. Uma linha que nasce do chão e sem
interrupção cresce e se desdobra, sensual, até a cobertura.
E senti que o museu seria bonito e tão diferente dos outros que ricos e
pobres teriam prazer em visitá-lo. (Org. NIEMEYER, Oscar. Museu de Arte
Contemporânea de Niterói. Rio de janeiro, Editora Revan, 1997.)
Lição de Arquitetura
No ombro do planeta
em caracas
Oscar depositou
para sempre
uma ave flor
(ele não faz de pedra
nossas casas:
faz de asa)
O Poema da Curva
Sempre que viajava de carro para Brasília minha distração era olhar as
nuvens do céu.
Quantas coisas inesperadas elas sugerem! Às vezes são catedrais
enormes e misteriosas, as catedrais de Exupéry com certeza; outras
vezes, guerreiros terríveis, carros romanos a cavalgarem pelos ares; outros
ainda, monstros desconhecidos a correrem pelos ventos em louca
disparada e, mais freqüentemente porque sempre as procurava lindas e
vaporosas mulheres recostadas nas nuvens, a sorrirem para mim dos
espaços infinitos.
Mas logo tudo se transformava: as catedrais se desvaneciam em branco
nevoeiro, os guerreiros viravam préstitos carnavalescos intermináveis; os
monstros se escondiam em escuras cavernas, para surgirem adiante mais
furiosos ainda, e as mulheres iam se esgarçando, se estendendo,
transformadas em pássaros ou negras serpentes.
Muitas vezes pensei fotografar tudo isso, tão exatas eram as figuras que
apareciam. Nunca o fiz.
Mas, sempre que viajo olhar para as nuvens é minha distração
predileta, curioso, procurando decifra-las como se estivesse em busca de
uma boa e esperada mensagem. Naquele dia, porém, a visão foi mais
surpreendente. Era uma bela mulher, rosada como uma figura de Renoir. O
rosto oval, os seios fartos, o ventre liso, e as pernas longas a se
entrelaçarem nas nuvens brancas do céu.
E fiquei a olhá-la embevecido, com medo de que se diluísse de repente.
Mas os ventos daquela tarde de verão me deviam estar ouvindo e durante
muito tempo ela ali ficou a me olhar de longe, como a convidar-me para
subir e com ela, entre as nuvens, brincar um pouco.
Mas o que temia tinha de acontecer. E pouco a pouco minha namorada
foi se diluindo, os braços se alongando com desespero, os seios a voarem
como se destacando do corpo, as longas pernas se contorcendo em
espiral, como se dali ela não quisesse sair. Só os olhos continuavam a me
fitar, cada vez maiores, cheios de espanto e tristeza, quando uma nuvem
maior, densa e negra, a levou para longe de mim.
E continuei a segui-la, inquieto, vendo-a entre nuvens que a envolviam,
fustigada pela fúria dos ventos que a dilaceravam impiedosamente.
E senti como aquela metamorfose perversa se assemelhava ao nosso
próprio destino, obrigados a nascer, crescer, lutar, morrer e desaparecer
para sempre, como ocorria com aquela bela figura de mulher.
O que este prédio tem que chama tanto a atenção? Observem os outros
prédios a nossa volta e o MAC, quais as diferenças das formas
arquitetônicas?
Ela se parece com muitas outras formas – uma taça, um disco voador, um
prato, um funil, etc. – mas ela é realmente alguma destas formas?
Podemos dizer então que ela é uma forma abstrata? O que é abstrato?
Como saber o que é essencial para descrever uma forma? O que seria
suficiente para descrever uma árvore, uma flor ou uma montanha?
Sugestões de Atividades
A Linha Essencial
Poetizando
Dinâmica da Visita:
No Pátio do Museu:
No Espaço Museológico:
Diretora
Beatriz Jabor
Pesquisa e Mediação
Eduardo Machado
Ivan Henriques
Maria Thomas
Roberta Condeixa
Programas Comunitários
Leandro Baptista
Estagiários
Ana Carolina Fortuna (Estagiária de Produção Cultural)
Camila Nagem Marques (Estagiária de Arte Educação)
Igor Valente (Estagiário de Arte Educação)
Equipe de Apoio
Ângela Lombardo
Danielle Amaro
Hugo Richard
Mônica Duque