José Lopes e Helena Santos Silva, autores do livro 50 Técnicas de Avaliação
Formativa, abordam, no primeiro capítulo algumas questões sobre o processo de
avaliação. Primeiramente, gostaria de chamar atenção para a citação utilizada logo no início do capítulo, a qual nos leva a pensar a avaliação como um instrumento benéfico, mas que, se mal manuseado, pode tornar-se um elemento prejudicial para a vida escolar de muitas pessoas – situação essa que tem ocorrido de maneira frequente nas instituições escolares brasileiras. Os autores iniciam o capítulo abordando acerca dos múltiplos sentidos atribuídos à avaliação, os quais diferenciam as suas duas principais perspectivas, clarificando o conceito de avaliar e classificar. Com base nas minhas poucas experiências enquanto graduanda em Pedagogia (mas muitas delas como aluna), posso afirmar sem dúvidas que, assim como citam os autores, as escolas estão muito preocupadas em examinar e classificar os alunos ao invés de realmente avaliar e oportunizar uma melhor aprendizagem que garanta sucesso, e não fracasso, como tem acontecido. Logo, os autores são bastante fiéis à realidade e, também, buscam propor um processo que incentive a auto avaliação, a qual é de extrema importância, uma vez que quando o indivíduo se dá conta da sua modificabilidade ele pode refletir sobre si mesmo e transformar-se criticamente. E, segundo Paulo Freire, esse deve ser o objetivo inicial da educação. Posteriormente, os autores destacam, de forma simples e muito bem detalhada, os principais objetivos que a avaliação pode ter. A avaliação para a aprendizagem implica em ajudar os alunos no desenvolvimento de suas competências, atribuindo menor ênfase às notas, expondo frequentemente aos alunos as metas pretendidas e estimulando os mesmos a melhorarem seu rendimento. Acredito que essa perspectiva coloca o aluno em uma situação muito ativa e participativa do seu próprio processo educacional, o que é bastante positivo e benéfico. A noção de avaliação como aprendizagem também tem grande importância, pois implica que o aluno aprende se auto avaliando, conhecendo suas competências para aprender e, assim, assumindo significativa responsabilidade em relação a decidir qual caminho seguir para melhorar sua aprendizagem. Já a avaliação da aprendizagem implica em julgamento, classificação, colocando o aluno em uma posição de passividade, sem nenhuma participação e autonomia diante do processo avaliativo, sendo, portanto, demasiadamente prejudicial ao mesmo. As duas primeiras perspectivas de avaliação descritas são tidas como formativas, que visam a melhoria do rendimento escolar do aluno por meio da intensa e ativa participação do mesmo e ocorrem mais frequentemente. Esse tipo de avaliação, ao meu ver, estimula o aprendizado com foco no aprendiz e não apenas nos objetivos de determinada “tarefa”, além de permitir que o professor observe o desenvolvimento do aluno respeitando seu tempo. Porém, infelizmente, o predomínio dessa perspectiva é muito raro atualmente. Por outro lado, tem-se a avaliação somativa – na qual se encaixa a avaliação da aprendizagem -, de caráter quantitativo, ocorrência pouco frequente e utilizada basicamente para classificação. Na minha opinião, é nesse tipo de avaliação que grande parte das instituições escolares brasileiras se baseiam, o que não é benéfico, pois, assim como diz a citação inicial do capítulo, torna um “bicho de sete cabeças” um mecanismo que era para ser bom, causando desânimo nos alunos e, muitas vezes, evasão escolar. Por fim, acredito que a intenção dos autores de abordar sobre esse tema foi bastante válida para que se possa melhor compreender o real papel que a avaliação precisa desenvolver, de modo que seja possível alcançar objetivos desejados de forma correta e benéfica ao aluno.