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RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo confirmar que “o erro não é fonte de castigo, mas
suporte para o crescimento”, como afirma Luckesi (2002). É por meio do erro do
aluno, que o educador vai identificar o que p aluno já sabe e o que pode vir a
saber sobre o conteúdo em estudo e reconstruir o conhecimento a partir dele.
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Licenciando em Pedagogia. Faculdade de Teologia e Ciências.
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Faculdade Venda Nova do Imigrante.
Licenciada plena em Letras.Universidade Estácio
Email:psicopedagogaelmaraapx@gmail.com
INTRODUÇÃO
Considerando que muitos educadores ainda não aproveitam o erro para dar
início a novas práticas educativas que promoveria uma aprendizagem
significativa, chega-se a uma questão-problema a ser pesquisada: Em que
medida o erro de uma criança pode ser aproveitado na construção de sua
aprendizagem?
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Entre corrigir o erro e ensinar a pensar sobre ele, existe muita diferença. Corrigir
resulta apenas em correção sem reflexão. Ensinar a pensar é desenvolver a
consciência crítica, o que consequentemente promoverá momento de
aprendizagem.
Segundo Demo (2001, p.50) “o erro não é um corpo estranho, uma falha na
aprendizagem. Ele é essencial, faz parte do processo”.
Perrenoud (2000) proclama que “todos tenham direito de errar para evoluir.
Ninguém aprende sem errar. Errando, reflete-se mais sobre o problema e sobre
as ações usadas para resolvê-lo.”
Para Macedo (1989) o erro e o acerto não são privilégios de quem sabe, mas
são caminhos necessários ao conhecimento. O erro em algumas escolas não
pode continuar sendo encarado como sinônimo de fracasso, merecendo castigo,
mas como instrumento riquíssimo para a compreensão do processo da
estruturação do pensamento do aluno, um ser em formação e sua condição de
ser em desenvolvimento.
Envolvidos por todas essas contradições, é mais do que natural que se levantem
dúvidas quanto à real qualificação de todos os professores para avaliarem a
aprendizagem de seus alunos. Portanto, submeter o professor, tanto quanto o
aluno, a uma avaliação de desempenho é uma tarefa imprescindível, sem a qual
têm pouco ou nenhum valor os resultados da sua avaliação da aprendizagem do
aluno.
Para muitos professores o erro do aluno representa “jóia rara”, “pepita de ouro”,
que os mesmos buscam com avidez. Quando o encontra, o exalta, riscando-o
de vermelho, tal como o químico que encontra a fórmula que procura. Essa é
uma tolice que necessita ser abandonada.
Augusto Cury (2003, p. 97) sabiamente, escreve que “... professor tem que
educar com emoção [...] por trás de cada aluno [...] há uma criança que precisa
de afeto. [...] Paciência é o seu segredo, a educação do afeto é sua meta.”
Muitos professores avaliam e valorizam o aluno pela prova, quando mais erra
mais é visto pelo professor como não competente. Porém, o professor deve
interessar-se pelos erros, aceitando-os como etapas estimáveis do esforço de
compreender, proporcionando ao aprendiz, os meios para tomar consciência
deles, identificar sua origem e transpô-los. No entanto, La Taille (1997) afirma
que o erro pode ser fonte de tomada de consciência. Portanto, o papel do
professor é demonstrar para o aluno que o erro é o começo da aprendizagem ou
do próprio conhecimento.
É importante que o professor tenha claro que certos erros, depois de um tempo
de escolaridade, são inaceitáveis. As correções não podem ser todas da mesma
natureza, porque os conteúdos não são. Em cada situação há diferentes formas
de fazer com que o aluno saiba o que errou e porque errou.
Em linhas gerais o erro deve ser apontado. Basta saber se o professor corrige
porque é seu papel de corrigir o erro ou se assim o aluno está aprendendo. É
preciso que com a correção o professor informe ao aluno e dê a ele instrumentos
que o ajudem a superar dificuldades.
Dessa forma, muitas vezes ouve-se o aluno dizer: “Poxa, só agora compreendi
o que era para fazer!”. Ou seja, foi o erro, conscientemente elaborado, que
possibilitou a oportunidade de revisão e avanço. Todavia, se a conduta do
educador fosse a de castigar, perderia a oportunidade de reorientar, e o aluno
não teria a chance de crescer. Ao contrário, teria um prejuízo no seu
crescimento, e a oportunidade de ser educador seria perdida.
Assim sendo, o erro não é fonte para castigo, mas suporte para o crescimento.
Nessa reflexão, o erro é visto e compreendido de forma dinâmica, na medida em
que contradiz o padrão, para, subseqüentemente, possibilitar uma conduta nova
em conformidade com o padrão ou mais perfeita que este.
O erro, aqui, é visto como algo dinâmico, como caminho para o avanço.
Segundo Luckesi:
No caso da solução bem ou malsucedida de uma busca, seja ela de investigação cientifica ou
de solução prática de alguma necessidade, o não- sucesso é, em primeiro lugar, um indicador
de que ainda não se chegou à solução necessária, e, em segundo lugar, a indicação de um modo
de como não se resolver essa determinada necessidade. O fato de não se chegar à solução
bem-sucedida indica, no caso, o trampolim para um novo salto”. (LUCKESI, 2001, p.35).
À medida que uma criança avança na carreira escolar, parte de suas dificuldades
pode derivar de seu sucesso ou fracasso nos estudos, bem como no
relacionamento com professores e colegas. As crianças não podem deixar de
experimentar um sentimento de insatisfação se tiverem de viver um dia-a- dia de
fracassos, sem interesse pelas suas tarefas e sem encontrar um prazer
verdadeiro na companhia das pessoas a que estão associadas.
Os pais e os professores devem ter boa vontade e paciência para trabalhar
juntos. É importante reconhecer que existem certos problemas que a criança tem
de resolver sozinha. Existem outros que não têm solução, mas uma criança pode
aprender a viver com eles e até fortalecer-se com essa experiência.
O professor deverá ter atenção especial para com os alunos que fracassam.
Neste contexto, espera-se uma série de medidas preventivas e corretivas, a
partir dos resultados da avaliação. Desde então, recomenda-se ao professor:
– Procurar informar-se com segurança das técnicas de organização dos testes,
estabelecer os objetivos que pretende alcançar em cada caso, determinar as
situações de aplicação, prever as respostas, preparar-se para a análise dos
resultados;
– Evitar usar os resultados como medida, para efeito de notas, por exemplo, na
interpretação de texto literário; Literatura, em prosa ou em verso, suscita
impressões as mais variadas no leitor, as opções são inúmeras e nem sempre
coincidentes entre um leitor e outro, ou nem no mesmo leitor em dias diferentes;
– Não abusar, em questões gramaticais (Português), de testes do tipo que exige
a melhor resposta ou resposta única, porque pode favorecer a fixação de
respostas incorretas, principalmente se não corrigidas imediatamente; lembrar-
se de que a apresentação correta ao lado de resposta incorreta pode criar novas
oscilações, novos recuos de absorção de aprendizagem de alunos mais
instáveis, ou mais lentos, na fixação do aprendido ou apreendido;
– À medida que o professor se familiarizar com testes, na preparação, aplicação,
correção, irá também descobrindo suas vantagens e desvantagens;
– Os trabalhos do aluno devem ser lidos e meditados, o professor precisa
organizar fichas individuais, onde irá anotando suas observações em relação ao
aluno como pessoa humana, nos seus gostos, preferências, inclinações,
angústias, alegrias, e nas suas qualidades e deficiências em relação a
aquisições lingüísticas e literárias.
Neste contexto, o aluno é advertido em que pontos sua capacidade não está
sendo bem aproveitada e compreende o que pode vir a fazer para alcançar os
objetivos da aprendizagem. Sendo assim, o fracasso pode converter-se em
experiências construtivas.
METODOLOGIA
CONCLUSÃO
Na prática escolar em geral, o erro por muitos tem sido como prova do fracasso
ou incapacidade do aluno. No entanto, o professor tem que estar preparado para
trabalhar a partir do erros, usá-lo como ponto de partida para a aprendizagem; é
preciso compreendê-lo antes de combatê-lo.
Carvalho (1997) afirma haver erros ligados ao saber, às informações e erros
ligados ao saber/fazer, às capacidades ou erros de raciocínio, de uso de
princípios e regras.
O erro precisa ser considerado como fonte de aprendizagem, pois só assim
viabilizará um caminho de descobertas e desafios que estimulará no aluno o
prazer do saber.
Nesta perspectiva, o erro das crianças não pode ser desprezado, pois é um
reflexo da construção do conhecimento em que ela está aprendendo e revela o
que conquistou. O professor precisa instrumentalizar-se no sentido de fazer uso
dos erros como materiais para a construção do conhecimento.
Quando o aluno erra dentro de uma lógica, erra tentando superar um desafio.
Cabe ao professor compreender como o estudante está construindo seu
conhecimento, suas hipóteses, suas competências. Se ao contrário, o educador
fizer do erro como fonte de castigo, o aluno deixa de criar hipóteses, com medo
de ser punido.
Portanto, a atitude do professor diante do erro deve ser, sempre que possível, a
de transformá-lo em situação de aprendizagem. Enfim, o erro faz parte do
processo da aprendizagem. Ninguém aprende sem errar. Como foi visto, é por
meio do erro do seu aluno que o educador vai identificar o que ele já sabe e o
que pode vir a saber sobre o conteúdo em estudo e reconstruir o conhecimento
a partir dele.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRIOS, O.; TORRE, S.L.O curso de formação para educadores. São Paulo:
Madras, 2002.
DEMO, P.E. É errando que a gente aprende. Nova Escola. São Paulo, n.144,
pp.49-51, ago. 2001
LA TAILLE, Ives de. O erro na perspectiva piagetiana. In: AQUINO, Júlio Groppa
(org.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo:
Summus, 1997. pp.25-44.