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Questões Preliminares PDF
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B o m . E n t r e o s t e m a s d e q u e t r a t a r a m o s p r im e ir o s f i l ó s o f o s ,
especialmente Sócrates, e aquilo que o sujeito (o aluno) pode obter numa universidade,
e x i s t e u m a s e q ü ê n c i a d e t r a n s f o r m a ç õ e s t ã o g r a n d e s q u e é m a is o u m e n o s a d i s t â n c i a q u e
e x i s t e e n t r e u m a n i m a l vi v o e u m a s a l s i c h a . A c o m p a r a ç ã o n ã o é e x a g e r a d a .
E s s e p r o b l e m a , r e a lm e n t e , t e m p o u c o a v e r c o m F i l o s o f i a . E le t e m a
ver mais com a manutenção de certas rotinas didáticas destinadas a preparar pessoas
para que continuem a mesma atividade. Quer dizer: é uma atividade que se auto-
r e p r o d u z in d e f i n i d a m e n t e ; o s u j e i t o q u e va i e s t u d a r f i l o s o f i a g e r a l m e n t e v a i s e r
professor de filosofia.
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É m u i t o d if í c i l v o c ê c o m p r e e n d e r a F i l o s o f ia c o m o “ d is c i p l i n a
acadêmica”. Ela realmente não é isso. Não é; não só nas suas origens, mas na própria
m a n e ir a d e e n f o c a r o s p r o b l e m a s . T u d o a q u i l o q u e , e m F i l o s o f i a , n ã o é c o l o c a d o c o m
r e s p o n s a b i l i d a d e t o t a l, e n v o l v e n d o o p r ó p r i o f il ó s o f o a o p o n t o d e e x p ô - l o à m o r t e , c o m o
a c o n t e c e u n o c a s o d e S ó c r a t e s , n ã o é r e a lm e n t e F i l o s o f i a .
S e vo c ê p e r g u n t a r : q u a l é a m a t é r i a ? Q u a l é o a s s u n t o d a F il o s o f i a ?
A Filosofia não tem nenhum assunto determinado; ela pode tratar de todos e quaisquer
assuntos. O que vai diferenciá-la é um (certo) enfoque. Este enfoque pode ser resumido
com uma palavra: é a Responsabilidade. Quer dizer: é por um senso de responsabilidade
que você busca um fundamento, que você busca uma solidez maior nas respostas, que
você busca uma coerência, uma integridade, naquilo que você (...) na sua imagem do
mundo.
U m a im a g e m d o m u n d o , t o d o m u n d o t e m . O s e r h u m a n o , d e s d e o
m o m e n t o e m q u e e l e n a s c e , e l e s a b e q u e e l e e s t á n u m m u n d o . I s s o j á é u m a c o is a
e x t r a o r d i n á r i a , n ã o é ? E l e s a b e q u e a q u e l e e s p a ç o im e d i a t o n o q u a l e l e v i v e n ã o é o t o d o .
Ele sempre sabe que mais para diante tem outra coisa, e outra coisa... Então, todo mudo
s a b e d is s o . S e m n u n c a t e r e s t u d a d o .
Mais tarde quando você vai estudar Geografia, então, você vai ter
u m a id é i a d a f o r m a f í s ic a d o m u n d o . M a s , é p r e c is o v e r q u e e s t e r e t r a t o q u e vo c ê o b t é m
n a g e o g r a f i a é s ó u m d o s m u i t o s d e s e n h o s p o s s í v e i s d o u n i v e r s o , p o r a s s im d i z e r . O
d e s e n h o g e o g r á f ic o é , c o m o o p r ó p r i o n o m e d i z , g e o g r a p h i c u , é a p e n a s u m d e s e n h o
v i s í v e l : n ã o v a i t e m o s t r a r a e s t r u t u r a , o f u n c i o n a m e n t o d o m u n d o r e a l. E l e v a i m o s t r a r ,
a p e n a s , a f ig u r a f í s i c a q u e a c o i s a t e m , q u a n d o v i s t a s o b c e r t o s a s p e c t o s . M a s , d e c e r t o
modo, uma “geografia” instintiva todo mundo tem.
A F i l o s o f i a c o m e ç a m e d i t a n d o s o b r e e s t a im a g e m d o m u n d o q u e
você tem, com a finalidade de (torná-la) transformá-la numa visão responsável, numa
c o is a s é r i a .
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É justamente no instante em que algumas pessoas adquirem um
poder suficiente para influenciar decisivamente a vida alheia, (é) que a Filosofia se torna
n e c e s s á r i a . V o c ê v a i v e r q u e n u m a t r ib o d e í n d i o n ã o t e m F i l o s o f i a . E n a s c u l t u r a s m u i t o
pequenas, não tem Filosofia nenhuma. E durante muitos milênios não houve nenhuma
atividade comparável à Filosofia.
T o d a a c o n c e p ç ã o a s t r o ló g i c a , o u a s t r o b i o ló g i c a , ( e l a ) i m p l i c a e s s a
s u p e r p o s i ç ã o d o n a t u r a l - s o c i a l – n ã o q u e e s s a s u p e r p o s iç ã o n ã o e x is t a ; e l a e x is t e . M a s ,
u m a c o is a é e s s a s c a m a d a s d a r e a l i d a d e f i c a r e m s u p e r p o s t a s , o u t r a c o i s a é e l a s s e r e m a
mesma coisa. Quando é que o ser humano percebe que não são a mesma coisa? Bom; uma
d a s c o n d i ç õ e s p a r a i s s o é e l e p o d e r c o m p a r a r v á r i a s c u l t u r a s e v á r i a s s it u a ç õ e s
d i f e r e n t e s e v e r q u e e x i s t e u m a d i f e r e n ç a , u m a i n c o n g r u ê n c i a , e n t r e o s v á r i o s d is c u r s o s
q u e e s t ã o a li s u b e n t e n d i d o s .
P r i m e ir o , e le t e m q u e t r a n s f o r m a r a q u i l o – a s r e g r a s , p r i n c í p i o s e
s í m b o l o s – t ê m q u e s e r t r a n s f o r m a d o s n u m d is c u r s o , ( q u e r d i z e r q u e ) t ê m q u e s e e x p o r
v e r b a l m e n t e . N a h o r a e m q u e s e e x p õ e v e r b a l m e n t e é q u e vo c ê p e r c e b e a i n c o n g r u ê n c i a .
Enquanto elas estão – esses princípios, as regras costumeiras – estão embutidas no
p r ó p r i o m u n d o d a p e r c e p ç ã o , a o p o n t o d e n ã o p r e c i s a r e m s e e x p r e s s a r v e r b a lm e n t e , e l a s
n ã o p o d e m s e r e x a m i n a d a s , n ã o p o d e m s e r s u b m e t i d a s a e x a m e c r i t ic o . É à h o r a e m q u e
a s c r e n ç a s s e t r a n s f o r m a m e m d i s c u r s o q u e s u r g e m i n c o n g r u ê n c i a s e n t r e o s d is c u r s o s .
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cidadãos. E o ladrão, o assassino, o bandido, é visto como um inimigo dessa
comunidade. Então, você não pode dizer que esta definição está completamente errada.
E l a s ó f ic a e r r a d a n a h o r a e m q u e v o c ê p e r c e b e q u e o s la d r õ e s e
assassinos também têm amigos, e que eles se juntam contra nós. E que daí você tem,
então, duas “justiças” opostas. Se existem duas justiças opostas, então essas duas
j u s t iç a s o p o s t a s j á n ã o p o d e m s e r s u p e r p o s t a s à o r d e m c ó s m i c a c o m o s e f o s s e m a m e s m a
c o is a . Q u e r d i z e r : a e x i s t ê n c i a d e u m a o r d e m c ó s m i c a é u m d a d o d e e x p e r i ê n c i a ; q u e r
dizer, a própria regularidade, a estabilidade da vida natural te dá uma idéia de que há
u m a o r d e m . S e a n a t u r e z a f o s s e t o t a l m e n t e im p r e v i s í v e l n ó s n ã o s o b r e v i v e r í a m o s n e l a
dois minutos.
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e l a s e c o l o c a , e l a j á t e m u m a d i m e n s ã o p o l í t i c a im e d ia t a m e n t e . P o r q u e v o c ê e s t a
(submetendo, perguntando) subentendendo que a idéia do justo que você está
procurando é uma idéia do justo que sirva para todos os homens, para todos os membros
d a s u a c o m u n i d a d e , e n ã o s ó p a r a vo c ê i n d i v i d u a l m e n t e . E n t ã o é p o r i s s o q u e a p r im e ir a
f i l o s o f i a q u e s u r g e é a f i l o s o f i a p o l í t i c a e a f i l o s o f i a m o r a l. N u m p r im e ir o m o m e n t o ,
a i n d a c o n f u n d i d a s . E e s s a s p e r g u n t a s s ã o c o lo c a d a s p o r c a u s a d e i n c o n g r u ê n c i a s e
d i f i c u ld a d e s q u e v o c ê p e r c e b e n a p r ó p r i a v i d a s o c i a l.
P o r e x e m p l o , v o c ê v a i l á d a r u m c u r s o d e ló g i c a . D i g o : m u i t o b e m ;
m a s , p o r q u e a p a r e c e u a l ó g i c a ? P o r q u e t e m q u e e x i s t ir u m a l ó g i c a ? O s u j e i t o p o d e t e r
e s t u d a d o l ó g i c a a v i d a i n t e ir a e n u n c a t e r p e n s a d o n i s s o .
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A c o n t e c e o s e g u i n t e , ( q u e ) a í v o c ê e s t á o p e r a n d o e m d o is n í v e is :
t e m o n í v e l e x i s t e n c i a l , q u e é o n í v e l n o q u a l v o c ê e s t á le n d o o l i v r o o u a s s is t i n d o a
aula; e tem o nível da construção mental, que é o nível no qual estão colocadas as regras
e deduções da lógica paradoxal.
Por outro lado, a gente tem um outro obstáculo: você não pode
esquecer que aquelas pessoas que participam dos diálogos socráticos eram pessoas da
c l a s s e m a i s c u l t a q u e t i n h a a l i e m A t e n a s . E e s s a s p e s s o a s t i n h a m r e c e b id o t o d a a
formação de um homem público ateniense. Essa formação implicava, por exemplo, a
conquista de algumas virtudes militares, o sujeito tinha um treinamento militar; o
s u j e i t o t i n h a u m a f a m i li a r i d a d e c o m o s r i t o s d a r e l i g i ã o g r e g a ; t i n h a u m a f a m i l i a r i d a d e
com as leis da cidade; tinha uma familiaridade com todo o imaginário coletivo – através
das artes, da arquitetura, da escultura, do teatro etc. Então, eles tinham um meio
i m a g i n á r i o c o m u m . E S ó c r a t e s s e m p r e r a c i o c i n a a p a r t ir d i s s o .
O r a ; e s s e m e i o im a g i n á r i o c o m u m – h o j e – e l e , o u n ã o e x i s t e , o u –
quando existe – ele é de muito baixa qualidade, não permitindo uma elaboração
filosófica direta. O que molda o imaginário das pessoas, hoje? É a chamada
“ c o m u n ic a ç ã o d e m a s s a s ” . E , v o c ê n ã o p o d e e s q u e c e r q u e , n o m e i o d a s c o m u n i c a ç õ e s d e
massa, os objetivos com que os vários produtos são feitos, são os objetivos mais
desencontrados e freqüentemente objetivos não declarados.
Por exemplo, você está lá assistindo um filme, e você não sabe que
aquilo lá é um merchandising, que é feito para você comprar tal coisa, ou tal outra coisa.
Ou (que) pode lançar uma moda. Isso quer dizer que o fenômeno da manipulação – ou do
c o n s u m i d o r , o u d o e l e it o r e t c . – é u m a c o is a t ã o d i s s e m i n a d a h o j e e m d i a , q u e v o c ê
praticamente não pode consumir nenhum produto da cultura de massas, sem você
i n v e s t i g a r o n d e é q u e e l e s e s t ã o q u e r e n d o c h e g a r c o m is s o . S e n ã o v o c ê e s t á p e r m i t i n d o
que o seu mundo imaginário seja construído ao sabor de mil e um objetivos que você
desconhece totalmente.
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Então, (em) primeiro você não tem mais aquela unidade, aquela
c o e r ê n c i a s im b ó l i c a , d e u m a c u l t u r a ú n i c a , d e s e n v o l v i d a l o c a lm e n t e , c o m o e r a o c a s o a l i
de Atenas. Você tem uma cultura chamada “global”. E essa cultura global, ela é, não só
toda fragmentada, mas é toda desencontrada. Tanto que você vê que, por exemplo,
princípios – regras morais – absolutamente incongruentes e impossíveis de cumprir ao
mesmo tempo, são impostas a você, de modo simultâneo.
C o m o é p o s s í v e l v o c ê c u m p r ir e s s a s d u a s c o i s a s ? V o c ê v ê q u a n d o
pegaram aquele governador de Nova Iorque. Claro que o sujeito era um safado, claro
q u e e l e m e r e c e u . M a s , ( . . . ) d e s t r u ir u m a c a r r e i r a s ó p o r q u e o s u j e i t o e s t á c o m u m a p u t a
n u m h o t e l ? Q u a n d o is s o a í é o m í n i m o d e a t i v i d a d e s e x u a l q u e a c u l t u r a m e s m o e x i g e d o
sujeito?
V e j a : e s s e s p r o b l e m a s vo c ê n ã o t i n h a n a G r é c i a . E n t ã o , S ó c r a t e s n ã o
t e v e q u e l i d a r c o m e s s e s p r o b l e m a s . Q u e r d i z e r , e l e p o d i a p a r t ir d e u m m e i o im a g i n á r i o
( m a i s o u m e n o s ) c o e r e n t e e a t é c e r t o p o n t o s a u d á v e l, e e s p e c u l a r ( d i a n t e ) d e n t r o d i s s o .
O q u e e l e i a i n v e s t i g a r , a l i, e r a m c o n t r a d i ç õ e s e i n c o n g r u ê n c i a s – p o r a s s i m d i z e r –
“normais” da vida humana. Ele não ia partir de uma base tão problemática, tão
abissalmente confusa como você tem hoje.
E n t ã o , e u n ã o c r e i o q u e s e j a p o s s í v e l v o c ê e n s in a r F i l o s o f i a a p a r t i r
desta base. Por quê? Porque os problemas são muito toscos e muito primários e muito
g r o s s o s – g r o s s e ir o s d e m a i s – p a r a q u e p o s s a m s e r t r a t a d o s f i l o s o f i c a m e n t e . A l é m d i s s o ,
você tem toda a manipulação política, publicitária etc., que vai fazer do seu imaginário
uma lata de lixo.
( P i o r q u e , ) e m p r i m e ir o l u g a r , v o c ê t e r i a q u e o r g a n i z a r u m p o u c o o
imaginário das pessoas, fornecendo a elas símbolos que permitissem a elas integrar essas
v á r i a s c o i s a s e c o m p r e e n d e r i m a g i n a t i v a m e n t e q u a l é a s u a s i t u a ç ã o r e a l. ( P o r q u e )
aquilo que você não consegue imaginar, você não consegue compreender de jeito
nenhum (você não pode conceituar).
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Aristóteles já ensinava isso, quer dizer, você não cria conceitos a
p a r t ir d e m e r o s d a d o s s e n s í v e is ; v o c ê c r i a a p a r t i r d e f i g u r a s , d e im a g e n s c o n s e r v a d a s n a
m e m ó r i a . M e m ó r i a e I m a g i n a ç ã o , p a r a A r is t ó t e l e s , s ã o a m e s m a c o i s a .
É , p o r e x e m p l o , c o m o v o c ê l o c a l iz a r u m c a m i n h o : v o c ê v a i d a q u i
a t é C o l o n i a l H e i g t h s . V o c ê n ã o é c a p a z d e , v e r b a l m e n t e , ( v o c ê ) r e p e t ir t o d a s a s c o i s a s
que você viu no caminho e que te servem de referência: você as conserva na memória
visual; e isto é mais do que suficiente.
E n t ã o is s o a í é u m ( c e r t o ) d o m í n i o i m a g i n á r i o d a s i t u a ç ã o , p o r q u e
v o c ê é c a p a z d e r e c o r d a r , i m a g i n a r m a is o u m e n o s a p a i s a g e m e c o n c e b e r , i m a g i n a r a l i ,
o s t r a j e t o s q u e v o c ê v a i s e g u ir . S e m e s t a b a s e i m a g i n á r i a n ã o d á p a r a f a z e r n a d a .
C o m o é a m a n e i r a d e v o c ê o r g a n i z a r is s o d a í ? É v o c ê f o r n e c e r
s í m b o l o s – m a is d i f e r e n c i a d o s e m a is a b r a n g e n t e s – q u e p e r m i t a m a o i n d i v i d u o
enquadrar a experiência dele dentro de uma referência humana muito maior; mais
u n i v e r s a l , p o r a s s im d i z e r .
É d o im a g i n á r io q u e s a i – d i r e t a m e n t e – a s u a v i s ã o d o p o s s í v e l e
do impossível. Você sabe (perfeitamente) que tem muitas coisas estranhas que são
possíveis. E têm outras que você não considera impossíveis, mas (...)
A ( s u a ) m e d i d a d o p o s s í v e l e d o im p o s s í v e l, e l a d e p e n d e ( v a m o s
d i z e r ) d a r e g u l a r id a d e d a n a t u r e z a e d o s h á b i t o s s o c i a i s c o n s o l i d a d o s . A q u i l o q u e
e s c a p a d is s o a í , p a r a vo c ê n ã o e x i s t e . É m u i t o d i f í c i l v o c ê c o n c e b e r is s o .
E u v o u l h e d a r u m e x e m p lo . S e v o c ê p e g a q u a l q u e r c i d a d ã o
contemporâneo e diz: olhe, invente aqui a vida da sua família até quatro gerações para
a t r á s , ( ve j a q u e m é c a p a z ) . ( E l e ) n ã o é c a p a z d e c o n c e b e r c o m o v e r o s s í m i l a v i d a d e s e u
próprio pai. Por quê? Porque ele está tão sobrecarregado dessas imagens, desses
e s t í m u l o s q u e v ê m d o m e io a t u a l, q u e a p r ó p r i a n o ç ã o d e t e m p o , p a r a a t r á s d e l e , s o m e .
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A noção da duração das coisas. Se você perguntar para as pessoas
quando foi a Idade Média, a maior parte não sabe. Mas não é porque não estudou a
H i s t ó r i a . É p o r q u e n ã o é c a p a z d e im a g i n a r .
Para elas, por exemplo, o que aconteceu para os pais dela, foi
muito antigamente. Se você pega qualquer garoto de 14 (quatorze) anos, o “antigamente”
dele é o tempo do pai dele. Entre o tempo do pai dele e a época do homem de
Neanderthal, parece que se passaram apenas dois dias: foi tudo igual. Com esse esquema
imaginário, tão tosco e miserável, o que a gente pode fazer? Como é que a gente vai
ensinar filosofia para essas pessoas?
C o m o v o c ê n ã o s a b e is s o , v o c ê s u b s t i t u i a i d é i a d o P o d e r , p e l a
idéia do governo. (Então, você tem aí) uma seqüência de cargos eletivos que
representam, simbolizam, o Poder. Então, o sujeito vai sempre achar que quem tem o
“poder” é quem está no governo.
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Mas – nos anos 60 – ele teve para mim a vantagem (de) que ele me
mostrou que existe uma estrutura do poder, que não se identifica com a estrutura do
governo; aonde você tem, não somente grupos econômicos, você tem instituições
r e l i g i o s a s , v o c ê t e m g r u p o s d e a m i z a d e , g r u p o s d e j u v e n t u d e , g r u p o s d e r e f e r ê n c ia , v o c ê
tem as amantes dos políticos, que desempenham um papel no governo... Você tem uma
r e d e i m e n s a d e i n s t â n c ia s q u e d e t e r m i n a m o c u r s o d a s c o i s a s , o n d e o g o v e r n o é u m a
casquinha, você tá entendendo?
Era menor.
Era menor do que hoje, então era mais fácil entender também quem (...)?
Tem aquele famoso teste, que o Meira Penna fez com os alunos dele
na universidade de Brasília. Ele perguntou: a que classe social vocês pertencem?
Ninguém sabia. E, no entanto, são até capazes de falar de “luta de classes”.
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que você consiga enxergar essa cultura como um todo, para daí (...) não em todos os seus
detalhes, evidentemente, mas pelo menos como um (...) que tenha uma forma para você,
u m a f o r m a i d e n t i f ic á v e l p a r a v o c ê e q u e e s t a f o r m a , m a is o u m e n o s , c o i n c id a c o m a
r e a l i d a d e . S e m is s o n ã o é p o s s í v e l c o m e ç a r a i n v e s t i g a ç ã o f i l o s ó f ic a .
A g o r a , s e vo c ê c o m e ç a a d a r t é c n i c a s f i l o s ó f ic a s , e a H i s t ó r i a d a
Filosofia (...) no meio dessa confusão, todo esse material vai ser apenas mais um
c o m p o n e n t e d a c o n f u s ã o . P o r is s o ( é q u e e u ) a c h o q u e e u f u i m u i t o a f o r t u n a d o , m a s
m u i t o a f o r t u n a d o , d e c o m e ç a r o s m e u s e s t u d o s p e l o l a d o l i t e r á r i o . A p r i m e ir a c o i s a q u e
m e i n t e r e s s o u f o i a L i t e r a t u r a , e s p e c i a l m e n t e a l i t e r a t u r a b r a s i l e ir a .
Eu posso dizer que eu tinha isso – aos (há uns?) vinte e um, vinte e
d o i s a n o s – e u t i n h a i s s o j á i n t e ir o n a m i n h a c a b e ç a . I s s o q u e r d i z e r q u e e u e r a c a p a z d e
pensar filosoficamente sobre aquilo sem nunca ter estudado Filosofia. E foi mais ou
m e n o s p o r e s s a é p o c a q u e e u c o m e c e i a m e i n t e r e s s a r p e l o la d o f i l o s ó f ic o .
Olavo (...) por um lado (...) você se refere que um dos inícios da
filosofia, da meditação filosófica, é você ter feito pelo menos um mapa da sua própria
ignorância, não é?
Sim.
(...) mas para você fazer o mapa da própria ignorância, você tem que ter
meios verbais de você dizer o que você sabe, o que você não sabe...
À s v e z e s v o c ê n ã o t e m e s s e s m e i o s v e r b a is .
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Então, nesse sentido, essa primeira abordagem do curso é quase isso:
olhe, eu vou ensinar...
O s c u r s o s d e L e t r a s f a z e m is s o t a m b é m ? N ã o . P o r q u ê ? P o r q u e e l e s
vão tomar as obras de Literatura, não como experiências imaginárias que você vai fazer,
mas vai tomá-las como objeto de estudo e de análise. Aí dançou. Aí saiu outra coisa.
Q u e r d i z e r , é s e m p r e e s s a c o i s a d e q u e r e r p u l a r d ir e t o d e u m i m a g i n á r i o t o s c o p a r a u m
conhecimento científico. Isso é impossível.
É p o r is s o q u e v o c ê v ê , p o r e x e m p l o , u m c a r a c o m o o d o u t o r
R ic h a r d D a w k i n s – q u e é ( u m s u j e it o q u e ) u m d o s c a r a s q u e m a i s e n t e n d e m d e B i o l o g i a
no mundo – ele acredita em deuses astronautas. Não é porque ele não estudou Biologia;
é p o r q u e a f o r m a ç ã o d o i m a g i n á r io d e l e e s t á t o s c a , e s t á e r r a d a . U m a p e s s o a c o m u m
imaginário bem formado entende que um deus astronauta é apenas uma criatura
biológica como qualquer outra. E que você atribuir a origem da vida a um deus
astronauta é você dizer que “a origem da vida é a origem da vida”. Não disse mais nada
além disso. Quer dizer: isso não é uma resposta.
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É . A s d i m e n s õ e s d i s s o . A s d im e n s õ e s v i v a s d o p o s s í v e l e d o
impossível. É o senso do possível e do impossível.
Porque daí é que (você) vai sair a segunda etapa, que é o senso da
v e r o s s im i l h a n ç a . H o j e e m d i a s a s p e s s o a s ( . . . ) p o r e x e m p l o , q u a n d o v o c ê e s t u d a
Literatura – estuda a arte do Romance – um dos elementos fundamentais ali é a
v e r o s s im i l h a n ç a . Q u e r d i z e r , a s e s t ó r i a s t ê m q u e s e r c o n t a d a s d e m a n e i r a q u e o l e i t o r
acredite.
E você percebe, você estudando, por exemplo, como é que você (...)
c o m o é q u e t a l o u q u a l a u t o r p r o d u z i u u m a i m p r e s s ã o d e v e r o s s im il h a n ç a e m v o c ê –
você recordando isto – na hora (em) que você leu (...) “não, na hora eu li, eu senti, eu
a c r e d i t e i c o m o s e e s t i ve s s e v i v e n d o ” . C o m o é q u e e l e f e z i s s o ? N ã o a t é c n i c a l i t e r á r i a
que ele usou. Mas o impacto que teve na sua imaginação. É um problema, não de
c o n h e c e r e s t u d o s d e L it e r a t u r a , m a s d e e s t u d o e m s i m e s m o : p o r q u e e u a c r e d i t e i n i s s o
na hora em que eu estava lendo?
Você veja que a verossimilhança literária, ela tem algo a ver com a
v e r o s s im i l h a n ç a n o s e n t i d o r e a l d a c o i s a . Q u a i s s ã o o s p a d r õ e s d e v e r o s s im i l h a n ç a q u e
s ã o ( . . . ) q u e v o c ê a c e i t a ? V e r o s s im i l h a n ç a s i g n i f i c a o s e g u in t e : é a p r im e ir a i m p r e s s ã o
e m q u e vo c ê a c r e d i t a , o u n ã o . V o c ê v e j a q u e a q u a s e t o t a l i d a d e d a s c o i s a s q u e
aconteceram no Século XX foram inverossímeis; as coisas importantes do Século XX...?
P o r e x e m p l o , s e v o c ê d i s s e s s e , n o a n o d e 1 9 4 4 , vo c ê d is s e s s e : “ o l h e ,
d a q u i a u m t e m p o , v a i t e r u m a b o m b a q u e ( e x p l o d e ) s o m e c o m u m a c i d a d e i n t e ir a ” .
Ninguém ia acreditar. E a bomba já estava praticamente feita. Você está entendendo?
S e , q u a n d o t e r m i n o u a p r im e ir a g u e r r a , q u e m o r r e u v i n t e m i l h õ e s
d e p e s s o a s , v o c ê d is s e s s e : “ o l h e ; d a q u i v i n t e a n o s , v a i t e r o u t r a , q u e é o d o b r o d e s s a ” .
Ninguém ia acreditar. Então...
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Então, o Século XX foi feito de uma sucessão de acontecimentos
inverossímeis. Mas era inverossímil para todo mundo? Não. Era inverossímil para a
maioria das pessoas. Mas, para quem sabia o que estava acontecendo, por exemplo, o
cara que estava trabalhando num laboratório, fazendo a bomba atômica; não é possível
que ele não acreditasse em bomba atômica. O Himmler – que estava lá planejando a
matança dos judeus – não é possível que ele não acreditasse em matança de judeus. Quer
dizer: o personagem envolvido, acredita. Quem não acredita é quem está de fora, que é a
quase totalidade das pessoas. Então...
Por exemplo, quando você vai sondar para onde vai a sociedade, o
q u e v a i a c o n t e c e r e t a l. . . V o c ê p r e c i s a t e r u m s e n s o d o v e r o s s í m i l e d e i n v e r o s s í m i l
extremamente apurado. Você não pode seguir a verossimilhança da maioria. Porque a
maioria sempre vai errar.
P o r o u t r o l a d o , q u a n d o v o c ê r o m p e c o m o s e n s o d e v e r o s s im i l h a n ç a
da maioria, você pode entrar numa imaginação delirante. Justamente porque, vamos
dizer, você não tem o imaginário bem formado. Está compreendendo?
E n t ã o q u e r d i z e r : u m d o s p r im e i r o s p a s s o s p a r a p r e p a r a r a p e s s o a
para o estudo da Filosofia é restaurar esse senso do imaginário. Então você (...) a
r e s t a u r a ç ã o d e s s e s e n s o d o i m a g i n á r i o é t a m b é m a ( . . . ) n ã o é s ó is s o , m a s é v o c ê s a b e r
quais são as possibilidades humanas.
V o c ê n ã o t e m a m e d id a e x a t a d o s e r h u m a n o s e v o c ê n ã o c o n h e c e r –
s e p a r a v o c ê n ã o f o r v e r o s s í m i l – n a d a a lé m d a m e d i o c r i d a d e d o s e u m e i o e d a
mediocridade das pessoas que você conhece.
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Então, você estava me perguntando, uma obra importantíssima
para ler: toda a obra de Georges Bernanos.
E n t ã o , à m e d i d a q u e v o c ê a u m e n t a a d im e n s ã o d o s e u i m a g i n á r i o ,
v o c ê a u m e n t a a s u a p r ó p r i a d im e n s ã o . A o p o n t o d e q u e , s e v o c ê a d q u i r i u e s s a s c o i s a s ,
você se torna pessoalmente incompreensível para uma pessoa que não tenha o mesmo
p a d r ã o d e ve r o s s i m i l h a n ç a . ( E s s e s ) n ã o p o d e m e n t e n d e r o q u e v o c ê e s t á f a z e n d o .
P o r q u e i s s o a c o n t e c e ? P o r q u e o im a g i n á r i o d o s c a r a s n ã o c o n s e g u e
i r ( . . . ) t e m u m p e r s o n a g e m c h a m a d o O l a vo d e C a r v a l h o , q u e n ã o c a b e d e n t r o d o
imaginário deles. Eles têm que (...) estão fazendo o possível para imaginar...
P a r a m e i m a g i n a r , v o c ê p r e c is a r i a c o n h e c e r m u i t o s p e r s o n a g e n s d e
f i c ç ã o . E m u i t a s b i o g r a f i a s d e f i l ó s o f o s . D a í v o c ê p e g a ( e v o c ê ) v ê o q u e é O la v o d e
Carvalho. Mas você não tem isso; então você não faz. Não houve o trabalho de formação
do imaginário. O que acontece é que, confrontado com um acontecimento que você não
entende, você começa (...) você cria monstros. E você vive numa atmosfera francamente
psicótica.
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S e v o c ê f o r v e r a s d o z e c a m a d a s d a p e r s o n a li d a d e ; o e s t u d o d a
f i l o s o f i a s ó é p o s s í v e l a p a r t i r d a s é t im a c a m a d a . S é t i m a c a m a d a é a o n d e v o c ê é u m
cidadão. Você sabe quais são os seus deveres para com a sociedade. Você não foge deles.
E v o c ê é c a p a z d e j u l g a r o o u t r o p e lo m e s m o c r i t é r i o c o m q u e v o c ê j u l g a a s i m e s m o .
C l a r o , t e m c o i s a s q u e v o c ê p e r c e b e s e r e m im p o s s í ve i s – c e r t o s
c r i m e s h e d io n d o s , p o r e x e m p l o – v o c ê n ã o c o n s e g u e e s t ic a r a s u a i m a g i n a ç ã o a o p o n t o
d e v o c ê s e i m a g i n a r c o m e t e n d o a q u e l e s c r im e s , p o r q u e v o c ê n ã o c o n s e g u e p a r t i c i p a r
d a q u e l e e s t a d o d e e s p í r i t o . M a s t e m u m a g a m a im e n s a d e c o n d u t a s h u m a n a s , m u i t o
d i f e r e n t e s d a s s u a s e a t é o p o s t a s à s s u a s , q u e s ã o p e r f e i t a m e n t e im a g i n á v e i s . M a s , n o
meio brasileiro (...)
Essa coisa das cinco classes dos heróis da ficção de que falam o
A r i s t ó t e l e s e o F r y e . . . Q u e r d i z e r : p r i m e ir o , o p e r s o n a g e m é u m d e u s ; n o s e g u n d o , é
c o m o u m ( s e r ) im o r t a l , s e m i d e u s ; n o t e r c e i r o , e l e é u m h e r ó i; n o q u a r t o , e l e é u m a
pessoa comum; e, no quinto, ele é um incapaz.
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uma proteção; é muito grande. Claro, às vezes pode acontecer de uma pessoa estar numa
situação dessas por uma coincidência. Mas, em geral, é por incapacidade mesmo.
C o m o é q u e n ó s p o d e m o s n i v e l á - l o s à s d is c u s s õ e s d e u m c i d a d ã o
ateniense? Aquelas pessoas todas já tinham estado na guerra, eram pessoas que tinham
p o s i ç ã o n a p o l í t i c a , t i n h a m r e s p o n s a b i l i d a d e s ( . . . ) e n t ã o a í é a q u e le n e g ó c i o d o s p o u d a i o s :
tem que ser um homem maduro.
E n t ã o , n ó s t e m o s q u e : p r im e ir o , f a v o r e c e r o a m a d u r e c im e n t o d a s
pessoas, a t r a vé s do trabalho do imaginário. Segundo, dar-lhes os instrumentos
e x p r e s s i v o s p a r a q u e e l a s p o s s a m e x p r e s s a r a s u a e x p e r i ê n c i a r e a l, e n ã o a p e n a s o s
esquemas verbais já consolidados.
Porque, quando você não sabe dizer o que você está vendo, está
sentido, está experimentando, você diz outra coisa. Que, na sua cabeça, se parece com
aquilo. Mas, que na realidade, não é aquilo. Por isso que eu digo: nós, no primeiro ano,
nós temos que dar uma (...) não é uma formação literária, não se trata de estudar Letras,
q u e é o u t r a p e r v e r s ã o t a m b é m . M a s , d e e n s i n a r o s u j e it o ( . . . ) a a b r i r o i m a g i n á r io a
p a r t ir d a s i t u a ç ã o r e a l d e l e .
Olhe, tem duas coisas que eu me lembro, que quando eu era muito
jovem, eu li, assim, de passagem e deixaram um impacto definitivo para mim.
O p r im e ir o e r a u m l i v r o d e H i s t ó r i a d o s E s t a d o s U n i d o s – u m l i v r o
usado no ginásio (aqui), no secundário – em que o professor montava a situação da
H i s t ó r i a a m e r i c a n a e d a í f a z i a o a l u n o s e c o l o c a r n a p o s iç ã o d o s p e r s o n a g e n s e d iz i a : o
que você faria nessa situação? E eu vi que, uma pergunta como aquela, jamais se
c o l o c a r ia n u m a e s c o l a b r a s i l e i r a . Q u e r d i z e r : o s p e r s o n a g e n s d a H is t ó r i a m e s m o , q u e
eram mostrados como personagens reais (...) mas como estereótipos apenas. E que você
n u n c a i a e n t e n d e r a q u i lo . É i m p o s s í v e l e n t e n d e r .
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Olhe; essas duas coisas são apelos à percepção da realidade. E se
existe uma coisa que as escolas normalmente não fazem é chamar a pessoa à percepção
da realidade.
( I s s o q u e r d i z e r q u e ) d á u m a im p r e s s ã o a s s i m : s ó é m a t é r ia
c u r r i c u l a r o q u e n ã o t e m n a d a a ve r c o m a e x i s t ê n c i a r e a l . É p r o i b i d o . A e x i s t ê n c i a r e a l
não pode entrar na escola brasileira, é proibido. Porque dá a impressão de que você está
m a t a n d o a u la .
I s s o q u e r d iz e r q u e o m u n d o c u r r i c u l a r é u m m u n d o à p a r t e . E v o c ê
t e m q u e s e s u b m e t e r à q u e l a s r e g r a s . E u d i g o : m a s i s s o a í é d e s t r u ir a in t e l i g ê n c ia , i s s o é
matar as pessoas. Eu não vou fazer a mesma coisa no meu curso.
D e p o is , n ó s p o d e m o s p a s s a r p a r a u m a s e g u n d a e t a p a – q u e é u m
e x a m e d o m e i o s o c i a l, c u l t u r a l , r e a l , o n d e a s p e s s o a s e s t ã o . E , a p a r t i r d a l i , a s q u e s t õ e s
b á s ic a s d a f i l o s o f i a s u r g i r ã o p o r s i m e s m a s . D e u p r a e n t e n d e r ? T e m m a is a l g u m a o u t r a
pergunta?
O r e s t o , a g e n t e f a z n o u t r o d i a , s e p r e c is a r . E u q u e r i a f a z e r u m a s
c i n c o o u s e is g r a v a ç õ e s i n t r o d u t ó r i a s , q u e t o d o m u n d o t e m q u e o u v i r a n t e s d e c o m e ç a r o
c u r s o , e s t á e n t e n d e n d o ? E n t ã o . . . O u t r o d i a n ó s t e r e m o s m a is u m a . . .
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