N e w R ealism

in t h e W o r l d P icture A g e

A l e j a n d r o Rojas (ed.)

ÁpeirDn Ediciones

2020
 E l d e b a t e f i l o s ó f i c o s o b r e el r e a l i s m o h a e s t a d o m a r c a d o e n l o s ú l t i m o s t i e m p o s
p o r d o s g r a n d e s p o s i c i o n e s : el r e a l i s m o c i e n t í f i c o y el r e a l i s m o crítico. E l r e a l i s m o
científico es f u n d a m e n t a l m e n t e positivo: c o n s i d e r a q u e p o d e m o s c o n o c e r pos itiva­
m e n t e l a r e a l i d a d g r a c i a s a l a m e t o d o l o g í a c i e n t í f i c a . E l r e a l i s m o c r í t i c o es, p o r el
c o n t r a r i o , n e g a t i v o . C o n s i d e r a q u e la realidad, a u n q u e p u e d e ser a d v e r t i d a y a f i r m a ­
da, n o p u e d e ser identificada c o n n u e s t r o c o n o c i m i e n t o f e n o m é n i c o . U n p u n t o d e
inflexión d e b e señalarse a finales del siglo x x , c u a n d o u n a E u r o p a q u e se h a b í a d e s ­
a n g r a d o a sí m i s m a e m p e z ó a s e n t i r s e l l a m a d a h a c i a h a c i a p r e g u n t a s m á s m u n d a n a s ,
p e r o n o m e n o s r e l e v a n t e s : el e f e c t o d e la p r o p a g a n d a , l os l í m i t e s d e la d e m o c r a c i a ,
el r a c i s m o , l o s p e l i g r o s d e la c i e n c i a s i n c o n t r o l , el o r i g e n d e l m a l e n el h o m b r e , lo s
i n t e r e s e s o c u l t o s d e l p o d e r . .. c u e s t i o n e s q u e a p r e m i a b a n a u n q u e n o f u e s e p o s i b l e h a ­
c e r c i e n c i a s o b r e las m i s m a s , y c u e s t i o n e s q u e r e l a t i v i z a b a n la p r e o c u p a c i ó n filosófica
p o r l a r e a l i d a d e n sí. E l f i l ó s o f o a c t u a l s a b e q u e l a ú n i c a p r e g u n t a p e r t i n e n t e a c e r c a
d e l a g u e r r a n o e s si r e a l m e n t e h u b o u n a g u e r r a , s i n o ¿ p o r q u é s e h a p r o d u c i d o ? ¿ P o r
q u é n o n o s d i c e n c l a r a m e n t e los d a t o s s o b r e los m u e r t o s ? ¿ Q u é intereses n o d i c h o s se
e s c o n d e n d e t r á s d e la i n f o r m a c i ó n q u e n o s llega? D e l m i s m o m o d o q u e la p r e g u n t a
p e r t i n e n t e s o b r e el S I D A n o e s si r e a l m e n t e h a y e n f e r m o s d e S I D A , s i n o l a s p r á c t i c a s
discursivas q ue , p o r e j e m p l o , d e m o n i z a n prácticas sexuales. L o s filósofos p a r e c í a n
h a b e r s e d i v i d i d o e n d o s g r a n d e s b l o q u e s : los q u e q u e r í a n c o n o c e r la r e a l i d a d positi­
v a m e n t e y l o s q u e q u e r í a n c o n o c e r el m u n d o d e l o s h o m b r e s . P e r o a c o m i e n z o s d e l
siglo x x i u n n u e v o espíritu realista h a i n u n d a d o E u r o p a c o n u n a e x t r a ñ a p r o m e s a :
es p o s i b l e u n r e a l i s m o pos i t i v o n o científico. U n n u e v o r e a l i s m o q u e h a b r í a n a c i d o
d e s d e el h a l l a z g o d e q u e e x i s t e n m u c h a s m á s c o s a s q u e las físicas: e x i s t e n la m e n t i r a ,
l o s d i s c u r s o s o la f i c c i ó n , p o r e j e m p l o , y n o e n t e n d e m o s b i e n el m u n d o d e l o s h o m ­
b r e s s i n e n t e n d e r e s a s r e a l i d a d e s n o físicas a las q u e el r e a l i s m o c i e n t í f i c o p r e s t a p o c a
a t e n c i ó n . E l p r e s e n t e libro, q u e i n c l u y e a a l g u n o d e los m a y o r e s r e p r e s e n t a n t e s d e
este n u e v o realismo, r e ú n e a u n g r u p o d e selectos especialistas d e trayectoria filosó­
fica i n t e r n a c i o n a l m e n t e r e c o n o c i d a p a r a d e b a t i r el a l c a n c e real, l o s p r o b l e m a s y las
v i r tude s, d e esta ú l t i m a t e n d e n c i a filosófica q u e n o d e j a d e creer, p e r o q u e n o está
e x e n t a d e p r o b l e m a s y c u e s t i o n e s q u e este libro p r e t e n d e s a c a r a la l u z a través d e u n
análisis plural y p r o f u n d o .
 1.a edición, 2 0 2 1

G racias
a la A l e x a n d e r v o n H u m b o l d t -St i f t u n g
y al G r u p o d e investigación s o bre idealismo a l e m á n
Y SUS C O N S E C U E N C I A S ACTUA L E S ( H U M - I 7 2 )
P O R H A B E R C O N T R I B U I D O E N ESTA EDICIÓN.

© D e la e d i c i ó n , A l e j a n d r o R o j a s J i m é n e z
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ISBN: 978-84-122908-3-7

T o d o s los d e r e c h o s reservados. N i n g u n a p a r t e d e esta p u b l i c a c i ó n p u e d e ser

r e p r o d u c i d a p o r n i n g ú n m e d i o s i n el p e r m i s o p o r e s c r i t o d e l ed i t o r .
 C O N T E N T S

P reface
1. P r e s e n t a c i ó n
J u a n A . Gracia, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2. I n t r o d u c c i ó n
Alejandro Rojas, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. W a s es w i r k l i c h in d e r Z e i t d e s W e l t b i l d e s gib?
Alejandro Rojas, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

P a r t I: R ealism in ph i l o s o p h y
4. E l r e a l i s m o filosófico e n los tres h i t o s q u e j a l o n a n s u historia
J u a n A. García, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5. R e a l i s m o ¿ r e c u p e r a d o ?
A n t o n i o Diéguez, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
6. T r o u b l e s w i t h R e a l i s m
A n d r é s Rivadullla, Universidad Complutense de M a d r i d . . . . . . . . . . . . . . 9 7

P a r t II: N e w R ealism in 2 ist C entury

7. Isteresi: p e r u n a t e o r i a d e l t u t t o
M a u r i z i o Ferraris, Universitá degli S t u d i di T o r i n o . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3 1
8. T h e W o r l d as a P i c t u r e a n d as R e a l i t y
J o c e l y n B e n oist , Université París 1 P a n t h é o n - S o r b o n n e . . . . . . . . . . . . . . 171
9 . S i c h e t w a s v o r z u s t e l l e n , w i e e s ist
Jens R o m e t s c h , Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universitát B o n n . . . . . . . . 189

P a r t III. t h e n e w realism in c o n t e x t
10. K a n t el h o m b r e . P e n s a m i e n t o y v i d a e n el f u n d a d o r d e l s i s t e m a c r í t i c o
J u a n A r a n a , R e a l A c a d e m i a d e Ciencias M o r a l e s y Política. . . . . . . . . . . . . 2 0 5
11. K a n t s restrictive n o t i o n o f k n o w i n g
Rafael R e y n a , Universidad de Navarra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
12. U n a c o m p a r a t i v a e n t r e la filosofía d e l G e i s t d e G a b r i e l y d e H e g e l :
¿ p u n t o d e partida o d e llegada?
A n d r é s Ortigosa, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4 5

7
13. L a r e a l i d a d d e la ilusión. P r o b l e m a s filos-ópticos
en Alexandre Kojéve y C l é m e n t Rosset
Haris Papoulias, UNED-Hercritia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 6 5
14. R e g r e s o y despedida.
H e i d e g g e r y la i n t e r p r e t a c i ó n o n t o h i s t ó r i c a d e P l a t ó n
Ale jandro G . Vigo, Universidad de N a v a r r a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 8 9

Pa r t IV. N e w R ealism o u t of philosophical C ontext

15. [Experto e n d e r e c h o y agresión] Subjetivity o f the P e r cepc ión
J. M a r t í n R a m í r e z , U n i v e r s i d a d d e N e b r i j a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
16. [ E x p e r t o e n teoría c o m u n i c a c i o n a l ] E l r e t o r n o d e la retórica
G r e g o r i o R o b l e s , R e a l A c a d e m i a d e C ie nc ia s M o r a l e s y Políticas. . . . . . . . . 3 3 1
17. [ E x p e r t o e n c u e s t i o n e s éticas y m o r a l e s ] E l p r o b l e m a
d e los p u n t o s d e c o n v e r g e n c i a e n t r e d o n a c i ó n y ser
U r b a n o Ferrer, Universidad d e M u r c i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
1 8 . [ E x p e r t o e n filología] L a r e a l i d a d y otras ficciones:
d e r r o t a d e l r e a l i s m o e n la p o e s í a d e L u i s A l b e r t o d e C u e n c a
P e d r o Plaza, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 7 1

P a r t V. final considerations
19. E l va l o r heurístico d e los c a m p o s d e s e n t i d o
J u a n José Padial, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 9 3
2 0 . A l e t e i o l o g í a y los n u e v o s r e a l i s m o s del siglo x x i
Ale jandro Rojas, Universidad de M á l a g a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1 5

8
 C h a p t e r XIII

L a realidad d e la ilusión. P r o b l e m a s filos-ópticos

en Alexandre Kojéve y Clé m en t Rosset

(Haris Papoulias, U N E D - H e r c r i t i a )

I. I n t r o d u c c i ó n

A p a r t i r d e P l a t ó n , la i m a g e n h a a l i m e n t a d o t o d o d i s c u r s o s o b r e l o real,
y s u e s t u d i o refleja b i e n la o p o s i c i ó n g n o s e o l ó g i c a p r o d u c i d a a lo l a r g o d e
la historia e n t r e lo q u e h o y l l a m a m o s r e a l i s m o e i d e a l i s m o o lo q u e e n la
E d a d M e d i a s e l l a m a b a n o m i n a l i s m o y r e a l i s m o 1. E n el á m b i t o e s t é t i c o
y d e c u l t u r a visual, la i m a g e n s i g u e p r o p o n i é n d o n o s viejos p r o b l e m a s d e
la t r a d i c i ó n filosófica b a j o n u e v o s t é r m i n o s . E s p e c i a l m e n t e a p a r t i r d e las
V a n g u a r d i a s , o p o s i c i o n e s c o m o la d e a b s t r a c t o - c o n c r e t o , i n t e r n o - e x t e r n o ,
i m i tación-originalidad, visible-invisible y otras s e m e j a n t e s , se h a n h e c h o
p a r t e d e l v o c a b u l a r i o h a b i t u a l d e t o d a crítica d e arte y d e los t extos teóricos
d e los artistas m i s m o s .
S i n e m b a r g o , a m e n u d o s e o l v i d a el c a r á c t e r f u n d a m e n t a l m e n t e o n t o l ó -
g i c o d e la i m a g e n q u e , d e a l g u n a m a n e r a , d e b e r í a a n t e c e d e r t o d o d i s c u r s o
« a p l i c a d o » . C o n e s t e a r t í c u l o m e g u s t a r í a c o n t r i b u i r al i n t e n t o d e p e n s a r
e n la r e l a c i ó n e n t r e i m a g e n y r e a l i d a d , e n f o c a n d o s o b r e al m e n o s d o s p r o ­
b l e m á t i c a s r e l e v a n t e s , t r a t a d a s p o r el f i l ó s o f o r u s o A l e x a n d r e K o j é v e y el
filósofo francés C l é m e n t Rosset. S e trata del p r o b l e m a d e la relación e ntre
la i m a g e n p i c tó r i c a y lo R ea l, e x p r e s a d o e n t é r m i n o s e x t r e m o s p o r K o j é v e ,
y d e l p r o b l e m a d e la d u p l i c a c i ó n d e l o real, t r a t a d o p o r R o s s e t d e m a n e r a
i g u a l m e n t e r a d i c a l , p e r o e n d i r e c c i ó n d i a m e t r a l m e n t e o p u e s t a r e s p e c t o al
p e n s a d o r ruso.

1 M á s allá d e las c o n o c i d a s d i s t i n c i o n e s p l a t ó n i c a s d e la R e p ú b l i c a y d e la i m a g e n c o m o
i m i t a c i ó n , v é a s e l a p r o b l e m á t i c a d e s u d e f i n i c i ó n o n t o l ó g i c a e n e l S o f i s t a , 2 0 4 c y ss.

265
 C a d a u n a d e estas p o s i c i o n e s r e p r e s e n t a la c o n s e c u e n c i a ú l t i m a d e d o s
m a n e r a s e s e n c i a l e s d e p e n s a r l o real. T o m a r p a r t i d o p o r u n a d e ellas, c o m o
s e h a h e c h o a m e n u d o h a s t a h o y , n o s d e j a r í a e n el m e d i o d e a p o r í a s i r r e s o ­
lubles; b a s t a c o n o b s e r v a r la infinita v a r i e d a d c o n la q u e se p r e s e n t a n e n la
h is to ri a d e l arte o d e la filosofía t é r m i n o s c o m o « a b s t r a c c i ó n » o « r e a l i s m o » ,
a vec es , i n c l u s o i n t e r c a m b i a n d o s u s e n t i d o 2. L a n e c e s i d a d d e s u p e r a r la
c o n t r a d i c c i ó n n o es s o l a m e n t e u n a e x i g e n c i a especulativa, s i n o t a m b i é n
práctica, vista la t e n d e n c i a a c t u a l d e p e n s a r e n la i m a g e n c o m o a l g o a lo
q u e a t r i b u i m o s m á s r e a l i d a d q u e a c u a l q u i e r o t r a c o s a (véase la p o t e n c i a
d e l o s m e d i a , d e la r e a l i d a d v i r t u a l o el é x i t o d e c o r r i e n t e s artísticas c o m o
el h i p e r r e a l i s m o ) o, p o r el c o n t r a r i o , d e d e s - p o t e n c i a r l a s i s t e m á t i c a m e n t e
y c o n t r a t o d a e v i d e n c i a , a t r i b u y é n d o l e la c u l p a d e s e r el v e h í c u l o p r i n c i p a l
d e t o d a ilusión. E m p e c e m o s n u e s t r o r e c o r r i d o p o r la t eo rí a d e A . K o j é v e .

II. A l e x a n d r e K o j é v e y l a v i s i b i l i d a d d e l o i n v i s i b l e

Alexandre Kojéve (1902-1968), quizás todavía p o c o c on oc id o e n E s ­

p a ñ a , es sin e m b a r g o u n o d e los p e r s o n a j e s m á s i m p o r t a n t e s del p e n s a ­
m i e n t o e u r o p e o d e l siglo X X . S u l e c t u r a d e la F e n o m e n o l o g í a d e l E s p í r i t u
h e g e l i a n a , r e a l i z a d a e n u n a serie d e c u r s o s a c a d é m i c o s al E c o l e P r a t i q u e d e s
H a u t e s É t u d e s d e París e n t r e 1 9 3 3 y 1 9 3 9 3, h a s i d o u n a p a r t e e s e n c i a l d e
l a f o r m a c i ó n d e u n a g e n e r a c i ó n e n t e r a d e i n t e l e c t u a l e s c o m o Q u e n e a u (el
c u a l r e c o g e y p u b l i c a los a p u n t e s d e l m a e s t r o p a r a la editorial G a l l i m a r d ) ,
L a c a n , M e r l e a u - P o n t y , Bataille, R a y m o n d A r o n , E r i c W e i l , A n d r é B r e t ó n ,
y el o t r o g r a n h e g e l i a n o , m a e s t r o a s u v e z d e m u c h o s f i l ó s o f o s f r a n c e s e s ,
J e a n H y p p o l i t e , t o d o s ellos, e n t r e m u c h o s o t r o s , s u s a l u m n o s .

2 E n r e l a c i ó n a la historia d el t é r m i n o « a b s t r a c c i ó n » y su s m u c h o s significados, i n c l u s o
o p u e s t o s , v é a s e e l t r a b a j o d e G e o r g e s R o q u e , Q u ’e s t - c e q u e l ' a r t a b s t r a i t ? U n e h i s t o i r e d e
l ' a b s t r a c t i o n e n p e i n t u r e , 1 8 6 0 - 1 9 6 0 , P a r ís: G a l l i m a r d , 2 0 0 3 . S o b r e el m i s m o f e n ó m e n o
e n el r e a l i s m o , v é a s e , p o r e j e m p l o , el art. d e A . M . M u m a , « R e a l i s m o » e n el D i z i o n a r i o
dellapittura e deipittori,Torino: Einaudi, 1 9 9 3 , p p . 5 4 l - 4 9 .
3 I n t r o d u c t i o n h l a l e c t u r e d e H e g e l . L e g o n s s u r l a P h é n o m é n o l o g i e d e l ’e s p r i t p r o f e s s é e s d e
1 9 3 3 ct 1 9 3 9 h l ' É c o l e d e s H a u t e s É t u d e s , r é u n i e s e t p u b l i é e s p a r R a y m o n d Q u e n e a u . P a r í s :
G a l l i m a r d , 1 9 4 7 ; h a y u n a ed. es p a ñ o l a : A . K o j é v e , I n t r o d u c c i ó n a la lectura d e H e g e l , trad.
d e A . A l o n s o M a r t o s , M a d r i d : Trotta, 2 0 1 3 .

266
 A l e x a n d r e K o z e v n i k o v n a c i ó e n 1 9 0 2 e n l a R u s i a z a r i s t a y, c o m o o t r o s
c o m p a t r i o t a s s u y o s , i n m i g r ó a A l e m a n i a tras el e s t a l l i d o d e la R e v o l u c i ó n
R u s a . P o s t e r i o r m e n t e , estudió e n Berlín y H e i d e l b e r g c o n Jaspers. A u n q u e
m á s tarde, e n París, llegó a la c ú s p i d e d e s u carrera, d e j ó la A c a d e m i a p a r a
d e d i c a r s e c o n p a s i ó n al e n t o n c e s n a c i e n t e p r o y e c t o d e la U n i ó n E u r o p e a ,
el M e r c a d o C o m ú n E u r o p e o e n B r u s e l a s . E l m i s m o s e d a r á el a p o d o a u ­
t o - i r ó n i c o d e « f i l ó s o f o d e d o m i n g o » 4, p o r el p o c o t i e m p o q u e t e n í a l ibre
p a r a d e d i c a r s e a la filosofía.
S u o b r a e s t á c a r a c t e r i z a d a p o r l a f u s i ó n e n t r e el l e n g u a j e h e i d e g g e r i a n o ,
t e m á t i c a s e x i s t e n c i a l i s t a s y la s i s t e m a t i c i d a d h e g e l i a n a q u e c o n f i e r e el m a r ­
co general d e t oda su producción. Entre sus obras m á s conocidas p o d e m o s
recordar su ensayo sobre L a autoridad, sus Lineamientos de u n a f e n o m e n o ­
l o g í a d e l d e r e c h o o el e n s a y o s o b r e E l a t e í s m o A T a m b i é n h a b r í a q u e d e s t a c a r
s u historia d e la filosofía g r i e g a e n 3 v o l ú m e n e s , p r e c e d i d a p o r u n a d e n s a
p a r t e t e ó r i c a s o b r e el c o n c e p t o d e l t i e m p o 6 . P e r o el a s p e c t o d e s u p e n s a ­
m i e n t o q u e a q u í n o s interesará d e m a n e r a m á s específica es a q u e l l o m e n o s
c o n o c i d o d e t o d o s , r e l a c i o n a d o c o n el arte.
U n d e t a l l e b i o g r á f i c o n o s i n t r o d u c i r á e n el c o r a z ó n d e n u e s t r o t e m a .
K o j é v e era s o b r i n o p o r p a r t e d e m a d r e del p i n t o r Vasili K a n d i n s k y . E s t a
r e l a c i ó n d i o la o p o r t u n i d a d a n u e s t r o filósofo d e desarrollar u n a d e f e n s a
del arte a b s t r a c t o q u e , e n realidad, n o trata d e o t r a c o s a q u e d e la r e l a c i ó n
e n t r e la i m a g e n y l o real.
S o n d o s los d o s textos f u n d a m e n t a l e s e n los q u e e x p u s o sus p e n s a m i e n ­
tos estéticos. P o r u n a parte, « L a p i n t u r a c o n c r e t a d e K a n d i n s k y » ( 1 9 3 6 ) ,
r e d a c t a d o d e s p u é s v a r i a s c o n v e r s a c i o n e s c o n el p i n t o r , y q u e q u e d a r á i n ­
é d i t o h a s t a el 1 9 6 6 7 . E l s e g u n d o , t i t u l a d o « L a p e r s o n a l i d a d d e K a n d i n s k y »

4 V é a s e la b i o g r a f í a intelectual d e K o j é v e , d e M . Filoni, IIfilosofo della d o m e n i c a . L a

vita e ilpensiero di A l e x a n d r e Kojéve. T o r i n o : Bollati Bor ingh ieri , 2 0 0 8 .
5 L a s ediciones actuales d e estos e n s a y o s son: Esquisse d ' u n e p h é n o m é n o l o g i e d u droit,
d e l 1 9 8 1 ; L A t h é i s m e d e l 1 9 9 8 ; L a N o t i o n d e l a u t o r i t é d e l 2 0 0 4 , t o d a s p u b l i c a d a s p o r la
ed. parisina G a l l i m a r d .
6 E s s a i d u n e h i s t o i r e r a i s o n n é e d e l a p h i l o s o p h i e p a i e n n e ; v o l . 1. L e s p r é s o c r a t i q u e s , v o l . 2.
P l a t ó n et Avistóte, vol. 3. L a p h i l o s o p h i e hellénistique. L e s néo-platoniciens. Paris: G a l l i m a r d ,
1 9 6 8 . L a i n t r o d u c c i ó n h a s i d o p u b l i c a d a p o r s e p a r a d o c o n el tít ulo: L e c o n c e p t , le t e m p s et
le d i s c o u r s . P a r i s : G a l l i m a r d , 1 9 9 0 .
7 L e s Peintures concretes d e K a n d i n s k y , Bruxelles: L a Lettre V o l é e , 2 0 0 1 .

267
( 1 9 4 6 ) , t o d a v í a se e n c u e n t r a sólo e n f o r m a t o m a n u s c r i t o ; p o r p r i m e r a v e z
se p u b l i c ó e n italiano g r a c i a s a la i n v e s t i g a c i ó n d e M a r c o F i l o n i 8. A este
m a t e r i a l p o d r í a m o s a ñ a d i r u n p a r d e c a r t a s e n t r e K o j é v e y e l p i n t o r r u s o 9 y,
p o r ú l t i m o , u n a s p o c a s p á g i n a s p r e c i o s a s , p r o c e d e n t e s d e s u d i a r i o j u v e n i l 10,
r e d a c t a d o e n los a ñ o s Ve i n t e , d o n d e a p u n t a b a sus i m p r e s i o n e s d u r a n t e s u
v i a j e a I ta li a.
E n aquellos años, Kojéve intentaba formular u n a base conceptual so­
b r e la c u a l erigir s u p e n s a m i e n t o . S u m a y o r e s f u e r z o e s t a b a d i r i g i d o h a ­
cia la d e f i n i c i ó n d e u n a «filosofía d e lo in-existente», e n c u a n t o e l e m e n t o
e s e n c i a l m e n t e artístico. P o d e m o s e n t e n d e r m e j o r e sta e x p r e s i ó n p r e s t a n d o
a t e n c i ó n a las f o r m u l a c i o n e s m á s m a d u r a s d e l filósofo, d o n d e e s t e e l e m e n ­
to s i g u e presente. P a r a e m p e z a r , s e g ú n K o j é v e , t o d o arte es arte abstracto,
e n el s e n t i d o literal d e l a p a l a b r a a b s t r a c c i ó n . S i l a b e l l e z a {le B e a t i ) d e u n
á r b o l c o n c r e t o e s real, d i c e K o j é v e , y s u f i c i e n t e a sí m i s m a , e n t o n c e s

l a b e l l e z a a b s t r a í d a ( le B e a u a b s t r a i t ) d e l á r b o l p i n t a d o n o l o e s : p a r a q u e
s e a r e a l n e c e s i t a t o d o s s u s e l e m e n t o s c o n s t i t u t i v o s ( . . .). C u a n d o l a b e l l e z a
pictórica tiene q u e «representar» u n a belleza q u e n o es s o l a m e n t e / ú n i c a -
m e n t e pictórica, la be l l e z a p i c t ó r i c a resulta ser m á s p o b r e y m e n o s real d e
la belleza r e p r e s e n t a d a : e n otras palabras, es u n a bel leza a b s t r a c t a ( u n B e a u
abstrait). E l a r t e d e l a p i n t u r a « r e p r e s e n t a t i v a » c o n s i s t e e n el a r t e d e a b s ­
t r a e r ( a b s t r a i r e ) el c o m p o n e n t e p i c t ó r i c o d e la b e l l e z a c o m p l e t a , e n c a r n a d a
e n lo real no-artístico, y d e m a n t e n e r esta bel leza a b s t r a c t a d e n t r o d e l (o e n
t a n t o q u e ) c u a d r o . L a p i n t u r a « r e p r e s e n t a t i v a » es u n a p i n t u r a d e la b el leza
abstracta: es u n a p i n t u r a e s e n c i a l m e n t e abstracta. A h o r a , s i e n d o abstracta,
e s t a p i n t u r a e s n e c e s a r i a m e n t e s u b j e t i v a . 11

P o r el c o n t r a r i o , la p i n t u r a d e K a n d i n s k y s e r í a c o m p l e t a m e n t e i n d e ­
p e n d i e n t e d e a q u e l r e f e r e n t e , e x i s t e n t e e n el m u n d o e x t e r i o r . L o q u e K a n ­
d i n s k y crea, es u n o b j e t o n u e v o , sin referente. D e esta m a n e r a , lo B e l l o
p r e s e n t e e n e s t e t i p o d e c u a d r o , n o s e h a e x t r a í d o d e s d e el m u n d o e x t e r i o r ,

8 L a p e r s o n n a l i t é d e K a n d i n s k y , m s . i n é d i t o , t r a d . y p u b . e n el v o l . e d . p o r M a r c o F i l o ­
ni, A . K o j é v e , K a n d i n s k y , M a c e r a t a : Q u o d l i b e t , 2 0 0 5 , p p . 4 9 - 5 4 .
9 V é a s e : “ D u e lettere d i A l e x a n d r e K o j é v e a W a s s i l y K a n d i n s k y ” en : A . K o j é v e , Ilsilen-
zio e la tirannide, ed. d e A . G n o l i , M i l a n o : A d e l p h i 2 0 0 4 , p p . 2 1 1 - 2 2 0 .
10 V é a s e l a e d . it.: D i a r i o d e l f i l o s o f o , t r a d . d e C . Z o n g h e t t i , T o r i n o : A r a g n o , 2 0 1 2 .
11 L e s P e i n t u r e s . . . , cit., p p . 1 9 - 2 0 .

268
n o es a b s t r a c t o , s i n o a l g o en-sí. A s í q u e h a b r í a q u e r e p l a n t e a r los t é r m i n o s .
L o B e l l o q u e p e r t e n e c e c o m p l e t a m e n t e y e x c l u s i v a m e n t e a esta i m a g e n es
lo v e r d a d e r a m e n t e concreto. P o r esta razón, K o j é v e o p e r a u n a inversión
radical: lo q u e n o s o t r o s h a b i t u a l m e n t e l l a m a m o s «arte abstracto», K o j é v e
l o l l a m a r á « a r t e c o n c r e t o » . E l a r t e p o n e e n el m u n d o a l g o l i t e r a l m e n t e
n o - e x i s t e n t e (la I d e a ) . H e a q u í el s i g n i f i c a d o d e « f i l o s o f í a d e l i n - e x i s t e n t e » .
E s t a o p e r a c i ó n refleja b i e n s u g e n i a l i d a d , y a q u e , c u a n d o K o j é v e la f o r ­
m u l ó p o r p r i m e r a vez, es p o c o p r o b a b l e q u e h u b i e s e l e íd o a H e g e l . P e r o
es i n n e g a b l e q u e s u s raíces se e n c u e n t r a n e n la F e n o m e n o l o g í a d e l E s p í r i t u
y p r e c i s a m e n t e e n l a c r í t i c a d e l « A q u í » y « A h o r a » 12, p a l a b r a s e m p l e a d a s a
m e n u d o p a r a indicar lo m á s c o n c r e t o q u e hay, m i e n t r a s q u e , e n realidad,
c o m o e x p l i c a H e g e l , s o n las n o c i o n e s m á s a b s t r a c t a s , s i n n i n g ú n c o n t e n i d o
verdadero.
E n los m i s m o s a ñ o s d e r e d a c c i ó n d e la F e n o m e n o l o g í a , H e g e l h i z o u n a
m a g n i f i c a a p l i c a c i ó n d e e s t o s c o n c e p t o s e n u n e n s a y o q u e al f inal q u e d ó
i n é d i t o , t i t u l a d o « ¿ Q u i é n p i e n s a a b s t r a c t a m e n t e ? » 13. E n él, H e g e l p o l e m i z a
c o n el v u l g o q u e c o n s i d e r a el p e n s a m i e n t o f i l o s ó f i c o c o m o u n a a b s t r a c c i ó n ,
m i e n t r a s q u e l o m á s a b s t r a c t o s e r í a el l e n g u a j e d e l p u e b l o i n c u l t o . Allí, r e p a ­
r a e n v a r i o s e j e m p l o s d e la v i d a diaria y d e ellos s a c a l e c c i o n e s i m p o r t a n t e s .
P o r e j e m p l o , a n t i c i p a n d o a d e m á s los d e b a t e s d e l siglo X X s o b r e la p e n a d e
m u e r t e , se dirige d e m a n e r a f u e r t e m e n t e p o l é m i c a h a c i a a q u e l l o s q u e se
d e l e i t a n d e l e s p e c t á c u l o d e las e j e c u c i o n e s p ú b l i c a s e n las p l a z a s d e las c i u ­
d a d e s . F r e n t e a esta b a r b a r i d a d , la g e n t e suele auto-justificarse r e c o r d a n d o
el c r i m e n c o m e t i d o p o r el c o n d e n a d o ; e n r e a l i d a d , d i c e H e g e l , é s t a e s u n a
d e las p e o r e s f o r m a s d e a b s t r a c c i ó n , p u e s s e p i e r d e d e v i s t a la t o t a l i d a d d e la
p e r s o n a (lo ú n i c o v e r d a d e r a m e n t e c o n c r e t o ) y e n t r e s u s m u c h a s c u a l i d a d e s
s e d e s t a c a s ó l o a l g o e n p a r t i c u l a r : el h a b e r c o m e t i d o u n c r i m e n .
A s í c o m o e n l a F e n o m e n o l o g í a s e d e c í a q u e « l o V e r d a d e r o e s e l E n t e r o » 14,
e n este b r e v e t e x t o se s o s t i e n e q u e la v e r d a d d e l ser h u m a n o es la p e r s o n a

12 V é a s e e l c a p . l l a m a d o « l a c e r t e z a s e n s o r i a l » d e l a F e n o m e n o l o g í a d e l e s p í r i t u , t r a d . d e
A. G ó m e z Ramos, Madrid: Abada, 2010.
13 W e r d e n k t a b s t r a c t ? e n : G . W . F . H e g e l , W e r k e i n z w a n z i g B á n d e n , e d . d e E . M o l -
d e n h a u e r y K . M . M i c h e l , S u h r k a m p , Frankfiirt a . M . 1 9 7 9 , vol. 2: J e n a e r Schriften 1 8 0 1
- 1 8 0 7 , pp. 575-581.
14 « L o v e r d a d e r o e s e l t o d o » s e g ú n l a t r a d . d e G ó m e z R a m o s ( F e n o m e n o l o g í a , cit.,
p . 7 5 ) , p e r o H e g e l d i c e « D a s W a h r e ist d a s G a n z e ».

2 6 9
entera, u n c o n j u n t o q u e n u n c a p o d r í a m o s identificar c o n u n a sola d e sus
características y a ú n m e n o s c o n d e n a r a m u e r t e a a l g u i e n e n b a s e a esta
abstracción.
A h o r a bien, esta lógica n o s p o d r í a p r o p o r c i o n a r resultados m u y inte­
r e s a n t e s si a p l i c a d a e n e l a r t e . P e r o , l a i r o n í a e s q u e l a i n t e r p r e t a c i ó n d e
K o j é v e , c o m o t o d a s u i n t e r p r e t a c i ó n d e la teoría h e g e l i a n a , c a e v í c t i m a
d e la m i s m a a b s t r a c c i ó n q u e , p o r o t r o s m e d i o s , i n t e n t a c o m b a t i r . P a r a
e n t e n d e r m e j o r la d i f e r e n c i a e n t r e H e g e l y K o j é v e , sería s u f ic ie n te p e n ­
s a r q u e e n K o j é v e el p r o b l e m a s e e n c u e n t r a e n l a r e l a c i ó n e n t r e i m a g e n
y realidad, m i e n t r a s q u e e n H e g e l sería m á s b i e n e n t r e i m a g e n e idea. Y
ello es p o r q u e H e g e l , c u a n d o l l e g a a tra ta r d e la i m a g e n artística, y a t i e n e
r e s u e l t o el p r o b l e m a d e la r e a l i d a d . Q u e el a r t e n o t e n g a q u e r e - p r o d u c i r
la n a t u r a l e z a , H e g e l y a l o t e n í a c l a r o d e s d e el c o m i e n z o d e s u s c u r s o s d e
estética; lo l l a m a d o « b e l l o n a t u r a l » es d e h e c h o u n o d e los p r i m e r o s obj et i ­
v o s p o l é m i c o s d e s u s i s t e m a 15 . U n á r b o l p i n t a d o , d i r í a H e g e l , n o s ó l o n o e s
u n árbol natural, a u n q u e sólo abstracto - c o m o diría K o j é v e - sino q u e ni
s i q u i e r a p r e t e n d e serlo. E s d e c i r , el á r b o l p i n t a d o , s e a c u a l s e a l a i n t e n c i ó n
o la t é c n i c a d e l artista, es p o r d e f i n i c i ó n u n a r e f e r e n c i a a a l g o q u e n o t i e n e
n a d a q u e v e r c o n e l á r b o l r e a l 16 . I n c l u s o l a m i s m í s i m a p i n t u r a , e n c u a n t o
f o r m a d e arte, p a r a H e g e l es la e x p r e s i ó n d e la i n t e r i o r i d a d d e l s ujeto, d e
m o d o q u e c u a l q u i e r m e d i o o t e m a e l e g i d o p o r el p i n t o r , e s p o r d e f i n i c i ó n
u n a e x p r e s i ó n d e l s u j e t o y n o d e la n a t uraleza. A d e m á s , H e g e l n i s iq ui er a
l l e g a r í a a e x a m i n a r el g r a d o d e f i d e l i d a d d e u n á r b o l p i n t a d o , p o r q u e el
á r b o l d e la n a t u r a l e z a n o es u n o b j e t o estético.
E n e s t e ú l t i m o p u n t o t a m b i é n K o j é v e e s t a r í a d e a c u e r d o , y a q u e él r a ­
dicaliza t o d a v í a m á s la n o c i ó n d e « o b j e t o estético», a t r i b u y é n d o l a e n t e r a ­
m e n t e a u n a p r o d u c c i ó n del espíritu. L a difer en c ia está e n o t r o p u n t o y
éste es p r e c i s a m e n t e e n lo q u e c a d a u n o d e ellos c o n s i d e r a «realidad».
C o m o d e c í a m o s , H e g e l llega a la c u e s t i ó n d e la m i m e s i s artística c o n
la p r o b l e m á t i c a d e l o real y a r esuelta. E s o le d a u n a v e n t a j a m a y o r , n o s ó l o

15 V é a s e e l c o m i e n z o d e l a s L e c c i o n e s s o b r e E s t é t i c a , t r a d . d e A . B r o t ó n s M u ñ o z , M a ­
d r i d : A k a l , 1 9 8 9 , p p . 7 y ss.
16 Y l o e s « p o r d e f i n i c i ó n » p o r q u e c u a n d o l l e g a m o s a t r a t a r d e e l l o e n l a E s t é t i c a , y a
n o s e n c o n t r a m o s e n la e s f e r a d e l E s p í r i t u A b s o l u t o . E s d e c i r , el E s p í r i t u y a h a r e c o r r i d o
t o d a s las e t a p a s d e l r e i n o n a t u r a l , d e la i n m e d i a t e z etc. y se h a l i b e r a d o d e la p a s i v i d a d d e
l a s e n s i b i l i d a d . L o s e n s i b l e p r e s e n t e e n el arte, y a e s a l g o e s p i r i t u a l .

270
r e s p e t o a K o j é v e , s i n o r e s p e t o a t o d o t e ó r i c o d e l arte. K o j é v e , o p e r a u n a
e s p e c i e d e r e d u c c i ó n existencialista d e l s i s t e m a h e g e l i a n o , es decir, n o p a r ­
te d e s d e la esfera d e la i d e a c o m o h a c e H e g e l , s i n o d e s d e la a n t r o p o l o g í a .
R e s u m i e n d o ráp id am e nt e, p o d r í a m o s decir q u e e n s u interpretación del
s i s t e m a h e g e l i a n o , e x c l u y e el f u n d a m e n t o v e r d a d e r o y el h o m b r e q u e d a
s ó l o f r e n t e a la n a t u r a l e z a . D e e s t a m a n e r a , c u a n d o llega a la o b r a d e arte,
a s u m e u n a actitud d e n i ñ o fascinado frente a u n espectáculo milagroso. E s
d e c i r , s e s i e n t e c o m p l e t a m e n t e e n c a n t a d o p o r e l p o d e r d e l a r t e y, s i n s a b e r
d o n d e a t r i b u i r e s t a f u e r z a ( y a q u e t o d o e n él es t e r r i b l e m e n t e h u m a n o ) ,
a c a b a a t r i b u y é n d o s e l a a la o b r a m i s m a .
P u e d e q u e esta s o l u c i ó n sea m á s justificable d e lo q u e p a r e c e s e g ú n
m i r á p i d a r e c o n s t r u c c i ó n , y a q u e el p r o p ó s i t o d e K o j é v e e s r e a l m e n t e n o ­
ble: s u o b j e t i v o es d e s h a c e r s e d e l arbitrio subjetivista c o m o p r i n c i p i o d e
c r e a t i v i d a d . Y e s i n d i c a t i v o el c ó m o K o j é v e l l e v a i n c l u s o e s t e d i s c u r s o al
e x t r e m o , a f i r m a n d o q u e las o b r a s d e K a n d i n s k y s o n t a n r ea l e s - e n - s í q u e n o
s e las d e b e r í a n i s i q u i e r a f i r m a r , p u e s s u c r e a d o r n o es m á s q u e u n m e d i o
g r a c i a s al c u a l ellas a d q u i e r e n e x i s t e n c i a :

P o r eso, n o se d e b e r í a d e c i r “u n c u a d r o d e K a n d i n s k y ” , s i n o “u n c u a d r o
p o r m e d i o d e K a n d i n s k y ” . Y s e r í a t o d a v í a m e j o r e l i m i n a r el “ K a n d i n s k y ”
d e l t o d o y d e c i r s i m p l e m e n t e “ C u a d r o ” .17

A s í , c o n u n a tal s o b r e e s t i m a c i ó n d e la c r e a c i ó n artística, l o q u e p a r e c e
ser u n i d e a l i s m o a b s o l u t o , llega a s o s t e n e r la a b s o l u t a r e a l i d a d d e l o b j e ­
t o - c u a d r o d e u n m o d o q u e p o c o s realistas h a b r í a n s i d o c a p a c e s d e h a c e r .
P e n s a n d o e n las t e o r í a s d e a r t e c o n v e n c i o n a l e s , d i f í c i l m e n t e s e p o d r í a e n ­
c o n t r a r o t r a p a r e c i d a y t a n radical. P e r o resulta t o d a v í a m á s s o r p r e n d e n t e
a v e r i g u a r q u e , e n realidad, y a h a h a b i d o u n a teoría s e m e j a n t e a lo largo d e
la h istoria y q u e , a d e m á s , K o j é v e c o n o c í a b i e n , t e n i e n d o m u y p r o b a b l e ­
m e n t e e n s u casa m a t e r n a u n o s c u a n t o s e j e m p l o s , c o m o t o d a familia rusa.
M e refiero a los i c o n o s o r t o d o x o s . Si e st a s u p o s i c i ó n es cierta, resultaría
t o d a v í a m á s i r ó n i c o el h e c h o d e q u e el ú n i c o p r e c e d e n t e p a r a e x p l i c a r la
t e o r í a d e u n a t e o radical, es a q u e l l o p r o c e d e n t e d e u n a d e las a r t e s r eligiosas
m á s austeras q u e existan.

17 L e s P e i n t u r e s . .., cit., p . 3 3 .

271
 C o m o se sabe, los i c o n o s b i z a n t i n o s t i e n e n la e x t r a ñ a p r e t e n s i ó n d e ser
v e r d a d e r a s v e n t a n a s h a c i a l o a b s o l u t o . O casi, y a q u e l o s t é r m i n o s n o s o n
p r e c i s a m e n t e c o m o los p r e s e n t a la m a y o r í a d e los e s t u d i o s o s o cc id ent ales .
P u e s , « v e n t a n a s » sí, p e r o n o h a c i a l o « a b s o l u t o » , s i n o h a c i a l a p e r s o n a 1 8 .
E s l a s e g u n d a v e z q u e t e n e m o s q u e c o r r e g i r el l e n g u a j e h a b i t u a l s o b r e u n
a r g u m e n t o r e l a c i o n a d o c o n la a b s t r a c c i ó n y r e c o r d a r q u e l o real, e s t a v e z
s e g ú n los o r t o d o x o s , es a l g o c o n c r e t o : la p e r s o n a .
N o p o d e m o s a q u í o c u p a r n o s d e l a t e o l o g í a d e l i c o n o b i z a n t i n o 19, a s í
q u e es suficiente decirlo e n p o c a s palabras: u n t r i á n g u l o o u n círculo d e
K a n d i n s k y n o sería u n a v e n t a n a h a c i a lo A b s o l u t o , s i n o h a c i a la n a d a . E s o
n o s i g n i f i c a q u e t o d o a r t e d e b e r í a s e r o r t o d o x o , s i n o al r e v é s , q u e d e b e r í a
d e j a r al l a d o p r e t e n s i o n e s rel ig io s as , p u e s t o q u e - al m e n o s a p a r t i r d e l s i g l o
X V I I - h a o r g u l l o s a m e n t e p r o c l a m a d o s u i n d e p e n d e n c i a d e la religión.
¿ Q u é s i g n i f i c a q u e u n a r t e a n t i - r e l i g i o s o , c o m o el a r t e a b s t r a c t o , d e b e r í a
d a r n o s a c c e s o a u n a r e a l i d a d s u p u e s t a m e n t e ú l t i m a y a b s o l u t a ? S i e s t e e s el
caso, se d e b e r í a e x pli ca r c u á l es esta realidad. P o r lo visto, est o es i m p o s i b l e
y c o n s t i t u y e u n a d e las g r a n d e s c o n t r a d i c c i o n e s d e l a r t e c o n t e m p o r á n e o :
q u e r e r ser libre d e t o d o s e n t i d o y - p a r a q u e esta falta d e s e n t i d o n o p a r e z c a
u n p u r o vacío - p r o m e t e r transiciones a otros niveles d e realidad q u e n ad ie
h a p o d i d o todavía determinar.
E s t e es u n p r o c e s o d e l a r g o r e c o r r i d o e n la h istoria, al m e n o s a p a r t i r
d e la R e f o r m a y la p i n t u r a h o l a n d e s a . Q u i t a d o d e e n m e d i o el d e s t i n o s o ­
b r e n a t u r a l d e l arte, q u e d a r o n los retratos y la n a t u r a l e z a . D o s c i e n t o s a ñ o s
m á s t a r d e , l o s r o m á n t i c o s e m p e z a r o n a p i n t a r el m u n d o i n t e r i o r d e l s u j e t o ,
h a c i e n d o q u e el p ú b l i c o f a m i l i a r i z a r a s i e m p r e m á s c o n n o c i o n e s c u a l e s l a
i n v i s i b i l i d a d etc. C o n las v a n g u a r d i a s se h a p e r d i d o t o d o , s u j e t o y o b j e t o ,
d e u n s o l o g o l p e , y las n u e v a s c o r r i e n t e s a m i t a d d e l s i g l o X X , c o m o el
e x p r e s i o n i s m o a b s t r a c t o , d i e r o n u n a n u e v a v i d a a a m b o s m o m e n t o s , al

18 E l i c o n o c o m o « v e n t a n a » s e h i z o c o n o c e r e n e l O c c i d e n t e g r a c i a s a l é x i t o q u e t u v o
e n las ú l t i m a s d é c a d a s el d e s c u b r i m i e n t o d e l t r a t a d o d e P a v e l F l o r e n s k y , I c o n o s t a s i o [ h a y
t r a d u c c i ó n e s p a ñ o l a : E l Iconostasio. U n a teoría d e la estética, trad. d e N . T i m o s h e n k o K u z -
netsova, M a d r i d : Síg ueme , 2018].
19 R e m i t o a l q u i z á s m e j o r t r a t a d o g e n e r a l s o b r e l a t e o l o g í a d e l i c o n o b i z a n t i n o , e l d e L .
U s p e n s k i , Teología de l Icono, trad. d e R . J i m e n o S á n c h e z , M a d r i d : S í g u e m e , 2 0 1 3 .

272
r o m á n t i c o y a la a b s t r a c c i ó n , c r e a n d o u n a v e r d a d e r a i c o n o g r a f í a religiosa
d e la N a d a 20.
C u a n d o K o j é v e d i c e q u e e n el c u a d r o s e r e a l i z a la I d e a d e l B e l l o - e n - s í ,
y a n o t i e n e el m i s m o d e r e c h o q u e t e n í a H e g e l e n d e c i r l o . S e g ú n H e g e l , el
arte n o s p r o p o r c i o n a lo real e n f o r m a d e i n tuición; ésta es s o l a m e n t e u n a
d e las m u c h a s q u e c o m p o n e n la r e d o n t o l ó g i c a d e l o real. E l a r t e n o es o t r a
realidad, n o es m á s real q u e lo real ( p e r o t a m p o c o m e n o s ) , n o es u n a v e r d a d
revelada, s i n o s i m p l e m e n t e , p r o s a i c a m e n t e , la v e r d a d e n f o r m a d e i n t ui ci ó n .
Y e s o n o n o s i m p i d e c o n s i d e r a r el a r t e c o m o l a f o r m a m á s i m p o r t a n t e d e
p r e s e n t a c i ó n d e l a v e r d a d (si e s e s o l o q u e q u e r e m o s ) , p r e c i s a m e n t e p o r s u
d a r s e e n f o r m a d e intuición, es decir, e n u n a f o r m a q u e p o r s u n a t u r a l e z a
e s c o n f u s a , p a s a j e r a , frágil, r e c e p t i v a d e l m a y o r n ú m e r o d e i n t e r p r e t a c i o n e s
p o s i b l e s y, a p e s a r d e t o d o , p r e s e n t a c i ó n d e l a v e r d a d . E s t o y a e s d e p o r sí
algo a b s o l u t a m e n t e extraordinario y t o d a sobreestimación del destino del
a r t e , n o h a c e s i n o p e r j u d i c a r l e a sí m i s m o .
V o l v i e n d o a h o r a a K o j é v e : a p e s a r d e la g r a n a d m i r a c i ó n q u e p r o v o c a n
s u s teorías, ¿ p o r q u é h a b r í a q u e t o m a r u n a a c t i t u d crítica c o n t r a ellas? S i m ­
plemente, p o r q u e creo q u e ofrezcan u n a r m a m u y peligrosa a u n público
i n c a p a z d e usarla. E n c u a l q u i e r libro s o b r e la c u l t u r a visual c o n t e m p o r á n e a
s e p u e d e n h a l l a r d e c e n a s d e p á g i n a s s o b r e el p r e s u n t o d a ñ o q u e n o s p r o v o ­
c a la p r o l i f e r a c i ó n d e las i m á g e n e s . A p a r t e d e s e r u n a m e n t i r a s i s t e m á t i c a ­
m e n t e p r o m o v i d a p o r intelectuales p a t o l ó g i c a m e n t e i c o n ó f o b o s , la v e r d a d
es q u e h a y a l g o d e c i e r t o e n ello, a l g o q u e f u n d a m e n t a s u s f o b i a s ; y t e o r í a s
d e s o b r e e s t i m a c i ó n c o m o la d e K o j é v e , n o h a c e n m á s q u e a l i m e n t a r . ¿ Q u é
significa r e a l m e n t e q u e u n a o b r a d e arte es c a p a z d e r e p r e s e n t a r lo a b s o l u ­
t o, l o v e r d a d e r a m e n t e r e a l ? Y ¿ q u é s i g n i f i c a q u e ella, c o m o d e c í a K o j é v e ,
esta p r e s e n t e d e m a n e r a a u t ó n o m a , en-sí y por-sí, e ntre n o s o t r o s ? P u e s
h a y sólo u n t é r m i n o para designar d e m a n e r a a propia da u n objeto c o m o
éste; e s t e t é r m i n o e s el ídolo; y n o h a y q u e p e n s a r e n l o s í d o l o s religiosos.
L a i d e a d e la a u t o n o m í a d e la o b r a d e arte es t a n t r e m e n d a q u e s u p e r a
c u a l q u i e r d e f i n i c i ó n d e l í d o l o d a d a p o r las r e l i g i o n e s históricas. E n á m b i t o

20 B i e n p o d r í a m o s p e n s a r e n la R o t h k o C h a p e l c o m o e j e m p l o p a r a d i g m á t i c o d e esta
n u e v a r e l i g i ó n artística. S o b r e las r aí ces r o m á n t i c a s d e s u « t e o l o g í a » , m e p e r m i t o r e m i t i r
a m i artículo « T h e i m a g o templi o f the Invisible C h u r c h : I de alis m a n d A b s t r a c t Art», en:
R e v i s t a d e A n t r o p o l o g í a y Fil osofía d e lo S a g r a d o , N ° 2, d i c i e m b r e ( 2 0 1 7 ) p p . 1 0 7 - 1 2 6 .

273
 r e l i g i o s o , el í d o l o e s s i e m p r e d e f i n i b l e p o r s u a l t e r i d a d , a u n q u e d e m a n e r a
n eg a ti v a : í d o l o es s i e m p r e la i m a g e n d e l otro; es decir, i m p l í c i t a m e n t e , es
algo relacional y p o r tanto - p o r extraño q u e parezca - l l a m a a u n a reac­
c i ó n , d e m a n d a s u d e s t r u c c i ó n 21. A l c o n t r a r i o , el í d o l o d e l a r t e m o d e r n o e s
m á s r a d i c a l m e n t e vacío. E ste v acío se h a l l a m a d o e u f e m í s t i c a m e n t e « u n a
v e n t a n a h a c i a lo invisible». Y es esta p r o p i e d a d idolátrica ( e n t é r m i n o s o n -
t o l ó g i c o s y n o r e l i g i o s o s ) , e s t o es, l a i l u s i ó n d e s u p r e s e n c i a r e a l y a u t ó n o m a
e n t r e n o s o t r o s , la q u e s i g u e a l i m e n t a n d o los d i s c u r s o s i c o n ó f o b o s .
R e t o m a n d o la c o n o c i d a i d e a d e A b y W a r b u r g s o b r e la s u p e r v i v e n c i a d e
l a s f o r m a s C N a c h l e b e n ), p o d e m o s o b s e r v a r q u e t a m b i é n h a y u n a s u p e r v i ­
v e n c i a d e los l u g a r e s c o m u n e s y d e u n a m a l a retórica visual; p u e s la v e n t a ­
n a h a c i a l o i n v i s i b l e r e c u e r d a m u c h o u n a i d e a e n r a i z a d a e n el p e n s a m i e n t o
estético o c c i d e n t a l , y e s p e c í f i c a m e n t e r e c u e r d a a A l b e r t i y s u t r a t a d o D e la
p i n t u r a q u e t a n t o i n f l u e n c i ó la literatura artística h a s t a n u e s t r o s días. P e r o
¿ c ó m o es p o s i b l e q u e n a d i e se h a y a fijado e n la d i f e r e n c i a f u n d a m e n t a l
entre lo q u e decía Alberti y lo q u e d i c e n sus e m u l a d o r e s c o n t e m p o r á n e o s ?
N o s o t r o s « v o g l i a m o le c o s e e s s e r e p o s t e d a v e d e r e » 22, e s d e c i r , el p i n t o r
p r e t e n d e t r a b a j a r s o b r e las c o s a s visibles, n o s o b r e las i n v i s i b l e s 23.

III. C l é m e n t R o s s e t y l a i l u s i ó n d e l d o b l e

L a m a y o r í a d e los a u t o r e s del siglo X X , a p e s a r d e s u i n g e n i o , h a n s i d o

v i c t i m a s d e u n a especie d e teología m o d e r n i s t a sin D i o s q u e n o b u s c a lo
a r t í s t i c o e n l o s e n s i b l e , s i n o e n el v a c í o d e e s t e d e u s a b s c o n d i t u s . P o r e s o ,
resulta p ar t i c u l a r m e n t e interesante u n p e n s a d o r c o m o C l é m e n t R o s s e t

21 P a r a u n a l e c t u r a c o m p l e j a d e l f e n ó m e n o d e l a i d o l a t r í a e n á m b i t o s e m i t a , v é a s e e l
e s t u d i o d e M . M a r g a l i t & A . H a l b e r t a l , Idolatría. L a s g u e r r a s p o r las i m á g e n e s . R a í c e s d e u n
conflicto m i l e n a r i o . B a r c e l o n a : B E G , 2 0 0 3 . M i tesis a q u í e x p u e s t a es u n a r a d i c a l i z a c i ó n d e
l o s r e s u l t a d o s d e l o s d o s a u t o r e s , l o s c u a l e s s u b r a y a n s i m p l e m e n t e c ó m o l a i d o l a t r í a , al t r a ­
z a r l o s l í m i t e s e n t r e el D i o s p r o p i o y l o s d i o s e s e x t r a ñ o s ( p . 3 0 9 ) , e n r e a l i d a d i m p l i c a t a m ­
b i é n i n t e n t o s p o r d e t e r m i n a r la p r o p i a i d e n t i d a d . E s esta v o l u n t a d d e a u t o d e t e r m i n a c i ó n
p o r m e d i o d e u n r e c o n o c i m i e n t o n e g a t i v o del otro, u n o d e los a s p e c t o s q u e confieren, a
m í m a n e r a d e ver, u n a f u e r z a i n a g o t a b l e a t o d a g u e r r a c o n t r a la idolatría.
22 L e ó n B a t t i s t a A l b e r t i , D e p i c t u r a , I, 1 , 4 .
23 C f . I b i d ., I, 1 9 , 4 .

274
( 1 9 3 9 - 2 0 1 8 ) , u n a v o z solitaria y p r o f u n d a m e n t e «superficial», c o m o s ó l o
los a n t i g u o s g r i e g o s h a b í a n c o n s e g u i d o serlo. S e trata d e o t r o p e n s a d o r ,
a t e o c o n v e n c i d o ; p e r o , a d i f e r e n c i a d e K o j é v e , n o s i g u e f l i r t e a n d o c o n la
r e ligión, s i n o q u e a s u m e p l e n a m e n t e las c o n s e c u e n c i a s d e s u a t e í s m o . U n a
v e z q u e s e d e r r u m b ó el « m á s allá», e s i n ú t i l t r a t a r el a r t e c o n d e v o c i ó n
religiosa.
E n t r e s u s m u c h o s escritos, m e g u s t a r í a d e s t a c a r u n o s o b r e la invisibili­
d a d . C o n s i d e r a n d o el é x i t o d e e s t a i d e a p s e u d o - e s t é t i c a , s e p o d r í a e s p e r a r
e n c o n t r a r e n él u n p a r t i d a r i o m á s d e la e s t é t i c a d e l a c e g u e r a . E n r e a l i d a d ,
y a p e s a r d e c u a l q u i e r d i f e r e n c i a e n m a t e r i a d e g u s t o s u o p i n i o n e s , e n él
p o d e m o s e n c o n t r a r u n a d e las r a r a s críticas d i g n a s c o n t r a t o d o e s t e c i r c o
m e t a f í s i c o q u e h e m o s v i s t o h a s t a el m o m e n t o . S u s p a l a b r a s m e p a r e c e n
iluminadoras:

P o r cierto, la f a c u l t a d d e c a p t a r o b j e t o s ine xistentes revela u n car ácte r e x ­

t r a ñ o y u n t a n t o i n e s p e r a d o d e l p e n s a m i e n t o . Y tal r a r e z a n o c a r e c e d e
i n t e r é s n i d e i m p o r t a n c i a , si a d v e r t i m o s q u e p r e c i s a m e n t e a d i c h a f a c u l t a d
d e c r e e r p e n s a r , c u a n d o n o se v e n i s e p i e n s a n a d a , los h o m b r e s le d e b e n lo
e s e n c i a l d e s u s i l u s i o n e s . 24

L a p a l a b r a « i l u s i ó n » c o n la q u e t e r m i n a e s t a c i t a e s el c o n c e p t o c e n t r a l
d e t o d o e l p e n s a m i e n t o d e R o s s e t . D u r a n t e t o d a s u v i d a , e n t o d o s s u s li­
b r o s , n o h a h e c h o m á s q u e p r o f u n d i z a r e n e s t a o b s e s i ó n : la i l u s i ó n y el d o ­
ble. P a r a R o s s e t , lo invisible es lo q u e « n o v e m o s , p e r o q u e t e r m i n a m o s p o r
c r e e r q u e v e m o s , a f u e r z a d e t e n e r p o r cierta s u e x i s t e n c i a » 25. A q u í , t o d a v í a
es m e n o s radical d e lo q u e m e gustaría. S u s p a l a b r a s p o d r í a n ilustrar b i e n
el h o m b r e m e d i e v a l q u e , t e n i e n d o p o r c i e r t a l a e x i s t e n c i a d e l o s á n g e l e s , l o s
i n t r o d u c í a d á n d o l e s f o r m a visible e n s u arte. P e r o e s o n o m e p a r e c e a d e ­
c u a d o p a r a d e s c r i b i r la s i t u a c i ó n a c t u a l , y a q u e el h o m b r e c o n t e m p o r á n e o
e n r e a l i d a d n o c r e e e n n a d a y a ú n así c a e i g u a l m e n t e v í c t i m a d e ilusiones.
C o m o h e i n t e n t a d o decir m á s veces, n o es c u e s t i ó n d e u n a religión
d e t e r m i n a d a . D e j e m o s el h o m b r e m e d i e v a l y p e n s e m o s e n c ó m o F i l ó s t r a -
t o e x p l i c a b a la c r e a c i ó n d e los d i o s e s g r i e g o s g r a c i a s a la p h a n t a s i a y a la

24 C . R o s s e t , L o i n v i s i b l e , t r a d . d e S . M a t t o n i , B u e n o s A i r e s : E l c u e n c o d e p l a t a , 2 0 1 4 ,
p. 10.
25 I b í d ., p . 2 7

275
m a n o s a b i a d e F i d i a s . ¿ E r a n r e a l e s l o s d i o s e s d e F i d i a s ? Y si l o e r a n , ¿ p o r
q u é n o lo s o n t a m b i é n los dioses d e K a n d i n s k y ? S i n n e c e s i d a d a l g u n a d e
e nt ra r e n c u e s t i o n e s d e teología, m e gustaría r e p a r a r e n u n s ol o p u n t o : los
dioses d e Fidias s o n reales p o r q u e s i g u e n p r o d u c i e n d o efectos a lo l ar go d e
la historia. L o espiritual d e K a n d i n s k y , p r o d u c e p r i n c i p a l m e n t e v e n t a s e n
las t a q u i l l a s d e l M O M A y d e l G u g g e n h e i m y d u d o q u e p u e d a s e g u i r h a ­
c i é n d o l o e n los p r ó x i m o s d o s m i l a ño s. S i n e m b a r g o , es i n c ó m o d o h a b l a r
así d e K a n d i n s k y , p o r q u e n o e s él n u e s t r o o b j e t i v o ; l o e s l a q u e s e r í a l a v e r ­
d a d e r a i n s p i r a d o r a d e s u « e s p i r i t u a l i d a d » : M a d a m e B l a v a t s k y 26. Q u i e n d i c e
h o y d e s e n t i r s e « e n s i n t o n í a c o n el u n i v e r s o » m i r a n d o s u s c u a d r o s , a u n q u e
d e s c o n o z c a a la s e ñ o r a B l a v a t s k y , e n r e a l i d a d c o m p a r t e c o n ella s u m i s m a
n a d a t e o s ó f i c a . M i e n t r a s B e a t o A n g é l i c o d a b a f o r m a visible a las t eo r í a s
d e A l b e r t o M a g n o y T o m á s d e A q u i n o 27, el m o d e r n i s m o l o h a c í a c o n las
teorías d e los c í r c u l o s espiritistas. Si e s t o n o es suficiente, s e g u i m o s c o n la
crítica d e R o s s e t a o t r o g r a n artista c o m o F l o f m a n n s t h a l .
L a editorial e s p a ñ o l a «Pre-textos» h a p u b l i c a d o u n a e d i c i ó n d e s u c o n o ­
cida Carta de L o r d C h a n d o s , u n a especie d e manifiesto - c o m o h a n d i c ho
m u c h o s - del n e o - r o m a n t i c i s m o , d e c a d e n t i s m o , a b s t r a c c i ó n o, incluso, d e
lo s u b l i m e e n literatura. S i n e m b a r g o , R o s s e t n o es u n a d e s u s v í c t i m a s . E n
s u e n s a y o i n c l u i d o e n la e d i c i ó n m e n c i o n a d a , r e s p o n d e a H o f m a n n s t h a l d e
m a n e r a divertida e irónica.
R e c o r d e m o s q u e la c a r t a d e L o r d C h a n d o s n o s h a b l a d e las d i f i c u l t a d e s
d e u n e s c r i t o r p a r a e x p r e s a r s e d e m a n e r a a d e c u a d a , d i f i c u l t a d q u e le l l e v a al
a b a n d o n o c o m p l e t o d e s u a c t i v i d a d literaria. L o r d C h a n d o s e s t á g o l p e a d o
p o r los o b j e t o s m á s c o m u n e s , p o r « u n a criatura insignificante, u n perro,
u n a rata, u n e s c a r a b a j o , u n m a n z a n o a t r o f i a d o , u n a s r o d a d a s d e c a r r o q u e
s e r p e n t e a n e n la colina, u n a p i e d r a c u b i e r t a d e m u s g o » y la i m p o s i b i l i d a d

26 H e l e n a B l a v a t s k y ( 1 8 3 1 - 1 8 9 1 ) f u e l a f u n d a d o r a d e l a s o c i e d a d t e o s ó f i c a y c o n o c i d a
ocultista r u s a q u e i n f l u e n c i ó u n a m u l t i t u d d e artistas y literatos d e la c u l t u r a f i n - d e - s i é d e .
E n t r e s u s a d m i r a d o r e s e s t u v o el m i s m í s i m o K a n d i n s k y , P i e t M o n d r i a n y m u c h o s o t r o s
p r o t a g o n i s t a s d e la c u l t u r a e u r o p e a . S o b r e la c o n v e r g e n c i a d e este t i p o d e teo rías espiritis­
t as e n el á m b i t o artístico, v é a s e el t r a b a j o d e R . L i p s e y , T h e s p i r i t u a l i n T w e n t i e t h - c e n t u r y
Arty N e w York: D o v e r , 2 0 1 1 .
27 A l m e n o s s e g ú n l a m a g n i f i c a r e c o n s t r u c c i ó n d e D i d i - H u b e r m a n e n s u d e b a t i d o
e s t u d i o t i t u l a d o F r a A n g é l i c o - d i s s e m h l a n c e e t f i g u r a t i o n , París: F l a m m a r i o n , 1 9 9 0 .

276
d e h a b l a r d e ellos p r o d u c e u n a «parálisis d e s u á n i m o » . Y R o s s e t , e n s u
carta s u p u e s t a m e n t e dirigida a L o r d C h a n d o s , c o m e n t a :

y e s t o s a c c e s o s d e é x t a s i s (...) s e e x p l i c a n d e u n a f o r m a m u c h o m á s s e n c i ­
lla: v o s p e r c i b í s h o y e l m u n d o , n o y a c o m o u n a s e r i e d e o b j e t o s c o n e c t a d o s
los u n o s c o n los otros, s i n o c o m o u n a infinita c o l e c c i ó n d e o b j e t o s r e u n i ­
d o s p o r el p r i n c i p i o m e n o s c o m p r e n s i b l e d e t o d o s , e s d e c i r , p o r el azar. E n
o t r a s p a l a b r a s : n o y a u n a “ r e a l i d a d ” r e c o m p u e s t a m e d i a n t e el p e n s a m i e n ­
to, s i n o u n a r e a l i d a d resistente a c u a l q u i e r p e n s a m i e n t o e n la m e d i d a e n
q u e e s a n t e r i o r a él. E s o e s l o q u e o s c o n m u e v e e n t o d o s e s o s e j e m p l o s d e
r e a l i d a d “a n o d i n a ” , q u e p e r c i b í s d e r e p e n t e u n p o c o d e r e a l i d a d e n e s t a d o
b r u t o . 28

A q u í , u n l e c t o r a t e n t o p u e d e p e r c i b i r s u s f l e c h a s v e n e n o s a s c o n t r a el
m a l v a d o i d e a l i s m o . S e ríe f r e n t e a la c o n s t a t a c i ó n d e l s u p u e s t o d o m i n i o
d e l p r i n c i p i o d e l azar. Y g o z a t i r a n d o a la c a r a d e H o f m a n n s t h a l « u n p o c o
d e r e a l i d a d e n e s t a d o p u r o » . R o s s e t es f a s c i n a n t e c o m o lo es u n c u r a n d e r o
q u e , e n c a s o s c o n c r e t o s ( o s i n g u l a r e s , c o m o él h a b r í a d i c h o ) , t i e n e r e m e ­
dios naturales m u c h o s m á s eficientes q u e u n v e r d a d e r o m é d i c o . ¿ Q u i é n n o
se q u e d a r í a f a s c i n a d o p o r aquellas p e r s o n a l i d a d e s q u e c o n o c e n t a n b i e n
la n a t u r a l e z a y s u s secretos? Y q u é l a s t i m a n o ser c a p a z d e r e c o n o c e r q u e
p a r a p r o n u n c i a r la e x p r e s i ó n « p r i n c i p i o d e l a z a r » se n e c e s i t a u n a « r e c o m ­
p o s i c i ó n m e d i a n t e el p e n s a m i e n t o » d e t o d o s l o s c a s o s s i n g u l a r e s d e a z a r
e x p e r i m e n t a d o s o , e n o t r a s p a l a b r a s , s e n e c e s i t a l o u n i v e r s a l p a r a d e c i r el
particular.
H e a q u í el l í m i t e d e R o s s e t c o m o p e n s a d o r ; e n r e a l i d a d s e t r a t a d e la
i m a g e n d e K o j é v e v i s t a al e s p e j o , i n v e r t i d a , p e r o p e r f e c t a m e n t e c o r r e s ­
p o n d i e n t e a e ll a. A l l í d o n d e e l r u s o v e í a s ó l o l o u n i v e r s a l y d e s c a r t a b a
l o p a r t i c u l a r c o m o a b s t r a c c i ó n e i l u s i ó n d e la r e a l i d a d , el f r a n c é s v e s ó l o
lo p a rt i c u l a r y d e s c a r t a lo u ni v e r s a l c o m o ilusión y d o b l e d e la realidad.
K o j é v e e s el m a e s t r o q u e n e c e s i t a m o s p a r a d e s c u b r i r l o s e n g a ñ o s d e l a r t e
« i m p r e s i o n i s t a » ( c o m o él m i s m o l l a m a b a t o d a a r t e a n c o r a d a a l o s e n s i b l e ) ,
o - e n n u e s t r o s días - d el arte hiperrealista, y a q u e s u crítica a g u d a n o s
e n s e ñ a q u e m á s se i n t e n t a p i n t a r lo «real», m á s se lo d e f o r m a , h a c i é n d o -

28 H u g o v. H o f m a n n s t h a l , U n a c a r t a ( d e l o r d P h i l l i p p C h a n d o s a S i r F r a n c i s B a c o n ),
t r a d . d e J. M u ñ o z M i l l a n e s , P r e - t e x t o s , 2 0 0 8 , p . 1 9 5 .

277
l o p u r a a b s t r a c c i ó n . R o s s e t , p o r o t r o l a d o , e s el m a e s t r o q u e n e c e s i t a m o s
p a r a d e s c u b r i r los e n g a ñ o s d e m u c h o s filósofos q u e r e m i t e n s i e m p r e a a lg o
d e t r á s d e l o s v e l o s d e Isis, d o n d e s u p u e s t a m e n t e e s t a r í a l a v e r d a d y q u e ,
inexplicablemente, nadie h a p o d i d o ver hasta ahora.
D e h e c h o , es e n textos c o m o L o realy su d o b l e y F a n t a s m a g o r í a s , d o n d e
R o s s e t d e s p l i e g a t o d a s s u s a r m a s . E n el p r i m e r o d e ellos, R o s s e t a t a c a p o r
i g u a l t a n t o las filosofías idealistas d e l siglo X I X , c o m o las c o n t e m p o r á n e a s
y la n o c i ó n d e l a c o n t e c i m i e n t o c o m o t r a n s f o r m a c i ó n d e l o real. L o real s e
d e f i n e c o m o lo q u e existe, «el c o n j u n t o d e f e n ó m e n o s l l a m a d o s a la exis­
t e n c i a » 29, d e f i n i c i ó n d e a l g u n a m a n e r a i n s p i r a d o p o r la n o c i ó n a n t i g u a d e
d e s t i n o . P o r esta r a z ó n , a m e n u d o ilustra s u s p o s i c i o n e s c o n r e f erencias a la
tragedia antigua, o a cuentos populares, q u e m u e s t r a n c ó m o a toda acción
h u m a n a q u e i n t e n t a e v a d i r el d e s t i n o , el d e s t i n o r e s p o n d e c o n e l e g a n c i a ,
e n c a r g a n d o a sus víctimas q u e h a g a n t o d o lo necesario p a r a s u p r o p i a p e r ­
d i c i ó n . L e y e n d o este libro, se p u e d e t e n e r la i m p r e s i ó n d e leer a l g o real­
m e n t e n a c i d o p o r el e s p í r i t u g r i e g o : e s a g u d a m e n t e s i m p l e , casi sup e r f i c i a l ,
y sin n i n g u n a a g i t a c i ó n m u e s t r a u n a c a r a c r u e l q u e s ó l o la n a t u r a l e z a es
c a p a z d e mostrar, sin p o r eso ser j u z g a d a i n m o r a l .
E n t o d o este libro, R o s s e t i n t e n t a ilustrar c o m o a d v i e n e la r e d u p l i c a c i ó n
d e l o real, t a n t o e n la v i d a c o t i d i a n a c o m o e n el p e n s a m i e n t o f il os óf i co . Y
lo h a c e c o n g r a n éxito, p e n e t r a n d o e n lugares c o m u n e s y t a b ú s culturales
q u e n o s i m p i d e n r e c o n o c e r esta falsificación c on s t a n t e . L o s resultados d e
este libro se r e t o m a n e n F a n t a s m a g o r í a s , d o n d e a m e n u d o se d i s c u t e n c u e s ­
t i o n e s m á s c e r c a n a s al á m b i t o e s t é t i c o y d e l o v i s u a l .
U n o d e l o s t e m a s t o c a d o s p o r R o s s e t e s el d e v o y e r i s m o q u e , al f i n a l d e
s u análisis, c o n e c t a a los p r o b l e m a s d e la f o t o g r a f í a y e s p e c í f i c a m e n t e a la
b ú s q u e d a d e u n a « f o t o g r a f í a d e l o real». A l g o q u e d e c l a r a r á i m p o s i b l e , p o r
u n a s i m p l e r a z ó n . T a n t o la o b s e s i ó n d e l v o y e u r c o m o la d e l f o t ó g r a f o , s o n
d e b i d a s a la i n c a p a c i d a d d e c a p t a r el f l u j o d e l t i e m p o , e s d e c i r , l a c o n d i c i ó n
c a m b i a n t e d e lo existente. A m b o s , voy eu r y fotógrafo, están o b s e s i o n a d o s
c o n o b t e n e r el « v e r d a d e r o i n s t a n t e » . E n u n p a s a j e a g u d o , R o s s e t c i t a la
p r o h i b i c i ó n d e l v o y e r i s m o e n l a c u l t u r a g r i e g a y c o m e n t a así: « L a p r o h i ­
b i c i ó n d e v e r es p r o b a b l e m e n t e la e x p r e s i ó n a r c a i c a d e la i m p o s i b i l i d a d d e

29 C . R o s s e t , L o r e a l y s u d o b l e . E n s a y o s o b r e l a i l u s i ó n , t r a d . d e S . E s p i n o s a , S a n t i a g o
d e Chile: H u e d e r s , 2 0 1 5 , p.25.

2 7 8
v e r q u e c a r a c t e r i z a la a n g u s t i a v o y e r i s t a » 30. ¿ Q u é q u i e r e d e c i r e s o ? Q u e ,
e n r e a l i d a d , al v o y e u r , a u n q u e s e le d i e r a d i r e c t a m e n t e la i m a g e n d e s e a d a ,
q u e d a r í a i n s a t i s f e c h o p o r q u e n o p r e s t a a t e n c i ó n a ella; t o d o l o c o n t r a r i o
d e lo q u e se p i e n s a n o r m a l m e n t e : n o es q u e se a l i m e n t a d e i m á g e n e s , s i n o
q u e las i m á g e n e s s e le o c u l t a n , e s d e c i r , m á s q u e u n a s g a n a s d e s m e s u r a d a s
d e v er, l o q u e s u f r e el v o y e u r e s u n a i n c a p a c i d a d d e ver.
T o d o e s o , d e m a n e r a a c e r t a d a , R o s s e t l o c o n e c t a c o n el a p a r a d o d e
r e d u p l i c a c i ó n m e t a f í s i c a d e l m u n d o , e n a c t o y a d e s d e h a c e siglos. P e r o a
la h o r a d e d e s m o n t a r e st a r e d u p l i c a c i ó n , c a e e n u n e r r o r y a n i e t z s c h e a n o ,
m u y p r o p i o d e los ge n io s : s u l a n z a m i e n t o es t a n fuerte q u e a c a b a e n t r a n d o
e n la m i s m a ó r b i t a d e l o q u e critica. Si los d u a l i s m o s p l a t ó n i c o s h a n s o ­
b r e v i v i d o d u r a n t e m i l e s d e a ñ o s e s t a m b i é n p o r q u e s u s e n e m i g o s , al o p o ­
n e r s e f r o n t a l m e n t e a ellos, n o h a c e n o t r a c o s a q u e r e p r o d u c i r la l ó g i c a d e l
d u a l i s m o m i s m o . P o d r í a m o s d e c i r q u e las d e f i n i c i o n e s e s p o r á d i c a s d e lo
real, d a d a s p o r R o s s e t , s o n t o d a s v i c i a d a s p o r u n a n e g a t i v i d a d e s f o r z a d a
y r e z a n , m á s o m e n o s , c a s i s i e m p r e así: « L o r e a l e s , p o r t a n t o , e n p r i m e r
l ug ar , a q u e l l o q u e q u e d a c u a n d o las f a n t a s m a g o r í a s s e d i s i p a n . C o m o d i c e
L u c r e c i o : “c a e la m á s c a r a y q u e d a la r e a l i d a d ” » - y c o n c l u y e R o s s e t c o n u n a
c o n s t a t a c i ó n g r a c i o s a : « A l g o t i e n e q u e q u e d a r , e v i d e n t e m e n t e » 31.
S i o b s e r v a m o s b i e n , é s t a es u n a d e f i n i c i ó n n e g a t i v a d e l o real: él l o s a b e
y es e s o lo q u e l l a m a «la s i n g u l a r i d a d d e lo real», es decir, la i m p o s i b i l i d a d
d e a g o t a r s u s d e s c r i p c i o n e s , a l g o q u e e n ú l t i m a i n s t a n c i a le d e b e r í a l l e v a r a
a d m i t i r u n a t a u t o l o g í a final y definitiva: p o r e j e m p l o , la q u e diría q u e «lo
real es l o real» ( A = A ) . E n s u r e p a s o d e v a r i a s tesis s o b r e l o real a l o l a r g o d e
la historia, p o r u n s o l o s e g u n d o t o c a los e s c é p t i c o s g r i e g o s , p e r o l a m e n t a ­
b l e m e n t e los a b a n d o n a sin d e t e n e r s e m á s , a u n q u e - c r e o - p u e s t o q u e n o
a c e p t a sus posiciones, t e n d r í a q u e h a b e r d e d i c a d o sus esfuerzos a refutarles
(si e s o f u e r a p o s i b l e ) . E s c r i b e R o s s e t :

la r e a l i d a d es s u p r o p i a f a n t a s m a g o r í a , y la ú n i c a m a n e r a a p r o p i a d a d e
tratarla es r e d a c t a r u n c o m p e n d i o d e apariencias, l e c c i ó n q u e t e n d r á e n
c u e n t a B a l t a s a r G r a c i á n p a r a lle gar a las c o n s e c u e n c i a s m á s e x t r e m a s . D e
m o d o q u e al q u e r e r l i m p i a r l o real d e l o s p a r á s i t o s q u e l o v e l a n , c o r r e m o s
e l r i e s g o d e , s e n c i l l a m e n t e , a n u l a r l o r e a l (.. .). E n r e s u m e n , l o r e a l p o d r í a

30 C . R o s s e t , F a n t a s m a g i r í a s , t r a d . d e M . V e u t h e y , M a d r i d : A b a d a , 2 0 0 8 , p . 3 8 .
31 I b i d . , p . 6 8 .

279
 e s t a r c o n s t i t u i d o p o r el c o n j u n t o d e l o s d o b l e s y v o l v e r a la n a d a e n c a s o d e
d e s a p a r i c i ó n d e estos. E l d o b l e d e lo real es lo ú n i c o real p o r q u e es lo ú n i c o
q u e s e p u e d e p e r c i b i r l o r e a l s i n d o b l e n o e s n a d a . 32

D e s p u é s , R o s s e t p a s a a o t r a s tesis, o p u e s t a s a e s t a ú l t i m a y s i g u e c o n
sus digresiones habituales, p a s a n d o p o r películas d e cine y cuentos, sin
r e p a r a r y refutarla d e v e r d a d . E n realidad, es esta t eo rí a la q u e R o s s e t d e ­
b e r í a c o n t e s t a r y n o a las m á s o m e n o s e v i d e n t e s e x a g e r a c i o n e s m e d i e v a l e s
s o b r e r e a l i s m o y n o m i n a l i s m o . P e r s o n a l m e n t e r e p a r o e n e s t a tesis p o r q u e
n o sólo r e c o n o z c o p l e n a m e n t e s u certeza, sino t a m b i é n p o r q u e c reo q ue ,
p o r u n l a d o , n o s p u e d e m o s t r a r l a c o n t r a d i c c i ó n f u n d a m e n t a l d e R o s s e t y,
p o r otro, explicar u n g r a n error c o m e t i d o e n L o real y su dob le a e x p e n s a s
d e H e g e l , c r i t i c a d o - p o r lo v i s t o - p o r p u r o p r e j u i c i o , p r i v á n d o n o s así d e
l a p o s i b i l i d a d d e l l e g a r al c o r a z ó n d e l a c u e s t i ó n d e la i m a g e n d e l o real.
E m p e z a r í a c o n e v i d e n c i a r la c o n t r a d i c c i ó n d e R o s s e t . A l p r i n c i p i o d e
s u s F a n t a s m a g o r í a s , m e n c i o n a tres n o c i o n e s d e c a b a l i m p o r t a n c i a e n n u e s ­
t r o d i s c u r s o : el reflejo, l a s o m b r a y el e c o , y e s c r i b e :

p u e s m i tesis e n I m p r e s s i o n s f u g i t i v e s p r e t e n d í a d e m o s t r a r q u e reflejo, e c o
y s o m b r a constituían u n a categoría parte del doble, q u e d a b a testimonio
d e l o real e n l u g a r d e d i s u a d i r d e ello, c o m o e s la f u n c i ó n m á s h a b i t u a l d e l
d o b l e . 33

N ó t e s e q u e se trata d e tres n o c i o n e s e m p a r e n t a d a s c o n la fotografía, la

p i n t u r a y la m ú s i c a . R o s s e t , s o r p r e n d e n t e m e n t e , a d m i t e a q u í a l g o i m p o r ­
t a n t e : la e x i s t e n c i a d e u n a e s p e c i e d e d o b l e q u e n o falsifica l o real, s i n o
q u e l o t e s t i m o n i a . A c o r d é m o n o s d e l d i s c u r s o s o b r e el í d o l o q u e h a c í a m o s
a n t e s c o n t r a K o j é v e , d o n d e d e c í a m o s q u e n o es u n a c u e s t i ó n religiosa, s i n o
o n t o l ó g i c a y q u e , s i m p l e m e n t e , el p e n s a m i e n t o r e l i g i o s o h a p o d i d o c a p t a r
p e r f e c t a m e n t e p o r s u sensibilidad. Rosset, i g u a l m e n t e ateo c o m o Kojéve,
s i n e m b a r g o c a p t a m e j o r el s e n t i d o m á s p r o f u n d o d e l í d o l o e n c u a n t o fal­
s i f i c a c i ó n d e l o real.
A d e m á s , c o n s t r u y e n d o é l m i s m o u n a g r a v e a c u s a c i ó n c o n t r a l a f a lsifi­
c a c i ó n d e la r e a l i d a d p o r m e d i o d e la f o t o g r a f í a , l l e g a a a b s o l v e r l a d e las

32 I b i d . , p . 6 9
33 I b i d . y p . 1 0

280
a c u s a c i o n e s c o n e s t a f o r m u l a c i ó n : n o es q u e las f o t o g r a f í a s t r u c a d a s d e ­
m u e s t r e n la f a l s e d a d d e este m e d i o , dice, s i n o q u e s i m p l e m e n t e s u a u t e n t i ­
c i d a d n o p u e d e ser garantizada, p o r q u e « n i n g u n a v e r d a d fotográfica p u e d e
a u t o f u n d a m e n t a r s e » 34. E l a t e o , t e r m i n a l l e g a n d o a la m i s m a c o n c l u s i ó n d e
la t e o l o g í a d e los i c o n o s .
A ú n así, d e b i d o a s u p e n s a m i e n t o c o m p l e t a m e n t e a s i s t e m á t i c o q u e p r o ­
c e d e c o m o u n a c h a r l a e n t r e a m i g o s , la v e r d a d es q u e al final d e e s t a p a r t e ,
s u p u e s t a m e n t e d e d i c a d a a la f o t o g r a f í a , n o l l e g a a e x p l i c a r el c ó m o s e d a
u n a p a r e c e r q u e s e a t e s t i m o n i o d e l o real; n o o b s t a n t e , s i g u e el fácil j u e g o
d e d e s c r e d i t a r la fotografía.
S u p r o b l e m a , n o e s el e n f o q u e e s t é t i c o , s i n o la o n t o l o g í a d e f e c t u o s a q u e
e m p l e a p a r a c o m b a t i r otra, t o d a v í a m á s d e f e c t u o s a . M i e n t r a s e x c l u y e la
i d e a d e q u e lo real s e a la s u m a d e s u s a p a ri en c ia s, r e c h a z a n d o c u a l q u i e r r e a ­
l idad del d o b l e y c o n d e n a n d o t o d o a p a r e c e r a ser u n a m e r a ilusión, sigue
a c e p t a n d o q u e h a y estas e x c e p c i o n e s arriba m e n c i o n a d a s . D e m o d o q u e ,
p a r a i n t r o d u c i r e n la t eoría d e R o s s e t u n v e r d a d e r o c a b a l l o d e T r o y a , sería
s u f i c i e n t e p r e g u n t a r n o s : ¿ c ó m o e s p o s i b l e q u e e n el m e d i o d e u n a r e d t a n
c o m p l e j a del a p a r e c e r c o m o ilusión ( a q u í e m p i e z a a h a c e r s e clara la d e u d a
intelectual q u e R o s s e t tiene q u e p a g a r a S c h o p e n h a u e r ) , h a y a u n a s c u a n t a s
n o c i o n e s q u e l o g r a n e scapar? ¿ Q u é es lo q u e diferencia t a n p r o f u n d a m e n t e
y a nivel o ntológico u n c u a d r o respecto a u n objeto cualquiera q u e a p a ­
r e c e ? ¿ P o r q u é el p r i m e r o t e s t i m o n i a l o R e a l , m i e n t r a s q u e el s e g u n d o l o
plagia? A t o d o eso, R o s s e t n o c on te st a y n u n c a p o d r í a contestar p o r q u e
e n L o real y s u d o b l e y a h a b í a e x c l u i d o la filosofía h e g e l i a n a , la ú n i c a q u e
h a b r í a p o d i d o dar l e u n a b a s e s ól i d a p a r a f u n d a r la inteligibilidad d e s u s
contradicciones.

IV. L a realidad d e la ilusión

R o s s e t p o n e b a j o a t a q u e a la filosofía h e g e l i a n a , t r a t a n d o d e la «ilusión
m e t a f í s i c a » y e s c o g i e n d o c o m o o b j e t i v o d e s u crítica el c a p í t u l o s o b r e F u e r ­
z a y e n t e n d i m i e n t o , u n o d e los c a p í t u l o s m á s difíciles d e la F e n o m e n o l o g í a >
m o s t r a n d o al final n o h a b e r c o m p r e n d i d o n a d a d e la o p e r a c i ó n q u e H e g e l

34 I b i d . , p . . 3 1

281
h a q u e r i d o llevar a c a b o - q u e , e n f o n d o , sería la m i s m a i n t e n t a d a p o r
R o s s e t - e s t o es, l a d e l i b e r a r el p e n s a m i e n t o d e t o d a d u a l i d a d y o p o s i c i ó n
e n t r e « i n t e r n o y e x t e r n o » , « n a t u r a l e z a y ley», « m u n d o f e n o m é n i c o y m u n ­
do nouménico».
S e r í a i m p o s i b l e e x p l i c a r a q u í a d e c u a d a m e n t e el c a p í t u l o e n c u e s t i ó n .
L o q u e d a m u c h a f u e r z a a la a r g u m e n t a c i ó n d e H e g e l es q u e n o se trata
d e simples extravagancias personales suyas sino de a r g u m e n t o s cuidadosa­
m e n t e r e c o g i d o s p o r t o d a la historia d e l p e n s a m i e n t o . A q u í , e n c o n c r e t o ,
H e g e l trata d e la r e l a c i ó n e n t r e m u n d o s e n s i b l e y l e y física q u e e x p r e s a
este m u n d o e n f o r m u l a s m a t e m á t i c a s , es decir, e n la f o r m a d e u n a a b s ­
t r a c c i ó n d e l i n t e l e c t o . A ú n a sí, n o e s s u f i c i e n t e l l a m a r l a « a b s t r a c c i ó n » p a r a
q u e d e j e d e serlo. A b s t r a c c i ó n significa t a m b i é n e x i g e n c i a d e u n i v e r s a l i d a d
y d e a l g u n a m a n e r a la l e y física es - o p r e t e n d e ser - la v e r d a d d e l m u n d o
sensible.
E n palabras d e J e a n H y p p o l i t e (citado p o r Rosset m i s m o e n otros luga­
res), s e t r a t a r í a d e « la e x p r e s i ó n c o n s t a n t e d e la p e r p e t u a i n c o n s t a n c i a d e
a m b o s t é r m i n o s » , es decir, e n la c a í d a d e los c u e r p o s h a y v a r i a b l e s q u e e n
c a d a c a s o s i n g u l a r s o n d i s t i n t a s , p e r o la f ó r m u l a m i s m a ( e = l / 2 g t 2) q u e d a
s i e m p r e i n a l t e r a b l e 35. R o s s e t , c o n t o d o s u a f á n d e q u e r e r m o s t r a r n o s u n
m u n d o ú n i c o , c o i n c i d e n t e c o n sí m i s m o , d e b e r í a e x p l i c a r e n q u é r e l a c i ó n
e s t á n estas d o s v e r d a d e s , la i n c o n s t a n c i a d e lo s e n s i b l e y la c o n s t a n c i a i n t e ­
lectual, p o r así decirlo.
P o r u n l a d o , la v i d a y el d e v e n i r i n c e s a n t e ; p o r o t r o l a d o , l a l e y e n s u
e s t a b i l i d a d e i n m o v i l i d a d . ¿ C ó m o s e u n i f i c a n e s t a s d o s r e a l i d a d e s ? Y si u n a
c o n t r a d i c e la otra, ¿ c u á l es la v e r d a d e r a ? P a r a P l a t ó n , las f ó r m u l a s m a t e m á ­
ticas s o n la ú n i c a v e r d a d e r a realidad. A l c o n t r a r i o , s e g ú n H u m e , la d e los
sen ti do s . K a n t p i e n s a e n la r el a c i ó n e n t r e a m b o s , la d i v e r s i d a d f e n o m é n i c a
y la n e c e s i d a d c o m o c o n c e p t o d e l intelecto. H e g e l i n t e n t a m o s t r a r c ó m o
esta r e l a c i ó n n o es e x t r í n s e c a s i n o in t r í ns e ca a la C o s a y c ó m o se p u e d e
lle ga r a c o m p r e n d e r la u n i d a d d e las d i f e r e n c i a s c u a l i t a t i v a s q u e s o n las
q u e d e t e r m i n a n las c o s a s . R o s s e t - y n o es u n a m a n e r a d e d e c i r - m i e n t r a s
los fil ós of o s t o m a n p o s i c i ó n , p r e f i e r e c e n t r a r s e e n i n t e r p r e t a r las a v e n t u r a s
de T i n Tin.

35 J . H y p p o l i t e , G é n e s i s y e s t r u c t u r a d e l a F e n o m e n o l o g í a d e l e s p í r i t u , t r a d . d e F. F e r n á n ­
d e z B u e y . B a r c e l o n a : P e n í n s u l a , 1 9 9 1 , p. 1 1 7 .

282
 S i R o s s e t e s t u v i e r a r e a l m e n t e i n t e r e s a d o e n d e s c u b r i r el s e n t i d o d e la
d u p l i c a c i ó n h e g e l i a n a d e l m u n d o , c o m o él l a l l a m a , p a r a e m p e z a r , d e b e r í a
ir a l a L ó g i c a d e l a E s e n c i a y n o a l a F e n o m e n o l o g í a , y a q u e e s allí d o n d e s e
m u e s t r a a e s e n c i a l i d a d d e l f e n ó m e n o , es decir, s u v e r d a d , s u ser m a n i f e s ­
t a c i ó n d e la e se nc ia , s i n la c u a l n i s i q u i e r a ella m i s m a t e n d r í a c o n s i s t e n c i a .
R o s s e t c r i t i c a m u y f á c i l m e n t e a l g o q u e el s e n t i d o c o m ú n le p e r m i t e criti­
car: d i c e q u e el c a m i n o d e H e g e l n o e s o t r o q u e «el q u e c o n d u c e d e A a A
p a s a n d o p o r A » 36, s i n d a r s e c u e n t a q u e e s p r e c i s a m e n t e el v o l v e r a la i d e n t i ­
d a d l a ú n i c a m a n e r a q u e p u e d a d a r l e c r é d i t o y n o el s i m p l e p e r m a n e c e r e n
e l l a , q u e s e r í a u n a s i m p l e t a u t o l o g í a . P o r e s o l a « i l u s i ó n » ( c o m o l a l l a m a él)
es necesaria. A d e m á s , t a m p o c o se trata d e u n a e l e c c i ó n del sujeto, y a q u e
la r e f l e x i ó n m i s m a está c o n s t a n t e m e n t e e n este m o v i m i e n t o d e a u t o - n e g a ­
ción y posición.
S i g u i e n d o s e r i a m e n t e las críticas d e R o s s e t , lo R e a l a c a b a a s u m i e n d o
los tratos característicos d e u n a m e t a f í s i c a t o d a v í a m á s ilusoria, h a c i é n d o s e
u n a especie d e cosa-en-sí incognoscible, y a q u e t o d o m o v i m i e n t o q u e p o ­
dría p r o p o r c i o n a r u n c o n o c i m i e n t o sería u n a ilusión. A l g o q u e e n r ealidad
él m i s m o r e c o n o c e c u a n d o e x p l i c a h i s t o r i a s c o m o l a d e E d i p o , r i é n d o s e
d e él c o m o el h é r o e g r i e g o q u e , al e s c a p a r d e l d e s t i n o , n o h a c e m á s q u e
c u m p l i r l o . R e s u m i e n d o , R o s s e t dice: « e s c a p a r » es u n a ilusión. H e g e l diría:
«sí, u n a i l u s i ó n , p e r o n e c e s a r i a , si n o , t a m p o c o s e c u m p l i r í a n a d a » . A d a p t o
a q u í u n a r e s p u e s t a h e g e l i a n a a las p a l a b r a s d e R o s s e t , s i n q u e e s o s i g n i f i q u e
q u e la p o s i c i ó n d e H e g e l m i s m o s o b r e la c u e s t i ó n d e l d e s t i n o s e a esa. T o d o
lo c o n t r a r i o . P o r q u e , p r e c i s a m e n t e p o r t o m a r e n serio la n e c e s i d a d d e la
ilusión, l o g r a teorizar la e f e c t i v i d a d d e la l i b e r t a d h u m a n a . E s t e es o t r o
p u n t o n e g r o e n las i n t e r p r e t a c i o n e s q u e s e h a n d a d o d e l s i s t e m a h e g e l i a n o .
S i n e n t r a r a h o r a e n detalles, p e n s e m o s s i m p l e m e n t e e n las f i g u r a s h e r o i c a s
( A l e j a n d r o M a g n o , N a p o l e ó n etc.), las q u e H e g e l a p r e c i a e n c u a n t o f i g u r a s
e j e m p l a r e s d e la libertad, n o p o r s u éxito, s i n o p o r s u n e c e s a r i o fracaso.
A n d a n d o adelante, resulta i m p r e s i o n a n t e observar c o m o Rosset, e n rea­
l i d a d a c e p t a r í a t o t a l m e n t e el p e n s a m i e n t o h e g e l i a n o , a c o n d i c i ó n q u e s e le
p r e s e n t a r a b a j o f o r m a d e ficción. L a o c a s i ó n la d a , p o r e j e m p l o , la o p e r a d e
Strauss (libreto d e H o f m a n n s t h a l ) , l l a m a d a L a m u j e r sin s o m b r a . A s í n o s
habla Rosset:

36 C f . R o s s e t , L o r e a l y s u d o b l e , cit., p . 6 2

283
 L a s o m b r a n o r e p r e s e n t a el d o b l e , s i n o q u e c o n s t i t u y e , al c o n t r a r i o , s u
reverso. L a s o m b r a s i m b o l i z a a q u í la m a t e r i a l i d a d , la e n c a r n a c i ó n d e la
h e r o í n a e n l a u n i c i d a d d e u n a q u í y u n a h o r a , y, p o r t a n t o , l a a p t i t u d p a r a
vivir y p a r a r e p r o d u c i r la vida. D e m a n e r a q u e la m u j e r c o n s o m b r a , q u e
a q u e l l a v u e l v e a s e r al final d e la ó p e r a , es la m u j e r l i b e r a d a d e l m a l e f i c i o
d e l d o b l e q u e c o n d u c e e n t o d o s los c a s o s a situar lo real d e u n a p e r s o n a
p r e c i s a m e n t e f u e r a d e sí m i s m a . ( . . . ) G r a c i a s a l m i l a g r o t e r m i n a l (.. .),
l a c o i n c i d e n c i a t i e n e l u g a r : el p a s o d e la m u j e r s i n s o m b r a a la m u j e r s i n
d o b l e n o e s s i n o e l r e t o r n o d e l o t r o h a c i a sí m i s m o , d e l o t r o l a d o h a c i a e l
a q u í , q u e m a r c a e l r e c o n o c i m i e n t o d e l o ú n i c o y l a a c e p t a c i ó n d e l a v i d a . 37

¿ Q u é o t r a c o s a s e r í a el « r e c o n o c i m i e n t o d e l o ú n i c o » s i n o « l a v u e l t a d e
A a A , p a s a n d o p o r A » , t a n t o c r i t i c a d a p o r R o s s e t e n el i d e a l i s m o a l e m á n ?
P e r o , q u e t o d o e s t e p r o c e s o a c o n t e c e « g r a c i a s a u n m i l a g r o », r e s u l t a m á s
a c e p t a b l e a u n a t e o c o m o R o s s e t q u e las e x p l i c a c i o n e s r a c i o n a l e s d e a l g u i e n
c o m o H e g e l q u e a b o r r e c e l o s m i l a g r o s . R o s s e t t i e n e el m é r i t o d e h a b e r
r e c o n o c i d o c ó m o m u c h a d e la filosofía a c t u a l n o c o n d u c e a n a d a m á s q u e
a u n e s c a p e d e l m u n d o y d e las o b r a s m i s m a s . E n t é r m i n o s vis ua le s , s e m e ­
n o s p r e c i a l a i m a g e n e n b u s c a d e a l g o o c u l t o d e t r á s d e ella, m i e n t r a s q u e el
ú n i c o s e n t i d o d e la i m a g e n es p r e c i s a m e n t e s u ser m a n i f e s t a c i ó n d e a q u e l l o
q u e d e otras m a n e r a s h ab rí a q u e d a d o oculto.
E m p u j a d o p o r s u a f á n a r e c u p e r a r u n a v e r d a d s ó l i d a , v u e l v e a las c o s a s
c o m o c o n d i c i ó n i nd is pe n sa bl e d e c ualquier placer estético (y añadiría: d e
c o n o c i m i e n t o ) . P e r o se o l v i d a del h e c h o q u e «cosas» h a y sólo e n c u a n t o
ellas a p a r e c e n . Q u e se t rate d e las l i m i t a c i o n e s d e la f o r m a , o d e la r e u n i ó n
d e distintas c ualidades e n u n i d a d , t o d o lo q u e p o d r í a m o s l l a m a r «cosa», n o
p o d r í a ser accesible f u e r a d e s u d ar se f e n o m é n i c o .
T a n t o K o j é v e c o m o R o s s e t , u n o e s c o n d i d o d e t r á s d e H e g e l y el o t r o
d e t r á s d e S c h o p e n h a u e r , h a n r e c a í d o e n las p o s i c i o n e s p r e v i a s a la g r a n
estación del idealismo ale má n. L a oposición entre idealismo y realismo, n o
s ó l o d e b e r í a s e r c o n s i d e r a d a r e s u e l t a e n el s i s t e m a h e g e l i a n o , s i n o i n c l u s o
a n t e s , e n el l e j a n o 1 7 9 5 , c u a n d o y a S c h e l l i n g e x p l i c a b a c ó m o a m b a s p o s i ­
c i o n e s d e b e r í a n c o i n c i d i r e n el p u n t o m á s a l t o d e l c o n o c i m i e n t o y « c e s a r
e n s u c o n t r a p o s i c i ó n » 38.

37 I b i d . , p p . 7 4 - 7 5 ; c u r s i v o m í o .
38 A s í S c h e l l i n g e n s u s C a r t a s s o b r e d o g m a t i s m o y c r i t i c i s m o , t r a d . d e V . C a r e a g a . M a ­
drid: T e c n o s , 1 9 9 3 , p. 86; e n s u S i s t e m a del i d e a l i s m o trascendental, Schelling llevó esta

284
 T o d a r e s p u e s t a e n el s i g l o X X resulta, f r e n t e a e s t o s g i g a n t e s d e l p e n ­
s a m i e n t o , i n e l u d i b l e m e n t e u n i l a t e r a l y f r a g m e n t a r i a . L a s i t u a c i ó n e n las
p r á c t i c a s artísticas es t o d a v í a p e o r . E l d e s e o d e a b a n d o n a r la a b s t r a c c i ó n y
v o l v e r a las c o s a s , a l a o b j e t i v i d a d , h a p a r i d o el m o n s t r u o d e l h i p e r r e a l i s -
m o d o n d e m á s se i n t e n t a r e p r o d u c i r lo Real, m á s se lo d e f o r m a . Q u i z á s ,
m u c h o m e j o r se e n f r e n t a r o n a los p r o b l e m a s d e lo R e a l los g r a n d e s f o t ó ­
grafos que, siendo obligados d e a s u m i r su d e p e n d e n c i a directa del m u n d o
exterior, h a n p u e s t o e n e v i d e n c i a c ó m o la r e a l i d a d es s i e m p r e u n p r o c e s o
d i a l é c t i c o d e m i r a d a s . S u l u c h a c o n t r a el m é d i u m f o t o g r á f i c o m i s m o , le
a c e r c a m u c h o m á s a la l a b o r filosófica q u e a la d o c u m e n t a c i ó n archivística,
c o m o se suele p e n s a r a p r o p ó s i t o d e lo real-fotográfico. E s t a l u c h a c o n t r a
s u p r o p i o m e d i o es lo q u e falta e n la filosofía actual. S e trataría d e h a c e r
las c u e n t a s c o n l o N e g a t i v o , a q u e l N e g a t i v o q u e , a p e s a r d e s e r la p a l a b r a
f a v o r i t a d e K o j é v e , él m i s m o t r a i c i o n a e n el m o m e n t o e n el q u e d e c l a r a
l a p o s i t i v i d a d d e l a o b r a d e a r t e , e s d e c i r s u a b s o l u t a a u t o n o m í a ; y, n a t u ­
r al me nt e , t a m b i é n R o s s e t lo h a r ec h a z a d o , c o n d e n á n d o l o - j u n t o a t o d o
a p a r e c e r - a la c o n d i c i ó n d e m e r a ilusión.

V . C o n c l u s i ó n : el r e t a b l o d e las m a r a v i l l a s filos-ópticas

L o s d o s p e n s a d o r e s q u e h e elegido presentar aquí, c o n sus reflexiones

s o b r e la r e a l i d a d d e la i m a g e n , n o s h a n d a d o la o p o r t u n i d a d d e v e r d e c e r c a
dos posiciones ejemplares que, a u n q u e extremas, están a m e n u d o presentes
e n g r a n p a r t e d e la r e f l e x i ó n actual. P o r u n l a d o , la a b s o l u t a r e a l i d a d d e la
i m a g e n ; p o r o t r o s u a b s o l u t a ilusión.
E n realidad, n o se trata d e alg o m u y distinto d e a q u e l l a o p o s i c i ó n q u e
y a P l a t ó n h a b í a t e m a t i z a d o c o n a s o m b r o e n el S o f i s t a , h a b l a n d o d e l d t o p o n
d e l a i m a g e n , e s d e c i r , d e s u p a r t i c i p a r t a n t o al ser, c o m o al n o - s e r . D e e s t a
o p o s i c i ó n f u n d a m e n t a l p r o c e d e n t o d a s las d i s c u s i o n e s s o b r e el « r e a l i s m o »
e n la p i n t u r a , p e r o n u n c a p o d r í a n ser s o l u c i o n a d a s e n la p i n t u r a m i s m a .

o p o s i c i ó n a l a u n i d a d m á s a l t a h a s t a e n t o n c e s ; s o b r e l a c u e s t i ó n , v é a s e t a m b i é n el art. d e
F. W i r t z , « L o s p r o b l e m a s d e l c o n c e p t o d e “ i d e a l i s m o t r a s c e n d e n t a l ” e n e l S i s t e m a d e l i d e a ­
lismo trascendental d e F.W.J. Schelling», en: Revista d e Estud(i)os sobre Fichte, 1 0 ( 2 0 1 5 ) .

285
P o r q u e la p r i m e r a c o s a q u e n o s e n s e ñ a esta l arga historia d e la infinita v a ­
r i a b i l i d a d d e l t é r m i n o « r e a l i s m o » es q u e n o se trata d e u n «estilo».
L a « i m a g e n » es « i m a g e n » ú n i c a m e n t e e n s u ser « i m a g e n d e algo». E n
este sentido, y a sólo s u a p a r e c e r es u n t e s t i m o n i o d e u n a cierta r ealidad o n -
tológica relacional. U n a s u n t o p a r e c i d o trataba R o n a l d B a r t h e s a p r o p ó s i t o
d e la f o t o g r a f í a y d e s u r e l a c i ó n c o n la m e m o r i a . E n realidad, este p e n s a ­
m i e n t o n o es n i n g u n a n o v e d a d francesa, s i n o q u e se e n c u e n t r a sistemáti­
c a m e n t e d e s a r r o l l a d o e n t o d o s los a u t o r e s b i z a n t i n o s , d e s d e la patrística
h a s t a el p e r i o d o i c o n o c l a s t a .
A d m i t i d a e s t a tesis, s e p u e d e d e c l i n a r d e v a r i a s m a n e r a s , d a n d o el a c e n ­
to a éste «algo» o a s u «doble». S e p u e d e declarar este ú l t i m o c o m o m á s
real d e lo real ( K o j é v e ) o p u r a ilusión (Rosset). P e r o casi s i e m p r e se o l v i d a
q u e e n t r e el « a l g o » y s u « d o b l e » , t i e n e l u g a r la r e f l e x i ó n y q u e s ó l o g r a c i a s
a ella s o m o s c a p a c e s d e p a s a r d e l u n o al o t r o . U n a o p e r a c i ó n q u e u n a n i ­
m a l , p o r e j e m p l o (hasta d o n d e s a b e m o s ) , n o p u e d e hacer. U n g a t o q u e se
m i r a a sí m i s m o e n e l e s p e j o , n o e s q u e n o v e a l o r e a l o s u d o b l e . L o q u e
n o p u e d e h a c e r es reconocerse e n s u d ob le , n o p u e d e d e d u c i r s u existencia a
partir d e s u d o b l e ; o, e n otr as p a l a b r a s , n o p u e d e c o n c e b i r la r e a l i d a d d e la
ilusión. S o r p r e n d e n t e m e n t e , la c o n d i c i ó n a n i m a l s u p e r a la c o n t r a d i c c i ó n
p u e s t a p o r l o s e x t r e m o s d e p e n s a d o r e s c o m o K o j é v e y R o s s e t : p a r a el g a t o ,
s u i m a g e n es u n a r e a l i d a d a u t ó n o m a ( K o j é v e ) a la q u e s i m p l e m e n t e d a la
e s p a l d a y, s i n c a e r e n l a t r a m p a d e l d o b l e , h a c e l o q u e R o s s e t p r e s c r i b e a
t o d o s n o s o t r o s : v u e l v e a la « n u d a r e alidad».
E n el R e t a b l o d e las m a r a v i l l a s , C e r v a n t e s t e m a t i z a d e a l g u n a m a n e r a
t o d a s estas p r o b l e m á t i c a s . P o r u n lado, se trata d e u n a m a g n i f i c a b u r l a
c o n t r a t o d a la crítica d e l arte m o d e r n o q u e insiste e n la e s p i r i t u a l i d a d d e
los c u a d r o s d o n d e n o h a y n a d a q u e ver.
U n a c o m p a ñ í a teatral llega a u n p u e b l o y a n u n c i a q u e está e n p o s e s i ó n
d e u n r e t a b l o d e las m a r a v i l l a s , d o n d e a p a r e c e n las c o s a s m á s e x t r a o r d i ­
n a r i a s . P e r o s e d a el c a s o q u e « n i n g u n o p u e d e v e r las c o s a s q u e e n él s e
m u e s t r a n , q u e t e n g a a l g u n a r a z a d e c o n f e s o » 39. P u e s , e n el r e t a b l o , n a t u ­
r a l m e n t e n o h a y n a d a , p e r o a t e r r o r i z a d o el p u e b l o p o r n o s e r a c u s a d o d e
t e n e r s a n g r e judía, e m p i e z a a c o n t a r d e v e r lo q u e e n r ealidad n o se ve,
p o r q u e s i m p l e m e n t e n o existe. E l delirio d e l p u e b l o se i n t e r r u m p e c o n la

39 M . d e C e r v a n t e s , E n t r e m e s e s , M a d r i d : C á t e d r a , 2 0 1 8 , p . 2 3 2 .

286
l l e g a d a d e u n a c o m p a ñ í a m i l i t a r ; s u c a p i t á n , al e x p r e s a r s u s o r p r e s a p o r e n ­
c o n t r a r a t o d o el p u e b l o m i r a n d o a u n r e t a b l o s i n c o n t e n i d o a l g u n o , a c a b a
s iendo a c u s a d o d e judío. « ¿ Q u é diablos d e doncella t e n g o q u e ver?» D i c e
el c a p i t á n a l o s q u e le s e ñ a l a b a n u n a s u p u e s t a d o n c e l l a e n el r e t a b l o . T o d o s
e m p i e z a n a a c u s a r l e c o n las m i s m a s p a l a b r a s q u e los j u d í o s d i r i g í a n c o n t r a
P e d r o . « D e l l o s es, d e l l o s el s e ñ o r F u r r i e r ; d e l l o s es. - ¡ S o y d e l a m a l a p u t a
q u e l o s p a r i ó ; y, p o r D i o s v i v o , q u e , si e c h o m a n o a l a e s p a d a , q u e l o s h a g a
s a l i r p o r l a s v e n t a n a s , q u e n o p o r l a p u e r t a ! » 40
A l f i n a l el c a p i t á n l o s a c u c h i l l a t o d o s y l o s d u e ñ o s d e l r e t a b l o s e m a r a ­
villan c o n s t a t a n d o q u e «la v i r t u d del retablo» n o h a c a m b i a d o , s i g u e igual
y así m a ñ a n a c o n t i n u a r a n e n s e ñ á n d o l a al p u e b l o . M u y lejos d e la b a n a l
c o n s t a t a c i ó n d e R o s s e t s o b r e lo p a r e c i d o d e la fe e n D i o s c o n la v i s i ó n d e
l o i n v i s i b l e d e l a q u e p a d e c e el p u e b l o , s e g ú n l a t e o r í a d e l a i m a g e n q u e
i n t e n t o p r o p o n e r a q u í, c o m e n t a r í a otras cosas: p a r a e m p e z a r , la ilusión d el
retablo, n o s ó l o n o o c u l t a la r e a l i d a d s i n o h a c e q u e e m e r j a e n s u f o r m a m á s
c r u e l y d e s i l u s i o n a d a : el p u e b l o q u e e n p r i n c i p i o e n t r a e n u n j u e g o a b s u r ­
d o p a r a d e m o s t r a r la p u r e z a d e s u raza, a c a b a c o m p o r t á n d o s e p r e c i s a m e n t e
c o m o l os j u d í o s . P u n t o d o s : s i e m p r e y d e a l g u n a m a n e r a , al f inal s e p r e ­
s e n t a a l g u i e n « e x p e r t o e n l o real», c o m o a q u í l l e g a el c a p i t á n , i n s u l t a n d o
y a c u c h i l l a n d o l o s « i l u s i o n a d o s » . A ú n así, e n l a s p a l a b r a s d e C e r v a n t e s v e o
s ó l o d e n u n c i a d a c o n h u m o r la f u t i l i d a d d e q u i e n i n t e n t a c o r t a r las c a b e z a s
d e u n a h i d r a q u e s i e m p r e s e r e p r o d u c e h a s t a el i n f i n i t o ; l o ú n i c o c i e r t o e s
q u e el r e t a b l o s i g u e s i n d a ñ o a l g u n o y m a ñ a n a e s t a r á e n o t r o p u e b l o p a r a
p o n e r e n c l a r o n u e v a m e n t e la r e a l i d a d p o r m e d i o d e la ficción.
H e a q u í el p o d e r e x t r a o r d i n a r i o d e la i m a g e n e n c u a n t o p r o d u c t o d e la
r e f l e x i ó n . P o d e r q u e e s p r o p i o , al f i n y al c a b o , d e t o d o el arte. I n g e n u a ­
m e n t e o p t i m i s t a , R o s s e t l e e e n e s t a h i s t o r i a el f i n d e las i l u s i o n e s . P e r s o n a l ­
m e n t e , la m i r a d a d e C e r v a n t e s m e p a r e c e m u c h o m á s p r o f u n d a m e n t e d e s ­
i l u s i o n a d a y m e h a c e p e n s a r e n q u e lo r e a l m e n t e s u c e d i d o es q u e , gracias a
u n a i l u s i ó n , e l p u e b l o s e d e s c u b r e s i m p l e m e n t e p o r l o q u e e s.
E n fin, d e b e r í a m o s d e c i r q u e las a p a r i e n c i a s p u e d e n s e r infinitas, p e r o
la n e c e s i d a d d e l A p a r e c e r es u n p r i n c i p i o inalterable. L o q u e es real e n
la i m a g e n , n o es s u c o n t e n i d o f i g ur at i vo (o n o - f i g u r a t i v o , c o m o p i e n s a

40 I b í d , , 2 4 8 . ; R o s s e t , l a m e n t a b l e m e n t e , n o s e fija e n n a d a m á s q u e e n l a s i m i l i t u d d e l a
« r e a l i d a d d e l o i n v i s i b l e » c o n l a f e e n u n D i o s i n v i s i b l e ; cf. R o s s e t , L o i n v i s i b l e , cit., p . 6 2 s.

287
Kojéve), o a ú n peor, narrativo ( c o m o piensa Rosset), sino s i m p l e m e n t e su
s e r - i m a g e n . Y este s e r - i m a g e n n o p e r t e n e c e a u n o b j e t o , s i n o a la e s t r u c t u ­
ra m á s p r o f u n d a d e la r e a l i d a d m i s m a . S e a lo q u e s e a lo R e a l , u n a c o s a es
cierta: s i n el A p a r e c e r , p o r d e f i n i c i ó n s e r í a n a d a . « L a a p a r i c i ó n f e n o m é n i c a
e s el o r i g i n a r s e y p e r e c e r q u e , e ll o m i s m o , n o s e o r i g i n a n i p e r e c e , s i n o q u e
e s e n sí, y c o n s t i t u y e l a r e a l i d a d e f e c t i v a y e l m o v i m i e n t o d e l a v i d a d e l a
v e r d a d » 41. Q u i z á s C e r v a n t e s h a b r í a e s t a d o d e a c u e r d o .

41 H e g e l , F e n o m e n o l o g í a , cit., p . 3 5 ; t r a d . e s p . p . 1 0 7 .

288