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SOLUBILIDADE DO ÁCIDO BÓRICO

Autores: Ana Beatriz Silva; Angélica Gontijo Santos; Brenda Carolina de Carvalho Gomes;
Gabriel Henrique Cabral Barthasson; Gabriela da Silva Coura Amarante; Giovanna Ribeiro
Nunes; Iago Henrique Nascimento de Morais; Izabel Figueiredo Cunha; Luís Cruz Gimenes de
Oliveira; Maria Eduarda de Melo Gonçalves Dias; Rafael Carlos Gomes; Renan Magalhães
Ganem Nilo
Faculdade de Engenharia Química – Universidade Federal de Uberlândia
Campus Santa Mônica - Bloco 1K, Uberlândia – MG – Brasil

RESUMO – O ácido bórico é muito utilizado na engenharia química devido a sua


elevada demanda e diversas aplicações. Como o mesmo pode ser empregado tanto em
infecções quanto em lavouras para exterminação de fungos e insetos, a nossa
capacidade de obter informações como a solubilidade e a entalpia de fusão
do mesmo é de suma importância. Podemos caracterizar solubilidade como a
quantidade de soluto que se dissolve em determinada quantidade de solvente que, em
nossos estudos, é a água. Em paralelo, a entalpia de fusão nos mostra a energia
necessária para fundir 1 mol de determinado sólido. No experimento aqui descrito,
quantidades determinadas de ácido bórico foram adicionadas a 100 mL de água e, a
cada adição, media-se o pH e a condutividade da solução, obtendo dados suficientes
para o cálculo das propriedades mencionadas.

PALAVRAS-CHAVE: Ácido bórico, solubilidade, entalpia de fusão, pH e condutividade.

Objetivos: Na prática à qual o relatório se refere, buscou-se realizar medidas de pH e


condutividade de uma solução de ácido bórico em equilíbrio sólido-líquido em água. O objetivo
dessas medições é obter dados para a solubilidade do ácido bórico a partir de técnicas referentes ao
equilíbrio sólido-liquido (ESL). Além disso, busca-se também o cálculo da entalpia de
fusão ΔHf do ácido bórico.

Uberlândia, 25 de setembro de 2017 Nota: Data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO

O ácido bórico é um composto inorgânico cuja fórmula química é H3BO3. Esse composto
é levemente ácido e muito utilizado devido suas propriedades antissépticas, antifúngicas e
antivirais, sendo empregado no tratamento de feridas e infecções fúngicas. Além disso, consiste
em um forte pesticida, usado para matar formigas, pulgas e baratas. Desta forma, temos que o ácido
bórico é um composto deveras utilizado na indústria química e, portanto, o conhecimento de dados
como sua solubilidade e entalpia de fusão é de grande relevância (PIRES, 2011).

Para sabermos se em uma solução haverá ou não a formação de precipitado, devemos ter
conhecimento da solubilidade de um soluto. A solubilidade consiste na maior quantidade de soluto
capaz de ser dissolvida em um solvente. Essa propriedade varia conforme variar temperatura na
qual a análise é feita (CHANG, 2010). Podemos determinar a solubilidade através
do equilíbrio sólido-líquido, utilizando para isso dados experimentais.

A entalpia de fusão, ou calor de fusão, é a quantidade de energia necessária para fundir 1


mol de uma substância sólida (CENGEL e BOLES, 2015). Assim como a solubilidade, podemos
calcular tal propriedade pelo equilíbrio sólido-líquido.

Os equilíbrios sólido-líquido (ESL) são a base para processos de separação, como a cristalização.
Como a fase sólida e líquida estão em equilíbrio, tem-se a Equação (1):

𝑓̂𝑙𝑙 = 𝑓̂𝑙𝑠 (1)

Sendo T e P uniformes na solução. Tais equilíbrios consistem na coexistência de uma fase


sólida e uma fase líquida, seja de um mesmo componente ou de componentes diferentes (SMITH,
VAN NESS e ABBOTT, 2007).

Abaixo, na Figura 1, temos um exemplo de diagrama de ESL no qual há dois sólidos


imiscíveis (S1 e S2). Neste diagrama, temos o comportamento do equilíbrio variando-se a
temperatura (T) e a composição (X) de uma solução.

O ponto eutético demarcado no diagrama, corresponde ao ponto de composição XE no qual


temos a passagem de líquido para duas regiões sólidas a partir do resfriamento abaixo da
temperatura TE sem a passagem por uma região em que as fases sólido e líquido coexistam.
1
Figura 1 – Diagrama sólido-líquido com duas fases sólidas.

Comportamento da solução com a variação da temperatura e da composição.


Fonte: Adaptado de Smith, Van Ness e Abott (2007, 448p.)

2. MATERIAIS UTILIZADOS

• Ácido Bórico;

• Água destilada;

• Béquer;

• pHmetro com precisão de ±0,01;

• Medidor de Condutividade com precisão de ±0,1 μS/cm;

• Agitador Magnético;

• Balança analítica com precisão de ±0,1 g;

• Cronômetro com precisão de ±0,01 s.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente, uma massa de água destilada equivalente a 100,80 g foi pesada em um béquer.
Mediu-se o pH e a condutividade da amostra de água pura com o auxílio de um pHmetro e um
medidor de condutividade. Em seguida pesou-se 0,5 g de ácido bórico e adicionou-se esta
2
quantidade ao béquer contendo água destilada. A solução de água contendo ácido bórico foi
colocada no agitador magnético onde ficou em agitação por 2 minutos e posteriormente deixada
em repouso por 1 minuto. O passo seguinte foi medir o pH e a condutividade da solução com o
auxílio de um pHmetro e um medidor de condutividade e anotar os valores encontrados.

Foram feitas mais 4 adições de 0,5 gramas de ácido bórico à solução e a cada adição repetiu-
se o procedimento descrito acima. Depois aumentou-se a quantidade de ácido bórico adicionada
para 2 gramas e foram feitas mais 2 adições, sempre repetindo o procedimento descrito após cada
adição. Ao final da segunda adição de 2 gramas de ácido bórico foi possível observar a presença
de sólido no fundo do béquer, indicando que o ponto de saturação da solução havia sido atingido.
Com os valores de pH e condutividade obtidos no experimento é possível calcular o valor da
solubilidade do ácido bórico em água.

Observação: Todos estes procedimentos citados foram realizados por outro grupo com a
massa de água destilada equivalente a 99,78 g, com o intuito de realizar uma média e, assim, obter
resultados com uma maior exatidão.

4. TRATAMENTO DOS DADOS

4.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para fins matemáticos, os resultados obtidos, levaram em consideração a massa molar do


ácido bórico, a temperatura ambiente e as massas de água utilizadas por cada grupo. A massa molar
do ácido bórico é aproximadamente 61,831 g/mol, a temperatura constatada foi 27ºC e as massas
de água dos grupos 1 e 2, foram, respectivamente, 100,80 e 99,78g.

Os resultados foram divididos em 2 tópicos: Determinação da Solubilidade do Ácido Bórico


e a Determinação da Entalpia de Fusão.

• Determinação da Solubilidade do Ácido Bórico

✓ Grupo 1

A Tabela 1, mostra os dados coletados, durante a realização do experimento, pelo primeiro


grupo, bem como os cálculos das concentrações em g/L e mol/L.

3
Tabela 1 – Dados de massa, pH, condutividade e concentração.

m ± 0,1 λ ± 0,1 C ± 0,001 M ± 0,001 λ ± 0,0001


pH ± 0,01
(g) (μS/cm) (g/L) (mol/L) (mS/cm)

0,0 6,20 2,8 0,000 0,000 0,0028

0,5 5,59 5,0 4,960 0,080 0,0050

1,0 4,90 8,3 9,921 0,160 0,0083

1,5 4,71 11,9 14,881 0,241 0,0119

2,0 4,44 16,2 19,841 0,321 0,0162

2,5 4,37 21,6 24,802 0,401 0,0216

4,5 3,88 49,2 44,643 0,722 0,0492

6,5 3,68 80,3 64,484 1,043 0,0803

Sendo: m a massa total de ácido bórico, pH o potencial de hidrogênio da solução, C a concentração em g/L da
solução, M a concentração em mol/L da solução e λ a condutividade térmica da solução.

A concentração do ácido bórico em g/L, foi determinada através da razão entre a massa (m)
de ácido bórico adicionada e o volume de água (mágua), conforme a Equação (2). Considerando a
densidade da água aproximadamente igual a 1 g/cm3, temos que a massa de água pesada é
aproximadamente igual ao seu volume.

𝑔 𝑚 𝑚
𝐶( ) = = (2)
𝐿 𝑉á𝑔𝑢𝑎 𝑚á𝑔𝑢𝑎

Por meio da Equação (3), foi possível determinar a concentração (M) do ácido bórico em
mol/L.

𝑚𝑜𝑙 𝐶
𝑀( ) = 𝑀𝑀 (3)
𝐿

Sendo: MM é a massa molar do ácido bórico.

4
Com as medidas anotadas, obteve-se gráficos de pH em função da concentração de ácido
bórico (mol/L e g/L), conforme os Gráficos (1) e (2).

Gráfico 1 – pH em função da concentração de ácido bórico em mol/L.

r2 = 0,9039
pH = 5,9486-4,5551*x
6,5
6,0
5,5
5,0
pH

4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
C [mol/L]

Gráfico 2 – pH em função da concentração de ácido bórico em g/L.

r2 = 0,9039
pH = 5,9486-0,0737*x
6,4
6,2
6,0
5,8
5,6
5,4
5,2
5,0
pH

4,8
4,6
4,4
4,2
4,0
3,8
3,6
3,4
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
C [g/L]

Pelos Gráficos (1) e (2) foi possível perceber uma boa correlação dos dados, pois
apresentaram r2 iguais à 0,9039. Indicando que, de fato, o pH varia com o aumento da concentração
do ácido bórico em água.

5
Para determinar a solubilidade média na concentração de saturação, realizou-se uma média
dos pH anotados após a saturação da solução, isto é, os pH correspondentes às massas de 4,5 e 6,5
g de ácido bórico, onde já se havia porções significativas de precipitado.

3,88 + 3,68
̅̅̅̅
𝑝𝐻 = = 3,78
2
̅̅̅̅ o pH médio de saturação.
Sendo: 𝑝𝐻

Substituindo este pH médio nas Equações (4) e (5), obteve-se as solubilidades em mol/L e
g/L, respectivamente, do ácido bórico à 27ºC.

𝑝𝐻 = 5,9486 − 4,5551 𝑆1 (4)

𝑆1 =
̃ 0,4761 𝑚𝑜𝑙/𝐿
Sendo: S1 a solubilidade do ácido bórico em mol/L.

𝑝𝐻 = 5,9486 − 0,0737 𝑆2 (5)

𝑆2 =
̃ 29,4361 𝑔/𝐿
Sendo: S2 a solubilidade do ácido bórico em g/L.

Analogamente aos gráficos de pH em função da concentração, obteve-se gráficos da


condutividade em função da concentração (mol/L e g/L), conforme mostra os Gráficos (3) e (4).

Gráfico 3 – Condutividade em função da concentração de ácido bórico em mol/L.

r2 = 0,9807
λ = 0,0016+0,0467*x
0,09
0,08
0,07
0,06
λ [mS/cm]

0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
-0,01
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
C [mol/L]

6
Gráfico 4 – Condutividade em função da concentração de ácido bórico em g/L.

r2 = 0,9807
λ = 0,0016+0,0008*x
0,09
0,08
0,07
0,06

λ [mS/cm]
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
-0,01
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
C [g/L]

Pelos Gráficos (3) e (4) foi possível perceber uma forte correlação dos dados, pois
apresentaram ambos r2 iguais à 0,9807. Indicando que, de fato, a condutividade varia com o
aumento da concentração do ácido bórico em água.

Para determinar a solubilidade média na concentração de saturação, realizou-se um


procedimento similar ao pH. Primeiramente, efetuou-se uma média das condutividades anotadas
após a saturação da solução, isto é, as condutividades correspondentes às massas de 4,5 e 6,5 g de
ácido bórico.

0,0492 + 0,0803
𝜆̅ = = 0,0648 𝑚𝑆/𝑐𝑚
2
Sendo: 𝜆̅ a condutividade média de saturação.

Posteriormente, substitui-se esta condutividade média nas Equações (6) e (7) e obteve-se as
solubilidades em mol/L e g/L, respectivamente, do ácido bórico à 27°C.

𝜆 = 0,0016 + 0,0467 𝑆3 (6)

𝑆3 =
̃ 1,3516 𝑚𝑜𝑙/𝐿
Sendo: S3 a solubilidade do ácido bórico em mol/L

𝜆 = 0,0016 + 0,0008 𝑆4 (7)


7
𝑆4 =
̃ 83,5699 𝑔/𝐿
Sendo: S4 a solubilidade do ácido bórico em g/L

Observação: Em todos os gráficos, a equação da reta obtida, correlacionou apenas as seis


primeiras medidas, com intuito de englobar a faixa de dados anterior à saturação do ácido bórico,
apresentando assim um comportamento linear.

✓ Grupo 2

A Tabela 2, mostra os dados coletados, durante a realização do experimento, pelo segundo


grupo, assim como os cálculos das concentrações em g/L e mol/L.

Tabela 2 – Dados de massa, pH, condutividade e concentração.

m ± 0,1 λ ± 0,1 C ± 0,001 M ± 0,001 λ ± 0,0001


pH ± 0,01
(g) (μS/cm) (g/L) (mol/L) (mS/cm)
0,0 6,24 2,7 0,000 0,000 0,0027

0,5 5,15 5,6 5,011 0,081 0,0056

1,0 4,83 8,1 10,022 0,162 0,0081

1,5 4,57 12,0 15,033 0,243 0,0120

2,0 4,45 15,3 20,044 0,324 0,0153

2,5 4,34 21,1 25,055 0,405 0,0211

4,5 3,91 49,6 45,099 0,729 0,0496

6,5 2,87 75,4 65,143 1,054 0,0754

Sendo: m a massa total de ácido bórico, pH o potencial de hidrogênio da solução, C a concentração em g/L da
solução, M a concentração em mol/L da solução e λ a condutividade térmica da solução.

As concentrações do ácido bórico em g/L e em mol/L, também foram determinadas através


das Equações (2) e (3), respectivamente.

8
Analogamente ao primeiro grupo, obteve-se gráficos de pH em função da concentração de
ácido bórico (g/L e mol/L), conforme os Gráficos (5) e (6).

Gráfico 5 – pH em função da concentração de ácido bórico em mol/L.

r2 = 0,8094
pH = 5,7771-4,1812*x
6,5
6,0
5,5
5,0
pH

4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
C [mol/L]

Gráfico 6 – pH em função da concentração de ácido bórico em g/L.

r2 = 0,8094
pH = 5,7771-0,0676*x
6,5
6,0
5,5
5,0
pH

4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
-10 10 30 50 70
C [g/L]

Pelos Gráficos (5) e (6) foi possível perceber uma boa correlação dos dados, pois
apresentaram ambos r2 iguais à 0,8094.

9
Adotou-se o mesmo procedimento do primeiro grupo para determinar a solubilidade média
na concentração de saturação, onde realizou-se uma média dos pH anotados após a saturação da
solução, isto é, os pH correspondentes às massas de 4,5 e 6,5 g de ácido bórico.

3,91 + 2,87
̅̅̅̅
𝑝𝐻 = = 3,39
2
̅̅̅̅ o pH médio de saturação.
Sendo: 𝑝𝐻

Substituindo este pH médio nas Equações (8) e (9), obteve-se as solubilidades em mol/L e
g/L, respectivamente, do ácido bórico à 27ºC.

𝑝𝐻 = 5,7771 − 4,1812 𝑆5 (8)

𝑆5 =
̃ 0,5709 𝑚𝑜𝑙/𝐿
Sendo: S5 a solubilidade do ácido bórico em mol/L

𝑝𝐻 = 5,7771 − 0,0676 𝑆6 (9)

𝑆6 =
̃ 35,3011 𝑔/𝐿
Sendo: S6 a solubilidade do ácido bórico em g/L

Posteriormente, obteve-se gráficos da condutividade em função da concentração (mol/L e


g/L), conforme mostram os Gráficos (7) e (8).

Gráfico 7 – Condutividade em função da concentração de ácido bórico em mol/L.

r2 = 0,9802
λ = 0,0019+0,0441*x
0,08
0,07
0,06
0,05
λ [mS/cm]

0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
-0,01
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
C [mol/L]

10
Gráfico 8 – Condutividade em função da concentração de ácido bórico em g/L.

r2 = 0,9802
λ = 0,0019+0,0007*x
0,08
0,07
0,06
0,05
λ [mS/cm] 0,04
0,03
0,02
0,01
0,00
-0,01
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
C [g/L]

Pelos Gráficos (7) e (8) foi possível perceber uma forte correlação dos dados, pois
apresentaram ambos r2 iguais à 0,9802.

Para determinar a solubilidade média na concentração de saturação, efetuou-se uma média


das condutividades anotadas após a saturação da solução, isto é, as condutividades correspondentes
às massas de 4,5 e 6,5 g de ácido bórico.

0,0496 + 0,0754
𝜆̅ = = 0,0625
2
Sendo: 𝜆̅ a condutividade média de saturação.

Em seguida, substitui-se esta condutividade média nas Equações (10) e (11) e obteve-se as
solubilidades em mol/L e g/L, respectivamente, do ácido bórico à 27ºC.

𝜆 = 0,0019 + 0,0441 𝑆7 (10)

𝑆7 =
̃ 1,3758 𝑚𝑜𝑙/𝐿
Sendo: S3 a solubilidade do ácido bórico em mol/L

𝜆 = 0,0016 + 0,0008 𝑆8 (11)

𝑆8 =
̃ 85,0671 𝑔/𝐿
Sendo: S4 a solubilidade do ácido bórico em g/L
11
Para fazer uma análise geral entre os grupos 1 e 2, realizou-se uma média entre as
solubilidades do ácido bórico (g/L e mol/L), obtendo assim a solubilidade média final à temperatura
de 27ºC.

Para a metodologia envolvendo a variável pH, obteve-se:

𝑆1 + 𝑆5 0,4761 + 0,5709
𝑆= = = 𝟎, 𝟓𝟐𝟑𝟓 𝒎𝒐𝒍/𝑳
2 2

𝑆2 + 𝑆6 29,4361 + 35,3011
𝑆′ = = = 𝟑𝟐, 𝟑𝟔𝟖𝟔 𝒈/𝑳
2 2
Sendo: S a solubilidade média final do ácido bórico em mol/L e S’ a solubilidade média final do ácido bórico em
g/L.

Já para a metodologia envolvendo a variável condutividade, obteve-se:

𝑆3 + 𝑆7 1,3516 + 1,3758
𝑆= = = 𝟏, 𝟑𝟔𝟑𝟕 𝒎𝒐𝒍/𝑳
2 2

𝑆4 + 𝑆8 83,5699 + 85,0671
𝑆′ = = = 𝟖𝟒, 𝟑𝟏𝟖𝟓 𝒈/𝑳
2 2
Sendo: S a solubilidade média final do ácido bórico em mol/L e S’ a solubilidade média final do ácido bórico em
g/L.

Verificou-se que a variável condutividade, proporcionou uma melhor aproximação do valor


encontrado na literatura para a solubilidade do ácido bórico em mol por L (ou kg, por se tratar de
água – 1 g/mL) de solução. Pela variável condutividade, a solubilidade obtida foi de 1,3637 mol
por kg de solução à 27°C. Chanson e Millero (2006) encontraram um valor de solubilidade de 0,905
mol por kg de solução à 25ºC. Perry et al. (1997) apresenta o valor de 1,067 mol por kg de solução
à 30°C.

De acordo com os valores obtidos de solubilidade média, observou-se que tais valores não
foram muito precisos. Tal fato, deve-se aos possíveis erros experimentais que possam ter ocorrido
como:

✓ Erros durante a leitura das medidas nos equipamentos como, por exemplo, o pHmetro que
claramente se mostrou não calibrado, uma vez em que apresentava muitas oscilações de
uma medida para outra, visto que seu erro instrumental era de ±0,01;

12
✓ Erros devido ao ranking do condutivímetro, que por sua vez não estava ajustado
corretamente, bem como erros durante a leitura do mesmo, visto que tal equipamento
apresenta um erro de ±0,1 μS/cm;

✓ Perdas de massa do ácido bórico no vidro de relógio, visto que esta substancia, por se tratar
de um material particulado, apresentou alto grau de aderência ao vidro de relógio,
inviabilizando sua completa homogeneização na solução;

✓ Erro na leitura da massa de água e da massa de ácido bórico, pois o erro instrumental da
balança utilizada é ±0,1 g;

✓ Erros causados pela má homogeneização da solução, visto que a velocidade do agitador


magnético devia ser mantida numa faixa em que não gerasse um vórtice;

✓ Erros causados pelos tempos de agitação e repouso, que por sua vez podem interferir na
solubilização do ácido bórico em água.

• Determinação da Entalpia de Fusão

Uematsu (2007) a partir das equações termodinâmicas para o equilíbrio sólido-líquido,


deduziu uma equação que relaciona, o coeficiente de atividade e a fração molar do sólido com a
entalpia de fusão, partindo de uma temperatura de referência até a temperatura de fusão do sólido.

Para isso ele supôs que o critério de equilíbrio é aplicado somente para o soluto e que a fase
sólida é uma substância pura, ou seja, ausente de solvente. Obtendo assim, a Equação (12).

∆𝐻 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ) 𝑇 1 𝑇 1 𝑇 ∆𝑐𝑝


𝑙𝑛(𝛾1 𝑥1 ) = − [1 − 𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ] − 𝑅𝑇 ∫𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ∆𝑐𝑝 𝑑𝑇 + 𝑅 ∫𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑑𝑇 (12)
𝑅𝑇 𝑇

Sendo: γ1 o coeficiente de atividade do ácido bórico em água, x1 a solubilidade do ácido bórico em termos de fração
molar, T a temperatura de referência, T fusão a temperatura de fusão do ácido bórico, R a constante universal dos gases
perfeitos, ΔHfusão a entalpia de fusão do ácido bórico e Δcp a variação do calor específico à pressão constante do ácido
bórico.

Considerando uma mistura ideal, cujo o coeficiente de atividade é 1 e desconsiderando os


dois últimos termos, podemos simplificar a Equação (12), pois o primeiro termo contendo a
entalpia de fusão é muito maior que os dois últimos, além disso, estes últimos termos apresentam
sinais trocados, o que torna o resultado de sua soma muito próximo a zero.

13
A Equação (13) é a simplificação da Equação (12) e representa a solubilidade ideal, x1ideal,
em função da entalpia de fusão e da temperatura de fusão.

∆𝐻 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ) 𝑇
𝑙𝑛(𝑥1𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 ) = − [1 − 𝑇 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ] (13)
𝑅𝑇

✓ Cálculo da massa ideal de ácido bórico, considerando solubilidade média obtida pela
variável condutividade:

𝑚𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 𝑆′ × ̅̅̅̅̅̅̅
𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 84,3185 × 0,10029 = 8,4563 𝑔 𝑑𝑒 á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏ó𝑟𝑖𝑐𝑜
̅̅̅̅̅̅̅
Sendo: mideal a massa ideal de ácido bórico, S’ a solubilidade média final do ácido bórico em g/L e 𝑉 á𝑔𝑢𝑎 o volume
médio de água da solução.

✓ Cálculo do número de mols do ácido bórico e da água:

𝑚 8,4563
𝑛1 = 𝑀𝑀𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = = 0,1368 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏ó𝑟𝑖𝑐𝑜
á𝑐𝑖𝑑𝑜 61,831

Sendo: mideal a massa ideal de ácido bórico e MMácido a massa molar do ácido bórico.
𝑚 100,29
𝑛2 = 𝑀𝑀á𝑔𝑢𝑎 = = 5,5670 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎
á𝑔𝑢𝑎 18,015

Sendo: mágua a massa média de água presente na solução e MMágua a massa molar da água.

✓ Cálculo a solubilidade do ácido bórico em termos de fração molar:

𝑛1 0,1368
𝑥1 = = = 0,0240
𝑛1 + 𝑛2 0,1368 + 5,5670
Sendo: x1 a solubilidade do ácido bórico em termos de fração molar, n1 o número de mols de ácido bórico e n2 o número
de mols de água.

✓ Cálculo da entalpia de fusão do ácido bórico na T de referência igual a 27°C (300,15 K) e


na temperatura de fusão igual a 170,9°C (444,05 K) (LIDE, 2003), utilizando a Equação
(12):

∆𝐻 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ) 𝑇
𝑙𝑛(𝑥1𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 ) = − [1 − 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ]
𝑅𝑇 𝑇

∆𝐻 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (444,05) 300,15


𝑙𝑛(0,0240) = − [1 − ]
8,314 × 300,15 444,05

𝐽
∆𝐻 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (444,05) = 28727,7043 =
̃ 𝟐𝟖, 𝟕𝟐𝟕𝟕 𝒌𝑱/𝒎𝒐𝒍
𝑚𝑜𝑙
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Observação: A consideração da solução de ácido bórico como uma mistura ideal, deve-se
ao fato da indisponibilidade na literatura pesquisada de dados de calor específico (cp) para o ácido
bórico, o que dificulta o uso da Equação (12).

Lide (2003) apresenta para a entalpia de fusão do ácido bórico um valor de 22,3 kJ/mol.
Como as solubilidades determinadas neste experimento não foram muito precisas, isso acarretou
erros também na determinação da entalpia de fusão do ácido bórico, no entanto, o valor médio
obtido é relativamente próximo ao valor encontrado na literatura.

5. CONCLUSÃO

Após analisar os resultados obtidos, observou-se que os valores de solubilidade média não
foram muito precisos por possíveis erros experimentais. No entanto, a média dos valores de entalpia
de fusão do ácido bórico dos dois grupos foi bem próxima ao da literatura. Assim, houve uma
compreensão de todo o grupo sobre a abordagem do experimento, a utilização dos materiais e os
cálculos necessários para a obtenção dos resultados desejados.

6. REFERÊNCIAS

1. CENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Thermodynamics: An Engineering Approach. 8th Edition.


McGraw-Hill, 2015. 963p.

2. CHANG, R. Química Geral: conceitos essenciais. 4ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2010.
778p.

3. CHANSON, M., MILLERO, F. J. The Solubility of Boric Acid in Electrolyte Solutions. J.


Solution Chem., 2006. 35, 689-703.

4. LIDE, D. R. CRC Handbook of Chemistry and Physics. 84th Edition. CRC press, 2003. 6-
125p.

5. PERRY, R. H., GREEN, D. W. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook. 7th Edition.


McGraw-Hill, New York, 1997. 1, 169p.

6. PIRES, R. F. Contribuição ao estudo do comportamento da solubilidade dos ácidos bórico,


benzoico e salicílico em misturas eletrolíticas. 2011. Tese de Doutorado em Engenharia
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Química – Faculdade de Engenharia Química, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia. 2011.

7. SMITH, J. M.; VAN NESS, H. C.; ABBOTT, M. M. Introdução à termodinâmica da


engenharia química. 7ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2007. 626p.

8. UEMATSU, M. M. Estudo experimental e ajuste de modelos para a previsão da


solubilidade sólido-líquido no sistema ácido salicílico-etanol-água. Dissertação de
Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

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