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Cartilha de Redução de Danos para Agentes Comunitários de Saúde

+PTPU\PYWHYH:VTHY
Ajudar a reduzir danos é aumentar as possibilidades de cuidado aos usuários de drogas.

DE
DE SAÚ
ITÁRIO
E COMUN
AGENT

VIVA COMUNIDADE
VIVA COMUNIDADE
Expediente
Supervisão Geral
Rubem César Fernandes
Samantha Pereira França

Coordenação Técnica O consumo de drogas, não só do cigarro e do álcool, mas também do crack, tem
Fabiana Lustosa Gaspar sido identificado rotineiramente pelas equipes de Saúde da Família como um
Fabiane Minozzo
grande problema a ser abordado nos territórios. Apesar do interesse e desejo
Coordenação Editorial em desenvolver atividades neste sentido, os profissionais encontram-se, muitas
Inaiara Bragante
vezes, limitados e sem instrumentos que os auxiliem nesta abordagem.
Elaboração Técnica
Rose Teresinha da Rocha Mayer
Alessandra Zambeli Alberti Sob esse panorama, a necessidade de um planejamento de ações para a
Simone Alves de Almeida abordagem das pessoas usuárias de álcool e outras drogas pelas equipes de
Fabiana Lustosa Gaspar
Fabiane Minozzo Saúde da Família tornou-se imperativa.
Revisão Técnica
Fabiana Lustosa Gaspar Em maio de 2010, visando à integração de diversas áreas de conhecimento
Fabiane Minozzo e o fomento da discussão sobre esse tema, foi realizado o Seminário Crack –
Equipe Educação Permanente Repensando as Estratégias de Atenção à Saúde pelo Viva Rio, em parceria com a
Analaura Ribeiro Pereira
Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção de Saúde – SMSDC.
Adriana Brant
Cristina Guedes Veneu
Francisco Potiguara A partir das reflexões e construções proporcionadas pelo Seminário, foi possível
Inaiara Bragante
apontar em um documento direções de trabalho para a atuação dos profissionais
Projeto Gráfico, Ilustrações,
de Saúde da Família nas comunidades, desde a perspectiva da redução de danos
Organização e Revisão de Textos
Espaço Donas Marcianas para o cuidado em relação à problemática do álcool e outras drogas. Dentre
Arte e Comunicação essas direções, destaca-se a construção desta cartilha de apoio ao trabalho
Arte: Gabi Caspary
Texto: Gizane Barreto desenvolvido pelos Agentes Comunitários de Saúde nesta temática.
Colaboradores
Pedro Vicente Canesim Bittencourtt
Ana Clara Telles C. de Souza

Publicação produzida pela área de educação


permanente do Viva Comunidade.
Esta cartilha “Diminuir para Somar” visa a apoiar as sumário
ações desenvolvidas pelos profissionais da Saúde da
Família – em especial, pelos Agentes Comunitários 1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos 4
de Saúde – que dão atenção às pessoas usuárias de
álcool e outras drogas. 2. O papel da equipe de Saúde da Família na atenção 10
aos usuários de álcool e outras drogas
Para identificar e levantar as principais questões
e problemas vividos no trabalho cotidiano, a 3. Imaginário social e preconceitos 16
oficina sobre “Redução de Danos e Seus Desafios
Concretos” foi realizada com esses profissionais, 4. Uso, abuso e dependência - Por que as pessoas usam drogas? 20
em parceria com a equipe do Centro de Referência Quais as formas de uso?
para Assessoramento e Educação em Redução de
apresentação

Danos de Porto Alegre, RS. Para maior clareza e 5. O que é preciso saber para abordar um usuário de álcool e outras drogas? 30
facilidade, os levantamentos realizados na oficina
encontram-se presentes na cartilha sob a forma de 6. Como abordar a família de um usuário de álcool e outras drogas? 42
perguntas e respostas.
7. Possibilidades de ações e de tratamento 50
É importante esclarecer que esta cartilha não
pretende, de forma alguma, esgotar e esclarecer 8. Aprendendo com a realidade de alguns casos 58
todas as dúvidas, mas oferecer informações e
ferramentas que orientem este delicado trabalho 9. Rede de Serviços de Saúde Mental 64
que suscita tantos receios e incertezas.
9.1 Área Programática 2.1
9.2 Área Programática 3.1
Vale destacar que, para ter qualidade, o trabalho
9.3 Área Programática 3.3
não precisa abrir mão de questionamentos,
pois, de fato, são eles que tornam a prática mais
Bibliografia consultada 98
potente e viva.
1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos
1. Conhecendo a
estratégia de 1980 – A partir dos anos 80, a
redução de danos surge de forma

redução de danos sistematizada em programas de saúde.


Inicialmente, objetivando reduzir a
contaminação pela hepatite B entre
O que significa Redução de Conhecendo um pouco da história usuários de drogas injetáveis (UDI) e,
Danos? da Redução de Danos posteriormente, pela contaminação
É uma estratégia da Saúde Pública Parte-se da idéia de que a saúde é um pelo HIV.
que busca minimizar as consequências direito fundamental do ser humano, 1926
adversas do consumo de drogas devendo o Estado prover as condições
do ponto de vista da saúde e dos indispensáveis ao seu pleno exercício.
seus aspectos sociais e econômicos
sem, necessariamente, reduzir esse
Ações e serviços para a promoção,
proteção e recuperação voltados aos Linha do tempo 1980
consumo. usuários de drogas e suas famílias têm
1926 - Na Inglaterra, surgiram as
sido viabilizados e garantidos.
primeiras sementes do conceito de
“redução de danos”. Um grupo
Redução de Danos implica em intervenções Muitas são as histórias de construção
de médicos definiu, no Relatório
singulares, que podem envolver o uso deste trabalho e o seu conhecimento
de Rolleston, que a maneira mais
protegido, a diminuição do uso da droga, e apropriação contribuirão bastante
adequada de tratar dependentes de
para o fortalecimento de suas ações
a substituição por substâncias que causem heroína e morfina era realizar uma
no território.
menos agravos ou até mesmo a abstinência. administração monitorada do uso hepatite B
dessas drogas, de forma a aliviar os HIV
sintomas de abstinência.
4 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 5
1993 – O governo de Santos implantou 1995 – Em Salvador, Bahia, surge o 2004 – A Redução de Danos passa a

1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos


1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos
o primeiro projeto no Brasil, lançando primeiro Programa de Redução de ser vislumbrada como uma estratégia
mão da figura dos “redutores de Danos (PRD) do Brasil a realizar troca na Política de Atenção Integral a
danos” como agentes de promoção e de seringas. Depois deste, diversos Usuários de Álcool e Outras Drogas,
prevenção em saúde. programas e projetos de Redução de lançada pelo Ministério da Saúde.
Danos são implantados em estados
REDUTOR
brasileiros, consolidando-a como O foco dessa Estratégia Pública de
DE DANOS uma estratégia de atenção aos Saúde não se assenta exclusivamente
usuários de drogas. sobre os Programas de Redução de
1984 – Em Amsterdã, Holanda, surge Danos e as ações de trocas de seringas,
um programa experimental de troca 1998 – É sancionada, no estado de mas sim na constituição de ações de
Santos São Paulo, a primeira lei estadual que redução de danos que transversalizam
de seringas para os UDI.
legaliza a troca de seringas. os serviços da rede assistencial do
SUS, em especial, os serviços de saúde
mental (como os Centros de Atenção
Psicossocial - CAPS) e os serviços de
1984 1989 1993 1995 1998 2004 atenção primária à saúde (como a
1989 – No município de Santos (São Estratégia Saúde da Família).
Paulo), ocorreu a primeira tentativa
no Brasil de implantação do programa
de redução de danos. Impedidos de
Esta estratégia apresenta uma compreensão bastante
fornecer seringas para os UDI como
forma de evitar a contaminação pelo ampliada sobre o uso de álcool e outras drogas nas sociedades
vírus HIV, em função de uma ordem atuais, buscando diversificar as formas de lidar com o
judicial, os profissionais estimulavam des
infetante problema. Não se pauta exclusivamente na abstinência e na
o uso de hipoclorito de sódio para prescrição de “comportamentos adequados”.
a desinfecção de agulhas e seringas
reutilizadas.
6 Catilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 7
Há levantamentos estatísticos em Atualmente, qualquer pessoa, traba- promoção da vida das pessoas que

1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos


1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos
relação à eficácia do trabalho de lhador ou cidadão tem sua participação usam drogas e de sua rede social e
Redução de Danos? no sentido de protagonizar a Redução afetiva.
Existem alguns levantamentos em de Danos nas práticas intersetoriais de
nível municipal, estadual e nacional
que confirmam a resolubilidade e a
contribuição dessa estratégia.

2006 Entretanto, a colaboração maior se


dá no aspecto qualitativo do processo
de trabalho, que confere um estatuto Clínica
2006 – A divulgação e implementação cidadão às pessoas que usam drogas. da Família

da Política Nacional de Promoção


da Saúde veio reforçar as ações de Quais os profissionais que formam
atenção ao usuário de drogas. A a equipe de Redução de Danos?
intersetorialidade e a atenção integral De início, pessoas que usavam drogas
são importantes elementos para a ou pessoas próximas e familiarizadas
concretização desta política. com o universo do uso, abertas
Pensar Redução
à linguagem e às dimensões de
de Danos é
Preconiza-se o desenvolvimento de realidade, realizavam o trabalho de
pensar qualidade
iniciativas preventivas e de redução redução de danos.
de vida.
de danos pelo consumo de álcool “Pensar Redução de Danos é pensar
e outras drogas que envolvam a práticas em saúde que considerem
co-responsabilização e autonomia a singularidade dos sujeitos, que AGE
NTE
COM
UNIT

da população.
ÁRIO

valorizem sua autonomia e que tracem DE


SAÚ
DE

Pessoas usuárias de drogas têm direito planos de ação que priorizem sua
à saúde como qualquer outra. qualidade de vida.” (VINADÉ, 2009,
p. 64).
8 Catilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 9
2. O papel da equipe de Saúde da Família
2. O PAPEL DA EQUIPE DE
SAÚDE DA FAMÍLIA NA
ATENÇÃO aos USUÁRIoS DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
No que tange aos usuários de álcool e
outras drogas, a Estratégia Saúde da
Família tem ocupado um papel cada vez
Próximo ao território, mais importante. A proximidade que o
perto dos usuários. território e a população proporcionam Apostando que a produção de As equipes de Saúde da Família devem
para as equipes de Saúde da Família saúde está relacionada com a vida se preparar para acolher o usuário de
abre espaço para o efetivo processo comunitária, a formação de vínculos drogas primeiramente desenvolvendo
de construção de saúde das pessoas e e os hábitos sociais, a Saúde da um trabalho pautado no vínculo e na
das comunidades. Família trabalha com a perspectiva confiança, elementos fundamentais
da qualidade de vida no território para a adesão ao tratamento. A
A Estratégia Saúde da Família é onde a vida acontece. Sendo assim, vulnerabilidade e a marginalidade
operacionalizada mediante a implan- as equipes de SF ocupam um lugar que acompanham o dependente
tação de equipes multiprofissionais especial nas políticas sobre drogas, químico podem tornar-se barreiras
em unidades de saúde, tendo como pois trabalham nas comunidades, intransponíveis se não manejadas com
máximo recomendado o equivalente diretamente onde os conflitos da vida foco no acolhimento.
a quatro mil pessoas sob sua cotidiana acontecem, sendo a porta
responsabilidade para prestar atenção de entrada preferencial do Sistema
em saúde. Único de Saúde (SUS).
10 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 11
A visita mensal do ACS a um grupo a cena e partilhando os mesmos

2. O papel da equipe de Saúde da Família


2. O papel da equipe de Saúde da Família
de pessoas de uma determinada área conflitos e angústias.
proporciona que os sujeitos e famílias
que estão em maior risco sejam Ressalta-se a importância da atuação
AGEN
TE CO
MU
NITÁR
IO DE SA
ÚDE

MU
NITÁR
IO DE
SAÚD
E atendidos. Dentre essas pessoas, pode- dos Agentes Comunitários de Saúde
TE CO
AGEN

se citar as que não vão às consultas, no processo de construção do


as que não solicitam ajuda (como, por vínculo e da confiança necessários ao
exemplo, as que fazem uso prejudicial atendimento.
AGEN
TE CO
MU
NITÁ
RIO
DE
SAÚD
E
de drogas), as que sofrem atos de
violência e as que estão em risco de Os Agentes Comunitários de Saúde
AGENTE
suicídio. Ou seja, são as que mais podem mostrar às pessoas que usam
COMUNITÁR

drogas que os profissionais da


IO DE SAÚD
E

necessitam e não necessariamente


AGEN
TE CO
MU
NIT
ÁRIO
DE SAÚD
E

as que mais demandam (LANCETTI, Saúde da Família são agentes de


2006). saúde e não agentes da justiça ou
ACS: profissionais que são o elo entre da repressão.
a Saúde da Família e a população. Qual a conexão entre a Redução
de Danos e a Estratégia Saúde
da Família?
Então, no que diz respeito à questão Os Agentes Comunitários de Saúde A participação da Estratégia
do álcool e outras drogas, é inegável (ACS): Saúde da Família na construção
o papel das equipes de Saúde da São profissionais da equipe de SF e implementação de ações de
Família: (moradores da própria comunidade) cuidado à saúde de usuários de
• na prevenção do uso prejudicial e que atuam como elo entre a SF e drogas é fundamental, uma que vez
dos riscos a ele associados; a população. Os ACS, por serem que são as equipes que conhecem TEN. SILVA

• na promoção da saúde; e residentes na comunidade e por


AGEN

profundamente a realidade local.


TE CO
MU
NIT
ÁRIO
DE
SAÚD
E

• no tratamento dos problemas trabalharem no território, se destacam Diariamente, os profissionais da


relativos ao uso, abuso e dependência pelo contato com os casos de uso de Saúde da Família convivem com os
química. álcool e outras drogas. usuários no território, compondo
12 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 13
2. O papel da equipe de Saúde da Família
2. O papel da equipe de Saúde da Família

Sob esta perspectiva, pode-se

Lembre-se
visualizar que a interface entre a
Redução de Danos e as equipes
de Saúde da Família aponta
interessantes possibilidades de
O uso de drogas –
criação, como (VINADÉ, 2009):
principalmente as ilícitas –
• o trabalho pautado no vínculo;
• a existência de uma equipe é uma condição clandestina, Vínculo e confiança são os canais de aproximação.
heterogênea;
• a articulação intersetorial; e pela qual as pessoas não
• a existência do Agente Comunitário
querem ser identificadas Como enfrentar esses desafios? Este medo faz com que muitas pessoas
de Saúde (ACS).
Muitas pessoas que usam drogas que usam drogas não procurem seus
ou rotuladas. O medo de procuram a equipe de Saúde direitos, como se tivessem que abdicar
Em contrapartida, revela desafios,
da Família, mas nem sempre os da condição de cidadãos e aceitar a
tais como: sofrer retaliações as afastam
profissionais conseguem identificá- condição de marginalidade. Nesse
• a proximidade do território, que da possibilidade de buscar las. Isso porque, em geral, as pessoas sentido, a Saúde da Família torna-se
impõe a relação com a violência e o sentem dificuldade de falar sobre si um campo potente de intervenções,
tráfico;
atendimento, agravando com outra pessoa, se não houver um pois possibilita que essas pessoas
• o sentimento de despreparo e vínculo e uma relação de confiança conheçam a sua equipe de saúde, o
seu estado de saúde física, estabelecidos. seu ACS, e criem laços de confiança,
frustração das equipes;
• a medicalização da vida; e identificando profissionais com os
psíquica e social.
• a necessidade de revisão cotidiana quais se sintam mais à vontade para
do conceito de saúde. conversar.

14 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 15


3. Imaginário social e preconceitos
3. IMAGINÁRIO SOCIAL
E preconceitoS

alcool
O uso de drogas não é “sem- construídos a partir do preconceito.
vergonhice”. O estigma e o Este preconceito aparece retratado em
preconceito ligados ao consumo de ideias como: “ele usa drogas porque b
drogas ilícitas baseiam-se na proibição
quer”; “ele é responsável por escolher
penal e na associação sistemática usar drogas”; “ele está perdido A
On C
dessas substâncias à miséria e ao mesmo”. Esses “chavões” fazem com de
h á pr .
crime organizado. que se acredite que não há como econ
ceito nã e d e ajuda
o há possibilida d
ajudar um usuário de droga e que
O usuário de drogas é visto na só estaríamos realmente ajudando-o
nossa sociedade como uma pessoa quando ele resolvesse parar de usar a
improdutiva, marginal, fora da lei e droga (ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA, Não se pode reduzir o usuário de constituem esta pessoa, como, por
pouco confiável. Esses rótulos são 2004, p. 9). drogas à categoria de “drogadito”, exemplo, ser marido/esposa, mãe/pai,
pois, desta forma, esquecemos trabalhador/trabalhadora.
os muitos outros aspectos que

16 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 17


grrrrrrrrrrrr É verdade que filhos de pessoas uma relação de dependência com a

3. Imaginário social e preconceitos


3. Imaginário social e preconceitos
? alcoolistas têm tendência a ser droga, ocorrem, muitas vezes, perdas
Ele usa drogas
porque quer. também? significativas na sua vida, provocando,
Não necessariamente. O uso de drogas, assim, sentimentos de falta e solidão.
quando intenso e problemático, ao A carência sentimental tem relação
longo de uma trajetória de vida, com os modos de relação de nossa
pode deixar cicatrizes na história de sociedade neoliberal, competitiva e
um grupamento social
(como a família), mas ?
essas marcas podem drogas

Ele está perdido drogas

Por que a maioria das pessoas com relação às drogas legalizadas levar tanto à reprodução mesmo!

que usa drogas não assume que é (álcool, medicamentos, fumo etc.) quanto à superação da
viciada? experiência vivida.
Talvez porque a maioria das pessoas Os perigos relacionados ao uso
que usa drogas não seja “viciada”. de drogas não dependem da sua A pessoa usuária de
legalidade e sim da forma como a drogas é uma pessoa
As substâncias ilegais são mais droga é utilizada, em quais condições que tem algum tipo de carência individualista, que produz laços sociais
perigosas do que as legalizadas? e quem é o usuário. sentimental? frágeis, e o uso de drogas é mais um
Não necessariamente. O fato de a Tanto quanto qualquer outra pessoa. de seus efeitos. Assim, a carência
substância ser legal ou ilegal não tem As drogas naturais são menos Mas quando o usuário estabelece sentimental não atinge apenas as
relação direta com o perigo que ela perigosas que as drogas pessoas que
oferece. Há a tendência de se achar químicas? Com tantas ( ) drogas usam drogas.
opções, acabou
que substâncias como o álcool, Não. Substâncias obtidas a partir de escolhendo as
drogas! Imbecil!

que são legalizadas, não são tão plantas, como a cocaína, podem ser ( ) esporte
prejudiciais quanto às drogas ilegais. tão ou até mais perigosas que as
( ) estudo
Isso é um engano. Observa-se na drogas produzidas em laboratórios,
sociedade brasileira uma tolerância como o LSD. ( ) trabalho

18 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 19


4. Uso, abuso e dependência
4. uso, abuso e dependência
por que as pessoas
usam drogas?
quais as formas de uso?
O consumo de drogas não é uma Quais os motivos que levam uma
prática que nasceu nos dias de hoje. pessoa a tornar-se um usuário
Encontra-se presente há séculos, de drogas? Existem pessoas mais
sob diferentes formas, nas culturas suscetíveis à dependência de
tanto ocidentais quanto orientais. O álcool e drogas?
uso de substâncias, lícitas ou ilícitas, Os motivos que levam uma pessoa
está vinculado aos rituais religiosos, a usar ou não drogas são complexos Entender o uso de drogas não deve • o contexto social: constituído
à busca do prazer, ao alívio da dor e múltiplos. Existem aspectos se limitar à ideia de certo ou errado pelas normas legais e morais, pelos
e à aceitação social, dentre outras individuais, familiares e coletivos ou da compreensão de que é apenas valores e pelas relações estabelecidas
situações. Em diferentes contextos envolvidos. Não é possível identificar doença ou caso de polícia. Deve-se na coletividade; e
históricos, o uso de drogas para apenas uma causa. Caso contrário, considerar todo o contexto em que se
alterar os sentidos sempre foi uma corre-se o risco de uma visão dá o uso, considerando três fatores: • a droga: considerar seus efeitos, se
das necessidades humanas. reducionista e simplista, que leva a é lícita ou ilícita, a frequência de uso
soluções mágicas e irreais. Ou seja, • a pessoa: seu jeito de ser e sua e o lugar que a droga ocupa na vida
não resolutivas. história familiar; da pessoa.

20 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 21


Para se conhecer os motivos que levamÉ importante que se esclareça: nem sendo consumida diariamente. Ela s para uma q

4. Uso, abuso e dependência


õe ue
4. Uso, abuso e dependência
a pessoa a usar drogas, é necessário todo uso de droga é problemático. A pode tanto fazer parte da sua vida, s

ex


refl
desacomodar, sair de velhas e fixas maioria das pessoas que usam drogas não oferecendo prejuízos, como

oa
verdades e estar aberto para novas não sofre maiores consequências. também demonstrar que algo não vai

ntig
Novas
visões e reflexões. Basta olhar em volta ou para nós bem. Neste caso, o usuário passa a

a.
mesmos: todos nós consumimos não investir mais em seus interesses,
Quando um usuário passa a ser de- algum tipo de droga, mesmo que podendo haver perdas afetivas e
pendente e quando ele se torna inca- lícita, como o café, o jogo, a internet, materiais; e
paz de responder pelos seus atos? e a televisão, entre outros. E isso
Experimentação, uso, abuso e não chega a ser necessariamente • uso dependente: a droga deixa
dependência são possibilidades de preocupante, não é verdade?! de ser um objeto de prazer e passa
relação com a droga. É um processo a representar uma necessidade. O sentimento pode passar, se transformar
indivíduo passa a priorizar o uso da ou até mesmo surgir outro alguém,
droga e deixa de lado o que antes lhe mas todas essas possibilidades não
Para cada tipo de uso, um tipo de cuidado. era importante, promovendo prejuízos acontecem da noite para o dia, não
físicos, emocionais e sociais. é verdade? Assim também é com o
singular e tem a ver com a história da Existem diferentes formas de uso? usuário de drogas dependente. Não
pessoa: a função que a droga exerce na Existem. O uso é classificado sob três Para melhor entender o que seria o há receita nem passe de mágica. É um
sua vida e o contexto em seus diversos formas: uso dependente, a comparação com caminho a ser percorrido com cada
âmbitos. Esses aspectos servem de o “apaixonamento” (situação que a pessoa usuária.
horizonte, organizam o pensamento, • uso recreativo/ocasional: refere- maioria das pessoas já viveu) parece
a escuta e auxiliam no delineamento se à experimentação, ao uso lúdico, interessante. Quando apaixonados, Quando uma pessoa pode ser
da demanda. Contudo, não são sem provocar prejuízos ao cotidiano por mais que se saiba que a pessoa considerada um alcoolista?
verdades absolutas, nem definitivas, da vida da pessoa. A droga representa enamorada talvez não combine com Ainda que este termo esteja muito
sobre o repertório de cuidados que é um objeto de prazer; o que se deseja, insiste-se nesta difundido na cultura, prefere-se e
possível ser criado junto com a pessoa escolha. O que interessa é saciar costuma-se nomear o alcoolista como
que usa drogas e com a sua rede social • uso habitual: a droga ganha um o sentimento de necessidade que uma pessoa que tem uma relação de
e afetiva. lugar especial na vida do sujeito, invade e atormenta. É claro que este dependência com o álcool. A origem
22 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 23
da palavra alcoolista refere-se à ideia • sintéticas: produzidas através

4. Uso, abuso e dependência


4. Uso, abuso e dependência
Algumas drogas são produzidas em
Atenção
de adoração, o que nem sempre está de manipulações químicas em
claro para a pessoa que vive esta laboratório, não dependendo de escala industrial, como as bebidas
situação. Então, o alcoolista pode ser substâncias vegetais ou animais como alcoólicas e o cigarro.
compreendido como uma pessoa que matéria-prima para a sua elaboração.
vive um momento de relação mais Ex.: LSD-25, ecstasy, calmantes e
dependente com o produto álcool. anfetaminas. 3. QUANTO AOS MECANISMOS abstinência pode levar à irritabilidade,
DE AÇÃO E EFEITOS: agressividade e grande compulsão
Existe alguma forma de 2. QUANTO À LEGALIDADE: pelo consumo (“fissura”). Exemplos:
classificação das drogas? • depressoras: causam redução anfetamina, cocaína, crack, cafeína e
Sim. As drogas podem ser classificadas • lícitas: tabaco, cafeína e álcool, que e lentificação do funcionamento nicotina; e
de três formas diferentes, a saber: são as drogas lícitas mais conhecidas do sistema nervoso central (SNC),
e de uso praticamente universal; e deixando as pessoas mais relaxadas. • alucinógenas: causam alterações no
1. QUANTO À ORIGEM: Em decorrência dessa lentificação, funcionamento cerebral, ocasionando
• ilícitas: sua produção, comércio e pode ocorrer sonolência (dependendo fenômenos de alteração da percepção
• naturais: provêm de certas plantas uso são considerados crime, sendo das doses ingeridas), dificuldades de sons, imagens, sensações táteis e
que contêm drogas. A matéria-prima proibidas por leis específicas. Ex.: nos processos de aprendizagem e do senso de espaço e tempo, podendo
é usada diretamente como droga ou maconha, cocaína e crack. memória, depressão, agressividade, levar a crises de pânico, delírios e
é extraída e purificada. Ex.: maconha, paranóia, dificuldades de coordenação alucinações. Esse conjunto de efeitos
cogumelos e trombeteira (consumidos A classificação sofre diferenças motora, problemas vasculares caracteriza um estado que os usuários
em forma de chá), ópio (derivado da conforme a época e a localidade. e digestivos. Exemplos: álcool, conhecem como “viagem”. Exemplos:
papoula do oriente), tabaco e folhas Enquanto que em nosso país é benzodiazepínicos, opiáceos (morfina LSD-25, maconha, ecstasy e algumas
de coca; permitido o uso do tabaco e do e codeína) e inalantes; espécies de cogumelos.
álcool (bem como na maioria dos
• semissintéticas: são resultados de países ocidentais), nos países de • estimulantes: causam aceleração A seguir são descritos os critérios para
reações químicas realizadas em labora- orientação muçulmana o consumo do funcionamento mental e modifi­ a avaliação do comprometimento no
tórios utilizando drogas naturais. Ex.: do álcool é proibido. cam o comportamento, provocando que se refere ao uso de drogas (RIO
cocaína, tabaco, heroína e álcool; e agitação, excitação e insônia. A GRANDE DO SUL, 2001, p.19-22).
24 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 25
COMPROMETIMENTO LEVE COMPROMETIMENTO MODERADO

4. Uso, abuso e dependência


4. Uso, abuso e dependência
Níveis de comprometimento CARACTERÍSTICAS Níveis de comprometimento CARACTERÍSTICAS
quanto à(ao): quanto à(ao):
• Motivação para mudança. Adesão ao tratamento • Relativa motivação para mudanças. Pouca conscientização da sua
Adesão ao tratamento • Conscientização da sua situação em relação à situação em relação à droga e das perdas socioeconômicas e relacionais.
droga e das perdas socioeconômicas e relacionais. • Algumas expectativas favoráveis em relação ao tratamento.
• Expectativa favorável ao tratamento. • Aceitação das orientações terapêuticas recebidas, mas com restrições e
• Aceitação das orientações terapêuticas questionamentos.
recebidas.
• Mantém relativa adesão e ambivalência na manutenção do tratamento.
Manutenção do tratamento Manutenção do tratamento
• Mantém boa adesão ao tratamento, apesar das • Alguns abandonos de tratamentos anteriores.
oscilações vivenciadas no transcorrer do processo
terapêutico. • Usuário(a) apresenta alterações de fase aguda provocada por uso
Estado físico recente de químicos, que denotam sintomas moderados de evolução
• Ausência de histórico de abandono de
tratamentos anteriores. incerta, gerando risco. Ex.: hipertensão arterial moderada, com presença
de arritmia.
Estado físico • Apresenta algumas alterações de fase aguda • Não mantém lucidez, orientação e coerência, mas permanece a dúvida
provocadas pelo uso recente de Substância se seria ocasionado por uso recente de SPA.
Psicoativa (SPA), mostrando intoxicação leve • As informações obtidas com o(a) usuário(a) são questionáveis, inclusive
e, consequentemente, sintomas leves (ex.: por parentes.
hipertensão arterial leve, sem arritmias). • Apresenta sintomas que podem ser de síndrome de abstinência, mas
• Mantém lucidez, orientação e coerência de não se sabe quando foi a última vez que usou SPA.
ideias e pensamento.
• Refere uso há muitos dias (mais de 10), mas não • Usuário(a) com comprometimento moderado a severo em relação ao
Estado psíquico
refere sintomas de abstinência. uso de drogas.
• As informações obtidas com o(a) usuário(a) são
• Usuário(a) possui estrutura familiar com relacionamento social, econô-
confirmadas por parentes. Situação social, familiar e legal
mico e emocional comprometido. Contudo, ainda há pessoas (com vínculo
• Usuário(a) com comprometimento leve a parental ou não) que se envolvem e buscam tratamento para ele(a).
Estado psíquico • Tem estrutura socioeconômica muito comprometida, dependendo
moderado em relação ao uso de drogas.
sempre dos outros para prover suas necessidades básicas.
Situação social, familiar e legal • Estrutura familiar razoavelmente estabelecida. • Atividade de trabalho (ou escolar) muito comprometida pelas faltas;
• Atividade de trabalho estável e/ou carreira baixa produtividade.
escolar preservada. • Mantém ainda níveis de relacionamento social (amigos, clubes, igrejas,
• Boa estrutura de relacionamento social (clubes, trabalho etc., de quem tenha se afastado e/ou separado).
igrejas, esportes e associações). • Teve ou tem algum envolvimento com o narcotráfico, mas a sua
• Não tem envolvimento com o narcotráfico nem participação ou saída não representa riscos. Não tem dívidas ou essas são
dívidas. facilmente contornáveis.

ATENÇÃO À SAÚDE INDICADA: Equipe de Saúde da Família, Ambulatório e CAPS. ATENÇÃO À SAUDE INDICADA: Assistência Domiciliar, Ambulatório, CAPS e Internação Hospitalar

26 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 27


No nível de comprometimento No nível de comprometimento grave,

4. Uso, abuso e dependência


4. Uso, abuso e dependência
COMPROMETIMENTO GRAVE
moderado, a equipe de Saúde da mesmo o usuário precisando do
cuidado mais intensivo de um serviço Níveis de comprometimento CARACTERÍSTICAS
Família não se desresponsabiliza pela
quanto à(ao):
situação. Além de prestar cuidados especializado, a equipe de Saúde da
Adesão ao tratamento • Ausência de motivação para mudanças.
domiciliares, deverá acompanhar a Família continua se responsabilizando • Falta de conscientização de sua situação em relação à droga e
saúde do usuário na unidade, como, pelo caso. Além de prestar cuidados das perdas socioeconômicas e relacionais.
• Não aceitação das orientações terapêuticas recebidas.
por exemplo, sua hipertensão arterial domiciliares, oferecerá atenção à sua
e dar apoio aos familiares. Ações de saúde física e prezará pelo vínculo Manutenção do tratamento • Dificuldades de aderência ao tratamento com várias tentativas
cuidado a esses usuários podem ser e acolhimento. Oferecerá também anteriores de busca de cuidados de saúde e abandono dos
mesmos.
realizadas pela equipe de SF, com o apoio aos familiares, sempre que
suporte de profissionais especialistas possível. Estado físico • Usuário(a) apresenta alterações de fase aguda provocadas por
uso recente de SPA, que configuram sintomas de gravidade,
em Saúde Mental, através de consultas gerando risco de vida. Ex.: arritmias cardíacas, dor abdominal,
e visitas conjuntas. crise convulsiva, anúria ou oligúira, vertigem e hemorragia
digestiva.
• Sintomas de overdose prenunciados.
• Usuário(a) em fase de abstinência, sintomático.

Estado psíquico • Usuário(a) com comprometimento moderado a severo em
dependência química. Também se enquadra nos diagnósticos de
alterações psiquiátricas.

• Usuário(a) tem situação familiar comprometida ou não conta
Situação social, familiar e legal
com a família.
• Ausência de estrutura socioeconômica, não podendo prover
moradia ou alimentação.
• Não possui atividade de trabalho ou escolar.
• Não tem vínculos de relacionamento social além dos
referenciados na busca e no uso de drogas.
• Tem envolvimento com o narcotráfico.

ATENÇÃO À SAUDE INDICADA: Assistência Domiciliar, Ambulatório Intensivo, CAPS


e Internação Hospitalar.

28 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 29


Implica ainda, em considerar, no Para que uma abordagem flexível

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O QUE É PRECISO SABER momento do contato, as necessidades
e a possibilidade de construção do
aconteça de maneira efetiva, é
fundamental que o usuário de álcool
PARA ABORDAR UM plano de ação, em comum acordo
com o usuário.
e outras drogas se sinta bem acolhido
pelo Agente Comunitário de Saúde
USUÁRIO DE ÁLCOOL E e pelos demais profissionais da
As abordagens nesse campo se Estratégia Saúde da Família. O primeiro

OUTRAS DROGAS? desdobram nos seguintes objetivos: contato com a pessoa é extremamente
• propiciar ao usuário recreativo acesso importante, já que funciona como
às informações e alternativas de lazer reforço tanto do vínculo quanto da
e socialização na comunidade em que adesão ao processo de tratamento.

A abordagem em Redução de Danos


Vínculo sim não pode ser reduzida a uma técnica,
Acolher significa dar boas vindas e humanizar o atendimento.
mas sim a um modo de trabalho,
É um momento de reconhecimento da pessoa de forma empática,
pautado por uma ética da relação ou seja, colocando-se no lugar do outro.
baseada na autonomia, no diálogo e
na co-responsabilização profissional-
está inserido; e O acolhimento envolve os seguintes
usuário.
• proporcionar acesso às informações aspectos:
e orientações ao usuário habitual e ao • tratar os usuários e familiares com
Sob esta perspectiva, deve-se
dependente de drogas, criando um respeito; e
acrescentar o conceito de flexibili-
vínculo para que se sintam à vontade • promover uma relação de
dade na abordagem aos usuários de
para falar sobre aquilo que consideram proximidade entre equipe e paciente,
drogas. Isso significa facilitar o acesso
difícil. É importante que vejam a equipe evitando, contudo, um envolvimento
ao serviço de saúde e construir o
Intimidade não vínculo, utilizando propostas flexíveis
de Saúde da Família como parceira na íntimo.
melhoria de sua qualidade de vida e
com o usuário e sua rede social.
um local para se obter tratamento.
30 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 31
Quem te disse
Você está com que eu tenho
problemas? problemas? Você é que
Justamente pelo contato diário que (achando que o uso de drogas é errado

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O que é preciso saber para abordar
um usuário de álcool e outras drogas? extrapola o aspecto profissional, uma e deve ser erradicado) ou de forma
Posso te ajudar? tem problema: tá de calça
comprida nesse sol,
trabalhando!
vez que mora na comunidade, o ACS precipitada (impondo a abstinência,
corre o risco de misturar essas relações. quando ela ainda não é possível ou
Cabe o desafio de manter uma postura desejada), deve-se prestar auxílio a
AGEN
TE CO

profissional em todos os momentos, todo usuário que se mostra acessível


MU
NIT
ÁRIO
DE
SAÚ
DE

sabendo lidar com questões cruciais, a algum tipo de ajuda.


como sigilo e confiança.
Exigir que a pessoa dependente largue A situação é um problema, não a pessoa.
Como abordar sem ser invasivo? imediatamente a droga pode ser,
Como se aproximar? de início, “pedir demais”. Talvez ela O que pode afastar? situação como problema. Sob esta
Com cuidado, educação e respeito. ainda não possa ou não queira tomar Na prática, é observado que a mesma perspectiva, tende-se a querer reparar
Desde o cadastramento, momento essa decisão. faceta que aproxima o profissional de a pessoa e não o que ela está vivendo,
em que se inicia a exploração e saúde da pessoa que usa drogas pode esquecendo rapidamente o seu saber.
conhecimento do território, esta A partir de uma escuta acolhedora e ser também a que afasta. O usuário de drogas acaba sendo
aproximação já ocorre. É fundamental sem julgamentos morais, é possível desqualificado.
colocar-se ao lado e disponível a todas compreender o que o usuário traz O que motiva a aproximação é
as pessoas e às suas questões de como problema em sua vida e, ver o usuário de drogas como um Eu conheço pessoas que usam
vida. Para não agir com preconceito também, identificar as suas problema. Isso é um avanço, se levado drogas e não falam sobre isso.
potencialidades e as da comunidade. em consideração que, pouco tempo Como perguntar para ajudar?
atrás, ele era visto como um “sem Perguntar é um dos modos de ajudar.

Atenção O que motiva a aproximação do


usuário ou, como é preferível dizer,
vergonha” e, há menos tempo ainda,
como um doente. Então, vê-lo como
Muitos trabalhadores de saúde ficam
receosos e acabam não abordando
da pessoa que usa drogas? um problema poderia ser considerado esta faceta da vida das pessoas. Não
Tudo no seu tempo,
Em geral, o que motiva a aproximação como meio caminho andado. está na cara o uso. Por mais que o
tudo na sua hora. ACS tenha, por exemplo, uma boa
da pessoa que usa drogas é perceber
o não julgamento, a confiança e o Mas é aí que se encontra a dificuldade: dimensão da vida no território, ele
sigilo do outro. ver a pessoa como problema e não a não sabe “tudo” o que se passa ali.
32 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 33
Os fatores de proteção são as
Isso promove a vida, a autonomia e o

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O que é preciso saber para abordar
um usuário de álcool e outras drogas? fortalecimento do indivíduo. condições ou situações que, ao
se apresentarem, diminuem a
Em outras palavras, buscar a dimi­ probabilidade do uso prejudicial de
nuição do grau de vulnerabilidade, drogas pela pessoa. Quanto mais a
potencializando os FATORES DE vida da pessoa estiver rica em coisas
PROTEÇÃO e minimizando os que goste ou gostaria de fazer, menos
TE CO
MU
NITÁ
RIO
DE SA
ÚDE FATORES DE RISCO. vulnerável esta pessoa estará.
AGEN

O que isso significa? Quando conversar com um usuário de


drogas, procure identificar os fatores
Os fatores de risco são as condições de risco e de proteção. Auxiliar na via­
ou situações que, ao se apresentarem, bilidade de proteção é fazer redução
aumentam a probabilidade de ocorrer de danos. Não esqueça: para que o
Porém, muitas vezes, a pessoa usuária ou os jardineiros: cultivando relações um evento prejudicial à pessoa. Isso trabalho funcione, é importante que
de drogas, ao ser questionada, nega o de cuidado, nas quais o uso de drogas diz respeito tanto à forma de uso da haja a co-participação, que o usuário
fato. Não se preocupe. Apenas procure não é a única e nem sempre a primeira droga como à falta de acesso aos se implique no processo.
manter a proximidade e o vínculo. temática de abordagem. espaços de socialização que produzem
Quando a relação de confiança estiver sentido para a vida.
estabelecida, o uso de drogas vai A informação é o melhor
Perceba
acabar aparecendo na conversa. remédio? Por exemplo, um adolescente que
os sinais
É importante, a partir do vínculo, não possui ofertas de atividades
Não se deixe mover pela curiosidade propiciar ao usuário acesso à extraescolares na comunidade FATORES DE RISCO
excessiva. Não tenha pressa. Respeite informação, mas este não é o “único acaba colocando a droga num lugar
o tempo de cada um. Tenha certeza remédio”. Oferecer alternativas de privilegiado, como única forma de FATORES DE PROTEÇÃO
de que você reencontrará aquela lazer e socialização na comunidade, obtenção de prazer. Sob essa dinâmica,
pessoa em outros momentos. O ACS acesso à cultura e à educação também esse adolescente tem mais riscos de
pode trabalhar como os agricultores podem produzir ótimas respostas. fazer um uso prejudicial de drogas.
34 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 35
Como ajudar uma pessoa que está E quando o ACS identifica o uso A jogada é sua:

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O que é preciso saber para abordar
um usuário de álcool e outras drogas? entrando no mundo das drogas? de drogas, mas a pessoa não escolha a melhor forma
Orientar, sem ser invasivo, bem identifica a necessidade de reduzir de aproximação.
como se colocar ao seu lado, sem danos?
julgamentos, para que a pessoa possa Espera-se o tempo da pessoa e de sua
se sentir à vontade para procurar rede social e afetiva. Mas é importante
ajuda e, quando possível e desejado, estar atento para os momentos
buscar tratamento. em que o sujeito está mais aberto,
prestar atenção aos seus pedidos e Passa pra mim!!!
Quando o diálogo se estabelece é estar aberto ao convívio e à troca de
o momento de oferecer o suporte informações, focando no que interessa
emocional básico que consiste em àquela pessoa, naquele momento.
escutar ativamente a pessoa: definir
a situação problemática e suas Como fazer para tirar um
consequências (avaliar o nível de adolescente da rua? Como acolhê-
comprometimento da vida diária) e lo? E se este usuário for morador que se começa! Ninguém confia sob o registro moral, de juízo de
identificar os recursos disponíveis, de rua, como posso ajudá-lo? automaticamente em outra pessoa. É valor. Ele busca considerar a realidade
motivando-a a usá-los. Em outras O trabalho necessita estar articulado preciso “comer pelas beiradas”. Que do território em seus limites e
palavras, este suporte objetiva com a rede de Assistência Social e, tal chamá-lo para uma partida de possibilidades, não se colocando em
promover e encorajar a retomada onde existir, com os consultórios de futebol? Ou para uma conversa sem disputa, mas ao lado dos moradores,
do cuidado de si e da rotina de uma rua. Mas, antes de tudo, deve-se compromisso? construindo saúde com eles e não
vida saudável. É fundamental ter considerar que aquela pessoa tem a para eles.
uma perspectiva realista sobre essa escolha de querer ou não sair da rua. Até que ponto se torna perigoso
intervenção e valorizá-la. Não haverá para o ACS, enquanto morador É importante deixar claro para
grandes e definitivas mudanças, Acolher é a palavra-chave desse da comunidade, a abordagem todos que a Estratégia Saúde da
internas ou externas, na vida do processo. A aproximação, muitas ao usuário de álcool e outras Família objetiva promover saúde
sujeito, mas sim uma ampliação do vezes, se dará sob outros interesses drogas? coletivamente com neutralidade,
campo de resolubilidade. e assuntos. Não se preocupe, é assim O trabalho do ACS não é pautado transparência e de forma igualitária.
36 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 37
Isso não significa ser conivente com Muitas situações que envolvem

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O que é preciso saber para abordar
um usuário de álcool e outras drogas? a violência, mas compreender que o uso de drogas podem deixar o
a saúde não pode nem almeja dar ACS preocupado e angustiado. O É perguntando que se entende.
conta da complexidade das relações que pode ser feito?
nas comunidades de forma isolada, Uma forma produtiva, quando se está
assumindo para si a tarefa de acabar angustiado com uma situação que
com a violência. envolva o uso de drogas, é utilizar PERGUNTAS OPERADORAS
as “perguntas operadoras”. São
Como o ACS pode não se abalar doze perguntas que podem ajudar a 1. Como a equipe se sente em relação a esta situação?
emocionalmente? enxergar a situação com uma visão
2. O que mais a equipe gostaria de saber sobre a situação?
Contar com a proposta de cuidado mais panorâmica. Essas perguntas
3. Há necessidade de saúde? Qual?
ao cuidador, educação permanente podem ser revisadas o quanto for
e trabalho em equipe no dia a dia necessário. 4. Há demanda de saúde? Qual?
é relevante, é direito, é desejável. 5. O problema incomoda a equipe?
Contudo, não há como, ao trabalhar 6. O problema incomoda a pessoa?
com pessoas, não se abalar. Há 7. O problema incomoda a família ou a rede de afetos?
como transformar o que afeta em AAAHHHHHHHH!!!!!!!!!
Há diferença entre essas pessoas? Qual?
qualificação, em reflexão, em palavra
8. O problema incomoda a comunidade?
compartilhada com o colega.
9. O problema incomoda o gestor?
As reuniões de equipe, por exemplo, 10. O que pode ser sugerido e proposto para esta situação,
são importantes espaços de discussão, a partir do lugar que ocupamos na rede de saúde?
nos quais todos somam esforços para Curto prazo – 1 mês ou 6 meses
Médio prazo – 6 meses ou 1 ano
lidar com a peculiaridade sensível
Longo prazo – 1 ano ou mais de 1 ano
do ACS, revisitando, sempre que
possível, as intervenções e os dilemas 11. Queremos e podemos contar com outros atores? Quais? Para quê?
éticos que surgem dessa relação tão 12. Outras ideias levantadas além da situação.
próxima. Desfrute deste espaço!
38 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 39
DICAS PARA UMA BOA ABORDAGEM

um usuário de álcool e outras drogas?


5. O que é preciso saber para abordar
5. O que é preciso saber para abordar
um usuário de álcool e outras drogas?
• Sigilo: o que for relatado pelos pacientes • Seja empático; ou seja, busque entender
não deve ser comentado com pessoas da as necessidades e a situação da outra
comunidade, nem com seus amigos ou pessoa, colocando-se no lugar dela.
familiares. A discussão dos casos deve ser
• Seja flexível, centrando o cuidado na
feita em local apropriado, com as pessoas
pessoa, o que é diferente de encaixar a
da equipe.
pessoa no trabalho.
• Promova um clima acolhedor, tentando
• Não exija decisões rápidas. Tenha
ouvir o que a pessoa está vivenciando
paciência com a caminhada da pessoa e
e convidando-a a falar. A fala é muito
respeite o que é saúde para ela: dar tempo
importante no processo de elaboração/
Sermão não! integração das experiências traumáticas.
para querer coisas e fazer combinações
diferentes consigo mesma.
Não esqueça que essa conversa pode
ser a primeira em que o paciente está se • Exerça a função de “espelho”,
Em alguns casos, quando o vínculo conversa, no decorrer de alguns dispondo a compartilhar o assunto. Mas devolvendo uma imagem, lembrando
já está construído, as perguntas momentos ou de uma forma criativa, não demonstre ansiedade em saber sobre dos sonhos e projetos construídos e
operadoras podem ser feitas com como normalmente os ACS costumam o ocorrido. Cada um tem seu tempo e divididos no dia a dia, dos quais nem
a própria pessoa que usa drogas, fazer em seu trabalho. o respeito aos limites do outro é regra sempre a pessoa está decidida quanto à
para verificar se ela vê seu uso como fundamental! sua relevância atual.
problemático (ou seja, como algo Um alerta: para fazer as perguntas • Faça todo o esforço possível, verbal e • Coloque-se nas brechas que a pessoa
que lhe incomoda) ou se ela sente junto com o usuário, tenha não verbal, para fazer com que o outro abre entre ela e a droga (no caso da
que, de alguma maneira, o uso está disponibilidade para escutar, pois sinta que você o está entendendo. A dependência), minimizando os riscos.
atrapalhando a sua vida. a correria e a agonia por produção outra pessoa deve perceber que você está
• Reconheça seus esforços de enfrenta-
interessado em ouvi-la.
podem atrapalhar! Cada ACS pode mento e superação, mesmo quando tudo
Neste caso, a pergunta 1 não precisa escolher as ferramentas de abordagem • Crie uma atmosfera tolerante, evite o que se pretendia não fora alcançado.
ser feita e a pergunta 2 pode ser junto com a sua equipe. Realizar as julgamentos. O objetivo não é definir
• Crie alternativas com cada pessoa
transformada em uma oportunidade perguntas operadoras é apenas uma quem está certo ou errado e sim auxiliar
para os momentos em que sente que irá
o sujeito neste momento de grande
para que a pessoa fale sobre a sua delas, mas é importante lembrar que vacilar.
sofrimento.
história de vida. Pode ser em uma sermão não traz solução.
40 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 41
de um usuário de álcool e outras drogas?
6. Como abordar a família
1. Conhecendo a Estratégia de Redução de Danos

6. COMO ABORDAR A
FAMÍLIA de um USUÁRIo DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS?
A Estratégia Saúde da Família concebe promoção da saúde das equipes de
a família de forma integral e sistêmica, Saúde da Família.
como espaço de desenvolvimento
individual e de grupo, dinâmico e O que é família?
passível de crises, não dissociada Cada família é “uma família”, na
de seu contexto comunitário e das medida em que cria os seus próprios
relações sociais. A família deve fazer problemas e estrutura as suas formas
parte do processo de cuidado e de de relação, tendo suas percepções, “Não existe família enquanto conceito Cada família tem uma cultura própria,
vínculos e especificidades próprias. único. Existem diversas configurações onde circulam seus códigos: normas
familiares, dependendo do tipo de de convivência, regras ou acordos
vínculo. Este vínculo é que vai oferecer relacionais, ritos, jogos, crenças ou
o sentimento de pertencimento, mitos familiares, com um modo
habitat, ideais, escolhas, fantasias, próprio de expressar e interpretar
“A família, seja ela qual for, tenha a configuração limites, papéis, regras e modos de se emoções e comunicações.
comunicar que podem (ou não) se
que tiver, é, e será, o meio relacional básico para
diferenciar das demais relações sociais Assim, o tema Família refere-se a
as relações no mundo.” (COSTA, 1999) do indivíduo humano no mundo.” uma realidade muito próxima de
(COSTA, 1999) cada um de nós. O significado, o

42 Catilha de
Cartilha deRedução
Reduçãode
deDanos
Danos Diminuir para Somar 43
sentido, os sentimentos despertados As barreiras culturais e de comunicação

de um usuário de álcool e outras drogas?


6. Como abordar a família
6. Como abordar a família
de um usuário de álcool e outras drogas? são diferentes, de acordo com cada dos Agentes Comunitários de Saúde
experiência familiar. Isso, muitas com as diferentes famílias podem O uso de drogas é um assunto de família.
vezes, dificulta a percepção e o ser enfrentadas a partir de uma
entendimento dos profissionais de abordagem que favoreça a reflexão
saúde em relação às configurações individual e com a equipe: com um profundo impacto sobre toda Há alguma assessoria para ajudar
familiares dos usuários, pois as diálogo, escuta e acolhimento. a família e, muitas vezes, é dentro as famílias com pessoas usuárias
referências individuais, culturais e do núcleo familiar que se inicia de drogas?
sociais são diferentes. Família e o uso de álcool e outras um processo de marginalização e O vínculo e o atendimento com o
drogas exclusão, que será posteriormente médico, enfermeiro e outros profissio-
Independentemente de sua ampliado pela sociedade. O que se nais da equipe são fundamentais.
constituição, classe social observa é que as famílias apresentam Por isso, discuta com os profissionais
ou situação econômica, dificuldades para cuidar das questões a marcação de agenda ou de visitas
uma família pode ser que envolvem problemas relacionados domiciliares para essas famílias. Mas,
surpreendida com a questão a esse uso. nos casos muito complexos, com os
do abuso de álcool e outras quais a equipe tenha dificuldades
drogas de um de seus Frequentemente, as famílias se sentem de condução, é importante buscar o
membros. desautorizadas ou desatualizadas em apoio dos profissionais do CAPS, do
relação aos seus próprios problemas. NASF ou de outros especialistas em
O uso de álcool e outras Assim, quando solicitam auxílio de Saúde Mental.
drogas geralmente provoca um profissional da saúde, no que se
refere ao uso e abuso de drogas, esse
ato pode permitir a reflexão sobre a
Não focar apenas na preocupação da família
Atenção é um desafio que só pode ser encarado em equipe.
função que o uso de álcool e outras
drogas tem na relação familiar.
Por quê? Para considerar as diversas facetas envolvidas
e realmente poder auxiliar!

44 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 45


de um usuário de álcool e outras drogas?
6. Como abordar a família
6. Como abordar a família
de um usuário de álcool e outras drogas?

um recurso em detrimento de outro


É importante que a família seja acolhida e atendida
baseado em suas crenças e posições pela sua equipe de Saúde da Família!
pessoais.

Como ajudar o adolescente usuário de saúde, isso já diminuirá muito a tarefa muito importante. Construir
de drogas que não tem apoio da ansiedade da família. É importante junto com a família estratégias que
família? também marcar uma agenda com a auxiliem na percepção de que
Para isso, é importante não se prender o médico ou enfermeiro da equipe a pessoa usuária de drogas tem
somente na preocupação da família. de Saúde da Família para que essa sentimentos, dores, potencialidades e
Algumas equipes de Saúde da Família É claro que essa família precisa de família tenha um espaço de escuta e não é somente um “drogadito” pode
já recebem Apoio Matricial, um cuidados, como escuta e acolhimento, crie vínculo com esses profissionais. fazer muita diferença. Quando se diz
suporte de profissionais especializados mas, muitas vezes, é importante “fulano é um drogadito”, coloca-se
que pode auxiliar muito na abordagem auxiliar no restabelecimento de um A atuação em Redução de Danos nele um rótulo, pesado de se carregar,
familiar e no tratamento de pessoas canal de comunicação que pode ter abrangeria também a família do que acaba por ofuscar muitas outras
usuárias de drogas. sido rompido ou ser inseguro, muito usuário? coisas que constituem essa pessoa.
antes do uso de drogas. Sim. Como a Estratégia de Redução
O ACS se aproxima muito das fa­ de Danos vai trabalhar com as
mílias. Ele pode indicar AA ou NA? Como fazer com que a família de possibilidades de saúde de cada
Sim. Assim como pode indicar qualquer um adolescente que usa drogas pessoa usuária de álcool e outras
outro recurso que faça sentido para não sofra tanto? drogas, é importante que a família
aquela pessoa, em seu contexto. Mas É preciso ter muita calma para não também se insira nesse processo.
a discussão com a equipe de Saúde da entrar no desespero da família. Se Muitas vezes, a família, por estar
Família é muito importante para decidir esse adolescente for acolhido, inserido muito desgastada, não consegue
para onde encaminhar o usuário. O em alguma atividade comunitária e mais perceber quem é a pessoa que
que não pode ocorrer é a indicação de receber tratamento em um serviço está por trás da droga e essa é uma
46 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 47
de um usuário de álcool e outras drogas?
6. Como abordar a família
6. Como abordar a família
de um usuário de álcool e outras drogas? DICAS PRÁTICAS PARA ATUAR COM A FAMÍLIA DICAS PRÁTICAS PARA ATUAR COM A FAMÍLIA

• Evite julgamentos baseados em para que ela possa falar o que sente com a sua equipe de Saúde da • Crie o hábito de fazer anotações
qualquer tipo de preconceito. Só será e pensa. Muitas famílias, por não Família, objetivando auxiliar na sobre cada ação realizada e discuta
possível conversar com uma família saberem como lidar com a situação, comunicação. seu trabalho com seus colegas de
em prol do seu desenvolvimento se podem oprimir e marginalizar seus equipe, compartilhando dúvidas,
você puder ouvi-la sem julgar ou familiares usuários de drogas. Junto • Reconheça e valorize os saberes e certezas, limites e possibilidades.
recriminar. com a sua equipe de saúde, pense os recursos encontrados pela família Registros escritos preservam e
nas melhores formas de abordagem na convivência diária com a pessoa constroem histórias…
• Não se prenda somente na para essa família. usuária de álcool e outras drogas.
solicitação dos familiares. Muitas • Não se assuste nem reaja com
vezes, por desespero ou sensação • Priorize visitas mais imediatas às • Fique atento aos movimentos de base em fortes sentimentos -
de impotência, os familiares pedem famílias com maiores dificuldades saúde do usuário, mesmo que sejam “positivos” ou “negativos” - que
intervenções que não são necessárias psicossociais. mínimos, e discuta-os com a equipe determinadas pessoas e famílias
ou que não são as mais indicadas de Saúde da Família. mobilizam. Nessas situações, melhor
para ajudar a pessoa usuária de • Identifique pessoas que podem será adiar uma resposta e buscar
drogas. Um pedido muito comum auxiliar na parceria do cuidado em • Construa junto com a família ajuda de sua equipe de saúde.
é a solicitação de internação do saúde mental da pessoa usuária de alternativas de mudança e de
familiar. Discuta sempre com sua álcool e outras drogas. Algumas promoção dos cuidados familiares • Busque discutir as situações que
equipe o que pode ser feito para vezes, essa pessoa não pertence ao da pessoa usuária de álcool e drogas. você tem mais dificuldades com sua
auxiliar essa pessoa e a família. grupo familiar de origem. Há um saber acumulado sobre este equipe de saúde e busque também
assunto que poderá ajudar muito o apoio dos profissionais do CAPS,
• Ofereça um espaço de escuta • Observe como a família se na compreensão dos modos de ser, do NASF ou de outros especialistas
individualizado para a pessoa comunica, se as mensagens são viver e conviver em família. da Saúde Mental.
usuária de álcool e outras drogas, claras ou obscuras. Discuta isso

48 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 49


7. Possibilidades de ações e de tratamento
7. POSSIBILIDADES DE AGE
NTE
COM
UNI
TÁR
IO DE
SAÚ
DE

AÇÕES E DE TRATAMENTO
Em conjunto, dividimos ações e experiêncas.

Por que será que isso acontece? Pessoas que usam drogas
A atenção às pessoas usuárias de álcool solidária e funcional, onde se Escutando mais atentamente essas conseguem abandonar seu uso e
e outras drogas, no âmbito do SUS, busque garantir a continuidade da pessoas, percebe-se que geralmente ter uma vida normal?
está fundamentada nos referenciais assistência. pedem a internação por acreditarem Sim, se isso for o que ela quer.
da atenção em rede, acesso universal ser esta a única possibilidade de
e intersetorialidade. A atenção em Apesar da diversidade de serviços em tratamento, desconhecendo os outros É difícil se livrar do vício das
rede é o princípio que aponta para Saúde Mental oferecidos na rede, na serviços em Saúde Mental disponíveis. drogas?
a necessidade de que diferentes grande maioria das vezes, as pessoas Depende da pessoa, do que a motiva,
dispositivos de atenção estejam usuárias de álcool e outras drogas, Portanto, é tarefa dos profissionais de de sua relação com a droga, da função
articulados de forma complementar, quando buscam o Agente Comunitário saúde, inclusive dos ACS, conhecer que a droga tem na sua vida e da rede
de Saúde, fazem o seguinte pedido: os recursos da rede e construir junto de apoio disponível para o seu projeto
“Quero me internar”. Isso, não raro, com os usuários as possibilidades de vida.
Internação não é a única opção. é observado em pessoas com as mais de atenção a cada pessoa, de forma
diversas relações com as drogas – da singularizada, apresentando novas
ocasional à dependente. perspectivas.
50 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 51
Qual o tempo necessário de Grupos: dispositivo que permite de atuação interdisciplinar por tenha dificuldades de intervir, é

7. Possibilidades de ações e de tratamento


7. Possibilidades de ações e de tratamento
tratamento? o processo de reflexão, troca de excelência, com grande potencial importante buscar o apoio dos
Não se pode falar de um tempo fixo, experiências e fortalecimento de para trocas. Possibilita a discussão de profissionais do CAPS, do NASF ou
mas de um processo que pode envolver vínculos entre pares. Ex.: Narcóticos situações com outras equipes e atores, de outros especialistas em Saúde
diferentes estratégias, repertórios e Anônimos, Alcoólicos Anônimos e permitindo diferentes olhares. Mental. Esses profissionais podem
serviços, organizados em um plano grupos desenvolvidos na própria vir na Unidade de Saúde da Família e
terapêutico singularizado, montado unidade de saúde. Ações de prevenção, promoção discutir o caso, atender e/ou realizar
em conjunto. e educação em saúde: atividades uma visita domiciliar conjuntamente
Visitas domiciliares: permitem a realizadas em escolas e creches, por ou ainda orientar o profissional por
O que é melhor: repressão ou circulação pelo território. Possibilitam exemplo. Propiciam a reflexão crítica, telefone. Isso é chamado de Apoio
compreensão? Punição não a compreensão do contexto, do estilo instrumentalizando o sujeito para Matricial. Procure saber qual é o
resolveria o problema quando a de vida e da dinâmica das famílias e da que ele possa fazer escolhas, e não serviço que matricia (oferece apoio) à
pessoa não aceita tratamento? comunidade; permitem a detecção de somente reproduzi-las. sua equipe!
Compreensão, articulada com ações problemas antes que estes se agravem
estratégicas no território. e o acompanhamento da evolução do
usuário fora do serviço, reforçando
Como poderiam ser desenvolvidas seu vínculo com a comunidade. Para casos mais complexos, Apoio Matricial.
essas ações estratégicas pela Simbolizam, em muitos momentos,
equipe de Saúde da Família? um “cuidado especial”.

Ações intersetoriais: articulação A escola é um lugar para realização


Atendimentos individuais: con- Consulta conjunta: consiste na
com outras áreas de conhecimento de ações de Redução de Danos
sistem em espaços de escuta e realização de uma consulta conjunta
e outros serviços, como o Conselho pela equipe de Saúde da Família?
comunicação nos quais o sujeito pode entre diferentes profissionais.
Tutelar e a escola, no tratamento do Sim. A escola é um ambiente
falar abertamente de si e de suas Essa consulta pode ser realizada
paciente. privilegiado para a realização de
necessidades. simultaneamente com o profissional
ações de saúde voltadas aos jovens
especializado em Saúde Mental e
Apoio matricial: nos casos mais por ser um espaço de construção,
o profissional da SF. É um espaço
complexos, com os quais a equipe socialização, formação e informação.

52 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 53


Sendo assim, a equipe de Saúde daMas algumas situações consideradas

7. Possibilidades de ações e de tratamento


7. Possibilidades de ações e de tratamento
Família tem um papel importante mais graves (que necessitam de
no trabalho na escola, difundindoum cuidado intensivo) devem ser
informações e criando espaços de encaminhadas para os Centros de
diálogo com os adolescentes sobre o
Atenção Psicossocial - CAPS ou para
escola
uso do álcool, do tabaco e de outras
outros serviços de referência em
drogas. Saúde Mental. Quando for necessária
a internação, optar, de preferência,
Quais os serviços disponíveis na pelo Hospital Geral.
TE CO
MU
NITÁ
RIO
DE SA
ÚDE
rede de Saúde Mental de atenção
AGEN

ao usuário de álcool e outras


drogas?

A escola é um lugar onde se abre espaço para A coordenação do cuidado ao usuário é sempre
dialogar com os adolescentes sobre o uso de drogas. responsabilidade da equipe de Saúde da Família.

Além disso, agrega grande parte dos vulnerabilidades que comprometem o As equipes de Saúde da Família Ao encaminhar um usuário para algum
adolescentes da comunidade e é o pleno desenvolvimento de crianças e são responsáveis pelas questões de serviço da rede de Saúde Mental, a
lugar onde eles passam a maior partejovens brasileiros. Sendo assim, através saúde da população de sua área equipe de Saúde da Família permanece
do seu tempo. Nesse contexto, o do PSE, as equipes de Saúde da Família de abrangência, o que implica em sendo a responsável pela coordenação
Programa Saúde na Escola (PSE) tem podem realizar várias ações, como o oferecer ações e cuidado para os do cuidado. Ela vai manter o contato
muito a contribuir. oferecimento de informações sobre usuários de álcool e outras drogas. As com a pessoa usuária de álcool e
as consequências positivas (efeitos de equipes de SF podem solicitar auxílio outras drogas e/ou com a sua família,
O PSE resulta do trabalho integrado prazer) e negativas do uso de álcool e de profissionais especialistas em acompanhando todas as questões de
entre a Saúde e a Educação. O foco outras drogas e de outras ações que Saúde Mental para conduzir os casos saúde que surgirem nesse processo de
do PSE está no enfrentamento das visem à redução de danos. na própria unidade. cuidado.

54 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 55


Os Centros de Atenção Psicossocial multiprofissionais, que contam com

7. Possibilidades de ações e de tratamento


7. Possibilidades de ações e de tratamento
(CAPS) são considerados serviços psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e
estratégicos da Reforma Psiquiátrica assistente social, aos quais se somam
brasileira porque apontam para a outros profissionais do campo da
possibilidade de organização de saúde (BRASIL, 2004b).
uma rede substitutiva ao Hospital
Psiquiátrico no país. Os CAPS prestam Nos diversos tipos de CAPS, o projeto
atendimento em Saúde Mental em terapêutico é singular para cada
regime de atenção diária, evitando, pessoa, contemplando suas
assim, as internações em hospitais necessidades e desejos, podendo
CAPS III: serviços que funcionam 24h,
psiquiátricos. Dentre seus objetivos, sua frequência ao serviço ocorrer de
destaca-se o oferecimento de suporte forma intensiva, semi-intensiva e não todos os dias da semana.
à atenção à Saúde Mental na Estratégia intensiva. Nesses espaços, oficinas,
Saúde da Família (BRASIL, 2005). trabalhos de geração de renda e
Os Ambulatórios (propriamente rompam os laços afetivos e sociais.
tratamento com medicação (entre
ditos) disponibilizam, geralmente, Não é a melhor forma de cuidado; é
Existem seis tipos de CAPS, que são outras atividades) são desenvolvidos.
atendimentos psicológico e uma das possibilidades dentro de um
diferenciados de acordo com o porte,
psiquiátrico. Esses atendimentos diverso repertório de cuidados.
capacidade de atendimento, clientela É importante esclarecer que esse
podem ser desenvolvidos individual-
atendida e perfil populacional dos serviço deve estar sempre pronto para
mente ou em grupo. Os Pronto Socorros e Unidades
municípios. Assim, esses serviços acolher o usuário, não exigindo a sua
de Pronto Atendimento (UPA)
diferenciam-se como CAPS I, CAPS II, abstinência. É indicado para a fase
Os Hospitais disponibilizam atendem, geralmente, as urgências e os
CAPS III, CAPSi (infância), CAPS ad de reabilitação, visando à reinserção
internação para os momentos de crise, quadros de intoxicação e abstinência.
(álcool e drogas) e CAPS III ad. Todos social do cidadão.
quando a pessoa oferece risco para Observa-se, no entanto, uma
os CAPS são compostos por equipes
si ou para os demais. Recomenda-se deficiência do diálogo estabelecido
que seja de curta duração, para que entre esses serviços de urgência e
não se produza o isolamento nem se emergência e os demais serviços de
Saúde Mental da rede.

56 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 57


8. Aprendendo com a realidade de alguns casos
8. APRENDENDO COM A Dessa época trouxe apenas uma coisa:
a cocaína. Usa de vez em quando
Até hoje, revelou apenas a uma pessoa:
um médico a quem consultou por

REALIDADE DE ALGUNS CASOS (uma ou duas vezes por semana),


quase sempre cheirada (se bem que
causa de uma palpitação no coração,
que sentiu depois de uma “sessão de
prefere o “baque” - injetável, mas isso baque”. O médico recomendou que
é mais difícil, por causa da mulher). ele parasse e que se internasse para
Quando usa, está sozinho e fora de parar de usar cocaína, mas ele acha
casa, em algum banheiro público. que, se está conseguindo se regular

“Cléber” Não quer que ninguém descubra.


A mulher desconfia, cobra, mas ele
a ponto de continuar sua vida e seu
trabalho por 10 anos, não há motivo
Cada experiência, Cléber tem 30 anos e mora em um diz que as marcas nos braços já são para parar. O médico o encaminhou
conjunto habitacional com a família – antigas e que, às vezes, dão coceira; para fazer um exame anti-HIV, mas
esposa e um casal de filhos. Trabalha por isso, parecem recentes. Ela finge ele não acha que possa ter AIDS, pois
como cobrador de ônibus em uma que acredita e ele confirma que ela está muito bem, e resolveu não fazer.
uma lição. empresa local. não entende nada disso.
Depoimentos e
histórias de alguns Tem conseguido manter-se nesta
usuários de álcool profissão desde os 20 anos, quando Cléber busca cuidado, mas não aquele que o médico lhe
e outras drogas. “tomou vergonha na cara, largou a oferece. Poder centrar o cuidado no usuário e, a partir
vadiagem e casou”. Na adolescência,
pertenceu a uma “turma da pesada”,
do que ele classifica como problema, é uma direção de
fez pequenos furtos e iniciou o uso trabalho interessante para que outras escolhas sejam
drogas de todos os tipos, mas nunca percebidas e outras demandas sejam trazidas.
foi pego. A partir dessa mudança de
vida, tem tentado se afastar e esquecer
os velhos parceiros.
58 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 59
“Alemão” Aos 12 anos, começou a usar álcool, Atualmente, Alemão tem tido algumas Ganha bem, tem carro e contato com

8. Aprendendo com a realidade de alguns casos


9. Aprendendo com a realidade de alguns casos
cigarro e maconha. Depois disso, manifestações da doença. Apesar da fornecedores de drogas, o que lhe
experimentou comprimidos e cocaína dificuldade em explicá-las na firma garante uma turma constante para
Alemão tem 28 anos. Cursou até (inalada e injetável). Aos 17 anos, em que trabalha, como desenhista de usá-las, além de companhia sexual,
a 5ª série, mas sempre foi muito começou a usar crack. Dessa idade em interiores, ninguém sabe da sua real sempre que deseja.
inteligente, aparentando ter muito diante, tem oscilado entre períodos de condição. Ele tem bebido e fumado
mais estudo do que tem, por conta abstinência total (quando tenta mudar crack todas as noites e, muitas vezes,
da sua boa comunicação. de profissão, de cidade, recomeçando vai para o trabalho direto, o que já
a vida) e momentos em que reinicia está criando uma situação complicada
Já trabalhou em escritório, foi dono o uso, voltando a “queimar o seu com o seu chefe, que, além de querer
de mercearia, sócio de uma gráfica, filme”. muito ajudá-lo, respeita a sua grande
desenhista para uma agência de capacidade de trabalho.
propaganda e artesão em uma cidade Casou e separou duas vezes. Na
do litoral. Enfim, exerceu muitas segunda vez, teve uma filha que A dimensão do trabalho pode ser, algumas vezes,
atividades. nasceu muito doente e, a partir de
o “fio do novelo” à pessoa que usa drogas para dar
exames realizados, foi detectado
Essas intensas variações de profissão, que ela era soropositiva para HIV. linha ao desejo de se olhar, de escutar e de ser cuidado.
que geralmente aconteceram Como consequência dos exames, Para Alemão, essa faceta de sua vida pode funcionar
juntamente com mudanças de ele e a esposa descobriram que
como uma proteção. De qualquer modo, é uma história
cidade, ocorreram por conta do uso também estão com o vírus da AIDS.
de drogas. Um passou a culpar muito o outro, o
interessante, que levanta a reflexão de que Alemão
que ocasionou muitas brigas. Diante deixa uma pista para poder ser ajudado, já que poderia
desse quadro conflituoso, separaram- seguir usando sem deixar “rastros”. Cabe ao trabalhador
se após a morte da menina, com 10
de saúde puxar o fio com delicadeza, para não
meses de vida.
rompê-lo e também para que o usuário
não se “enforque” com ele.

60 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 61


“Sueli” depois que as crianças dormem. Eles outros também já foram magrinhos

8. Aprendendo com a realidade de alguns casos


9. Aprendendo com a realidade de alguns casos
emprestam a casa para que o pessoal assim e hoje estão bem”.
possa usar drogas em troca de certa
Sueli tem 26 anos e é mãe de cinco quantidade para o próprio uso. Ela
filhos: dois do primeiro marido, uma já usou droga injetável, mas parou
sobrinha que pegou para criar e dois porque achou que “não se regulava” A questão principal desta situação da articulação intersetorial
do marido atual. e hoje só bebe muito, cheira cocaína é a seguinte: apesar do que possa (assistência social, saúde e
e fuma crack, “único prazer que lhe ser acionado em relação à situação educação, por exemplo). Mas
Mora em uma casa de dois cômodos, resta”. das crianças, não se pode perder deve-se estar atento para que o
sem água encanada e que atualmente de vista, em hipótese alguma, a caso não seja tomado sob o ponto
está sem luz, porque brigou com a O marido tem fumando crack (quando capacidade de Sueli de exercer a de vista prescritivo, com regras e
vizinha de quem puxava o “gato” para tem) e trabalha numa construção. O maternidade e a possibilidade do mandatos pré-definidos, que, ao
a sua casa. A situação de higiene da salário é pouco e, quando o recebe, casal de se reorganizar nos cuidados invés de organizar, aproximar e
casa é muito precária, principalmente nunca vai direto para casa, o que da família. Usar drogas não faz qualificar as relações, pode colocar-
porque nos últimos tempos ela tem causa grandes brigas entre o casal. dela uma mãe inapta, ainda que se como mais uma via de violência
andado muito gripada, com uma coloque alguns questionamentos e produção de vulnerabilidade.
tosse que não para, e a casa tem Das crianças, duas estão matriculadas recentes sobre suas escolhas. Isso
ficado por conta das crianças. Quando na escola e as outras duas são bem pode ser retomado e os filhos estãoNum caso parecido com esse, o
ela dorme, as crianças fogem para as pequenas ainda. A do meio não tem colocados na história como foco ACS poderia, se fosse possível,
casas dos amigos e largam tudo. Ela documentos, mas Sueli já providen­ de cuidado, agentes limitadores aproximar-se de Sueli em sua casa
anda sem forças, até mesmo para ciou, pois ela também perdeu os seus e organizadores da vida de sua e auxiliar para que sua filha seja
brigar com elas. e isso “dá muita incomodação”. família. atendida na unidade de saúde. Um
atendimento de qualidade pode
Sueli é uma pessoa muito comunica­ A menor, com 9 meses, está muito Existem aspectos psicossociais que ser o começo de uma aproximação
tiva, sorridente. Ela e o marido têm magrinha e chora o dia todo, o que podem ser trabalhados através com essa família.
muitos amigos na comunidade. irrita muito Sueli. Sueli Já tentou levá-
Todas as noites, um grande número la ao posto, mas “tomou um chá de
de pessoas circula em sua casa, banco” e desistiu, até porque “os
62 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 63
8. Rede de Serviços de Saúde Mental
Baía de Guanabara

9. REDE DE 9
21
15

11
25
6
1
28

SERVIÇOS dE
18 10 26 22
29 17 12

AP 3.1
20
2 1 8
10 4 2724
8 27 3
28 20 3
12 9 14 19 18

SAÚDE MENTAL AP 3.3


13 26
21 16
25 23 30
16 23 24
22 7 5
14
4 2
17 15 7
11
Este capítulo tem o objetivo de 5 6
13

apresentar uma relação dos serviços 19

de Saúde Mental das Áreas de


Planejamento (AP) 2.1, 3.1 e 3.3 2
5

para auxiliar os ACS na identificação


Município do Rio de Janeiro 3
7 4

8
dos locais para onde podem ser 6
1

10
14
encaminhados os pacientes que 11 9

necessitam de serviços especializados. 16


18
12 AP 2.1 15 13

17
Na tentativa de oferecer informações
Baía de Sepetiba
ampliadas, ressalta-se que as listas
apresentam o rol de vários serviços de
Saúde Mental, organizados por AP,
inclusive os que atendem às pessoas Oceano Atlântico
usuárias de álcool e outras drogas. As
planilhas apresentam informações que
buscam mostrar a especificidade de
cada serviço, como a identificação do
público-alvo atendido por cada local e
endereço, além de outros dados.
64 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 65
9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


9.1 área de
Planejamento 2.1
A Área de Planejamento 2.1 situa-se 1. Botafogo 5
na zona sul do município do Rio de 2. Catete 2
Janeiro. 3. Cosme Velho
7 4
4. Flamengo
5. Glória AP 2.1 3
6. Humaitá
7. Laranjeiras 1 8
8. Urca 6
9. Copacabana
10
10. Leme 14
11. Lagoa 11 9
12. Gávea
13. Ipanema
14. Jardim Botânico 12 15 13
15. Leblon 18
16. São Conrado 16
17. Vidigal 17
18. Rocinha

66 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 67


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
CMS João Barros Barreto Adultos: 2ª feira, de 8h às 12h Adultos: no guichê Leme e Copacabana Crianças, adolescentes e Psicologia: individual e Não realiza
R. Tenreiro Aranha s/nº (térreo), 2ª feira, às 8h adultos do seu território em grupo
Copacabana Crianças e adolescentes: grupo de Os interessados são agendados de abrangência na AP
Diretora: Cristiane pais - 5ª feira, de 8h30 às 10h para o grupo da semana seguinte 2.1 Psiquiatria: individual
Chefe de setor: Isabel 8 vagas
Tel. geral: 2547 7122 Crianças e adolescentes: primeira Grupos: roda de
Tel. direção: 2256 5406, 5ª feira do mês para acolhimento, conversa, grupo de pais
2256 2202 orientação e marcação no grupo e grupo de terapia de
e-mail: cmsjbarreto@rio.rj.gov.br Vagas: não tem nr. fixo adultos

CMS Píndaro Carvalho Rodrigues Individual para adultos, crianças e Agendamento/acolhimento prévio Rocinha, Vidigal, Gávea, Crianças, adolescentes e Psicologia: individual Não realiza
R. Padre Leonel França s/nº adolescentes com o profissional da Saúde Jardim Botânico, Leblon, adultos do seu território
Gávea Mental que agenda a 1ª entrevista Ipanema e Parque da de abrangência na AP Grupos: oficina de
Diretora: Raquel Piller 2ª a 6ª feira de avaliação de 2ª a 6ª feira, de Cidade 2.1 memória, oficina de fala,
Tel. geral: 2274 2796 manhã e à tarde ginástica, biodança e
Tel. direção: 2274 6495 artesanato
e-mail:
cmspcrodrigues@rio.rj.gov.br
Reunião de equipe: periódica, sem
dia fixo

CMS Manoel José Ferreira Adultos, crianças e adolescentes: Agendamento prévio na recepção, Glória, Catete, Flamengo, Crianças, adolescentes e Psicologia: individual Atualmente um
R. Silveira Martins,161 2 grupos de recepção quinzenais, às 3ª e 6ª feiras, de 9h às 11h Laranjeiras e Cosme adultos do seu território profissional realiza
Catete com 2 encontros Velho de abrangência na AP Psiquiatria: individual Matriciamento com a
Diretora: Marta Martins Paranhos 12 vagas por grupo 2.1 equipe de Saúde da
Tel.: 2225 7505, 2265 4282 Horários dos grupos: Grupos terapêuticos de Família 1 - Santa Marta
2205 7802, 2225 3864 4ª feira, às 10h e às 13h30 adultos e adolescentes
e-mail: cmsmjferreira@rio.rj.gov.br Obs.: Demandas para crianças e e grupo do programa de
Reunião de equipe: adolescentes - participam dos tabagismo
4ª feira, às 13h grupos somente os responsáveis.

68 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 69


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
Policlínica Dom Helder Câmara Adultos: grupo de recepção Adultos: 4ª feira, de 8h às 10h, no Botafogo, Humaitá e Crianças, adolescentes e Psicologia e psiquiatria Não realiza
R. Voluntários da Pátria, 136 5ª feira, de 10h30 às12h setor de Saúde Mental Urca adultos do seu território
Botafogo 12 vagas quinzenalmente de abrangência na AP Individual
Diretora: Leila Marly M. Simões Crianças e adolescentes: 5ª feira, 2.1
Tel.: 2286 0424, 2286 0126 às 10h30 (crianças) e às14h30 Crianças/adolescentes: Grupos: de clientela
e-mail: pamdhcamara@rio.rj.gov.br (adolesc.) qualquer dia, preferencialmente infanto-juvenil autista
Reunião de equipe: 5ª feira, no setor de Saúde Mental e psicótica, grupos
toda 5ª feira, de 9h às 10h30 Somente responsáveis 5 + 5 vagas quinzenalmente terapêuticos

Instituto de Psiquiatria - UFRJ: Recepção individual De 2ª a 6ª feira, manhã e tarde, AP 1.0*, 2.1 e 2.2* Crianças e adolescentes Abordagem psicossocial, Não realiza
CAPSi CARIM (Centro de Atenção sem necessidade de agendamento (emergencialmente, a com transtorno mental acompanhamento
terapêutico por equipe
e Reabilitação para a Infância e a De 2ª a 6ª feira, de 8h às 17h prévio AP 3.1, com suporte da grave e persistente e/ou
multidisciplinar, em
Mocidade) equipe local) em situações de grande turnos com intensividades
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, complexidade diferenciadas, atendimentos
Botafogo individuais e coletivos,
Entrada própria pelo Campus da acompanhamento familiar,
Praia Vermelha, UFRJ individual e em grupo,
atividades comunitárias e
Tel.: 3873 5574
trabalho intersetorial com
e-mail: carim@ipub.ufrj.br outros setores da atenção
Reunião de supervisão/equipe: integral à criança e ao
às 5ª feiras, à tarde adolescente

*AP 1.0: Benfica, Caju, Catumbi, Centro, Cidade Nova, Estácio, Gamboa, Mangueira, *AP 2.2: Alto da Boa Vista, Andaraí, Grajaú, Maracanã, Muda, Praça da Bandeira, Rio
Rio Comprido, Santa Teresa, Santo Cristo, São Cristóvão e Saúde Comprido, Tijuca, Usina e Vila Isabel
70 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 71
9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
IPUB - Instituto de Psiquiatria 2ª a 6ª feira, a partir das 8h Sem agendamento prévio - AP 2.1 para psicoterapia Transtornos psiquiátricos, Consultas psiquiátricas e Não realiza
- UFRJ: SPIA (Serviço de O responsável deve comparecer para receber número, chegar Para psiquiatria, os em geral, de crianças e psicoterápicas
Psiquiatria da Infância e com a criança/adolescente pouco antes das 7h pacientes são acolhidos adolescentes
independente do território
Adolescência) Quando necessário, faz-se
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, Aproximadamente 3 vagas/manhã encaminhamento para
Botafogo tratamento em suas áreas
de referência
IPUB - Instituto de Psiquiatria Recepção em separado da triagem geral do Ambulatório do IPUB Todo o município Adultos em uso indevido Psicologia, psiquiatria e Não realiza
- UFRJ: PROJAD (Programa de Através de demanda espontânea ou por encaminhamento, os do Rio de Janeiro de drogas assistência social:
Estudos e Assistência ao Uso interessados comparecem ao grupo de acolhimento, que acontece toda individual
Atendimento em grupos,
Indevido de Drogas) 4ª feira, de 8h às 12h oficinas terapêuticas e
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, 8 vagas para pacientes e/ou familiares atendimento a familiares
Botafogo As pessoas são acolhidas por uma equipe multiprofissional

IPUB - Instituto de Psiquiatria - 2ª a 6ª feira, recepção individual, Os interessados devem chegar nas Todo o município Adultos Psicologia e psiquiatria: Não realiza
UFRJ: Ambulatório de Adultos manhã e tarde - 9 vagas primeiras horas da manhã, do Rio de Janeiro atendimento individual e
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, As pessoas poderão ser de 2ª a 6ª feira grupos
Botafogo encaminhadas posteriormente Receberão um número para
para grupo de admissão (até 5 atendimento na 1ª vez
encontros) Sem agendamento prévio
IPUB - Instituto de Psiquiatria - O HD não recebe encaminhamentos externos ao Instituto Pacientes acompanhados no ambulatório do IPUB e Atendimento Não realiza
UFRJ: Hospital-Dia (HD) egressos de internação do próprio Instituto psicoterápico e
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, O encaminhamento dos pacientes para o HD é realizado por psiquiátrico individual,
profissionais do próprio IPUB, que os acompanham nos ambulatórios
Botafogo e/ou nas enfermarias grupos e oficinas

Contatos do IPUB A recepção é feita no grupo de acolhimento, realizado semanalmente


Tel.: 3873 5540, 3873 5530 no HD
Fax: 2543 3101
e-mail: ipub@ipub.ufrj.br Após a recepção, os agendamentos são feitos
4ª e 5ª feiras, às 8h30
72 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 73
9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
IPUB - Instituto de Psiquiatria - 10 acolhimentos para cada dia de Idosos acima de 60 anos, com qualquer tipo de Psicologia - atendimentos individuais e grupos
Família - orientação dos cuidadores e familiares, apoio entre
UFRJ: CDA (Centro de Doenças Realizado por uma dupla recepção problema nas esferas psicológica, psiquiátrica e
os próprios familiares e profissionais; grupos de familiares com
de Alzheimer e outras Desordens multiprofissional neuropsiquiátrica (demências, depressão, ansiedade palestras psicoeducacionais
Mentais na Velhice) Não há agendamento por telefone e psicoses) Fisioterapia - grupo voltado unicamente para a manutenção das
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, Os casos que preenchem capacidades de independência e motricidade dos pacientes já
em atendimento no CDA
Botafogo os critérios de inserção são O CDA não atende casos de alcoolismo ou abuso de Fonoaudiologia - atendimento ambulatorial para problemas de
agendados para consulta com drogas fala e deglutição decorrentes dos processos demenciais; grupos
psiquiatra; os demais são ligados às oficinas terapêuticas
Centro Dia - para pacientes com doença de Alzheimer ou
encaminhados, quando necessário demência vascular leve ou moderada em módulos de oficinas
Ingresso: por encaminhamento terapêuticas
Objetivo: manutenção e reabilitação das atividades de vida
diária, com atividades como culinária, jardinagem, oficinas de
memória e interação social

IPUB - Instituto de Psiquiatria - do ambulatório do IPUB ou por demanda espontânea, após serem Todo o município Pacientes portadores Atendimentos realizados Não realiza
UFRJ: CIPE (Centro Integrado de submetidos à triagem específica do próprio CIPE e direcionados para o do Rio de Janeiro de transtornos mentais por especialistas das
Pesquisas) projeto de pesquisa específico para seu caso (transtornos de ansiedade das linhas de pesquisa linhas de pesquisa
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, e depressão) (transtornos de
Botafogo Os pacientes são informados sobre o protocolo da pesquisa em questão ansiedade e de humor)
e concordam ou não com a sua participação
De 2ª a 6ª feira, de 8h às 17h
Alguns projetos aceitam marcação pelo telefone 2295 3449
IPUB - UFRJ: Enfermaria Enfermaria psiquiátrica masculina e feminina Instituto Philippe Pinel, Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, Hospital Jurandir Manfredini e Policlínica Del
Psiquiátrica Castilho para as enfermarias do IPUB
Av. Venceslau Brás, 71, fundos, Não existe porta de entrada (serviço de pronto atendimento) de
Botafogo emergência direta para estes leitos As vagas para internação no IPUB são submetidas ao controle da Central Reguladora de Vagas da Secretaria
Estadual de Saúde
Contatos do IPUB Os pacientes são transferidos dos polos de internação do
Tel.: 3873 5540, 3873 5530
Fax: 2543 3101
e-mail: ipub@ipub.ufrj.br

74 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 75


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
CAPSad Centra-Rio Acolhimento imediato Sem agendamento prévio AP 2.1 Crianças, adolescentes Abordagem psicossocial Desenvolve oficinas
R. Dona Mariana, 151, Botafogo Todos os dias, de 8h às 12h, e de e adultos da AP 2.1 que e de redução de danos permanentes para
necessitam de tratamento
Tel.: 2334 8107, 2224 8109 2ª a 6ª feira, de 13h às 15h para uso de álcool e outras Atendimentos individuais discussão de casos
e-mail: drogas e em grupo, oficinas,
capsad.centrario@saude.rj.gov.br Indicado quando projetos de geração de
Reunião de equipe: 6ª f., à tarde necessárias intensividade e renda etc.
complexidade no cuidado.

CAPS III Maria do Socorro Acolhimento e recepção diários, Sem agendamento prévio Rocinha, Vidigal, Adultos com transtorno Abordagem psicossocial, Realiza
Est. da Gávea, 577, Curva do S, inclusive sábados, domingos e Vila Canoas, Gávea e mental grave e atendimentos individuais
Rocinha feriados Leblon persistente do seu e em grupo, oficinas,
Tel. direção: 3322 6148 território de abrangência projetos de geração de
Tel. administração: 3322 6368 Horários: na AP 2.1 renda etc.
Caso a ligação caia na Unidade - manhã - 8h às 11h
UPA, a transferência pode ser - tarde - 13h às 17h Acolhimento noturno
pedida para os ramais 211 - noite - 18h às 21h para a própria clientela
(direção) ou 202 (admin.)
e-mail: capsmariadosocorro@
vivacomunidade.org.br
Reunião de equipe:
2ª feira, de 13h às 18h

Instituto Municipal Philippe Pinel: Emergência psiquiátrica 24h, de Sem agendamento prévio AP 2.1 e 2.2 Adultos, crianças e Emergência psiquiátrica, Não realiza
Emergência Psiquiátrica 2ª a 6ª feira, fins de semana e Suporte para casos da adolescentes com internação psiquiátrica,
Av. Venceslau Brás, 65, Botafogo feriados AP 3.1 (somente transtornos mentais internação para usuários
Tel.: 2542 3049 clientela infanto-juvenil) graves das AP 2.1 e 2.2 de álcool e outras
e-mail: ippinel@rio.rj.gov.br drogas

76 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 77


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.1 Área de Planejamento 2.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
Instituto Municipal Philippe Grupo de recepção: de 2ª a 6ª Sem agendamento prévio AP 2.1 Pacientes com Acompanhamento Atualmente 2
ambulatorial de psiquiatria,
Pinel: Ambulatório de Adultos e feira, manhã e tarde transtornos mentais profissionais realizam
psicologia, terapia ocupacional
Outros Dispositivos Terapêuticos graves da AP 2.1 e outros (individual e em Matriciamento com a
Av. Venceslau Brás, 65, Botafogo grupo); desenvolvem-se equipe de Saúde da
Tel.: 2542 3049 também com sua clientela Família 2 - Santa Marta
programas de reabilitação
e-mail: ippinel@rio.rj.gov.br psicocssocial, geração de renda
e modalidade Hospital Dia.

Instituto Municipal Philippe Pinel: Recepção individual Sem agendamento prévio AP 2.1, 2.2, 1.0 e Crianças e adolescentes O serviço tem funcionamento Não realiza
suporte para casos com transtornos mentais semelhante ao da CAPSi
Núcleo Infanto-Juvenil (NIJ) 2ª, 4ª, 5ª e 6ª feiras, de 8h às Abordagem psicossocial,
Av. Venceslau Brás, 65, Botafogo 16h30; e 3ª feira, de 13h às graves acompanhados graves das AP 2.1, 2.2, acompanhamento terapêutico
Tel.: 2542 3049 16h30 na AP 3.1 1.0 e 3.1 por turnos com intensividade
e-mail: ippinel@rio.rj.gov.br diferenciada, atendimentos
Reunião de equipe: individuais e em grupo,
Sem nr. fixo de vagas oficinas e terapia de família
3ª feira, de 8h às 12h

Instituto Municipal Philippe Grupo de recepção: 2ª, 4ª e 6ª Sem agendamento prévio AP 2.1 e egressos de Internação e tratamento Psiquiatria e psicologia: Não realiza
Pinel: Serviço de Internação e feiras, às 11 horas internação no IMPP ambulatorial para individual
Acompanhamento da Clientela Grupo de mulheres, de
Adulta Usuária de Álcool e Outras adultos usuários de
tabagismo e oficinas
Drogas (STA) álcool e outras drogas (fitoterapia, costura,
Av. Venceslau Brás, 65, Botafogo da AP 2.1 jardinagem, bonsai,
Tel.: 2542 3049, ramais 2044/45 marcenaria, vídeo e leitura)
e-mail: ippinel@rio.rj.gov.br
Reunião de equipe:
3ª feira, de 10h30 às 12h30

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Atendimento de urgência e Sem agendamento prévio Todo o estado do Rio de Crianças, adolescentes e Emergências clínicas, Não realiza
Est. da Gávea, 577, Curva do S, emergência 24 horas, todos os Janeiro adultos inclusive as relacionadas
Rocinha dias da semana, inclusive finais com o abuso de álcool e
Tel.: 3322 7190, 3322 7039, outras drogas
de semana e feriados
3222 7839 / Fax: 3222 7089
e-mail: uparocinha@
vivacomunidade.org.br

78 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 79


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.2 Área de Planejamento 3.1


9.2 área de 28

Planejamento 3.1 21
15 25 1
9 11 6
A AP 3.1 situa-se na zona norte do 10 26 22
17 12
município do Rio de Janeiro. 20
8 2724
4
3
1. Bancários 15. Moneró 19 18
2. Bonsucesso 16. Olaria
3. Brás de Pina 17. Parada de Lucas
16
23
4. Cacuia 18. Penha
7 5
5. Cidade Universitária 19. Penha Circular 14
6. Cocotá
7. Complexo do Alemão
20.
21.
Pitangueiras
Portuguesa
2 AP 3.1
8. Cordovil e Cidade Alta 22. Praia da Bandeira 13
9. Galeão 23. Ramos
10. Jardim América 24. Ribeira
11. Jardim Carioca 25. Tauá
12. Jardim Guanabara 26. Vigário Geral
13. Manguinhos e Nova Holanda 27. Zumbi
14. Maré 28. Freguesia - Ilha

80 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 81


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.2 Área de Planejamento 3.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
CMS Américo Veloso Adultos, crianças e adolescentes: Agendamento prévio com o Ramos, Crianças, adolescentes Psicologia: individual Em fase de organização
R. Gerson Ferreira, 100, Ramos, atendimentos individuais, profissional Baixa do Sapateiro, e adultos da AP 3.1,
Maré de 2ª a 6ª feira, de 8h às 17h Nova Holanda segundo território de Psiquiatria: avaliada e
Diretora: Valéria Gomes Pereira e Roquete Pinto responsabilidade encaminhada ao PAM
Tel. geral: 2573 1172 (Maria Cristina Roma
Tel. direção: 2573 7235 Paumgartten)
Tel. admin.: 2573 7187
e-mail: cmsaveloso@rio.rj.gov.br
Policlínica José Paranhos Adultos: grupos, 2ª feira, de 8h às Agendamento prévio com o Olaria, Penha, Crianças, adolescentes Psicologia: individual equipe de Saúde da
Fontenelle 10h - 8 vagas, até 4 encontros profissional Penha Circular, e adultos da AP 3.1, Psiquiatria: individual Família 2 - Sereno
R. Leopodo Rego, 700, Penha Brás de Pina, Vila segundo território de Terapia ocupacional:
Chefe de SM: Inês M. da Silva Crianças e adolescentes: O acolhimento é realizado no dia Cruzeiro, Grotão, responsabilidade individual
Diretora: Rosane Messias 2ª feira, de 8h às 10h - 10 vagas em que a pessoa chega, pelos Marcílio Dias e Grupos terapêuticos:
de mulheres, de homens,
Tel.: 3111 6931 (saúde mental), profissionais presentes Complexo do Caricó A psiquiatria não atende
de pais, desmedicalização,
3111 6926 (direção), crianças
de psicóticos, de familiares,
3111 6920 (administração)
oficina terapêutica com
e-mail: pfontenelle@rio.rj.gov.br psicóticos, oficinas com
Reunião de equipe: clientela de retardo mental
última 2ª feira do mês, às 10h e grupo de jovens

Policlínica Maria Cristina Roma Adultos: dois grupos por mês - 3ª Crianças, adolescentes e adultos: Ramos, Bonsucesso, Crianças, adolescentes e Psicologia: individual Não realiza
Paumgartten e 6ª feiras, pela manhã - 10 vagas na primeira 2ª feira do mês, são Manguinhos e Alemão adultos do seu território
R. Joaquim Gomes s/nº, Ramos por grupo agendadas as pessoas para a de abrangência da AP Psiquiatria: individual
Diretora: Roberta Sá recepção em grupo no setor 3.1 para psicologia
Sub-direção: Sergio Varella Crianças e adolescentes: administrativo Grupos terapêuticos
Tel. geral: 2290 4112, ramal 219 grupo - 6ª feira, pela manhã, A psiquiatria não atende
Tel. direção: 2270 9846 com 2 encontros Casos para psiquiatria ao público infanto-
Reunião de equipe: última 6ª feira previamente avaliados pelo CMS juvenil
do mês, de 10 às 12h Américo Veloso vão direto para a
e-mail: mpaugartten@rio.rj.gov.br agenda da psiquiatria
82 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 83
9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.2 Área de Planejamento 3.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
Centro Integrado Adultos, crianças e adolescentes: Adultos, crianças e adolescentes: Jardim América e Vigário Crianças, adolescentes Psicologia: crianças, equipe de Saúde da
não há pré-marcação; a pessoa
Dr. Nagib Jorge Farah 3ª feira, às 13h - grupo de Geral e adultos da AP 3.1, adolescentes e adultos Família 2 - Vigário Geral
comparece no dia para participar. O dia
Pça. Soldado Michel Cheib, recepção mensal do grupo é informado por cartaz na segundo território de e equipe de Saúde da
Jardim América unidade. Se houver número excessivo de responsabilidade Grupos: de mulheres, Família 7 - Nagib Farah
Diretora: Maria Fátima Maia Realizados até 4 encontros de participantes, faz-se acolhimento prévio de adultos e de avaliação
e seleciona-se quem tem maior indicação
Tel.: 3372 2734 avaliação para participar do grupo. das demandas de Em fase de organização
e-mail: psnjfarah@rio.rj.gov.br Toda 3ª feira, às 11h, pacientes com medicação
Reunião de equipe: 10 vagas demandas urgentes de medicação são
orientados a buscar o serviço neste
3ª ou 4ª feira, toda semana horário e dia para avaliação. A unidade
referência, quando necessário, indica os
casos para o PS José Breves dos Santos

PS Dr. José Breves dos Santos Grupos de adultos, crianças e Psicologia: adultos, crianças e Psicologia: Cordovil, Crianças, adolescentes Psicologia: individual Não realiza
R. Mar Grande, 10, Cidade Alta, adolescentes: na primeira 3ª feira adolescentes - não há agendamento Parada de Lucas e Brás e adultos da AP 3.1, Psiquiatria: individual,
Cordovil do mês, às 8h30 prévio. Os interessados devem de Pina segundo território de para adultos
comparecer no dia do grupo para
Diretora: Lulia de M. Barreto Psiquiatria: Cordovil e responsabilidade Não atende ao público
pegar número às 8h na administração
Tel.: 2485 3640, 2485 4135 10 vagas por grupo Psiquiatria: atende diretamente Parada de Lucas, além de infanto-juvenil
e-mail: psjsantos@rio.rj.gov.br pacientes encaminhados para a Jardim América e Vigário Grupos: de mulheres, de
Reunião de equipe: psiquiatria pelo profissional do PS Geral (oriundos da saúde homens e terapêutico
não é realizada regularmente Nagib Farah mental do Nagib Farah)
Policlínica Newton Alves Cardoso Atende somente adultos Agendamento prévio na recepção Ilha do Governador, Adultos da AP 3.1, Psicologia: atendimentos Não realiza
R. Combú, 191, Combú, Maré e Vila do João segundo território de individuais
Ilha do Governador 8 vagas por mês responsabilidade
Diretor: Cristiano B. Ottoni Psiquiatria: atendimentos
Divisão clínica: Márcia Figueiredo Grupo de recepção na última individuais
Tel.: 3363 0521, 3363 5145, 4ª feira do mês
3396 8022, 3396 4950 Grupos terapêuticos
e-mail: pamnacardoso@rio.rj.gov.br
Reunião de equipe: toda última 5ª
feira do mês, às 9h

84 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 85


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.2 Área de Planejamento 3.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
PS Madre Teresa de Calcutá Grupo de recepção 3ª feira, às Sem agendamento prévio Ilha do Governador Crianças e adolescentes Psicologia: atendimentos Não realiza
Av. Ilha das Enxadas, 100, 10h, para crianças, adolescentes e da AP 3.1, segundo individuais
Bancários, Ilha do Governador responsáveis Chegar na 3ª feira, quando são território de
Diretora: Marcia Monteiro distribuídos os números para responsabilidade Psiquiatria: atendimentos
Tel.: 3396 9595, 3975 4962, participar do grupo individuais
3363 7035, 3367 5214
e-mail: psmtcalcuta@rio.rj.gov.br Participam os responsáveis Grupos de autistas
Reunião de equipe: e grupo de pais do
toda 3ª feira, às 8h30 acolhimento

CAPS Ernesto Nazaré Acolhimento de 2ª a 6ª feira, de Sem agendamento prévio Ilha do Governador Adultos com Abordagem psicossocial equide de Saúde da
R. Paranapuã, 435, 8h às 17h transtornos mentais Família 2 - Parque Royal
Ilha do Governador graves e persistentes Atendimentos individuais
Diretora: Francisleuda Brugger provenientes da Ilha do e em grupo, projetos de
Supervisora: Bianca Vivarelli Governador geração de renda etc.
Tel.: 3367 5145
e.mail: capsnazareth@rio.rj.gov.br
Reunião de equipe:
2ª feira, pela manhã

CAPS Fernando Diniz Acolhimento de 2ª a 6ª feira, de Sem agendamento prévio Penha Circular, Cordovil, Adultos com Abordagem psicossocial Casos de transtorno
R. Filomena Nunes, 299, Olaria 8h às 17h Cidade Alta, Parada de transtornos mentais mental grave
Direção: Carla C. Paes Leme Lucas, Vigário Geral, Jardim graves e persistentes Atendimentos individuais Leopoldina Norte: eSF
Supervisão: Maria Silvia América, Brás de Pina, provenientes da sua e em grupo, projetos de 2 - Sereno, eSF 2 - Grotão,
eSF 2 - Marcílio Dias, eSF
Tel.: 3867 1319 Maré, Ramos, Olaria e área de abrangência da geração de renda etc.
2 - Vigário Geral e eSF 7 -
e-mail: capsfdiniz@rio.rj.gov.br Penha (trecho entre a Av. AP 3.1
Nagib Farah
Reunião de equipe: 2ª feira de tarde Brasil e a linha férrea)
Leopoldina Sul: 5 PACS -
Maré e eSF 16 - Maré

86 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 87


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.2 Área de Planejamento 3.1


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
CAPS III João Ferreira Acolhimento diário, 24h, inclusive Sem agendamento prévio Complexo do Adultos com Abordagem psicossocial eSF 11 - Zilda Arns,
Est. do Itararé, 951, Ramos sábados, domingos e feriados Alemão, Bonsucesso, transtornos mentais eSF 3 - Rodrigo Roig,
Diretora: Patrícia Matos Manguinhos, Ramos, graves e persistentes Atendimentos individuais eSF 5 - Alemão,
Tel. provisório: 8464 0394 Olaria e Penha provenientes da sua e em grupo, projetos de eSF 1 - Esperança e
e-mail: caps3joaoferreira@gmail.com (trecho da R. Uranos - área de abrangência da geração de renda etc. eSF 13 - Manguinhos
Reunião de equipe: 5ª feira, à tarde referência: SESC) AP 3.1
Acolhimento noturno
para pacientes em crise
que se tratam nesta
unidade

88 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 89


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.3 Área de Planejamento 3.3


9.3 área de
18 29
Planejamento 3.3
2 10 1
A AP 3.3 situa-se na zona norte do
município do Rio de Janeiro.
8 27
28 20 3
12 9 14
1. Acari 16. Marechal Hermes 13 26
2. Anchieta 17. Oswaldo Cruz 21
3. Barros Filho 18. Pavuna 25
4. Bento Ribeiro 19. Quintino Bocaiúva 16 23 24
5. Campinho 20. Ricardo de Albuquerque 22
6. Cascadura 21. Rocha Miranda 4
7. Cavalcante 22. Turiaçu 17 15 7
8. Coelho Neto 23. Vaz Lobo 11
9. Colégio 24. Vicente de Carvalho
10. Costa Barros 25. Vila Cosmos 5 6
11. Engenheiro Leal 26. Vila da Penha
12. Guadalupe 27. Vista Alegre AP 3.3 19
13. Honório Gurgel 28. Parque Anchieta
14. Irajá 29. Parque Colúmbia
15. Madureira

90 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 91


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.3 Área de Planejamento 3.3


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
CMS - Clementino Fraga 15 senhas são distribuídas O agendamento para a Vila Cosmos, Adultos, crianças e Atendimento individual e Não realiza
R. Caiçaras, 514, Irajá 4ª feiras, às 8h (pegar a senha psiquiatria é feito após Vicente de Carvalho, adolescentes em grupo
Tel.: 3351 8905 com o guarda da Unidade) avaliação dos psicólogos na Vila da Penha, Vista Alegre,
e-mail: cmsfraga@rio.rj.gov.br documentação médica, conforme Irajá, Colégio, Parque
a disponibilidade de vagas Colúmbia, Vilage e Vaz
Lobo

PAM Alberto Borgheti 2ª a 6ª feira, exceto 3ª feira O agendamento para o GR da Campinho, Quintino Adultos, crianças e Atendimento individual e Não realiza
R. Padre Manso s/nº, Madureira psicologia é realizado após Bocaiúva, Cavalcante, adolescentes em grupo
Tel.: 2450 2097 São 30 números, dados pelo acolhimento diário, realizado Engenheiro Leal,
e-mail: amaborgeth@rio.rj.gov.br guarda da Unidade pelos psicólogos Cascadura, Madureira, Há um grupo de
Para a psiquiatria, os números da Turiaçu, Rocha Miranda, acompanhamento a
Início da avaliação: 8h primeira vez são distribuídos pela Honório Gurgel, Bento pessoas usuárias de
Ribeiro, Oswaldo Cruz e
documentação médica álcool e outras drogas
parte de Marechal Hermes

Maternidade Herculano Pinheiro Há uma primeira entrevista após O agendamento para a saúde Campinho, Quintino Adultos (mulheres em Atendimento individual e Não realiza
Av. Ministro Edgar Romero, 276, o agendamento e, só então, o mental é no primeiro dia útil de Bocaiúva, Cavalcante, acompanhamento na em grupo
Madureira usuário é encaminhado ao GR cada mês Engenheiro Leal, maternidade), crianças e
Cascadura, Madureira, adolescentes
Tel.: 3390 0180, ramal 234
Turiaçu, Rocha Miranda,
e-mail: uisph@rio.rj.gov.br Honório Gurgel, Bento
Ribeiro e Oswaldo Cruz

CAPS Rubens Corrêa Acolhimento diário, pela manhã, Não há necessidade de agendar Vila Cosmos, Vicente de Adultos Atendimento individual Não realiza
R. Capitão Aliatar Martins, 231, exceto 4ª feira Carvalho, Vila da Penha, e em grupo, oficinas
Vista Alegre, Irajá, Colégio,
Irajá O serviço atende livre demanda Campinho, Quintino
terapêuticas e visitas
Tel.: 2481 4936, 2481 2110 Bocaiúva, Cavalcante, domiciliares
e-mail: Engenheiro Leal, Cascadura,
capsrubenscorrea@rio.rj.gov.br Madureira, Vaz Lobo, Turiaçu,
Rocha Miranda, Honório
Gurgel, Bento Ribeiro e
Oswaldo Cruz

92 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 93


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.3 Área de Planejamento 3.3


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
Policlínica Augusto Amaral Grupos de recepção 2ª, 3ª e 6ª O agendamento para a psiquiatria Parte de Marechal Adultos, crianças e Atendimento individual e Não realiza
Peixoto feiras, às 8h30 é feito na documentação médica Hermes, Guadalupe, adolescentes em grupo
R. Jornalista Hermano Requião, (agendamento da primeira vez); Anchieta, Parque
447, Guadalupe 10 pessoas por vez, no setor de os retornos são marcados pelo Anchieta, Ricardo de
Tel.: 3390 7996 saúde mental médico em sua agenda Albuquerque, Coelho
e-mail: paap@rio.rj.gov.br Neto, Acari, Barros Filho,
Costa Barros e Pavuna

PS Nascimento Gurgel Grupos de recepção: O agendamento é feito para a Pavuna, Acari, Costa Adultos, crianças e Atendimento individual e Não realiza
R. Mercúrio s/nº, Pavuna 4ª e 6ª feiras, às 13h psicologia a partir da avaliação no Barros, Barros Filho, adolescentes em grupo
Tel.: 3837 4151, 3847 4735 grupo de recepção; é necessário Parque Colúmbia, Vilage,
e-mail: psngurgel@rio.rj.gov.br ir ao PS fazer a marcação para a Coelho Neto e Anchieta
avaliação no grupo de recepção
CAPS Linda Batista O acolhimento é feito através do Marechal Hermes, Adultos Atendimento individual, Não realiza
R. Orélia, 381, Guadalupe grupo de recepção 2ª feira Guadalupe, Anchieta, grupos, oficinas
Tel.: 2458 4939 Parque Anchieta, Ricardo terapêuticas e visitas
de Albuquerque, Coelho domiciliares
Neto, Acari, Barros Filho,
Costa Barros, Parque
Colúmbia, Vilage e
Pavuna

Hospital Francisco da Silva Teles Atendimento 24h, todos os dias, AP 3.3 Urgência Não realiza
Av. Ubirajara, 25, Irajá inclusive sábados, domingos e
Tel.: 3111 2004, 3111 2000, feriados
3111 2006, 3111 2003
e-mail: pamfstelles@rio.rj.gov.br

94 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 95


9. Rede de Serviços de Saúde Mental

9.3 Área de Planejamento 3.3


Território de Modalidades de
Serviço Recepção Agendamento Perfil da clientela Matriciamento
responsabilidade atendimento
Unidade de Pronto Atendimento Atendimento 24h, todos os dias, Livre demanda AP 3.3 Adultos, crianças e Urgência Não realiza
(UPA) inclusive sábados, domingos e adolescentes
R. Intendente Magalhães s/n°, feriados
Pça. dos Lavradores, Madureira

Hospital Estadual Carlos Chagas Atendimento 24h, todos os dias, AP 3.3 Emergência Não realiza
Av. Gal. Osvaldo Cordeiro Farias, inclusive sábados, domingos e
466, Marechal Hermes feriados
Tel.: 3390 0123

ATENÇÃO:

• A AP 3.3 ainda não dispõe de serviço especializado para atendimento a usuários • A unidade de referência para regulação de avaliação e internação nas Clínicas
em uso abusivo e/ou nocivo de substâncias. A orientação da Coordenação de Sociais do Estado (Clínicas Michele, em Santa Cruz, Valença e Barra Mansa) é o
Saúde Mental é que todos os serviços de saúde possam acolher pessoas em uso de CEAD, em São Cristóvão. Esta unidade recebe para avaliação somente pacientes
substâncias. Os encaminhamentos e cuidados serão os pertinentes a cada caso ou sem comorbidade psiquiátrica e a partir de avaliação prévia de algum serviço de
situação em particular, respeitando o nível de complexidade. saúde do território da AP 3.3.

• O cuidado de desintoxicação dos pacientes é de competência dos Hospitais Gerais • Os CAPS avaliam e cuidam somente de pacientes em uso de substâncias que
e/ou UPAS e não dos serviços psiquiátricos, já que esses serviços não dispõem dos possuam quadro de comorbidade psiquiátrica.
recursos necessários.

96 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 97


Bibliografia consultada
BIBliOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria CHARÃO, Ricardo Brasil. Parecer ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA/RS. SEJU-SECRETARIA DE ESTADO DA
de Atenção à Saúde, Departamento técnico avaliativo a respeito da Guia de Redução de Danos para JUSTIÇA E DA CIDADANIA/PR.
de Ações Programáticas e Estratégicas aplicação do conceito de Redução Trabalhadores da Saúde. Subsídios Cartilha de Capacitação para
em Saúde, Coordenação Geral de de Danos e implantação de ações para a Abordagem em Drogas e Multiplicadores de Ações em
Saúde Mental. Reforma psiquiátrica de educação sobre álcool e outras AIDS. Secretaria de Estado da Saúde/ Prevenção às Drogas. Coordenadoria
e política de saúde mental no drogas, conforme ciclos de vida. RS, p. 8-10, 2001. Estadual Antidrogas/PR. Conselho
Brasil. Documento apresentado à Produto n 3, Termo de Cooperação Estadual Antidrogas/PR, 2009.
LANCETTI, A. Clínica Peripatética.
Conferência Regional de Reforma dos Técnica entre a Secretaria de Estado
São Paulo: Hucitec, 2006. VINADÉ, T. F. Redução de danos
Serviços de Saúde Mental: 15 anos da Saúde do Rio Grande do Sul e a
na atenção primária à saúde:
depois de Caracas. Brasília: OPAS, UNESCO, 2009. PUC-RIO. A história do consumo
construindo a potência do
Ministério da Saúde, 2005. de drogas e do tratamento dos
Conselho Regional de Psicologia – encontro. IN.: MINOZZO, F.;
usuários destas substâncias.
BRASIL. A Política do Ministério CRP: Mayer, R. A contribuição do FRANÇA, S.P. (Org.). A detecção e o
Disponível em: http://www2.dbd.
da Saúde para Atenção Integral a Centro de Referência em Redução atendimento a pessoas usuárias de
pucrio.br/pergamumtesesabertas/
Usuários de Álcool e outras Drogas. de Danos: nossas palavras sobre drogas na rede da Atenção Primária à
0310189_05_cap_03.pdf/
2.ed. rev. ampl. Brasília: Ministério da o cuidado de pessoas que usam Saúde: módulo 7. Brasília: Secretaria
Acesso em 4 de dezembro de 2010.
Saúde, 2004. drogas. In: Outras palavras sobre o Nacional de Políticas sobre drogas, p.
cuidado de pessoas que usam drogas. 63-73, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria RIO GRANDE DO SUL. Guia
De Boni, L. (org.), 2010.
de Atenção à Saúde. Departamento comentado para a implantação da
de Ações Programáticas Estratégicas. COSTA, I. I. A família e a constituição portaria 16/01. Secretaria da Saúde
Saúde mental no SUS: os centros do sujeito na contemporaneidade. do RS. Política de Atenção Integral
de atenção psicossocial. Brasília: Interfaces: Revista de Psicologia, 2 à Saúde Mental, Financiamento da
Ministério da Saúde, 2004b. (1), p. 73-80. Jan/jul. Salvador, 1999. SENAD, 2001.

98 Cartilha de Redução de Danos Diminuir para Somar 99


AGRADECIMENTOS
Amélia Simão da Silveira (CF Maria do Socorro Silva de Souza)
Denise dos Santos de Jesus (CMS Dr. Rodolpho Perissé - Vidigal)
Erica Melo Moreira de Araújo (CF Rinaldo De Lamare)
Jaqueline de Assis Corrêa (CMS Santa Marta)
Jocimara André de Altino (SF Chapéu Mangueira e Babilônia)
Leandro dos Santos Lourenço (CF Maria do Socorro Silva de Souza)
Maria Dolores M. M. da Cunha (CMS Santa Marta)
Sandra Helena da Rocha Marques (CMS Vila das Canoas)

Cesar Augusto de Paulo Maia (CMS Nova Holanda)


Claudia Souza da Silva (CMS Alemão)
Elane A. de Araujo (CMS 14 de Julho)
Heider Batista Custodio (CF Zilda Arns)
Lana Carla P. de Souza (CF Rodrigo Roig)
Renata Martin Manssur (CMS Grotão)
Sandra Silveira (CMS Vigário Geral)
Suzana Oliveira da Silva (CMS Vila do João)

Cinzia Pereira da Silva (CMS Acari)


Claudia T. R. Lota (CMS Fazenda Botafogo)
Edyr Ramos Cezário (CMS Portus, Quitanda e Tom Jobim)
Eliton dos Santos Nunes (CMS Nascimento Gurgel)
Jane Rose Matins de Jesus (CMS Carlos Cruz Lima)
Jucilia Marques do Nascimento (CMS Enfermeira Edma Valadão)
Kátia Regina Silva de Souza (CMS Alice de Toledo Tibiriçá)
Oswaldo Luis Alves Ferreira (CMS Flávio Couto Vieira)
Rosane Nunes de Britto (CMS Sylvio Frederico Brauner)

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