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Diferença entre Justiça e Vingança

A diferença entre justiça e vingança: mesmo quando pune, a justiça age sob o
princípio da humanidade, respeitando os valores fundamentais do ser humano e dá
ao culpado aquilo que ele merece de acordo com a lei, enquanto a vingança possui
objetivos destrutivos e quer apenas que o outro sofra em proporção igual ou maior do
que fez sofrer, visando apenas uma satisfação individual.
A justiça busca acordos, reconciliações, mas a vingança se baseia no “olho por
olho, dente por dente” e nunca concede o perdão.
Diferença entre Vingança e Justiça Divina
O desejo de vingança sempre é maior do que qualquer senso de justiça.
Quem quer se vingar quer fazer o outro sofrer como ele próprio sofreu, enquanto
a justiça divina sempre retribui cada um segundo as suas obras, na dimensão exata de
suas responsabilidades.
Além do mais, a justiça divina também é pautada pela misericórdia e leva em
conta o arrependimento dos pecados.
A justiça divina perdoa, leva em conta as circunstâncias e a real intenção de cada
um, já que o mal também pode ser causado sem propósito.

Limite entre Justiça e Vingança – Como não Confundir

O limite entre a justiça e a vingança está no princípio da humanidade.


Quando não há respeito pelos valores fundamentais do ser humano na aplicação
da justiça, já não podemos mais chamá-la assim. É aí que a linha entre uma e outra é
ultrapassada e o campo da vingança é alcançado.
A noção de justiça é um universal e deve sempre ser pautada pela ética.

Existe Justiça na Vingança?

A ideia de justiça é ligada por muitos, ainda, à antiga lei de talião: olho por olho,
dente por dente.
A ideia de fazer o outro sofrer à medida que ele fez sofrer pode parecer justo,
mas muitas vezes, nesse processo, os valores humanos universais não são respeitados,
não há ética ou qualquer senso moral.
Devemos lembrar que a justiça também é responsável por conceder ao culpado
a chance de reabilitação e reintegração à sociedade e que todos merecem uma segunda
chance.
Se vingar é se rebaixar a um nível que não vale a pena e que não irá desfazer
todo o mal já praticado. O outro sofrerá, mais cedo ou mais tarde, as consequências
de seus atos sem que ninguém precise sujar suas mãos para isso.

Justiça x Vingança

Na noite do dia 9 deste mês (junho) foram presos dois homens com a suspeita
de tatuar uma frase no rosto de um adolescente em São Bernardo do Campo, na grande
São Paulo. Na ocasião, os indivíduos escreveram na testa do garoto de 17 anos a frase:
“Eu sou ladrão e vacilão”.
Ao me deparar com a notícia, veio-me uma pergunta: “Será que o jovem
realmente mereceu?”; nesse momento (para ter uma opinião formada) tive que me
situar com relação às definições de justiça e vingança. Ambos os termos possuem uma
linha extremamente tênue entre si, o que torna o assunto muitíssimo complexo e cheio
de peripécias.
Para o dicionário Houaiss, a palavra “justiça” tem por definição ser “um princípio
e atitude de dar a devida punição a cada um”. Entretanto, a vingança é definida como
uma “retaliação a algo que lhe foi feito”.
A partir desses significados, começamos a entender a problemática do tema.
Todavia o acontecimento não é o que mais me assusta, mas sim o analfabetismo
funcional e a ignorância da população ao observar os comentários das pessoas, tanto
nas redes sociais, como no dia a dia.
O que a maioria da nação não compreende é que quem possui o papel de fazer o
que denominamos “justiça” não é a população, mas sim, o Estado. Nesse momento
percebemos que a confusão de conceitos é presente no debate e altamente
questionável. Sendo assim, quando alguém afirma que irá fazer justiça com as próprias
mãos, esse indivíduo estará (de acordo com a Lógica fregeana) sendo ambígua, ou
seja, anulando o seu argumento por conta da contradição desses termos.
Além dessa polêmica entre significados, há quem diga que o fato de termos um
grave problema de segurança pública justifica o ato de tatuar a frase no rosto do
adolescente por causa do crescimento da revolta no Brasil. Nesse caso (ao meu ver),
temos um preocupante obstáculo que recorda Maquiavel quando declara (na sua
grande obra “O Príncipe”) que os fins justificam os meios. Se o Estado é ausente, quer
dizer que tudo pode valer? A vingança é justificada se o mesmo não estiver presente?
O que nos diferencia de criminosos não seria a capacidade de refletir sobre nossas
escolhas e aplicar isso no dia a dia?
Em suma, se a vingança é validada para o povo por conta de termos um governo
que não proporciona a devida segurança para seus cidadãos, então vale tudo? Estamos
vivendo em um octógono do UFC (Ultimate Fighting Championship) e é ali que tudo se
resolve? A empatia para com os seres humanos se esvai a cada dia que passa. Além
disso, o analfabetismo funcional é diretamente proporcional ao ódio.
Como afirma Leonardo Sakamoto (jornalista e doutor em Ciência Política pela
Universidade de São Paulo), falta amor no mundo, mas falta também interpretação de
texto.

Justiça Divina

O Livro dos Espíritos nas primeiras questões nos esclarece que DEUS é a
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, não tem começo nem fim, que
é todo amor, todo bondade e todo justiça.
DEUS que é toda justiça, podemos afirmar que a justiça de Deus não inocenta os
culpados, por mais escondidos que eles estejam, nem culpabiliza os inocentes, por mais
caluniados que eles sejam. Deus é onisciente e conhece a dimensão exata da nossa
culpa, e também sabe quando alguém está transferindo sobre outrem uma falsa culpa.
A justiça de Deus não é negociada, não é comprada, nem é subornada. A Sua
justiça muitas vezes, ao nosso parecer, é lenta: porque ela não está a serviço de poder
econômico algum, de poder político algum, de religioso algum. Deus é independente
de qualquer necessidade e absoluto em Suas decisões. Nada pode intimidá-lo na
aplicação da Sua justiça. Ninguém pode manipular os resultados dos Seus juízos, nem
torcer aos padrões da Sua retidão.
Deus retribui a cada um segundo a sua medida. A justiça de Deus separa o falso
do verdadeiro, o joio do trigo, o fingido do autêntico, o condenado do perdoado, o
incrédulo do crente, o perdido do salvo.
Nada mais atual, transformador e revolucionário do que a justiça apresentada
por Cristo como proposta para a vida humana. “Sede santos, perfeitos, justos e
misericordiosos como o Pai do Céu o é” (Lv 19,2; Mt 5,48; Lc 6,36).
Jesus ensina e pede a nós: “se alguém lhe dá um tapa, oferece a outra face”, “se
te tirar a túnica, dê-lhe também o manto”, “se alguém te forçar andar um quilômetro,
anda com ele dois”. “Ouvistes falar o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo. Eu, porém vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos
perseguem e caluniam pois assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus,
que faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos… pois
se amais somente os que vos amam que recompensa tereis…?”. (Mt 5,38-48).
Jesus é enfático: Ensina que a justiça do Pai é o amor de misericórdia, pois
somente o amor corrige o erro. Para Jesus toda pessoa é antes de tudo um irmão. O
amor ao próximo deve se estender a todos, também ao inimigo. Só quem age assim
se transforma, se reforma, evolui e ama com o amor de Deus.
Outra consequência desse erro é se acreditar que Deus é cruel e vingativo, e que
Ele castiga aos seus filhos. E erro maior ainda é o de se considerar esse castigo eterno
em local destinado ao suplício dos pecadores, por toda a eternidade.
O Espiritismo vem e nos dá outra visão. O homem não é um pecador, é um
espírito criado simples e ignorante, destinado a alcançar, por seus próprios esforços, a
plenitude, a perfeição, a felicidade. Deus criou a todos iguais, sem privilégios para
ninguém, senão seria injusto.
Dotou ainda ao homem do livre-arbítrio para que cada um possa caminhar com
inteira liberdade de ação e aprender com o próprio erro. Estabeleceu normas e bases
corretas, e uma lei de reajuste automático denominada Lei de Causa e Efeito.
Não há como se falar em Justiça Divina, sem falar da Lei de Causa e Efeito, pois
se entrelaçam e misturam de tal forma que se torna quase impossível falar de um sem
mencionar os outros.
O conceito mais popular de justiça, mencionado inclusive n’O Livro dos Espíritos
é que justiça é dar a cada um o que merece. É um conceito clássico. Porém todos nós
achamos que merecemos mais do que temos recebido. E nos achamos injustiçados.
Entretanto, embora simples, o conceito acima nos basta para entendermos o
motivo de misturarmos temas como justiça e lei de causa e efeito.
Os espíritos falam em “lei de causa e efeito” e não em “lei de ação e reação”.
Parece uma diferença sem importância, porém, é importante termos em mente que se
toda causa tem um efeito, e toda a ação tem uma reação, a lei de ação e reação prevê
que ” toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e sentido contrário”.
Ora, por que então confundimos tanto lei de causa e efeito com lei de ação e
reação? Porque ainda não entendemos que justiça é diferente de vingança. A justiça
perdoa, leva em conta as circunstâncias, grau evolutivo, conhecimento, intenção. A
vingança quer apenas que o outro sofra do mesmo modo como fez sofrer.
Apesar de todos os exemplos e de tudo que JESUS nos ensinou, ainda não
aprendemos a nos conciliar com o nosso adversário quando estamos a caminho do
tribunal, muito menos a perdoar setenta vezes sete vezes, e menos ainda que o Amor
cobre a multidão de pecados, e que a quem muito se perdoa, muito se ama.
Deus nos criou para a felicidade, não para o sofrimento. É um erro supor que a
Terra será sempre um vale de lágrimas. Um dia, com toda a certeza, aprenderemos
com os nossos próprios erros, e colocaremos em nossos corações o Evangelho de Jesus.
Aprendendo a nos amar, e colocando esse amor na frente de todos os nossos atos,
mudaremos o mundo.
Somos os construtores de nosso destino. Por enquanto, é um destino muito feio,
calcado no egoísmo, no orgulho, na prepotência. Mas as conseqüências de nossos erros
guardam em si mesmos o remédio para nossos males, e nos impulsionam a mudar, a
modificar nossa vida, nossos hábitos, nosso modo de agir.
Em O livro dos Espíritos, os mensageiros espirituais esclarecem a grande questão do
sofrimento, da dor, da enfermidade, afirmando que não são fatores propostos pelo
Criador, mas consequências das violações de Suas Leis. Deus, na Sua bondade infinita
e justiça, permite que o culpado retorne ao cenário onde delinquiu, para a retificação
dos seus erros, através da reencarnação.
Com tudo isso, a Doutrina dos Espíritos nos chama a raciocinar, nos chama a
modificar, a trabalhar, prega a Fé raciocinada, de que nada acontece por acaso, não
temos certas enfermidades por acaso, não passamos por dificuldades por acaso, tudo
é um aprendizado, evolução, e só depende de cada um dar o passo para a felicidade
plena no reino de DEUS.
Só podemos falar em justiça verdadeira, quando aliamos ao nosso desejo de que
o mal seja reparado pelo sentimento de misericórdia para quem ainda erra, e, no caso
de sermos nós os ofendidos, quando sinceramente aprendermos a perdoar. Então
poderemos dizer, sem nenhuma hesitação: Pai, perdoa nossas dívidas como
perdoamos nossos devedores.
Dificil? Mas não impossível!

Vingança ou Perdão

Vingança ou perdão pode parecer um eterno dilema para muita gente, mas Leo
Babauta no seu blog Zen Habits nos ensina como resolver essa questão e ser mais feliz.
Vou repassar alguns pontos que me sensibilizaram sobre essa questão e recomendo
que acessem o Zen Habits e leiam o texto do próprio autor.

Vingança:
Dizem que a vingança é um prato que se serve frio. Isso quer dizer que a vingança
não tem um gosto bom. Pode parecer um alívio, uma sensação de justiça, mas fica um
gosto amargo na boca. Não nos parece algo longe de ser agradável, e representa sim
um sentimento negativo e uma sensação de que mesmo querendo se completar, se
sentir mais integro, algo vital nos foi retirado. É fundamentalmente uma sensação de
perda.
Muitas pessoas não revidam, não retrucam por educação, ou mesmo porque é
seu próprio estilo de evitar conflito, não gerar um clima ruim nos relacionamentos. Isso
abre um espaço para abusos, e pessoas acabam se fazendo de capacho, o que é
completamente inaceitável.
Sinta e reconheça o desconforto de ser magoado. Crie essa noção de que esse
sentimento não é nem bom ou ruim – é simplesmente um sentimento genuíno, natural.
A raiva contra o agressor, a vontade de revidar imediatamente, tudo isso é parte de
você mesmo que não adianta negar – simplesmente reconheça.

Escolha:
Disse Viktor Frankl que entre o ato que te violentou e a sua reação, há o espaço
da sua independência, da sua discricionariedade e autonomia. É sua escolha, decidir
como agir, e aí está a diferença entre reação e resposta.
Mas a vingança é algo de maturação mais longa, envolve uma ruminação
interminável sobre a mágoa que te causaram e a maquinação de uma resposta à altura
– prestar contas – ficar quites. Mas a vingança traz vários efeitos associados que você
deve considerar.

Efeitos colaterais da vingança:


-Não vai te fazer sentir melhor – aliás, você vai se sentir pior. Dar o troco, retaliar
pode dar uma sensação de alívio no momento, mas vai te empurrar para o fundo do
poço depois.
-Traz danos, às vezes irreparáveis aos relacionamentos, e você deve considerar
isso na equação.
-Vai provocar um sentimento negativo no outro e como disse Gandhi, olho por
olho vai produzir uma nação de cegos.
-Você pode estar se deixando agir por impulso, e a raiva afasta a racionalidade,
e nessa situação, fazemos coisas de que nos arrependemos depois. Temos que criar
uma pausa entre a agressão e a reação para usar o nosso poder como nos ensinou
Viktor Frankl.
-Isso não vai fazer com que as pessoas te respeitem mais. Mesmo as pessoas
que não estão envolvidas no conflito tendem a te julgar como uma pessoa agressiva e
temperamental – mesmo que a sua reação seja justa.
-Você não está agindo no seu melhor quando se mete em vingança ou retaliação.
O nosso melhor é quando experimentamos o perdão, a compaixão e o amor.

Compaixão:
Sem se fazer de capacho, e buscando uma solução melhor para você mesma,
muito além da vingança ou perdão, experimente a compaixão.
-Sinta a ação de agressão do outro, mas enxergue o grande quadro que envolve
a outra pessoa, o sofrimento, a luta e as próprias dificuldades. Quem sabe ela não está
vivendo um momento crítica na sua vida?
-Aprenda a ler a sua manifestação física, a pulsação, o calor interno, o sangue
subindo na cabeça e crie uma rotina para baixar o calor da fervura. Respire fundo. Olhe
mais para a sua reação física e menos para o conflito em si.
-A compaixão nos coloca na nossa melhor expressão e você vai se sentir bem.
Você vai ganhar o respeito dos outros e vai melhorar os relacionamentos.
-Compreenda o que é melhor para ambos. O mundo vai se tornar um lugar melhor
se todos se comportarem dessa maneira.
Rubens Sakay (Beco)

O Perdão – Vingança ou Justiça?

O perdão melhor causa para o que perdoa, sendo assim destituído do horrendo
sentimento de vingança. O culpado por isso é absolvido? Óbvio que não. A seu tempo
enfrentará sua culpa e diante dela terá a oportunidade redentora de se retratar perante
suas vítimas. Se assim não fosse, não existiria justiça Divina, só a dos homens que
sofre inumeráveis mudanças para se adaptar a realidade que hora vivemos.

A vingança é um sentimento pequeno, destituído de qualquer nobreza. Só serve para


saciar a fome de seres que se contentam com “essa” vida, que acham que “aqui se faz,
aqui se paga”, que pensam muito antigo, ultrapassados e saudosos da Lei de Talião:
“olho por olho, dente por dente”. Se o Mestre nos ensinou a “dar” a outra face, porque
vamos fazer justamente o contrário? Entenda-se: dar a outra face não quer dizer “Dar
a cara a tapa”, quer dizer “Perdoar”.

Justiça é dar oportunidade aos ofensores de se redimirem, de se arrependerem. Quem


nunca ofendeu ninguém? Quem nunca sentiu vontade de fazer com que o outro
sofresse? A Justiça do Pai é maior do que a “Pena de morte”, do que a “vingança”. A
Justiça que vem do alto é sempre a mais sensata. Devemos esquecer as ofensas? Na
medida do possível sim, mas as marcas ficam. Se houver boa vontade essas cicatrizes
nos fazem lembrar sim, mas, com certeza sem ódio, sem rancor.
Ana Maria de Moraes Carvalho

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