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Á priori é relevante discorrer sobre os fatos que acontecem no mencionado

episódio, para após contrapor tais fatos com os conceitos chave explicados por James
Holston, no livro “Cidadania Insurgente: Disjunções da democracia e da modernidade
no Brasil”.

Em uma livre tradução o título em inglês, significa homens contra fogo, o que já
traz um caráter bélico ao que vai ser apresentado ao telespectador, o episódio traz
embates entre um grupo de soldados contra criaturas com aspecto um tanto alienígena,
que por eles são chamados de “baratas”. Na verdade, essas criaturas não são seres
estranhos, muito menos baratas, se tratam de seres humanos, porém para os soldados
eles possuem esse aspecto porque a visão dos soldados é alterada através da
implantação de um dispositivo chamado “máscara”, o qual altera todos os sentidos e
principalmente a visão, fazendo com que os seus usuários percam a empatia pelo que
está sendo visto.

No caso do episódio, ao matar essas “baratas”, os soldados estão matando seres


humanos como eles, no entanto blindados pela empatia de matar um ser semelhante. É
perceptível no decorrer da estória perceber que esses seres alvo do exército, na verdade
são os cidadãos que estão à margem do restante da sociedade, são aqueles privados de
exercer a cidadania como nos casos históricos dos negros, índios e judeus, os quais
foram alvo de massacres, postos em uma posição inferiorizada.

Analisando tais fatos com o que explica Holston em seu livro, podemos ver o
conceito de “distribuição substantiva”, onde há distribuição de direitos e práticas para
aqueles que são considerados membros; como uma ética de pertencimento que é
frequentemente militarizada e racializada; e assim por diante.

Ademais, cabe dizer que esses seres, sofriam os efeitos da chamada “exclusão
preventiva” apresentada no livro, porque a eles não cabia o mérito de ser consideração
cidadão de pleno direito.

Ao final do episódio, um soldado novo no grupo, descobre se tratar de uma farsa


esse uso da tecnologia da máscara para assassinar humanos. Com isso ele prefere que
apaguem sua memória, voltando dessa forma ao seu status quo de trabalho, o que nos
faz referência a outro conceito de Holston, amplamente usado no livro, o
“entrincheiramento”, o qual mostra um avanço social impedido pelo retrocesso de
condutas.

Logo, o que é visto nos faz pensar num último conceito, o “misrule of law”, o
qual seria a “desregração da lei”, as leis funcionam, mas geram isso. A lei não é aliada a
cidadania, pois é incentivado o massacre de vidas que valem menos que outras, através
de uma tecnologia fornecida pelo governo para tal prática funcionar. Daí podemos
perceber o quão importante é fazer a cidade acontecer, como debatemos nas aulas, esse
fazer acontecer é extremamente necessário para que práticas abusivas contra os
cidadãos inferiorizados sejam tão logo dirimidas.

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