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Intertextualidade e Paródia

Em termos estritos, as relações intertextuais se estabelecem pelo diálogo entre textos que se
espera serem identificáveis pelos interlocutores.

- o caso em que um texto-fonte deriva um outro texto, por transformações de forma e


conteúdo, como ocorre com as paródias e as adaptações – são as chamadas “derivações”.

Nas paródias, um texto incorpora o outro para provocar o riso, ou para ser simplesmente
lúdico, ou para criticar algo, ou mesmo para levar ao ridículo. ***Confuso***

As derivações por transformação: paródias e transposições

Piègay-Gros (1996) divide as relações intertextuais em dois tipos: relações de copresença entre
dois ou mais textos e relações de derivação de um ou mais textos a partir de um texto-matriz.
No segundo grupo encontram-se a paródia (a estrutura e o assunto do texto são retomados
em outras situações com efeitos de carnavalização e de ludismo); o travestismo burlesco
(reescritura de um estilo a partir de uma obra cujo conteúdo é conservado); e o pastiche
(imitação de um estilo com utilização da mesma forma do texto imitado).

As transformações por paródias e por transposições sérias (que são retextualizações,


adaptações) acontecem, de fato, principalmente a partir de citações ressignificadas, de
paráfrases e de referências e alusões também recontextualizadas. Isso não significa dizer que,
toda vez que houver esses fenômenos de copresença, será gerada uma paródia ou uma
transposição não lúdica ou satírica de outro texto. Mas significa que, havendo paródia ou
transposição, elas vão conter pelo menos uma dessas copresenças.

Genette (2010) pondera, ainda, que sob o termo paródia também se abrigam alterações
maiores do que a simples recontextualização: usamos a paródia “para designar ora a
deformação lúdica, ora a transposição burlesca de um texto, ora a imitação satírica de um
estilo” (p. 36). ***Genette Complica***

A transformação comporta os procedimentos por meio dos quais se opera a passagem de um


texto específico a outro. Já por imitação, compreende-se a abstração – a partir de um texto
específico ou de um conjunto de textos com características estruturais comuns – de um
paradigma genérico tomado, então, como modelo para um sem número de hipertextos.
Neste ponto, adota outro critério que não o formal: marca-se a dicotomização de hipotextos
compostos por transformação/imitação com função satírica e com função não satírica (isto é,
que operam rebaixamento ou vulgarização).
Sob o prisma dessa reconfiguração classificatória, os termos paródia e pastiche, inicialmente
empregados para designar, respectivamente, transformações e imitações neutras, não satíricas,
passaram a recobrir transformações e imitações de traço funcional lúdico. Em outras palavras,
recobriram as ocorrências que registram alterações semânticas (transformação) e estilísticas
(imitação)significativas, mas não grotescas. Os casos pretensamente ‘neutros’, por assim dizer,
de transformação e imitação foram, então, nomeados como transposição e forjação.

O travestimento burlesco consiste na retomada do conteúdo de um texto,


que transforma sua estrutura e seu estilo com finalidade satírica, mantendo
o conteúdo original. Já o pastiche tem como característica a imitação do
estilo de um autor ou de traços de sua autoria, quase sempre com fins
humorísticos ou satíricos.

Outro conjunto de relações intertextuais denomina-se derivação, as quais ocorrem


quando, a partir de texto(s) já existente(s), cria-se um novo texto. são elas: a
paródia, o travestimento burlesco e o pastiche. A primeira delas, como esclarece
Cavalcante (p. 155), realiza-se de várias formas, "desde a substituição de fonemas
e palavras até a modificação de enunciados inteiros, que, no entanto, guardarão
resquícios do texto original, tais como tema, nomes de personagens, estilo etc."

O travestimento burlesco consiste na retomada do conteúdo de um texto, que


transforma sua estrutura e seu estilo com finalidade satírica, mantendo o conteúdo
original. Já o pastiche tem como característica a imitação do estilo de um autor ou
de traços de sua autoria, quase sempre com fins humorísticos ou satíricos.

A autora acrescenta à derivação dois outros tipos de relação intertextual:


o détournement, a partir de grésillon e Maingueneau (1994), e a paráfrase, a partir
de sant'Anna (1985).

O détournement é uma espécie de paródia, mas restringe-se, quase sempre, a


textos curtos, como provérbios e frases feitas. Os produtores de um détournement,
de acordo com Koch, Bentes e Cavalcante (2007, p. 45), objetivam "levar o
interlocutor a ativar o enunciado original, para argumentar a partir dele; ou então
ironizá-lo, ridicularizá-lo, contraditá-lo, adaptá-lo a novas situações" ou direcioná-lo
para um sentido distinto do sentido original.

Paródia :
Pastiche Ex:

Travestimento
Charge: Vídeos do Shrek

É possível constatar a ausência de critérios mais consistentes e coerentes para o agrupamento


de cada tipo de intertextualidade em uma mesma categoria. Em outras palavras, fenômenos
como a citação e a paráfrase (ligados fundamentalmente à forma da intertextualidade) são
equiparados a fenômenos como a paródia e o pastiche (relacionados sobretudo aos efeitos de
sentido produzidos a partir da intertextualidade). ///Mozdzenski, Leonardo. "Intertextualidade
verbo-visual: como os textos multissemióticos dialogam?." Bakhtiniana. Revista de Estudos do
Discurso 8.2 (2013): 177-201.

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