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.Interesse em agir
D.P. – conjunto das condições nas quais uma parte pode recorrer aos tribunais quando
o direito por ela alegado não lhe atribui, por si só, a faculdade de requerer a tutela
judicial.
C.M. – consiste em o requerente mostrar interesse, já não no objeto do processo, mas
no próprio processo em si. O requerente tem de invocar um direito, ou interesse
judicialmente protegido; mas teria de se achar o seu direito em situação tal, que
necessita do processo para sua tutela
.Justificação
Razões de economia: visa evitar que sejam impostos custos e incómodos ao
demandado e ao tribunal numa situação em que não se fundamenta o recurso aos
órgãos jurisdicionais.
.Conteúdo MTS
O interesse em agir desdobra-‐se num interesse em demandar – DO AUTOR – e
num interesse em contradizer – DO RÉU. Assim, o autor não tem interesse em demandar
quando não extrai nenhuma vantagem da concessão da tutela judiciária; o réu não tem
interesse em contradizer quando a concessão dessa tutela não lhe importar nenhuma
desvantagem.
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partes não se alterar com a concessão dessa tutela judiciária, então falta interesse
processual.
Só se o autor beneficiar algo com a tutela judicial
CORRELATIVIDADE
requerida é que o réu terá algum prejuízo; e o autor só
DOS
aufere alguma vantagem se a concessão da tutela
INTERESSES
pedida implicar para o réu alguma desvantagem.
O interesse processual é um pressuposto que, apesar de ser aferido
relativamente a ambas as partes, apresenta a particularidade de ser preenchido
simultaneamente pelo autor para ambas as partes. O autor, ao assegurar o seu
interesse em demandar, garante igualmente o interesse em contradizer o réu.
O autor tem interesse processual se, processual quando, no caso concreto,
essa parte necessita da tutela judicial reveste de qualquer utilidade.
para realizar ou impor aquela Rapidez de economia: a parte não tem
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.Qualificação
CM – A nossa lei contempla casos de ação inútil e dá-‐lhes o seguinte regime: a ação inútil
pode ser considerada procedente, mas as custas e encargos desta ação deverão ser
pagas pelo autor.
Se é assim, a utilidade da ação e o interesse em agir não são pressupostos
processuais. A sua eficácia restringe-‐se ao campo limitado das custas processuais (535º).
MTS – O 535º, ao impor a responsabilidade do autor pelas custas apenas na hipótese de
o réu não ter contestado, demonstra inequivocamente que o réu pode contestar a falta
de interesse processual. A única consequência é que, se o fizer, a situação já não é
subsumível ao 535º e o pagamento das custas regula-‐se pelos critérios gerais do 527º.
Assim, o artigo 535º não impede a contestação do interesse processual, i.e., não
obsta a que, mesmo nos casos previstos no 535/2, o réu invoque a falta de interesse
processual. O 535 faculta ao réu uma OPÇÃO: se o réu NÃO CONTESTA, o autor é
responsável pelas custas, ainda que a ação seja procedente; se o réu CONTESTA,
seguem-‐se os critérios gerais: se a ação for procedente, o réu paga as custas; se o réu
for absolvido da instância ou se a ação for improcedente, é o autor o responsável pelo
seu pagamento.
A ratio do 535 é proteger o réu: só isso justifica que, apesar de a ação ser
procedente, esse preceito imponha ao autor a responsabilidade pelas custas. Importa
agora averiguar qual o motivo dessa proteção dispensada ao réu.
A razão prende-‐se com a impossibilidade da apreciação oficiosa do interesse
processual. O artigo 535 demonstra que o interesse processual não é de conhecimento
oficioso, dado que, apesar das várias situações de falta de interesse processual nele
previstas, esse preceito admite que, numa hipótese em que falta aquele pressuposto,
seja proferida uma sentença de procedência; se o interesse fosse um pressuposto de
conhecimento oficioso, então jamais a falta desse interesse seria compatível com essa
procedência, porque então o tribunal deveria absolver, mesmo ex officio o réu da
instância e abster-‐se de conhecer o mérito.
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PCS – A regra do 535 pressupõe que o réu não conteste, logo o interesse processual tem
de ser averiguado oficiosamente pelo tribunal.
A consequência da litigância desnecessária vai situar-‐se no plano da
responsabilidade processual simples, i.e., a parte que recorre ao sistema de justiça sem
necessidade não pode repercutir na contraparte os custos com que incorreu na ação,
mesmo que ganhe.
Há um pressuposto processual, que é o interesse processual, cuja não verificação
não é a regra geral da absolvição do réu na instância, mas sim o 535º.
.Coligação
O objeto do processo (pedido e causa de pedir) deve obedecer a três princípios,
devendo ser:
-‐ uno/simples;
-‐ determinado;
-‐ presente: deve respeitar, na medida do possível, as circunstâncias que já são
conhecidas.
Contudo, a lei aceita a complexidade do objeto processual porque se traduz
numa maior celeridade no conhecimento de uma pluralidade de objetos. É o caso do
litisconsórcio e da coligação. Qual a diferença entre as duas figuras?
Há litisconsórcio quando há pluralidade de partes e unidade quanto a um certo
ponto; há coligação quando há pluralidade de partes e pluralidade quanto ao mesmo
ponto.
QUAL PONTO?
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O problema será sempre pouco menos que insolúvel numa ordem jurídica cujaa
lei processual utiliza dois critérios diferentes, definindo litisconsórcio pela unidade de
RELAÇÃO MATERIAL CONTROVERTIDA e a coligação pela pluralidade de PEDIDOS.
FIGURA CHAVE -‐> PEDIDO (pluralidade objetiva).
DP – A diferença está na natureza do pedido. No litisconsórcio tenho um ou mais
pedidos derivados da causa de pedir; independentemente da sua forma, são
substancialmente idênticos. Já na coligação, tenho dois pedidos substancialmente
diferentes.
Qual o critério da diferença substancial? – 296º: utilidade económica imediata
do pedido PERGUNTAR?
.Requisitos
i)NÃO EXCLUSÃO LEGAL (MTS)
ii)CONEXÃO OBJETIVA (36º)
Tem de haver uma relação de prejudicialidade entre os dois pedidos, ou seja,
“um pedido é dependente do outro quando, para ele ser julgado procedente, é
indispensável que o seja o pedido principal”. (36/1 in fine)
Tipos de conexão objetiva que, sendo os pedidos compatíveis, tornam admissível
a coligação (36/1 e 2):
-‐ mesma causa de pedir (EX: o mesmo contrato ou a mesma deliberação social);
-‐ relação de dependência entre os pedidos (EX: anulação do negócio de
transmissão/nulidade da transmissão subsequente; validade de negócio
incumprido/cumprimento da obrigação de garantia);
-‐ identidade de factos essenciais integradores das causas de pedir (EX: colisões
de veículos em cadeia);
-‐ mesmas normas legais ou cláusulas contratuais aplicáveis (EX: várias vendas de
bens defeituosos; idêntica cláusula dum contrato-‐tipo).
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Caso não esteja preenchido este requisito -‐> 577/d) (excecão dilatória de
conhecimento oficioso – 578. Leva à absolvição do réu na instância (278). Contudo, esta
exceção é suprível nos termos do artigo 38º -‐ o juiz pede ao autor para escolher qual dos
pedidos pretende ver apreciado no processo (PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO).
iii)COMPATIBILIDADE SUBSTANTIVA
RM + MTS – aplicação analógica do artigo 555º
PCS – Aplicação do artigo 186º.
N.º 1) Falta de compatibilidade substantiva implica a nulidade de todo o processo. A
nulidade de todo o processo é uma exceção dilatória nominada (577/b)).
N.º 2/c) incompatibilidade substantiva: deduzem-‐se dois pedidos que não podem
proceder em simultâneo por serem substancialmente incompatíveis entre si.
Os pedidos são efeitos jurídicos. Há incompatibilidade substantiva quando quero
provocar dois efeitos incompatíveis (EX: pedir nulidade do contrato e pedir
cumprimento desse mesmo contrato).
Este pressuposto processual é sanável por aplicação analógica do artigo 38º.
iv)COMPATIBILIDADE PROCESSUAL (37º)
Resulta de dois fatores: -‐ competência absoluta do tribunal
-‐ adequação da mesma forma de processo, ou de uma
forma diferente, unicamente em razão do valor
A coligação não é admissível quando se verifique algum dos seguintes requisitos
negativos (37º).
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A partir de agora tenho de verificar objeto a objeto. Tenho de saber qual é o
tribunal absolutamente competente para cada um dos objetos. Poderá ser necessário
estender a competência relativa para se estender a competência do objeto mas isso não
é problema porque são disponíveis As absolutas têm de ser iguais. O que pode acontecer
é que havendo disparidade entre as relativas se estenda a competência de um tribunal
para que aprecie um objeto para o qual não tem competência relativa.
Se o tribunal não poder conhecer da coligação for falta de compatibilidade
processual, o réu, ou os réus, tendem a ser absolvidos da instância relativamente a
ambos os pedidos. Se o tribunal for absolutamente competente para uma das ações e
não para a outra, deve conhecer a ação para a qual é competente.
.Cumulação (553 a 555)
A cumulação é a dedução de vários pedidos contra a mesma parte.
Simples: pedidos com pretensão de satisfação total
e simultânea;
Alternativa: satisfação de um dos pedidos;
Subsidiária: o tribunal aprecia o segundo pedido na
medida da improcedência do primeiro.
Os efeitos respeitantes a cada um dos pedidos devem ser diferentes não só
juridicamente, mas também economicamente – 296/2: cumulando-‐se na ação vários
pedidos, o seu valor é a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles, o que
pressupões que cada um dos pedidos representa uma diferente utilidade económica. Se
assim não suceder, está-‐se perante uma CUMULAÇÃO APARENTE.
.Cumulação simples
PRESSUPOSTOS:
i)COMPATIBILIDADE PROCESSUAL
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O artigo 555º faz uma remissão para o artigo 37º (o mesmo que na coligação).
ii)COMPATIBILIDADE SUBSTANTIVA
555º-‐ concordância prática dos efeitos decorrentes dos objetos cumulados.
A cumulação não é admissível se os efeitos resultantes de um ou de alguns dos
objetos for incompatível com os efeitos provenientes de outro ou outros desses objetos.
Caso a verificação deste pressuposto não se verifique, temos uma ineptidão da
petição inicial (186/2/c)), que constitui uma exceção dilatória nominada, insuprível, de
acordo com MTS, mas, contra, PCS, aplicando analogicamente o artigo 38º.
iii)CONEXÃO OBJETIVA
Não está prevista em termos literais, uma vez que o 555º não remete para o 36º.
Há três posições possíveis:
-‐ POSIÇÃO LITERAL: não existe o pressuposto
-‐ POSIÇÃO DA ANALOGIA: de acordo com Abrantes Geraldes, aplica-‐se o 36º
-‐ POSIÇÃO MTS: o artigo 555 não define, além da compatibilidade processual e
substantiva entre os objetos cumulados, qualquer outro pressuposto da cumulação
simples. Porém, se a conexão objetiva não é exigida, isto não significa que não seja
desejável. A apreciação de pedidos completamente distintos e autónomos implica uma
maior complexidade da instrução, discussão e julgamento da causa. Justifica-‐se, assim,
a aplicação analógica do artigo 37/4 e 5 às hipóteses em que os objetos cumulados não
apresentam entre si qualquer conexão e em que a sua instrução, discussão e julgamento
conjunto possa comprometer a BOA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA.
Diferenças entre a POSIÇÃO DA ANALOGIA e a POSIÇÃO MTS:
1ª) O artigo 36 tem casos muito circunscritos de aplicação. Já o 37/4 e 5 não tem casos
individualizados, logo pode aplicar aos casos do 36 mas também a qualquer outro caso.
Assim, o artigo 37/4 e 5 tem uma aplicação mais ampla;
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2ª) O artigo 36 corresponde à falta de um pressuposto processual: a falta de conexão
objetiva. Já o 37/4 e 5 partem de um cenário em que todos os pressupostos estão
verificados e que o tribunal, por questões de razão processual, entende separar os
pedidos. Parte duma situação de admissibilidade e depois, por razões de
processualidade, o tribunal separa os pedidos;
3ª) O artigo 36 está vinculado à aplicação daqueles efeitos e do artigo 38. Já no 37, o
tribunal não está vinculado a nada. Trata-‐se de um poder discricionário e a possibilidade
de ser sindicado em sede de recurso é mais ou menos impossível.
.Cumulação alternativa (EX paradigmático: obrigações alternativas) 553
PRESSUPOSTOS
i)COMPATIBILIDADE ALTERNATIVA
A cumulação alternativa exige que os pedidos formulados possam ser
apresentados em alternativa. Esta alternatividade substantiva está assegurada no caso
dos direitos alternativos por natureza ou origem (EX: obrigações alternativas).
Este pressuposto já avalia as relações de dependência e conexão do pedido, pelo
que vai afastar a necessidade do pressuposto da conexão objetiva.
ii)COMPATIBILIDADE PROCESSUAL
Apesar de a lei nada referir, a cumulação alternativa deve exigir a
compatibilidade processual entre os objetos alegados – aplica-‐se analogicamente os
pressupostos da cumulação simples 555.
iii)CONEXÃO OBJETIVA – NÃO É PRESSUPOSTO
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A cumulação alternativa não exige qualquer conexão entre os objetos alegados.
A própria relação de alternatividade substantiva dispensa a necessidade de qualquer
outra conexão entre esses objetos. A DINÂMICA DOS PEDIDOS JÁ SE OBSERVA.
.Cumulação subsidiária
IGUAL À CUMULAÇÃO SIMPLES EXCETO: a COMPATIBILIDADE SUBSTANTIVA,
uma vez que não pretendemos que os dois pedidos sejam aferidos em simultâneo.
Primeiro julgamos um pedido; se for improcedente, julgamos o outro.
.Impugnação, exceção e reconvenção
NOTA PARA A CONTESTAÇÃO: JLF: A lei não faz qualquer referência ao controlo formal
externo da contestação pela secretaria. Tratando-‐se de ato a praticar em prazo
perentório, a recusa só é admissível quando seja INEVITÁVEL (EX: processo não
identificado; articulado entregue em tribunal diverso do do processo; articulado não
assinado; articulado não redigido em líguna portuguesa e articulado não apresentado
em papel reulamentar, quando exigido.)
Já MTS, defende a aplicação analógica do artigo 558.
.Impugnação
O réu afirma a falsidade ou inexatidão dos fundamentos essenciais. Assim,
podemos ter:
-‐IMPUGNAÇÃO DIRETA/DE FACTO: quando o réu nega frontalmente os factos,
dizendo que não se verificaram. NÃO BASTA uma impugnação genérica, é necessário
que o tribunal e o autor compreendam os motivos, é necessário que o réu subsstancie
minimamente os motivos da sua posição contrária (CONSEQUÊNCIA: 574/2 VS convite
do tribunal ao réu a detalhar a posição);
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-‐IMPUGNAÇÃO INDIRETA/DE DIREITO: i) quando o réu, confessando ou
admitindo parte dos factos alegados como causa de pedir, afirma, por sua vez, factos
cuja existência é incompatível com a realidade de outros também alegados pelo autor
no âmbito da mesma causa de pedir, que assim desvirtua; ii) quando alega factos
instrumentais (5/2/a)) probatórios incompatíveis com factos alegados, como causa de
pedir, pelo autor; iii) quando com estes é incompatível o conjunto de factos alegados
pelo réu ou a negação, pelo réu, de um dos factos alegados pelo autor, do qual os
restantes dependem.
A impugnação repousa normalmente numa certeza: o réu afirma que o facto
alegado pelo autor não se verificou ou que se verificou outro facto com ele incompatível
(DECLARAÇÕES DE CIÊNCIA). Mas pode acontecer que o réu esteja em dúvida sobre a
realidade de determinado facto e, neste caso, a expressão dessa dúvida é suficiente para
constituir impugnação se não se tratar de FACTO PESSOAL OU DE QUE O RÉU DEVA TER
CONHECIMENTO, valendo como admissão no caso contrário (574/3).
FACTO PESSOAL OU DE QUE O RÉU DEVA TER CONHECIMENTO
Atos praticados pelo réu ou com a sua intervenção;
Factos ocorridos na sua presença;
Conhecimento de factos ocorridos na sua ausência.
CONSEQUÊNCIA DA NÃO IMPUGNAÇÃO: considera-‐se o facto admitido, produzindo-‐se,
quanto a ele, um efeito cominatório idêntico àquele que, em caso de revelia, se produz
quanto à generalidade dos factos alegados na petição inicial. A citação constitui o réu,
não só no ónus de contestar, mas também no ónus de imugnar (574, com exceções ao
efeito cominatório semipleno).
.Exceção
Subjaz a ideia de defesa indireta, que, sem pôr em causa a realidade dos factos
alegados como causa de pedir nem o efeito jurídico que o autor deles pretende extrair,
consiste na alegação de factos novos dos quais o réu entende que se retira que o tribunal
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em que a ação foi proposta não poderá declarar o efeito pretendido: ou porque factos
impedem que esse tribunal aprecie o pedido formulado pelo autor (EXCEÇÃO
DILATÓRIA) ou porque levam o tribunal, ao apreciá-‐lo, a julgá-‐lo improcedente
(EXCEÇÃO PERENTÓRIA).
.Exceção dilatória
Para que o tribunal se possa ocupar do mérito da causa, é necessário que se
verifiquem determinadas condições – PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS – e que, quando
algum deles não se verifica, ocorre uma EXCEÇÃO DILATÓRIA. Se a falta do pressuposto
não for sanada (6/2 e 278/2), o juiz deverá proferir uma sentença de absolvição do réu
da instância (278/1 e 576/2). A exceção dilatória é, em regra, de conhecimento oficioso
(578). 577 apresenta um elenco não taxativo de exceções dilatórias.
.Exceção perentória
576/3 – constitui exceção perentória a invocação de factos impeditivos, modificativos
ou extintivos do efeito jurídico dos factos articulados como causa de pedir pelo autor.
A exceção perentória vai buscar o seu fundamento ao direito material – a
procedência da exceção perentória leva à absolvição do pedido (571/2 in fine)
FACTOS MODIFICATIVOS: de ocorrência posterior ao momento da constituição do
direito.
Os seus efeitos podem produzir-‐se:
-‐no OBJETO do direito: EX: alteração contratual do conteúdo duma obrigação,
prescrição, incêndio que, sem culpa do depositário, destrói a coisa depositada em parte
ou totalmente;
-‐no plano da sua OPONIBILIDADE: EX: 291 cc
-‐no plano da POSSIBILIDADE DO SEU EXERCÍCIO: EX: a não realização ou oferta
da contraprestação, num contrato sinalagmático, modifica a possibilidade de exercício
do direito de crédito.
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FACTOS EXTINTIVOS: de ocorrência posterior ao momento da constituição do direito.
São exemplos o decurso do prazo do usufruto ou o pagamento da obrigação.
FACTOS IMPEDITIVOS: contemporâneo do facto constitutivo. Inibe ab initio os efeitos
do facto constitutivo (ainda que com retroatividade).
.Reconvenção (ALTERAÇÃO DO OBJETO PELO LADO PASSIVO)
O articulado contestação serve também para o réu deduzir pedidos contra o
autor, em exercício (facultativo) do direito de ação e em ampliação do objeto do
processo (266/1). Denomina-‐se reconvenção o pedido assim deduzido pelo réu, que
toma a designação de RECONVINTE, enquanto o autor da ação é nela RECONVINDO.
REQUISITOS:
-‐CONEXÃO COM O PEDIDO DO AUTOR (266/2): a exceção perentória circuncreve-‐se no
âmbito do pedido, que não extravasa, mantendo por si o objeto do processo
inicialmente definido; mas os factos em que ela se funde podem fundar a reconvenção
(266/2/a)) e o réu está simultaneamente a excecionar e a reconvir.
-‐COMPATIBILIDADE PROCESSUAL (266/3): não se podem verificar os requisitos
negativos da norma.
-‐COMPATIBILIDADE PROCEDIMENTAL (os mesmos requisitos da PI).
REQUISITOS DOUTRINÁRIOS: -‐ não exclusão legal
-‐ compatibilidade substantiva (PERGUNTAR)
PROBLEMA DA COMPENSAÇÃO: JLF – O 266 só blinda a qualificação da compensação
para efeitos da contestação, pelo que noutros articulados, a qualificação blindada na
reconvenção é flexível.
.264 E 265 (ALTERAÇÃO DO OBJETO PELO LADO ATIVO)
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Estas normas, assim como a reconvenção, são as situações de modificação
OBJETIVA do OBJETO.
264 (alteração por acordo): EXCEÇÃO – perturbação inconveniente da instrução,
discussão e julgamento da causa.
Da inconveniente perturbação da instrução, discussão e julgamento da causa
trata também o artigo 37/4, ao conceder ao juiz, no caso de “inconveniente grave”, o
poder de determinar o processamento separado de vários pedidos deduzidos em
coligação. Em ambos os casos, o tipo de consideração que levará a negar eficácia à
vontade das partes na conformação do objeto do processo é o mesmo, bastando que a
perturbação produzida se verifique em qualquer das fases indicadas e sendo que a
perturbação na instrução ou discussão da causa não deixará de se refletir, para que
possa ser tida por inconveniente, no subsequente julgamento. O PODER DO JUIZ NÃO É
DISCRICIONÁRIO.
265 (alteração na falta de acordo): Só é possível por via de confissão feita pelo réu (ou
autor reconvindo) e aceite pelo autor (ou réu reconvinte). Não se trata, rigorosamente,
de aceitar a confissão, que é sempre uma declaração unilateral de quem a faz (352 CC),
mas de aceitar a modificação da causa de pedir resultante da introdução no processo
dos novos factos que dela são objeto.
nº2) A ampliação do pedido pelo autor é admitida até ao encerramento da
discussão da matéria de facto em 1ª instância, mas só se a ampliação for
desenvolvimento ou consequência do pedido primitivo.
nº5) Admite até ao mesmo momento a alteração do pedido nas ações de
indemnização fundadas em responsabilidade civil, quando, tendo pedido inicialmente a
condenação do réu em quantia certa, o autor pretenda posteriormente obter a
condenação em renda vitalícia ou temporária (nos termos do 567/1 CC).
nº6) Permite a modificação simultânea do pedido e da causa de pedir. LIMITE:
convalação para a relação jurídica diversa da controvertida.
nº7) RAMOS DE FARIA/LUÍSA LOUREIRO dizem que o juiz pode, ao abrigo do
poder de adequação formal, admitir a alteração do pedido e da causa de pedir para além
dos limites fixados no 264 e 265. Para tanto bastará que tal revele ser a solução mais
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adequada, desde que sejam respeitados os princípios do contraditório e da igualdade
de armas.
JLF: Não é duvidoso que a concessão ao juiz desse poder representaria a solução
mais sensata e mais conforme com o princípio da economia processual. Mas,
rigorosamente, esse poder não cabe no âmbito da adequação formal nem, mais
latamente, no da gestão processual, que permanece formal: o juiz pode aumentar o
número dos articulados do processo quando tal seja, por exemplo, conveniente para
uma melhor e mais oportuna discussão das exceções, mas não para extravasar o objeto
do processo, que é definido pelas partes nos termos que a lei admite.
MODO DE ALTERAÇÃO: Por requerimento, pois a réplica não pode ser (uma vez que o
seu objeto é a reconvenção) nem o 3º/4, uma vez que serve apenas para responder a
exceções.
.Modificação subjetiva do OBJETO (intervenção de tereiros) voltar pág29
.Composição da ação
.Providências cautelares
procedimento sumário (summaria cognitio): aquele que pela necessidade das próprias
coisas, é o único compatível com reações que requerem intervenções urgentes, ou seja,
com reações judiciais que têm de acontecer de forma rápida (365).
Se eu preciso daquilo tudo que está no processo comum para ter uma decisão
com a potencialidade de formar caso julgado, eu só posso explicar processos mais
sumários que este se forem justificadas através da urgência. Tenho de pagar uma
CONTRAPARTIDA. Se o processo tem de ser mais curto por razões de urgência, a decisão
não pode ser igual à que formo no processo comum. A decisão não forma caso julgado.
E porque? Porque tipicamente, a prova que se faz é uma prova que não leva a uma
instrução tão abrangente da causa.
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O grau de convicção que o juiz tem de ter quando profere a decisão de mérito
favorável ao autor é o grau de certeza. O grau de convicção que se exige ao juiz num
processo que é urgente não pode ser o mesmo. O que se exige é a probabilidade quanto
à existência das posições afirmadas pelo requerente da providência.
PRESSUPOSTOS: -‐gerais (os de sempre)
-‐específicos.
Pressupostos específicos
i)fumus boni iuris: demonstrar a existência provável séria do direito (facto
indiciariamente provados);
ii)periculum in mora: demonstrar a probabilidade séria da ameaça que impende sobre o
direito. Probabilidade de esvaziamento do conteúdo do direito;
iii)proporcionalidade/adequação: exercício comparativo com os benefícios que procuro
com a providência cautelar e os prejuízos que provoco;
iv)tipicidade das providências cautelares especificadas: para acautelar um direito,
primeiro tenho de ver se há providências especificadas e SÓ NÃO HAVENDO é que vou
para as providências não especificadas;
v)interesse processual: necessidade de tutela e adequação do meio.
Características
i)provisoriedade/instrumentalidade: a providência cautelar depende sempre da
existência de uma ação definitiva. Não apresentando uma ação, ou não estando uma
ação pendente, a providência cautelar caduca.
ii)urgência
iii)364/4: efeitos
-‐ a providência cautelar e a ação definitiva são autónomas – processos
diferentes, julgados por juízes diferentes (exceto quando a providência cautelar é
intentada na pendência da ação definitiva);
-‐ a sentença da providência cautelar produz sempre efeitos de caso julgado:
EFEITO FORMAL – impede outra providência cautelar e impede que a decisão seja
sindicada por outro tribunal que não seja, em termos hierárquicos, superior; EFEITO
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MATERIAL – o facto dos factos indiciariamente provados na providência cautelar não
implica que sejam necessariamente provados na ação definitiva (364/44), logo, não há
efeito material do caso julgado.
Relação entre providências cautelares nominadas/especificadas e inominadas/não
especificadas
É uma relação de subsidiariedade – 362/3 (primeiro recorre-‐se às providências
cautelares especificadas) e 376/1 (aplicação subsidiária das disposições das providências
cautelares especificadas).
Os requisitos das providências cautelares especificadas são os que estão no
capítulo II + os requisitos das providências cautelares não especificadas, COM EXCEÇÃO
da proporcionalidade e da inversão do contencioso no casos do 376/4.
Princípio do contraditório
Aquelas que dizem Não havendo norma legal
expressamente não haver específica que afaste o
audiência prévia, não se contraditório, então
aplicando o 366 (ex: 378 e aplica-‐se o 366.
393).
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Inversão do contencioso
RATIO: transformar a tutela provisória de uma sentença de um procedimento cautelar
em definitiva.
369/1 – para que o requerente seja dispensado do ónus de propor a ação principal, terão
de estar verificados dois pressupostos cumulativos:
-‐ que a matéria adquirida no procedimento permita ao juiz formar convicção
segura acerca da existência do direito acautelado: não basta a prova sumária do direito
acautelado – a inversão pressupõe uma prova stricto sensu do direito que se pretende
cautelar (MTS – o que conta é que o juiz forme convicção segura do direito que a
providência se destina a acautelar, não a convicção segura da procedência da
providência decretada);
-‐ que a natureza da providência decretada seja adequada a realizar a composição
definitiva do litígio: justifica-‐se a imposição deste pressuposto, uma vez que, tendo sido
decretada a inversão e não tendo o requerido proposto a ação principal, a tutela
cautelar tornar-‐se-‐á definitiva. Relativamente às providências especificadas, é a própria
lei que determina quais aquelas onde pode ser requerida a inversão (376/4). A inversão
do contencioso só é, assim, admissível se a tutela cautelar puder substituir a definitiva
e, tendo em conta o elenco do 376, só é admissível a inversão se a providência cautelar
requerida não tiver um sentido manifestamente conservatório.
São quatro as providências especificadas suscetíveis de inversão:
-‐restituição provisória da posse;
-‐suspensão de deliberações sociais;
-‐alimentos provisórios;
-‐embargo de obra nova.
CONSEQUÊNCIAS DA INVERSÃO:
-‐o requerente fica dispensado de intentar a ação definitiva;
-‐a sentença fica com efeito material e formal de caso julgado;
-‐o ónus de impugnação da decisão passa para o requerido;
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-‐interrupção do prazo de caducidade (369/3)
MEIOS DE DEFESA DO REQUERIDO
.SEM CONTRADITÓRIO
369/2 – querendo o requerido opor-‐se à inversão do contencioso apenas poderá faze-‐
lo em conjunto com a oposição à providência decretada.
372/1 – quando tenha sido diispensada a audição prévia do requerido, a oposição
deverá ser deduzida no prazo de 10 dias contados da data de notificação da decisão.
A LEI PERMITE QUE SE INVERTA O CONTENCIOSO SEM AUDIÇÃO PRÉVIA DO
REQUERIDO.
.COM CONTRADITÓRIO
Existindo contraditório prévio ao decretamento da providência, o requerido, que
já teve oportunidade de apresentar articulado de contestação e apresentar os seus
meios probatórios, terá oportunidade de se pronunciar sobre a inversão do contenioso,
ao abrigo do princípio do contraditório – art 3/3. Por força do mesmo princípio, deverá
ser permitido ao requerido apresentar novos meios de prova em sede de oposição à
inversão do contencioso.
QUALIFICAÇÃO DA AÇÃO DEFINITIVA:
-‐constitutiva – ónus da prova autor – PCS
-‐apreciação negativa – ónus da prova réu – Lopes do Rego.
.Negócios processuais
São os negócios jurídicos que produzem diretamente efeitos processuais.
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Podem ser PREPARATÓRIOS – concluídos antes da propositura da ação (ex: pacto
de jurisdição) – ou INTERLOCUTÓRIOS – realizados durante a pendência de uma causa.
Alguns dos negócios interlocutórios destinam-‐se a conformar a decisão do
processo: desistência do pedido, desistência da instância, confissão (negócios
unilaterais) e transação (contrato). Estes exemplos podem ser objeto de um contrato-‐
promessa, que caso não seja cumprido, estarão sujeitos ao 830 (MTS).
Ao dizer que o negócio é processual, dizemos que é um negócio jurídico mas
também é processual. O regime do negócio jurídico vai ter de ser adaptado, devido à
particularidade da qualificação “processual”.
.Negócios compositivos da ação
Aqui, a instância extingue-‐se por ato judicial condicionado à regulação de
interesses do negócio processual de autocomposição.
O procedimento nunca se extingue por vontade das partes, mas sim por ato do
juiz, logo, o negócio processual determina/molda a decisão. São as partes que dizem ao
juiz qual o conteúdo que a decisão vai ter.
REQUISITOS GERAIS
Como negócios processuais, deveriam ser exigidos os normais pressupostos dos
atos processuais (legitimidade, etc). Mas como se pode concluir especialmente da
invalidade substantiva (290/5 e 291/1 e 3), esses pressupostos só têm autonomia
quando não sejam consumidos pelos requisitos gerais dos atos jurídicos.
Como negócios jurídicos, exigem os requisitos gerais de qualquer negócio
jurídico.
LEGITIMIDADE: 288 (situações de litisconsórcio) – nº 1) nos casos de litisconsórcio
voluntário, é livre a confissão, desistência e transação por cada um dos litisconsortes,
quando limitada ao interesse de cada um deles. Já no nº 2) exclui a confissão, desistência
ou transação proveniente ou celebrada por um único dos litisconsortes necessários.
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No entanto, para MTS, a admissibilidade destes negócios procesuais não pode
depender da origem voluntária ou necessária do litisconsórcio. O artigo 288/1 não se
pode referir a qualquer litisconsórcio voluntário, mas somente àquele em que cada um
dos litisconsortes possui um interesse autonomizável àquele perante o interesse dos
outros litisconsortes, pelo que ele deve ser entendido como referindo-‐se realmente ao
litisconsórcio simples (i.e., não unitário).
Também nem todo o litisconsórcio necessário obsta à participação de um único
dos litisconsortes na confissão, desistência ou transação, pelo que o 288/2 não se refere
a todo litisconsórcio necessário, mas tão-‐somente àquele que, além de necessário, é
unitário.
DISPONIBILIDADE: 289/1 – a confissão, desistência do pedido e transação não são
admissíveis relativamente a situações indisponíveis, i.e., a situações que não podem ser
constituídas, modificadas ou extintas por vontade das partes. Como a desistência da
instância não produz nenhum desses efeitos sobre o objeto do processo, a
indisponibilidade deste objeto nunca a exclui.
A indisponibilidade pode ser ABSOLUTA – se a situação não admite nenhum
desses negócios processuais (ex: ações de investigação da paternidade) – ou RELATIVA
– se for admissível algum ou alguns desses negócios (ex: divórcio – não é admissível a
confissão do pedido e a transação, mas o autor pode desistir do pedido.
FORMA: 290/1 – A desistência, confissão e transação podem fazer-‐se por termo no
processo ou, segundo as exigências de forma da lei substantiva, por documento
autêntico ou particular; quanto à transação extrajudicial. O documento autêntico só é
exigido quando dela possa derivar algum efeito para o qual seja requerida a escritura
pública (1250 CC).
Lavrado o respetivo termo ou junto o documento, o tribunal examina se,
considerando o objeto e as partes do negócio, a desistência, a confissão ou a transação
é válida (290/3). Sendo, o tribunal homologa o negócio processual e condena/absolve
nos termos estipulados pelas partes.
Com o trânsito em julgado da sentença homologatória, a desistência, a confissão
e a transação ficam cobertas pela força de caso julgado dessa decisão. Mas este trânsito
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não obsta à admissibilidade da ação destinada à declaração de nulidade ou à anulação
de qualquer desses negócio (291/2).
.Desistência da instância
Declaração expressa do autor de que quer renunciar à ação proposta, sem
simultaneamente renunciar ao direito que através dela pretendeu fazer valer. Esta
desistência não marca qualquer posição do autor quanto à situação jurídica por ele
alegada em juízo, pois que apenas significa que essa parte desiste de procurar tutelar
essa situação no processo pendente. Assim, a desistência da instância não pode referir-‐
se a uma fração do objeto da ação: não é possível desistir da instância quanto, p. ex., a
uma parte do montante da indemnização requerida.
É uma manifestação do princípio do dispositivo na vertente da disponibilidade
da tutela jurisdicional, constituindo o inverso do ato de proposição da ação.
.Desistência do pedido
Reconhecimento unilateral do autor de que a pretensão que formulara, ou parte
dela, é infundada. Pode, assim, ser total ou parcial.
Como se distingue da desistência do pedido? 236 CC (regras da interpretação do
negócio jurídico) e, sendo inconcludentes, o tribunal deve pedir esclarecimentos.
.Confissão do pedido
Reconhecimento unilateral do réu de que a pretensão formulada pelo autor, ou
parte dela, é bem-‐fundada. Assim, pode ser total ou parcial.
.Transação (que acontece em incumprimento?)
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Acordo bilateral entre as partes sobre concessões recíprocas, com a finalidade
de porem termo ao litígio (1248/1 CC). Pode ser PREVENTIVA/EXTRAJUDICIAL – quando
as partes previnem um litígio futuro (não há qualquer ação pendente) – ou JUDICIAL –
quando as partes termina um litígio (põem termo a um processo pendente).
Pode, também, ser QUANTITATIVA – as concessões recíprocas das partes
traduzem-‐se numa modificação do quantum do objeto da causa (ex: o réu admite pagar
uma parte da quantia pretendida pelo autor e este desiste de obter a condenação do
réu quanto à sua totalidade) – e NOVATÓRIA – as concessões mútuas entre as partes
implicam uma constituição, modificação ou extinção de direito diversos do objeto do
itígio (ex: numa ação de reivindicação com base na propriedade de um imóvel, as partes
podem celebrar uma transação em que o autor reconhece o usufruto do réu sobre o
imóvel e o réu aceita a respetica nua propriedade do autor sobre o mesmo bem.
.Revelia
Significa, antes de mais, NÃO CONTESTAÇÃO. Mas a não contestação só é de ter-‐se como
revelia quando se apresente como atitude DEFINITIVA.
MODALIDADES:
-‐ABSOLUTA: o réu não pratica qualquer ato na ação pendente. 566 – verificação de
formalidade. 567/2 a contrario – não há constituição de mandatário, logo o réu não
pode apresentar alegação de direito;
-‐RELATIVA: o réu, não contestando, pratica em juízo qualquer outro ato processual (ex:
constituição de mandatário judicial). 567/2 – pode o réu apresentar alegação de direito;
-‐OPERANTE: produz efeitos quanto à composição da ação (efeito cominatório semipleno
– ficta confessio: consideram-‐se confessados os factos articulados pelo autor) – 567/1
-‐INOPERANTE: 568 – não se verifica o efeito cominatório semipleno
568º
a) Sendo vários os réus, a contestação de um aproveita aos restantes, quanto aos
factos que o contestante impugnar. Aplica-‐se em qualquer situação de
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pluralidade de réus MAS limita a sua eficácia aos factos de interesse para o réu
contestante e para o réu revel (como se sabe que factos são?)
b) A cominação não joga quando o réu, ou algum dos réus revéis, é incapaz,
situando-‐se a causa no âmbito da incapacidade. Não se aplica aos casos em que
o objeto do litígio respeita a uma zona de capacidade do incapaz; A cominação
não joga tão-‐pouco quando o réu, ou algum dos réus revéis, tiver sido citado
editalmente e não tenha constituído mandatário nem intervindo de outro modo
no processo, no prazo da contestação
c) O efeito probatório da admissão, tendo na sua base a ideia de que, na
generalidade dos casos, à manifestação de desiteresse em impugnar uma
afirmação corresponde a verdade desta, não pode deixar de circunscrever os
seus efeitos na esfera do direito disponível. Quando, ao invés, a pretensão do
autor respeite a situações jurídicas ou interesses indisponíveis, a omissão de
contestar não produz qualquer efeito, pois isso significaria que, com o seu
silêncio, a parte estaria atingindo um resultado que, através dum negócio
jurídico, não poderia atingir
d) Quando seja exigido documento escrito como forma ou para a prova dum
negócio jurídico, esse documento não é dispensável, pelo que o silêncio da parte
não se lhe pode sobrepor.
Ainda se aplica analogicamente o 574/2
.Sentença
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.Prova
O objeto da prova são FACTOS. A prova tem como objetivo a demonstração da
realidade dos factos. O que interessa é a realidade porque esta é um juízo conclusivo
que se estabelece entre aquilo que acontece e aquilo que se afirma ter acontecido.
Em processo, quem nos relata uma história está sempre a reconstruí-‐la. O processo
é sempre uma representação da realidade – a realidade não está no processo; os factos
não estão no processo. O juiz só toma conhecimento dos factos porque os mesmos lhe
são relatados. O PROCESSO É UMA REALIDADE REPRESENTATIVA DE UMA REALIDADE
REPRESENTADA. Logo, ao processo vai interessar a realidade estabelecida de acordo
com a prova que foi produzida num determinado processo – isto não é a verdade. A
verdade é a coerência entre aquilo que se disse e aquilo que se aceita que tenha
acontecido.
PROVA ENQUANTO MEIO
Fonte de prova (perspetiva estática)
Fator probatório (perspetiva
-‐fonte de prova pessoal: são as partes e
dinâmica do ato de produção)
as testemunhas, enquanto
A fonte de prova de nada servirá se
conhecedoras de factos relevantes para
não revelar os factos relevantes
o processo;
para o processo. Neste ato de
-‐fonte de prova real: são os documentos
revelação, o meio de prova torna-‐se
(362º CC) – que se encontram registados
fator probatório.
– e os monumentos – coisas portadoras
No caso da prova real ou pessoal
de indícios naturais do facto relevante
indiciária, o contacto com a fonte
(ex: vidro com impressão digital).
probatória (passiva) revela, ainda
-‐fonte de prova representativa: o facto a
que só após descodificação/análise,
provar está registado, representado ou
o conteúdo do seu registo ou
reproduzido;
indícios de que é portadora.
-‐fonte de prova indiciária: permitem
A produção de prova pessoal
extração de ilações sobre a ocorrência
representativa, exige atitude ativa –
desse facto a partir de indícios de que
depoimento (fator probatório).
são naturalmente portadoras.
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A PROVA COMO RESULTADO
A produção dos meios de prova no processo visa demonstrar a realidade dos factos
alegados pelas partes – esse resultado probatório pode ainda ser denominado como
PROVA.
Assim, quando se diz que o autor detém importantes provas dos factos que alegou
ou que a prova por testemunhas está tendo lugar, está-‐se usando o termo no sentido
de meio de prova (no primeiro caso, como fonte; no segundo, como fator); mas quando
se diz que o autor conseguiu provar, ou que o juiz deu como provado determinado facto,
está-‐se reportando o termo ao resultado probatório alcançado.
Como se disse, os factos são o objeto da prova; do seu objeto são excluídos os
conceitos de direito.
O que são os temas de prova? São quadros de referência, dentro dos quais há que
recorrer aos factos alegados pelas partes. São os factos controvertidos, que se opõem
aos factos assentes (não controvertidos, pois não foram impugnados). Esses factos são,
em primeira linha, os factos principais da causa. Mas, com os factos instrumentais se
constitundo a via a seguir, de acordo com as regras da experiência, para atingir a prova
dos factos principais, também eles são objeto da prova.
.Ónus da prova subjetivo
Refere-‐se à determinação da parte onerada com a prova do facto, isto é, à
repartição do ónus da prova pelas partes da ação.
O autor, o réu reconvinte e aquele contra quem é proposta ação de simples
apreciação negativa, têm o ónus de alegar os factos constitutivos da sua situação
jurídica; ao passo que o réu, bem como o autor reconvindo e o que move ação de simples
apreciação negativa, têm o ónus de alegar os factos impeditivos, modificativos ou
extintivos dessa situação jurídica.
Em princípio, quem tem o ónus de alegar, tem também o ónus de provar os
factos que do primeiro são objeto (342/1 e 2 CC + 343/1 CC).
EXCEÇÕES: -‐ 344/1 e 2
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-‐ 345/1
Em nenhum destes casos a inversão do ónus da prova dispensa o ónus de alegação, que
se mantem.
342/3 – em caso de dúvida, os factos devem ser considerados como constitutivos do
direito, ou seja, o facto deve ser qualificado como constitutivo quando houver dúvidas
sobre se é de exigir a sua prova (como facto constitutivo) àquele que alega o
correspondente direito ou (como facto impeditivo, modificativo ou extintivo) àquele
contra o qual o direito é invocado.
.Ónus da prova objetivo
Respeita às consequências da não realização da prova, isto é, da falta de
convicção do tribunal sobre a realidade de um facto. A esta situação de dúvida chama-‐
se non liquet (não líquido).
A dúvida insanável sobre um facto pode verificar-‐se tanto em processos nos
quais vigora o princípio da disponibilidade das partes sobre o objeto do processo, como
em processos submetidos à inquisitoriedade do tribunal. Mesmo que seja concedido ao
tribunal o poder de investigar os factos relevantes para a decisão da causa, podem surgir
dúvidas irredutíveis sobre a realidade desses factos, que devem ser superadas através
das regras do ónus da prova objetivo.
A importância destas regras decorre da circunstância de a situação de dúvida
insanável sobre a realidade dos factos não isentar o tribunal do dever do proferimento
duma decisao. Assim, atendendo a este dever de administração da justiça mesmo numa
hipótese de non liquet, há que determinar o conteúdo da decisão sobre o facto: essa é
a função das regras relativas ao ónus da prova objetivo.
Estas regras não permitem solucionar as situações de non liquet, mas definem
qual a decisão que o tribunal deve tomar apesar da dúvida sobre a realidade do facto.
Elas são REGRAS DE DECISÃO, com o seguinte enunciado (414): perante a dúvida
irredutível sobre a realidade do facto que é pressuposto da aplicação de uma norma
jurídica, o tribunal decide como se estivesse provado o facto contrário.
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O funcionamento do ónus da prova objetivo IMPLICA UMA FICÇÃO JURÍDICA
perante a falta de prova do facto, o tribunal ficciona que se encontra provado o facto
contrário e toma-‐o como fundamento da sua decisão.
.Modalidades
PROVA CONSTITUENDA – vai ser constituída no processo (ex: perícia)
PROVA PRÉ-‐CONSTITUÍDA – pré-‐existe ao processo
PROVA STRICTO SENSU – grau de certeza do juiz
PROVA SUMÁRIA – grau de séria probabilidade
INÍCIO DE PROVA – indício de prova (um facto por si só não basta)
.Valor dos meios de prova
PROVA LEGAL
No sistema de prova lega, o valor da prova realizada através de um dos meios de prova
está legalmente prefixado – o tribunal está vinculado a atribuir a essa prova o respetivo
valor legal. A lei predetermina o valor da prova produzida por um certo meio de prova
+ quando a lei impõe que o tribunal atribua à prova realizada um determinado
valor;
-‐ quando a lei proíbe a atribuição de qualquer valor à prova produzida.
PROVA BASTANTE: a impugnação da prova é conseguida através da contraprova, a qual
consiste na colocação em dúvida da veracidade do facto (346 CC), i.i., na criação no
espírito do julgador de dúvidas sobre esta veracidade.
PROVA PLENA: a impugnação da prova realizada só pode ser obtida mediante a prova
do contrário, i.e., através da demonstração da não veracidade do facto (347 CC).
PROVA PLENÍSSIMA: não é admitida nem a contraprova, nem a prova do contrário. Na
prova pleníssima integram-‐se as presunções inilidíveis.
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PROVA LIVRE
No sistema de prova livre, o valor a conceder à prova realizada através dos meios de
prova não está legalmente prefixado, antes depende da convicção que o julgador formar
sobre a atividade probatória da parte (607). A lei não predetermina o valor da prova
produzida através de um certo meio de prova, incumbindo ao tribunnal formar a sua
convicção sobre a prova produzida.
.Modificação subjetiva do OBJETO (intervenção de tereiros)
Intervenção principal: pretende-‐se que os terceiros assumam a mesma posição que as
partes primitivas;
Intervenção acessória: pretende-‐se que o terceiro vá assistir na ação ou defesa. Tem um
estatuto inferior ao das partes;
Oposição: o terceiro vem à ação tomar uma posição divergente de ambas as partes.
.Intervenção principal
Pode ser espontânea – o terceiro voluntariamente intervém no processo (311º)
– e provocada – uma das partes primitivas chama o terceiro ao processo (316º).
.Legitimidade
311º -‐ apenas litisconsórcio (remissão para 32, 33 e 34)
316º -‐ nº1) litisconsórcio necessário
nº 2) litisconsórcio voluntário e coligação sucessiva subsidiária
nº 3) litisconsórcio necessário ou voluntário
Só posso formar litisconsórcio sucessivo – 311º.
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.Oportunidade
314 (espontânea)
316 (provocada)
261 – transito em julgado da sentença que julga a ilegitimidade.
.Estatuto
312 e 320.
NOTA EXTRA: artigo 39 (pluralidade subjetiva subsidiária)
Exige a norma a alegação de dúvida fundamentada sobre o sujeito da relação
controvertida. Esta dúvida pode respeitar o lado passivo da pretensão, caso em que
temos um litisconsórcio subsidiário passivo (“contra réu diverso”).
Mas também pode ocorrer dúvida quanto ao lado ativo da pretensão, caso em
que temos um litisconsórcio subsidiário ativo (“por autor”).
Por outro lado, este litisconsórcio subsidiário é-‐o num sentido amplo do termo,
pois pode traduzir-‐se em situações de litisconsórcio stricto sensu, bem como em
situações de coligação. (“dedução subsidiária do mesmo pedido” – litisconsórcio;
“dedução de pedido subsidiário” – coligação). É certo que a ocorrência de casos de
coligação subsidiária será difícil, nela se exigindo que seja formulado contra um réu um
pedido principal e contra outro réu um pedido subsidiário. Isto é, enquanto no
litisconsórcio subsidiário em sentido estrito a subsidiariedade se dá entre as partes, na
coligação subsidiária a subsidiariedade tem de se dar entre os pedidos, porque é
pressuposto da coligação a diferenciação de pedidos, i.e., a dedução de pedidos
diversos. Por outro lado, não nos podemos esquecer que, tratando-‐se de coligação, esta
exige em acréscimo a presença dos vários requisitos da coligação.
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