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GUARDIÕES
DA FÉ
Colin D. Standish
Presidente
do Instituto Hartland.

Russell R. Standish
Diretor de Saúde, Temperança e Espírito
de Profecia do Departamento de Educação
da União Sudeste da Ásia.

Publicado & Distribuido no Brasil por:


PUBLICAÇÕES FOLHAS DE OUTONO
Caixa Postal 2502, CEP 12.300-314
Fortaleza - Ce

Publicação Autorizada por:


HARTLAND PUBLICATIONS
HARTLAND INSTITUTE
Rapidan, VA 22733
 GUARDIÕES DA FÉ

Titulo do original em ingles:


KEEPERS OF THE FAITH
Copyright 1988 por Hartland Publications, Rapidan, VA.

Primeira Edição, 2002.

Criaçao Arte Capa por Richard J. Bird


Design Capa por Francisco Herculano
Formatação e Lay Out por P.F.O.

Tradução: Aécyo Bittencourt & Francisco Herculano

IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil


DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado a dois homens que podem verda-
deiramente ser descritos como Guardiões da Fé. Em um tempo
de grande crise dentro da Igreja de Deus, eles se levantaram e
posicionaram-se ao lado da verdade.
Esses dois homens, como pastores do rebanho de Deus,
encabeçaram o chamado por reavivamento e reforma dentro
da Igreja Adventista do Sétimo Dia durante o começo e meados
dos anos setenta. Sua apresentação dos princípios bíblicos de
justificação pela fé iluminaram muitos e enfureceram outros.
Tivessem eles recebido total apoio de seus colegas líderes e
pastores, Deus poderia ter levado Sua Igreja, naquele tempo,
triunfantemente rumo ao Reino dos Céus. Em profundo respeito
este volume é dedicado a:

PASTOR ROBERT PIERSON


(Presidente da Conferência Geral, 1966-1979)

PASTOR KENNETH WOOD


(Editor da Revista Adventista - EUA, 1966-1982)
 GUARDIÕES DA FÉ


ÍNDICE

CAP. TÍTULO
PÁGINA

1 O Dilema Ministerial
2 O Ministério
3 O Problema
4 Expectativas Divinas
5 Intelectualismo
6 Evangelicismo
7 Ecumenismo
8 Pluralismo
9 Relativismo
10 Existencialismo
11 Humanismo
12 Secularismo
13 Hedonismo
14 Materialismo
15 Pentecostalismo
16 Clericalismo
17 Futurismo
18 Institucionalismo
19 Separacionismo
20 Paternalismo
21 Imperfeccionismo
22 Criticismo
23 Feminismo
24 Universalismo
25 Liberalismo
 GUARDIÕES DA FÉ


Capítulo 1

O DILEMA
MINISTERIAL

O
quadro a seguir não está baseado em uma experi-
ência específica, mas ressalta o dilema do jovem mi-
nistro no trabalho de Deus hoje. Um jovem, recém-con-
verso à fé adventista, como muitos, deseja ser treinado para o
ministério. Seu coração arde por causa da grande mensagem
que pulsa em seu ser. Então dedica sua vida a ser um ministro do
evangelho. Rapidamente, e com grande entusiasmo, matricula-
se no departamento teológico de uma faculdade Adventista do
Sétimo Dia. Como muitos recém conversos Adventistas do Séti-
mo Dia, estudou amplamente a mensagem do Advento e como
resultado está mais informado do que muitos que têm estado
há décadas na Fé. Ainda muito entusiasmado ele se achega às
classes bíblicas, mas apenas para constatar que alguns de seus
professores não mais compartilham de sua convicção na au-
tenticidade da mensagem do Advento. Estes professores, uma
vez tendo sido estudantes em seminários teológicos do mundo,
ousaram trazer suas crenças aberrantes para a instituição onde
trabalham e estão sendo agora usados por Satanás para dou-
trinar as novas gerações de ministros em uma “fé” defeituosa.
Anos de experiência lecionando afiaram os argumentos desses
professores e muitos alunos em suas aulas são como ovelhas
levadas ao matadouro diante dos argumentos persuasivos de
um professor muito experiente. Além do mais, a maioria dos
estudantes está propensa a aceitar a palavra de um homem que
detém em suas mãos suas notas acadêmicas.
O professor, em algumas aulas, utiliza a técnica desestabilizado-

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 GUARDIÕES DA FÉ
ra de levantar dúvidas acerca da veracidade de algumas porções
das Escrituras. Ele não só não oferece solução para os aparentes
problemas bíblicos, mas ao invés disso, deixa o estudante com a
nítida impressão de que tal resposta não existe e que, em algu-
mas esferas, a Bíblia não é confiável.
Este jovem não se deixa enganar. Ele percebe os erros de seu
professor. Após o choque inicial, ele procura de modo cuidado-
so mostrar que o professor está apresentando crenças que não
estão em harmonia com a Fé Adventista como se acha na Bíblia.
A princípio suas objeções em sala são tratadas amavelmente. No
entanto, o professor logo se torna irritado com essas interrupções
e desafios à integridade daquilo que ele está ensinando. Até mes-
mo muitos estudantes na turma compartilham a preocupação do
professor, pois, não tendo o preparo deste jovem, consideram-no
uma influência negativa para a turma.
Finalmente, o professor o chama a seu escritório e dá-lhe um
“sábio” conselho. O professor lhe diz: “você é um estudante pro-
missor e pode fazer uma grande obra para Deus, mas não se
esqueça: você veio para a faculdade para aprender com aqueles
que possuem uma experiência e formação superiores à sua.”. O
jovem, ainda que respeitosamente, tenta explicar sua posição ao
professor. O professor, todavia, aproveita-se de sua juventude e
inexperiência na Igreja. Insinua, mais adiante, que o evangelista
que o batizou não era na verdade um erudito. O jovem agora está
mais cuidadoso em classe. Já não se manifesta com freqüência,
mesmo quando está profundamente transtornado pelos ensinos
questionáveis de seu professor. No entanto, com freqüência,
discute esses assuntos com seus companheiros que, em sua
maioria, mostram-se não simpatizantes ao seu ponto de vista.
O professor ainda sente que o jovem é um “agitador” dentro
da classe e mais uma vez aconselha-o. Com honestidade, este
jovem tenta trazer a lume os princípios da Verdade em seu
exame final e nas provas escritas, apenas para receber de seu
professor notas baixas e até reprovações. Ele agora enfrenta
uma crise e um dilema. Está convicto de que foi chamado para
o ministério, contudo percebe que a realização deste sonho
está em grande parte nas mãos de seus professores. Eles não
apenas são seus instrutores, mas também são os que o gradu-
O DILEMA MINISTERIAL 

arão e serão os principais responsáveis por recomendá-lo para


o trabalho nas associações.
Por fim, embora relutante, o jovem chega à convicção de que
deve permanecer calado dentro de sala de aula. Porém, promete
a si mesmo que, assim que se formar e for chamado para o serviço
ministerial, ele pregará a Verdade não adulterada nem estorvada
pelo pensamento humano. Ele se forma e é designado como pastor
interino. Mas agora ele se acha assistindo a um ministro que não
é claro quanto à Verdade explícita da Palavra de Deus. Então,
com coragem, ele começa a pregar a fé adventista e a encorajar
os membros com o poder de Cristo para lhes dar vitória sobre o
pecado. Dentro da congregação há aqueles que por muitos anos
não têm escutado uma pregação tão direta e por isso procuram
o pastor sênior e apresentam-lhe suas queixas. O pastor sênior,
apesar de não estar ele próprio convicto da mensagem adventista,
considera sua responsabilidade conversar com o jovem pastor
assistente. O aconselhamento vem misturado com lisonja. Ao
pastor assistente é dito que possui um futuro muito promissor no
ministério, mas precisa aprender que a pregação de certos sermões
não está sendo uma coisa sábia. Seus sermões estão causando
desunião na igreja pois alguns membros já o haviam procurado
para lhe falar sobre este assunto. Não é que esses membros não
o estimem, assegura-lhe, mas esses membros temem que suas
pregações tragam controvérsia e instabilidade para a igreja que,
até aqui, tem sido por muitos anos conhecida como um baluarte
da estabilidade. Mais uma vez o jovem pastor é confrontado com
um dilema e, embora relutante, decide suavizar seus sermões en-
quanto espera o chamado para a sua própria igreja.
Finalmente essa oportunidade chega e, de novo, com vigor,
o jovem pastor lança-se à apresentação clara das grandes Verda-
des do Adventismo. Mas, outra vez, há na igreja aqueles que não
estão em harmonia nem preparados para receber o testemunho
direto das verdades apresentadas por este jovem pastor. Homens
influentes dentro da igreja buscam o presidente da Associação e se
queixam das pregações do jovem pastor. Em uma reunião com
o presidente é-lhe dito que brevemente a conferência estará
considerando a possibilidade de sua ordenação. O presidente
assegura-lhe que ele é considerado um jovem promissor e
10 GUARDIÕES DA FÉ
com um futuro brilhante no ministério, mas precisa aprender a
pregar de modo a manter a unidade e a paz dentro da igreja.
O presidente explica que membros da igreja de alta reputação,
homens de experiência e respeitados dentro da Associação têm
estado preocupados com as mensagens que ele tem pregado
do púlpito. O presidente insta para que ele tenha cuidado com
os temas de suas pregações.
Agora o pastor assistente está casado e sua esposa aumen-
ta-lhe a angústia. Preocupada com ele, aconselha-o a não fazer
nada que ponha em risco sua ordenação ou seu futuro no mi-
nistério. Encontra-se agora dividido entre lealdade para com a
Verdade em uma preocupação sincera pelas almas dos membros
de sua igreja de um lado, e o seu futuro no ministério do outro.
Começa a raciocinar que, caso seja retirado do ministério, per-
derá toda a sua influência.
Confuso e frustrado o jovem ministro decide esperar até
depois de sua ordenação para enfim apresentar a mensagem
com poder, mas ele já comprometeu sua pregação muitas ve-
zes e acalmou assim sua consciência. Não sente mais o peso da
responsabilidade de pregar com poder. Foi conduzido passo a
passo em um ambiente político no qual o favor da congregação
se torna um dos mais importantes fatores do seu futuro sucesso
no ministério. Na verdade, gaba-se ele agora de que finalmente
aprendeu a apresentar a mensagem de modo triunfante e atra-
ente. Percebe que há muito mundanismo e secularismo entre
os membros de sua igreja, mas ilude-se com o fato de que se
tão somente pregar o amor de Cristo, independente dos mais
profundos apelos ao arrependimento, os membros se voltarão
por fim do seu mundanismo para as veredas de Cristo.
Agora são-lhe confiadas igrejas maiores e responsabi-lidades
maiores, até que um dia é conduzido ao posto de presidência
da Associação. E por essa época, ele já dá muitos conselhos
“sábios”, iguais aos que recebera quando jovem. Chega mesmo
a citar sua própria imprudência na juventude e explica como
uma liderança “sábia” o ajudou a desenvolver um ministério
profícuo em suas igrejas.
Lamentavelmente, esta história, em maior ou menor escala,
tem-se repetido por vezes e mais vezes. É possível que como
O DILEMA MINISTERIAL 11

ministros estejamos enganados, e grandemente enganados,


com relação ao propósito do nosso chamado. Enfrentamos uma
crise em nossas vidas na qual não percebemos a necessidade
de apresentar o testemunho direto da Testemunha Verdadeira a
nossas congregações. De fato, erroneamente, acreditamos que
em assim fazendo estaríamos indo de encontro ao chamado de
Cristo, mas este não é o caso. A serva dO Senhor nos diz que
nesses últimos dias, nós, os pastores da igreja de Deus, seremos
chamados a dar um testemunho mais direto até mesmo do que
o de João Batista. Muitos se levantarão contra esses mensa-
geiros como o fizeram nas gerações passadas. A situação será
intimidadora e provocará grande angústia a nossas almas. Mas
se isto nos conduzir a uma mais profunda comunhão com Cristo
e um apoiar-se mais completo sobre Ele, então na verdade Ele
multiplicará o nosso ministério e muitos que se perderiam serão
salvos para o reino dos céus. E, afinal de contas, é para uma obra
assim que Deus nos tem chamado.
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Capítulo 2

O MINISTÉRIO
Nós crescemos com um idealizado conceito do ministé-
rio, devido em grande parte à alta consideração que nossos pais
tinham pelos ministros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para
nós era como se todo pastor tivesse, por assim dizer, um pé no
Céu e outro quase lá. Dificilmente entraria em nossas mentes se-
quer a possibilidade de existir qualquer pastor que não estivesse
totalmente compromissado com Deus, com a mensagem da
igreja remanescente ou que não estivesse inquestionavelmente
preparado para o reino do Céu.
Era sem dúvida em grande parte devido a esta asso-
ciação que, durante nossos anos na Faculdade de Avondale,
afastávamos qualquer idéia de seguir o curso teológico. Esta
visão sagrada do ministério era reforçada pela visita regular à
nossa igreja local dos estudantes de teologia de Avondale. A
qualidade, dedicação e talentos desses jovens contrastavam
com a nossa não total entrega ao Senhor.
Talvez o alge de nossa visão idealista do ministério
ocorrera quando, quase que anualmente, tínhamos visitantes
da Associação Geral em nossas campais. De algum modo nos
parecia que pregavam semelhantes ao anjo Gabriel, quando
apresentavam as mensagens relativas à conclusão da obra de
Deus. A convicção da mensagem de Deus e da Segunda Vinda
de Cristo vibravam em nossos ouvidos juvenis.
De certa forma desejamos ter podido conservar aquela
visão idealista do ministério. Hoje, o ministério, à semelhança da
membresia, encontra-se em profunda divisão tanto na prática
Cristã como na compreensão das doutrinas.
Na verdade, recentemente, fomos informados de que
presidentes de Associação, de ambos os lados do Pacífico, ti-
veram que chamar a atenção de seus obreiros por vestirem-se

12
O MINISTÉRIO 13

forma inadequada, assistirem a filmes e vídeos impróprios, fre-


qüentarem salões de dança, por não devolverem seus dízimos
fielmente e serem infiéis a suas esposas. Este alarmante estado
de coisas indica que não existe mais um discernimento, ou um
compromisso com o ministério por parte daqueles que esco-
lheram esse sagrado ofício. A cada ano um grande número de
pastores abandonam o chamado ministerial. Alguns saem por
desilusão, outros por apostasias doutrinárias, outros por serem
dispensados pela Associação e muitos, tragicamente, por imo-
ralidade e outros pecados.
Reconhecemos a fragilidade de nossas próprias vidas e
a necessidade de constante poder do alto. Este livro foi escrito
não do ponto de vista daqueles que se acham “mais santos do
que vós”, mas muito mais pelo fato de serem “os sacerdotes de
Israel” os guardiões da verdade de Deus, enquanto assim apre-
sentarem uma vida cristã pura diante dos membros de nossa
igreja. Jamais houve um tempo no qual fosse mais difícil ser
um ministro de Deus. Nem também houve um tempo no qual
a necessidade de dedicação à mensagem genuína de Deus e
de uma vida semelhante à de Cristo no ministério fosse maior.
Estas coisas não serão alcançadas sem uma submissão diária
de nossas vidas a Deus e um estudo profundo dos princípios
da mensagem presente.
Com freqüência tem-se dito que não podemos erguer
nossos membros acima do nível de nossa própria experiência.
Unicamente quando tivermos nossas vidas submetidas a Cristo
e sentirmos o peso da responsabilidade de defender o caráter
de Deus e possuirmos amor pelas almas é que nos poderá ser
confiado o mais sublime chamado que a qualquer homem na
Terra pode ser feito.

Capítulo 3
14 GUARDIÕES DA FÉ

O PROBLEMA

É inegável que, de certo modo, fomos influenciados pelo


mais recente livro escrito pelo Dr. Francis Schaeffer, intitulado The
Great Evangelical Disaster [O Grande Desastre Evangélico]. Não é que
concordemos com a maioria de seus conceitos teológicos. Na reali-
dade, estaremos discordando, neste livro, de alguns dos principais
pontos por ele apresentados. No entanto, o grande discernimento
que o Dr. Schaeffer apresentou acerca das influências satânicas
dentro das igrejas é certamente uma questão relevante para a
Igreja Adventista do Sétimo Dia.
O Guardiões da Fé foi escrito principalmente para os cole-
gas pastores e líderes da igreja remanescente, incluindo a liderança
leiga da igreja. Mas, acima de tudo, seu impacto deve ser sentido
pela igreja como um todo. Apressamo-nos a afirmar que estamos
convictos de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a última igreja
remanescente de Deus e não há outra igreja para a qual Cristo es-
teja chamando seu povo hoje. Estamos convictos de que esta
igreja irá até o fim. No entanto, reconhecemos que a forma de
avançar deve ser bem diferente da atual e a membresia deve
ser grandemente reformada.
Sob a grande perseguição do tempo preliminar de
angústia, poucos serão capazes de trabalhar em segurança ao
redor do mundo. A vasta estrutura organizacional que hoje
possuímos certamente será, então, quebrada em unidades
mais simples. É quase certo que nossas escolas paroquiais,
hospitais e outras instalações não mais poderão ser usadas
pelo fiel povo de Deus. Mas, apesar disso, o remanescente será
Adventista do Sétimo Dia, uma vez que não pode haver outra
igreja. Essa afirmação não significa que não aceitemos o fato
de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia estará sob terríveis
ataques. Satanás sabe que esta igreja coloca-se entre ele e seu
abominável esquema de impedir o avanço da conclusão da
pregação do evangelho. Ele sabe que, caso possa perverter a
14
O PROBLEMA 15

verdade e a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia, poderá


destruir o ministério de Cristo no mundo. Toda agência do mal
está comissionada para esta tarefa na sinistra esperança de que,
de alguma forma, através de algum meio, satanás será capaz de
destruir da face da terra todos os representantes do reino de
oceanos venham
Cristo. Mas existeainfinitamente
secar do que omais
povoprobabilidade
de Deus deixarde deque
refletir
os
inteiramente o Seu caráter, ou seja impedido de compartilhar
as gloriosas verdades do evangelho com todo homem, mulher
e criança sobre a Terra.
Conquanto desalentado e grandemente alarmado com
a devastadora influência do mundanismo e apostasia dentro
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nós, todavia, temos sido
encorajados, ao viajar e pregar ao redor do mundo, pelo gran-
de despertamento em um segmento cada vez maior do povo
de Deus. Não recordamos de nenhuma igreja, nas quais temos
compartilhado o evangelho de Jesus, onde não tenha havido
evidência de que existe um núcleo de membros que ardem pela
grande fé do Advento e estejam estudando e compartilhando-a
de forma sem precedentes. No entanto, chega-nos ao conhecimento
que alguns desses fiéis estão enfrentando obstáculos e até persegui-
ção de seus companheiros membros de igreja e às vezes de pastores,
que, como declara a Irmã White, são

... inclinados a serem tumultuadores e estão se afas-


tando dos grandes marcos de nossa fé. (TM 503)

Percebemos que há um movimento de reforma e revitali-


zação dentro de nosso ministério, todavia um número esmagador
de pastores estão no sono laodiceano e, na verdade, são direta ou
indiretamente responsáveis pelo marasmo dos membros em nossas
congregações. Cada vez mais ouvimos de adventistas fiéis o apelo:
“Deixai-nos ouvir, uma vez mais, as grandes mensagens da fé Adven-
tista em nossas igrejas.” Colin recorda bem de uma igreja onde ele
havia pregado sobre o assunto do juízo investigativo. Lá um irmão
idoso declarou: “Faz quarenta anos desde que eu ouvi a mensagem
do juízo investigativo”, e então, sem perceber, acrescentou o mais
engraçado comentário(se não fosse tão sério): “e eu nunca me canso
de ouvi-la.” Onde estão os atalaias dos muros de Sião para darem à
trombeta o sonido certo? Onde estão os atalaias que, a despeito das
16 GUARDIÕES DA FÉ

conseqüências, estão dispostos a

Clamar em alta voz sem se deter, levantar a sua voz como


a trombeta e anunciar ao meu povo a sua transgressão, e à casa
de Jacó os seus pecados? (Isaías 58:1).

Onde estão os atalaias para

... advertir o ímpio a fim de que se desvie do seu cami-


nho? (Ezequiel 33:9)

Onde estão os ministros que irão

pregar a palavra, instando a tempo e fora de tempo, redar-


güindo, repreendendo, exortando com toda a longanimidade e
doutrina? (II Timóteo 4:2)

Onde estão os mensageiros que falarão com poder a incon-


fundível mensagem que Deus tem confiado a esta igreja?
Alguns anos atrás nosso próprio ministério foi grandemente
fortalecido quando reconhecemos as implicações da seguinte cita-
ção de Primeiros Escritos:

Há muitas verdades preciosas contidas na Palavra de


Deus, mas é a “verdade presente” que o rebanho necessita
agora. Tenho visto o perigo de os mensageiros se afastarem dos
importantes pontos da verdade presente, para se demorarem em
assuntos que não são de molde a unir o rebanho e santificar a
alma. Satanás tirará disto toda vantagem possível para prejudicar
a Causa. (Primeiros Escritos, 63)

Esta declaração representa um desafio tremendo ao minis-


tério da igreja de Deus. Cremos que isto nos ajudará a entender por
que existe tanta ignorância acerca das grandes verdades de Deus
a nós confiadas.
Quando meninos crescemos ouvindo freqüentemente os
gloriosos pilares da nossa fé. Quando adolescentes compreendía-
mos, pelo menos em parte, a mensagem do sábado, a mensagem
O PROBLEMA 17

do santuário, o juízo investigativo, a lei de Deus, o estado dos mortos


e muitas outras mensagens fundamentais. Mas cada vez menos,
nossos membros ouvem ou entendem essas mensagens hoje em
dia. Muitas vezes, com um falso raciocínio, nós, como ministros,
temos apresentado ‘preciosas verdades’ que não são a ‘verdade
presente’. Temos raciocinado que se pregarmos o alimento sólido
isto desencorajará e até mesmo causará dissensão dentro de nossas
igrejas. Tal pensamento não poderia estar mais distante da verdade.
Se continuarmos a estudar esta afirmação de Primeiros Escritos, se-
remos informados acerca dos temas centrais de nossa mensagem
e da gloriosa e unificadora compreensão que esses temas trarão ao
povo de Deus.

Mas assuntos como o santuário, em conexão com os


2.300 dias, os mandamentos de Deus e a fé de Jesus são per-
feitamente apropriados para esclarecer o passado movimento
adventista e mostrar qual é nossa presente posição, estabelecer
a fé do vacilante e dar a certeza do glorioso futuro. Esses, tenho
freqüentemente visto, são os principais assuntos sobre que os
mensageiros se devem demorar. (Primeiros Escritos, 63)

É um fato inquietante que muitos pastores hoje em dia


preguem verdades preciosas mas ignorem a apresentação da
verdade presente. É por isso que temos agora uma geração de ad-
ventistas, onde muitos dos quais, na realidade, nunca ouviram
esta mensagem. E quando satanás introduz heresias e ventos de
doutrinas entre nós, muitos desses adventistas do sétimo dia,
debilmente instruídos, têm sido impotentes para perceber os
erros e rejeitá-los com base na Palavra de Deus. O erro normal-
mente vem através de apresentações carismáticas de homens
de discursos agradáveis. Mesmo muitos dos nossos ministros,
de forma cega, têm caído nesses enganos satânicos que agora
prevalecem dentro de nossas fileiras. Tivessem as mentes de
nossos pastores e membros de nossas igrejas sido fortalecidas
pela Palavra de Deus tal resultado não teria acontecido.
Apesar disso temos chegado à compreensão de que,
dentro de nossa Igreja, o erro virá a nossas fileiras para desper-
tar-nos para o estudo. Este tem sido o resultado positivo dos
ataques à Igreja de Deus. Alguns dentro da Igreja têm estudado
18 GUARDIÕES DA FÉ
o evangelho eterno como nunca antes e têm-se fortalecido na fé.
Eles perceberam a origem babilônica da apostasia e o uso errado
da Palavra de Deus a fim de apoiar o ataque contra a verdade
divina. Eles perceberam que esses homens e mulheres não estão
trazendo nova luz, mas estão apresentando falsificação e erro
que podem ser identificados remontando sua origem através
do protestantismo apostatado até o catolicismo e mesmo até
ao paganismo primitivo. Muitos mestres dessas doutrinas falsas
têm sido encorajados pela aparente prontidão com que suas
apresentações têm sido recebidas por grande número daqueles
que as ouvem. Esta rapidez não deveria nos causar surpresa pois a
advertência que Paulo nos dá é:

Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina;


mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores
conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvi-
dos da verdade voltando-se às fábulas.
(II Timóteo 4: 3 e 4)

Existe um outro ponto, apresentado por Paulo, que tem


conduzido a uma aceitação generalizada do erro por parte de muitos
dentro da igreja:

Sabe, porém, isto que nos últimos dias sobrevirão tem-


pos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a
pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do
que amigos de Deus, tendo a aparência de piedade, mas negando
a eficácia dela. Destes afasta-te.” (II Timóteo 3:1−5)

Paulo poderia ter falado sobre os grandes perigos a sobrevir


sobre o mundo físico, mas ele profetizou que os maiores perigos seriam
a mundanidade e apostasia dentro da Igreja de Deus. A mensagem
de Laodicéia coincide com esta descrição. A igreja exibe a aparência
de santidade, mas nega o poder de Deus. É morna. Como Cristo a
descreveu, é:
O PROBLEMA 19

... desgraçada, miserável, pobre, cega e nua.


(Apocalipse 3:17).

Existe quase que uma conspiração entre nós, os pastores, para


apresentar nossa Igreja espiritualmente como

... rica, estando enriquecida, e de nada tendo falta.


(Apocalipse 3:17).

É chegado o tempo para honestidade e integridade den-


tro do ministério, a fim de que com amor cristão e zelo possamos
expor o perigo eterno com o qual a maioria de nossos membros
é confrontada. Os filhos de Deus devem ser confrontados com o
grande chamado para reforma, reavivamento, arrependimento
e abandono do pecado.
De forma alguma o último convite do evangelho poderá
ser dado por aqueles que estão enganados acerca de sua pró-
pria condição de injustiça. A mensagem de salvação será dada
por um povo que fielmente represente seu Salvador; homens
e mulheres que têm permitido a Jesus dar-lhes vitória sobre
toda má palavra e ação, homens e mulheres que têm, através
do poder dO Espírito de Cristo que neles habita, sido atraídos
para uma inquebrantável comunhão com Ele.
Muitos se desviariam da última mensagem, se esta não fosse
a condição dos mensageiros, devido às suas falhas e defeitos de cará-
ter.
O fato de ter ainda de ser confiada a chuva serôdia ao povo de
Deus é a evidência mais certa de que a igreja de Deus não está pronta
para o retorno de seu Salvador.
Em janeiro de 1986, o mundo testemunhou a trágica explo-
são do ônibus espacial Challenger. Os foguetes tinham um poder im-
pressionante mas eram defeituosos. Pode você imaginar a destruição
espiritual caso fosse confiado a um povo defeituoso a plenitude do
poder do Espírito Santo? Muitos se desviariam da verdade por causa
das falhas do nosso caráter e das nossas vidas.
Se nós como pastores e líderes de igreja podemos ser
ameaçados ou adulados para diluirmos ou mesmo eliminarmos a
mensagem inconfundível de Deus em nossas exposições, como
permaneceremos em pé no julgamento quando o registro de todos
20 GUARDIÕES DA FÉ
será passado em revista? Estamos alarmados de que à nossa igreja,
à sua igreja e, acima de tudo, à igreja de Deus, sábado após sábado,
é servida a casca e não o grão. Apelamos aos nossos companheiros
ministros e aos líderes de igreja, no temor de Deus e por amor de
Seu povo, para mais uma vez

...pregar a Palavra ...com toda a longanimidade e doutri-


na. (2 Timóteo 4:2).

Há aqueles dentre nós que erroneamente têm afirmado


que é chegado o tempo para pregar a Cristo e diminuir a doutrina.
Quão cegos nós podemos ser? Como alguém pode pregar a segunda
vinda de Jesus fora do contexto dAquele que está vindo em poder
e grande glória para levar ao lar seus santos fiéis que O aguardam?
Como podemos pregar a mensagem do santuário sem pregar
sobre Aquele que É O Sacrifício e O Sacerdote; O Mediador, Advo-
gado e Intercessor? Como podemos pregar o juízo investigativo
sem a centralidade dAquele que É nosso Juiz e Advogado, que
permanece em pé por Seu povo fiel no juízo? Como podemos
pregar o Sábado sem pregar Aquele que É O Criador da Terra e
O Recriador de todos aqueles que têm rendido suas vidas a Ele?
Como podemos pregar o batismo sem pormos como no centro
Aquele que renova a vida de todos? Como podemos pregar o
estado dos mortos sem estarmos centralizados n’Aquele que É
a Ressurreição e a Vida? Certamente é chegada a hora de pre-
garmos com poder e convicção as grandes doutrinas da fé do
advento, firmar nossas expectantes congregações nessas gran-
des verdades para as quais este povo foi levantado. Certamente
é chegado o tempo para inspirarmos nossos irmãos e irmãs com
a necessidade diária do estudo da Palavra e a busca individual
das verdades do evangelho.

Prega a Palavra; instando em tempo e fora de tempo, repro-


vando, repreendendo, exortando com toda a longanimidade e
doutrina. (2 Timóteo 4:2).
Tú, porém, fala o que convém à sã doutrina. (Tito 2:1).

De forma lamentável e errônea, muitos pensam que pregar a


verdade em toda a sua clareza dividirá a Igreja. Estamos firmemente
O PROBLEMA 21

convictos de que a verdade nunca divide. Nas cortes celestiais,


não foi a verdade que dividiu os anjos. No jardim do Éden, não
foi a verdade que trouxe miséria sobre a raça humana. Não foi a
verdade que dividiu o reino de Israel de Judá ou que levou esses
reinos para o cativeiro. Não foi a verdade que crucificou o filho de
Deus. Não foi a verdade que dividiu a igreja cristã primitiva (veja
Gálatas 1:6−9; Romanos 16:17,18; II Coríntios 11:2,3; Filipenses
3:17,18). Não foi a verdade que dividiu as igrejas protestantes.
E não foi a verdade que dividiu a Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Não tem sido nunca a verdade que tem dividido a Igreja. A
Igreja tem sempre sido dividida pelo erro.
Uma das situações mais difíceis para um pastor ocorre quan-
do ele chega a uma igreja que tem sido infiltrada com enganos
satânicos por seu antecessor. É verdade que geralmente a igreja se
levantará contra o fiel mensageiro, mas na verdade a igreja já havia
sido dividida pelo pastor anterior. Tudo que a verdade tem feito é
evidenciar a divisão que já existe dentro da igreja.
Não é incomum oficiais da Associação sob estas circuns-
tâncias encorajarem, e até ordenarem, que o novo pastor pre-
gue “apenas o que une”, em outras palavras, aquilo que não é a
clara mensagem do Advento. Mas o servo fiel não pode aceitar
este conselho. De fato, ao ser pregada a verdade, ocorrerá com
freqüência uma considerável perda na igreja. Sem dúvida que
este fato causa preocupação, mas temos experi- mentado que,
sendo permitida a pregação da verdade, em pequeno espaço de
tempo a recuperação da Igreja é tal que muitos mais membros
aceitam a mensagem de Deus e grande crescimento financeiro
resulta daí.
Recordamo-nos de um fiel pastor que foi chamado a
assumir o púlpito de uma igreja embevecida por um pastor da
nova teologia. O novo pastor não sabia nada além de pregar as
claras mensagens de Deus. Muitos dos poucos membros que
permaneceram na igreja, incluindo alguns líderes, levantaram-se
contra ele e relataram à liderança da Associação que ele estava
dispersando a igreja, mais ainda do que o pastor anterior. Alar-
mado, o presidente da Associação advertiu o novo ministro para
pastorear “a igreja como um todo”, porque todos devolviam seus
dízimos e ofertas. De forma respeitosa, porém corajosa, disse
ele ao presidente da Associação que não precisava ser o pastor
22 GUARDIÕES DA FÉ
daquela igreja, mas, enquanto ele o fosse, faria tudo que estives-
se em seu poder para pregar as mensagens inconfundíveis da
Igreja Adventista. Embora, inicialmente, houvesse uma queda
muito acentuada na audiência, no espaço de dois anos a igreja
estava transbordando com homens e mulheres sedentos por
ouvir a mensagem de Deus. Dízimos e ofertas foram multiplica-
dos várias vezes. Deus foi honrado. Homens e mulheres foram
conduzidos à verdade completa do evangelho. O verdadeiro
servo de Deus não pode diluir suas mensagens para apaziguar
Laodicéia ou fazer cócegas nos ouvidos da mundanidade e secu-
larismo dentro de sua congregação. A eternidade está em jogo.
Se o pastor é responsável por deixar os pecadores à vontade,
ele não responderá diante do juízo apenas por suas faltas mas
também será responsável pelo pecados do povo.
Na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia nunca
houve um tempo no qual fosse mais difícil servir como um mi-
nistro do evangelho. Os desafios são esmagadores. O desejo de
pregar com sucesso é com freqüência confundido com o pregar
de forma “suave”. É importante reconhecer que até mesmo os
fiéis da Igreja, geralmente, não se levantarão contra o ministro,
contanto que ele se abstenha de pregar abertamente coisas
erradas. Alguns dos mais sutis perigos não vêm de pregar coisas
erradas, porque esses enganos podem, com sucesso, ser com-
batidos pela Bíblia e pelo Espírito de Profecia. Perigos insidiosos
levantam-se quando a verdade presente é esquecida pelo pre-
gador. Com freqüência membros sinceros têm feito comentários
como este “Pelo menos nosso pastor não está ensinando coisas
erradas.” Lembramos aos ministros de Deus que esta não é a
base dA Testemunha fiel. A mensagem da Igreja Adventista do
Sétimo Dia é a apresentação mais clara e dinâmica da verdade
na história do mundo. Se o nosso povo deseja permanecer de
pé nos probantes e desafiadores dias que virão, devem conhe-
cer a verdade e serem capazes de defendê-la. Como ministros,
temos a responsabilidade de prepará-los para os desafiadores
testes que sobrevirão.
O título deste livro não foi escolhido de forma casual ou
descuidada. Muitos de nós perdemos o impacto completo da
conclusão da terceira mensagem angélica.
O PROBLEMA 23

Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guar-


dam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.
(Apoc. 14:12).
Temos nos esquecido que o termo guardiões tem um signifi-
cado cabal e profundo. Isto era verdade especialmente no inglês do
sétimo e oitavo séculos, no qual a Bíblia King James foi escrita. Um
guardião significa muito mais do que manter fidelidade à fé. Ainda
hoje na Inglaterra o termo pode ser melhor compreendido quando
pensamos, por exemplo, no guardião das jóias da Coroa. A este
homem é confiada a guarda e proteção de tesouros inestimáveis.
Assim também são com os membros da igreja de Deus. A nós foram
confiadas a guarda e a proteção da lei de Deus e da fé de Jesus. De
modo especial são os ministros e líderes da igreja os guardiões da fé.
E desgraça nos sobrevirá se formos negligentes nesta tarefa.
Este livro não foi escrito para granjear amigos. Foi escrito, no en-
tanto, para influenciar as pessoas, especialmente os colegas pastores,
a reconhecermos nossos delitos e, em profundo arrependimento, nos
dirigirmos ao amor de Deus, sem reservas, a fim de apresentarmos
a mensagem de salvação e o caminho da santidade.
24 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 4

EXPECTATIVAS
DIVINAS

A
palavra de Deus enfatiza que muito maiores expec- tativas
são postas sobre os que aceitam a responsa- bilidade
de liderar, do que sobre o próprio rebanho. Os profetas
Jeremias e Ezequiel apresentaram as Divinas exigências aos
clérigos e pastores do rebanho e, com clareza, delinearam as
trágicas conseqüências de serem pastores infiéis.

Muitos pastores tem destruido a minha vinha, eles tem


pisado minha porção a pés; tornaram a minha desejada
porção em um campo desolado. (Jer. 12:10).

O profeta expande a acusação com a solene advertência:

Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do


Meu pasto, diz O Senhor. Portanto assim diz O Senhor, O
Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o Meu
povo: Visto que dispersastes as minhas ovelhas e as afugen-
tastes, e não cuidastes delas, trarei sobre vós a maldade
das vossas ações, diz O Senhor. Eu Mesmo recolherei o resto
das Minhas ovelhas, de todas as terras para onde Eu as tiver
to- cado, e as farei voltar aos seus apriscos onde frutificarão e
multi-
plicarão. Levantarei sobre elas pastores que as apascentem,
e nunca mais temerão, nem se assombrarão, nem uma delas
fal-
tará. Diz O Senhor. (Jer. 23: 01-04).

Embora Jeremias esteja aqui falando aos pastores de Israel, esta


repreensão se aplica, certa e seguramente, aos pastores do Israel
24
EXPECTATIVAS DIVINAS 25

moderno. A serva dO Senhor indicou que estes pastores e líderes


que não são fiéis serão varridos das posições que, em muitos casos,
eles obtiveram por ação política.

Deus prometeu que, onde os pastores não são verdadei-


ros, Ele mesmo levará a carga do rebanho. (Test. 5, pg.80).

Quão trágico é quando os homens buscam poder de lide-


rança quando Deus tem uma maior e importante obra para
eles! De forma honesta nós temos de admitir que a Igreja está
descontrolada com ativismo político e busca por posições.
Um delegado de além-mar da sessão da Conferência Geral
relatou que em sua viagem para as reuniões ele visitou a Euro-
pa e viu o monumento intitulado “A Luta pela Vida”. Tal estátua
representava homens subindo um mastro tentando derrubar os
que estavam acima, enquanto coiceavam os que estavam abai-
xo. O delegado afirmou que encontrou a explicação da escultura
quando viu a luta por posição na sessão da Conferência Geral.
De certo este foi um rude exagero, mas ele tristemente ilustra
uma crescente tendência em toda a Igreja. Interessante é que,
alguns anos depois, o próprio delegado foi chamado para um
posto da Conferência Geral.
Esta luta tem afetado todos os níveis de nossa obra e as
maiores áreas da vinha. É dificilmente possível desonrar mais
a Deus do que procurar um cargo na Igreja, de preferência a
responder ao chamado dO Senhor. As escrituras nos assegu-
ram que aqueles que forem exaltados, Deus humilhará; e os
poucos momentos de aparente glória que nós possamos ter
aqui na Terra, nada são em comparação com as alegrias de uma
eternidade com O nosso Senhor e Salvador. É desencorajador
aos nossos leigos ver tais métodos mundanos usados, e então
ouvir a afirmação de que a vontade de Deus foi seguida. Tais
afirmações beiram a blasfêmia. Outra similar advertência é dada
pelo profeta Ezequiel:

Filho do homem, profetisa contra os pastores de Israel, pro-


fetisa e diz a eles, assim diz O Senhor Deus aos pastores: Ai
dos pastores de Israel que alimentam a si próprios!
26 GUARDIÕES DA FÉ
Não deveriam os pastores alimentar o rebanho? ...A fraca
não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não
ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida
não buscastes, mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
(Ezequiel 34:2, 4).

Que desafio este quadro apresenta para os pastores! Os


pastores do rebanho mostram-se infiéis. Eles não alimentaram
o rebanho, não tem sentido a fraqueza espiritual do rebanho.
Eles não tem buscado aquelas que estão perdidas, pois só tem
buscado reinar com força e com perseguição. Com sóbrias pa-
lavras o mesmo profeta retrata a cena do julgamento perante
nós no qual, aqueles que estão no ministério da Igreja, são os
primeiros a cair sob a condenação de Deus. Depois de o anjo ter
marcado ou selado na fronte aqueles que suspiram e choram
pelas abominações que se cometem na Terra, então os outros
homens com as armas de massacre vão a Jerusalém para destruir,
onde sua execução de julgamento é iniciada primeiro sobre os
líderes do povo de Deus.

Então eles começaram pelos homens mais velhos que es-


tavam na frente da casa. (Ez. 9:6).

Comentando a respeito da justa retribuição de Deus no


julgamento sobre aqueles que tem recebido cargo sagrado, a
Irmã White diz:

Nenhum nível de superioridade, dignidade, ou mundana


sabedoria, nenhuma posição e cargo sagrado impedirá
homens de sacrificarem princípios, quando deixados a
seu próprio enganoso coração. Aqueles que tem sido con-
siderados como dignos e justos provam ser altos líderes
em apostasia e exemplos de indiferença no abuso das mi-
sericórdias de Deus. Seu ímpio curso Ele não mais tolerará
e, em Sua ira, Ele trata com eles sem misericórdia. É com
relutância que O Senhor retira a Sua presença daqueles
que
tem sido abençoados com grande luz e que tem sentido o
EXPECTATIVAS DIVINAS 27

poder da palavra ao ministrar a outros. Eles foram uma


vez Seus servos fiéis, favorecidos com Sua presença e guia,
mas eles se apartaram d’Ele e guiaram outros no erro e
portanto, são levados sob o desprezo Divino. (5T, 212).

Mas, ainda mais direta é a declaração que aponta à gran-de


negligência de muitos que tem sido escolhidos para liderar
o povo de Deus. Comentando sobre Ezequiel 9:6, a serva dO
Senhor diz:

Aqui nós vemos que a Igreja, o santuário dO Senhor, foi a


primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Os homens mais
velhos, aqueles aos quais Deus tem dado grande luz e que
tem estado como guardiões dos interesses espirituais do
povo, traíram Sua confiança. Eles tem tomado a posição de
que nós não precisamos procurar por milagres nem pela clara
manifestação do poder de Deus, como nos dias passados. Os
tempos mudaram. Essas palavras fortalecem sua descrença
e eles dizem: O Senhor não fará bem nem mal. Ele É muito
misericordioso para visitar Seu povo em juízo. Assim, paz e
segurança é o clamor de homens que nunca mais levantarão
suas vozes como uma trombeta a apresentar ao povo de Deus
suas transgressões e à casa de Jacó os seus pecados. Esses
cães mudos que não latem, são aqueles que sentirão a justa
vingança de um Deus ofendido. (5T, 211).

A sóbria realidade é que, nestes últimos dias, muitos pastores


serão culpados perante Deus de termos promovido a declinação
espiritual da igreja de Deus. Alguns pastores, devido o temor por
suas posições, ou por causa das fortes exigências de outros, ou
por causa da pressão dos membros de nossa Igreja, ou por qual-
quer outra razão, não tem feito soar a trombeta de advertência.
Agora Deus coloca sobre tais, não apenas a responsabilidade
de sua própria perda eterna, mas também a perda eterna de
membros que foram confiados ao nosso cuidado.
No final da 2ª Grande Guerra Mundial, muitos criminosos de
guerra argumentaram, sem sucesso, que eles estavam apenas
cumprindo as ordens de seus superiores. Muitos pastores, no
28 GUARDIÕES DA FÉ
julgamento, pleitearão que eles não deram a advertência às
suas congregações, devido ao conselho de seus líderes. Mas tal
pleito não terá mais sucesso do que tiveram os argumentos dos
citados criminosos de guerra. Cada ministro está perante Deus
como responsável pelo pastorear de Seu rebanho.
Agora não é o tempo para homens fracos, indecisos, inconvic-
tos e incertos tomarem o desafio do ministério. É chegada a hora
de que homens de fé humilde mas segura, os quais confiando
só em Deus, estejam preparados para seguir a Sua guia e o Seu
conselho, sejam quais forem as conseqüências de assim fazerem.
Seria muito melhor nunca ter entrado para o ministério, do que
ser responsável por guiar homens e mulheres para a perdição
eterna. Nosso desafio, a nossas próprias almas e a nossos cole-
gas ministros, é ter aquela santa coragem, que será de fato a
característica de todos os fiéis ministros de Deus, quando em
face das titânicas lutas e pelejas destes últimos dias.
29

Capítulo 5

INTELECTUALISMO

O
s problemas de intelectualismo são complexos.
Deus quer uma inteligente compreensão d’Ele,
de Sua palavra e de Sua salvação. Ele não fica satisfeito com
uma compreensão superficial e nem com um povo ignorante. Jesus
enfatizou esta verdade quando Ele nos admoestou, em João 5:39,
a pesquisar as Escrituras. Paulo diz:

Estuda para apresentar-te aprovado perante Deus, um


obreiro que não tem do que se envergonhar, com retidão
compartilhando a palavra da verdade. (II Timóteo 2:15).

Como podemos servir a Deus se não O conhecemos? Se não


somos diligentes estudantes da Palavra, com uma inteligente
compreensão do plano da salvação e o ministério da conversão,
como poderemos ser atraídos para Ele? Outra vez diz Paulo:

...logo a fé vem pelo ouvir e o ouvir a Palavra de Deus.


(Romanos 10:17).

Então, como podemos testemunhar desta mensagem ao


mundo sem termos uma inteligente compreensão de suas
grandes verdades? O comissionamento final de Jesus foi:

Ide vós portanto, e ensinai a todas as nações, batizando-as


em nome dO Pai, e dO Filho, e dO Espírito Santo; ensinan-
do-as a observar todas as coisas, as mesmas que Eu vos te-
nho mandado. (Mateus 28:19-20).

Esta comissão requer, nesses últimos dias, nossa profunda e


contínua compreensão da Palavra de Deus, a fim de que ela seja
apresentada com poder e autoridade para homens e mulheres.
29
30 GUARDIÕES DA FÉ
De forma inquestionável, o conhecedor, informado e inteligente,
estudante da Palavra põe-se em terreno de vantagem na forma
em que ele apresenta a gloriosa mensagem dos três anjos ao
mundo. Aproximar-se da Palavra de Deus de forma ignorante e
desleixada não é virtude. De fato, para cada oportunidade per-
dida de estudar a Palavra de Deus, nós teremos de dar contas
no dia do juízo.
Entretanto, o intelectualismo do qual trataremos aqui é de
uma ênfase completamente diferente. À luz da Palavra de Deus,
escolhemos chamá-lo de pseudo-intelectualismo, por ser ele
baseado em filosofias de homens e na sabedoria deste mundo.
Através das eras, satanás tem encontrado pronto acesso às men-
tes de muitos indivíduos educados e inteligentes, de maneira
que atrai-os para longe das simples verdades das Escrituras. É,
em geral, muito difícil uma pessoa altamente educada mostrar
uma simples, permanente e não-ocilante crença na Palavra de
Deus. Muitas vezes a mente torna-se o árbitro da fé; e assim a
igreja, através das eras, tem sido infectada pelo racionalismo.
Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem dado bastante
ênfase à educação, nosso povo tem buscado uma educação
superior àquela das pessoas que nos rodeiam. Não há dúvidas
de que o chamado a desenvolvermos nossos talentos e a prepa-
rar-nos para o ministério destes dias finais é um chamado para
educar. Mentes serão aguçadas pelo arqui-enganador, as quais
terão de ser enfrentadas. Por isso, Deus não pode satisfazer-Se
com menos que uma Igreja educada, preparada para enfrentar
todos os ardis de satanás e dar razão da fé que pulsa no peito
de seus membros. Não há sombras de dúvidas de que quem
é educado possui uma notável vantagem na apresentação do
Evangelho de Cristo. Mas, infelizmente, muitos tem buscado a
educação do mundo, contra a qual Deus adverte:

...pois a sabedoria desse mundo é tolice para Deus. (I Cor. 3:19)

Somente quando nos fazemos firmes pela sabedoria do


céu e a pureza da fé temos o poder de apresentar ao mundo o
evangelho não adulterado.
Infelizmente milhares de adventistas tem ido ao mundo em
INTELECTUALISMO 31

busca de sua educação e tem trazido os elementos do huma-


nismo, racionalismo, secularismo e mundanismo para dentro da
Igreja. Como é de se esperar, muitos destes se unem às escolas,
academias, faculdades e universidades administradas por nossa
Igreja, e tem, muitas vezes com liberdade irrestrita, apresentado
essas falsas visões de educação aos jovens que são confiados aos
seus cuidados. Em geral, essas falsas teorias tem sido apresen-
tadas como nova luz, ou como enriquecedoras experiências, ou
ainda como compreensões que serão relevantes à experiência
dos jovens; mas, quase todas essas aberrações tem suas raízes
na alta crítica e falsa análise textual.
Em 1973, o Conselho Anual da Conferência Geral emitiu a
seguinte advertência:

Uma das maiores ameaças às nossas instituições de ensi-


no superior pode ser vista na contrafação de filosofias e te-
ologias que podem ser de forma inconsciente absorvidas
em instituições mundanas por nossos futuros professores
e trazidas a nós como o “vinho” de Babilônia para as esco-
las adventistas.

As condições que favorecem o intelectualismo agora, pre-


valecentes em muitas de nossas universidades, com certeza,
não foram minoradas com o passar do tempo. A advertência
de nossos líderes em 1973 é ainda mais relevante hoje. Em
1980 o editor da Adventist Review (Revista Adventista) sentiu-se
compelido a exclamar: “Estamos alarmados com alguns ventos
de doutrina que sopram em alguns campi.”(Adventist Review,
21/02/1980).

A penetração do intelectualismo em nosso meio é de seríssi-


mas proporções, e tem um estonteante efeito sobre a pregação
da Última Mensagem de Deus.
Há muitos que acham que despertar nas filosofias do mundo
e nas teorias de homens fortalecerá os jovens como obreiros
de Deus, mas, inevitavelmente, esse curso tem conduzido à
fraqueza e a uma inválida inefetividade no ministério escolhido
por eles:
32 GUARDIÕES DA FÉ

Como preparação para a obra Cristã, muitos pensam ser


essencial adquirir um extensivo conhecimento de escritos
históricos e teológicos. Eles supõem que tal conhecimento
será um auxílio para eles ao ensinarem o evangelho. Mas
seu laborioso estudo da opinião de homens, tende à de-
bilitação de seu ministério, antes do que ao seu fortaleci-
mento. (CPPE, pg.379).

A Igreja já desenvolveu um significativo grupo de intelec-


tuais que tem estabelecido suas raízes profundas na filosofia
do mundo. Tende a haver uma pretensão e um sentimento de
superioridade naqueles que pertencem a este grupo. Outros,
os quais abraçam à simples fé, são muitas vezes vistos como
obscuros ou anti-intelectuais, os quais não são dignos de sério
reconhecimento dentro da Igreja. Mas nossa experiência tem
sido de que, tais intelectuais, não são na verdade os pensadores
da Igreja. Eles, com freqüência, se embebem do que transborda
da maré escolástica e do fluxo do mundo, raciocinando sem
análise crítica. Eles usam palavras relevantes, satisfazendo a
mente secular, e assim vão como se de alguma forma, pelo
intelectualismo, alguém pudesse apresentar ao mundo o
todo-abrangente Amor de Cristo. Esse intelectualismo é, com
freqüência, caracterizado pelas afirmações de que ao invés de
apresentarmos a clara mensagem adventista ao mundo, deve-
ríamos apresentar a Cristo. Quão rasos são tais conceitos! Deus
nos deu a segura chave para atingirmos a mente secular. É a
obra Médico-Missionária. Jesus é:

A Verdade. (João 14:6).

Pregar a Cristo é pregar a verdade neste mundo, e não há


verdade total e completa fora daquela que foi entregue à Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Foi Cristo Que disse que nós temos
que ensinar todas as coisas que Ele mandou. Isto significa o total
conteúdo da mensagem. Pregar qualquer coisa menos é negar
a Cristo e não apresentá-Lo.
Uma variação desse fútil uso do intelectualismo como ferra-
menta para testemunho evangelístico é comumente visto no
INTELECTUALISMO 33

campo missionário. Muitos missionários bem-intencionados não


acreditam que podem ganhar almas até que façam um completo
estudo das culturas e religiões do país. Este conceito faz parte
integral de uma procura por essa meta de “relevância” aparen-
temente muito desejável. Em nenhum lugar esta abordagem
é mais evidente do que em países dominados pelas principais
religiões asiáticas. Ao passo que não desejamos depreciar todo
esforço de encontrar o potencial converso onde ele está (lem-
bremos que Paulo assim o fez), nós sugerimos que a pregação
de Cristo e Sua última mensagem sozinhas, trazem os resultados.
Temos notado, durante cinco décadas, o vitorioso testemunho
desta simples apresentação da mensagem de Deus, e a clara
pobreza de resultados destes estudos aprofundados em fés
pagãs, como um meio de contato.
Muitas vezes nós negligenciamos o fato de que a Bíblia não
é um documento ocidental e, em muitos aspectos, aceitar as
palavras das escrituras requer mais ajuste ao pensamento de
um Ocidental do que ao de um Oriental. Transcendendo todas
as barreiras culturais e raciais, a Infinita Sabedoria de Deus
designou uma mensagem a ser levada a cada nação e tribo e
língua e povo.
Na Tailândia, no começo dos anos 80, houve um encontro
para discutir as causas de, e a solução para, o lento progresso da
obra de Deus lá. Muitos achavam que, devido ao povo tailandês
não ter uma formação Cristã, eles não poderiam ser ajudados
pelas três mensagens angélicas. Esta visão subestimou o pro-
pósito e o alcance universais desta mensagem. O que se mostra
evidente é que, aqueles que pregam esta mensagem encontram
um pronto acesso aos corações de muitos que estavam sedentos
pela verdade de Deus.
É entre os intelectuais que se desenvolveu a tendência de
enfatizar a visão de que é chegado o dia no qual precisamos pre-
gar menos doutrina e mais Cristo. Como podemos aceitar um tal
conceito tão irracional? Em sua última epístola existente, Paulo
encarrega Timóteo de pregar a Sã Doutrina. Ele aponta para
este tempo como uma época em que homens e mulheres não
suportariam a Sã Doutrina. (Ver II Timóteo 4:2, 3). A separação
artificial da doutrina de Cristo e do amor de Cristo não pode se
34 GUARDIÕES DA FÉ
levantar, à luz do comissionamento de Deus. Pregar as grandes
verdades da Fé Adventista é pregar a Cristo e Seu amor.
Em ênfase a este fato, nós repetiríamos aquilo que já afir-
mamos antes: Nós, como ministros, não temos dúvidas de que
esta é a mensagem a ser apresentada ao mundo hoje. Ela nos
é dada na mensagem dos três anjos de Apocalipse 14:6-12, e
reforçada pela mensagem do quarto anjo de Apocalipse 18:1-5.
Este evangelho é o evangelho do fim do tempo:

Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do
Seu juízo. E adorai Aquele que fez céu e Terra. (Apoc. 14:7)

Ela abrange obediência, desenvolvimento de caráter, a


mensagem da hora do juízo e a verdade sobre o sábado. Ela
é a única mensagem relevante para este fim do tempo. Esta
mensagem de salvação está sendo bloqueada pela falsa visão
daqueles que reinvidicam ser a inteligência da Igreja. De muitas
maneiras, estes pseudo-intelectuais estão tendo uma profunda
influência sobre a Igreja, e mesmo sobre sua liderança. Tornou-
se mais e mais evidente que é mais fácil para tais pensadores
obterem nomeações superiores na Igreja e ter suas percepções
incorporadas nas crenças e práticas, do que o é para aqueles
que amam a verdade Adventista. É difícil não se perceber uma
ativa, organizada e bem orquestrada brecha, por aqueles que:

...perverteriam o evangelho de Cristo. (Gálatas 1:7).

O sucesso deles parece girar em torno de um sistemático


esforço para mover a igreja, passo a passo, para longe de suas
verdades e práticas fundamentais. Uma vez alcançada esta meta,
é fácil declarar que aqueles que apoiam as verdades da Igreja Re-
manescente são extremistas, fanáticos e muito distantes do que é
correto. Aquilo que uma vez foi o principal veio do adventismo, é
agora abertamente atacado e ridicularizado. Esses falsos mestres
pervertem a fé e destroem o evangelho de Jesus. Nós não deve-
mos ter nenhuma parte com eles, nem permití-los prevalecer; o
exército de Cristo deve levantar-se, sempre em amor Cristão e
nunca em aspereza ou irritação, mas com uma total lealdade a
Cristo nosso Capitão, visando a defesa e vindicação da verdade
INTELECTUALISMO 35

de Deus:

Em verdade Eu vos digo, a menos que vos convertais e


vos torneis como pequenas crianças, não entrareis no Rei-
no dos Céus. (Mateus 18:3).
36 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 6

EVANGELICISMO

E
streitamente associado a essas crenças intelectuais tem
sido o ataque do pensamento evangélico dentro da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os conceitos de protes-
tantismo do movimento evangélico tem alcançado medonha
vantagem em nossa Igreja. Nós resistimos de todos os lados
contra os erros do evangelicismo porque eles tem suas raízes
profundamente encravadas no paganismo e catolicismo. Poucas
pessoas compreendem a origem do movimento evangélico.
Eles, com freqüência, vêem-no como uma extensão da Grande
Reforma do século XVI. Mas não é assim. Muitas vezes nós ouvi-
mos dentro de nossa Igreja chamados a voltar para a mensagem
da Reforma, esquecendo que a verdade:

...Brilha mais e mais, até ser dia perfeito.” (Provérbios 4:18).

Sem querer depreciar as maravilhosas revelações da Reforma


Protestante, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não poderia ter
surgido do Luteranismo, nem do Calvinismo, nem do Presbite-
rianismo, pois eles ainda estavam longe da pureza da fé da Pa-
lavra de Deus. Os últimos movimentos, tais como o movimento
Wesleyano da Inglaterra e América, foram levados a preparar as
condições para a completa e abrangente luz que Deus liberou
para esta Igreja.
Que muitos pregadores adventistas são atraídos a esses erros pa-
tentes foi tornado claro pelo discurso do Pastor Robert Pierson,
na ocasião do anúncio de sua aposentadoria como Presidente
da Conferência Geral. Ele afirmou: “Há alguns que apontam
para reformadores e teólogos contemporâneos como sendo a
origem e a norma para a doutrina Adventista do Sétimo Dia...
Há aqueles que cobiçam e cortejariam o favor dos evangélicos.”
36
EVANGELICISMO 37

(Revista Adventista, 26 de Outubro de 1978). Com o Presidente


Pierson, nós instamos: “Colegas líderes, amados irmãos e irmãs
- Não deixem isso acontecer! ...E apelo à Universidade Andrews,
ao Seminário, à Universidade Loma Linda - Não deixem isso
acontecer!” (Ibid.)
Uma pequena compreensão da formação do evangelicismo nos
ajudará a compreender suas perigosas origens. Não há dúvidas
de que toda grande heresia religiosa encontra suas raízes na
religião de Babilônia, que forçou seu impacto sobre as nações
do mundo, incluindo os grandes impérios da Assíria, Syria, Egito,
Grécia e Roma. Os deuses de Roma Pagã eram apenas extensões
dos deuses de Babilônia do mundo antigo. Os conceitos teoló-
gicos eram os mesmos, tendo suas origens no Jardim do Éden,
o equilíbrio de Bem e mal, de verdade e erro.
Na Cristandade, nenhum dos primeiros pais trouxe esses concei-
tos pagãos para dentro da igreja mais do que o fez Augustinho,
bispo de Hippo. Augustinho nasceu no Norte da África, filho
de uma mãe cristã e um pai maniqueísta. Maniqueísmo, uma
facção do Zoroastrismo, a antiga religião Persa, como todas as
maiores religiões pagãs, é construida sobre o equilíbrio das for-
ças cósmicas no Universo - Bem e mal, Certo e errado, Verdade
e mentira, Luz e trevas, macho e fêmea, quente e frio, altura e
profundidade, e outros opostos similares. Hoje, esse conceito
pode ser visto no Hinduísmo, Shintoísmo, Taoísmo e Budismo.
Enquanto o Cristianismo ensina o triunfo do Bem sobre o mal,
da verdade sobre o erro, da luz sobre as trevas, os antigos viam
estes em equilibrada tensão cósmica. Assim, os deuses pagãos
eram machos, fêmeas, ou talvez, hermafroditas. Essa é também a
razão dos pagãos terem sacerdotes e sacerdotisas. Eles, inclusive,
tinham deuses bons e deuses maus. A questão era aprender,
de algum modo, como se cair nas graças dos deuses bons para
receber todas as suas bençãos, enquanto não enraivecia os maus
deuses para, por conseguinte, evitar suas maldições.
Todos os símbolos do paganismo são símbolos de equilíbrio. O
mais antigo e degradante de todos estes é a cruz, o equilíbrio
do horizontal com o vertical. De forma inqüestionável, devido
a este fato, satanás, em seu diabólico esforço de destruir Cristo,
pregou-o a este degradante símbolo pagão. A estrela de Davi,
38 GUARDIÕES DA FÉ
agora sustentada como símbolo do judaísmo, é um antigo sím-
bolo pagão, o equilíbrio do plano vertical, com os triângulos in-
vertidos. Colin, em uma ocasião, pediu a um rabino para explicar
a origem da estrela de Davi. Ele apenas respondeu: “Suas origens
estão perdidas na antiguidade”. O que ele deveria ter dito era:
“Suas origens estão perdidas no paganismo”. [Amós 5: 26]
Enquanto visitava as ruínas Maias em Copan, Honduras, há al-
guns anos, Colin ficou surpreso ao ver uma perfeita estrela de
Davi em um dos edifícios pagãos. Os hindus usavam a suástica
como seu símbolo de equilíbrio. Ambas, a suástica canhota e
a direita, são encontradas comumente sobre seus templos. Os
chineses e coreanos usam os famosos Yin e Yang, simbolizados
pelos dois semicírculos preto e branco. Os antigos chineses
também desenvolveram quase 300 oposições polares, tais
como: quente e frio, luz e trevas, altura e profundidade, macho
e fêmea, Bem e mal, comprimento e largura, fraqueza e força,
sob influências pagãs.
Augustinho foi educado como Maniqueista por seu pai. Ele
absorveu todos os conceitos do paganismo em sua juventude.
Na segunda década de sua vida ele se converteu ao Cristianismo
enquanto estudava em Milão. Não há dúvidas de que sua forma-
ção pagã teve um profundo e permanente impacto sobre sua
teologia. Por fim sua teologia se tornou a teologia prevalecente
e dominante da Igreja Católica, em especial sobre os 700 anos
subseqüentes. Não é de surpreender que esse catolicismo de
hoje esteja infiltrado com conceitos e compreensões pagãs. Não
houve, até o tempo de Tomás de Aquino, qualquer significativo
rompimento da esmagadora teologia augustiniana sobre a
Igreja Católica.
Desta forma Augustinho viu um Deus que era arbitrário, que
tinha controle total. Ele não podia conceber um Deus que dava
livre escolha e assim, seu conceito de pré-destinação tornou-se
encravado no Cristianismo. Este conceito sustentava que não
era para nós, humanos errantes, questionarmos a justiça de
Deus, na qual Ele pré-ordena alguns para a salvação eterna, e
outros para a perdição eterna. Esta perniciosa doutrina conduz
ao ensinamento “Uma vez salvo, salvo para sempre”. Se Deus
está no controle total, logicamente se segue que Ele não muda
EVANGELICISMO 39

Sua mente e portanto, aqueles que são salvos, a despeito de


sua conduta, nunca podem se perder. De forma natural esses
ensinamentos conduzem à segurança carnal, pela afirmação de
que aqueles que estão predestinados à salvação estão salvos
em seus pecados. Augustinho acreditava que era impossível
alcançar a vitória sobre o pecado e estabeleceu o conceito de
pecado original e, sua companheira próxima, a total depravação
do homem, para apoiar suas convicções. Este conceito susten-
tava que o homem não apenas herdara a fraqueza e pré-dispo-
sições ao pecado de Adão, mas que também ele era culpado
dos muitos pecados de Adão. Esta visão foi enunciada apesar
de que as Escrituras declaram que o homem morrerá por seus
próprios pecados (Êxodo 32:33), e Paulo esclarece que todos
morrem porque todos pecaram (Romanos 5:12).
A doutrina do pecado original, cegamente aceita hoje até mes-
mo por alguns de nossos ministros, joga fora a responsabilidade
pessoal do homem sobre o pecado. Esta doutrina ensina que nós
somos pecadores porque possuimos uma natureza caída, uma
questão sobre a qual não temos absolutamente controle algum.
Contrária a esta visão, as Escrituras ensinam que nós próprios
somos inteiramente responsáveis por pecarmos, pois o pecado
é um ato voluntário. A única definição dada por Deus é:

“Pecado é a transgressão da Lei.” (I João 3:4)

A Irmã White relembra-nos:

“Nenhum homem pode ser forçado a transgredir. Sua própria


aprovação deve ser ganha primeiro, a alma deve propor o ato
pecaminoso.” (Testemunhos 5, pg.177).
Tiago confirma este ponto:

Portanto, aquele que sabe fazer o bem e não o faz, nisso está
pecando. (Tiago 4:17, grifo nosso).
Este verso só confirma a declaração de Jesus, na qual Ele nos
assegura que:

“Se vós fosseis cegos não teríeis pecado.” (João 9:41).


40 GUARDIÕES DA FÉ
Em nenhum lugar as Escrituras ensinam que a possessão de uma
natureza caída, por sí só, nos faz pecadores mesmo antes que
pequemos. É curioso que ministros abracem, de forma tenaz,
visões para as quais eles não podem encontrar absolutamente
nenhum suporte Bíblico, enquanto ignoram as mais claras pas-
sagens escriturísticas que apontam ao contrário.
De início, Augustinho sustentou que o impulso sexual foi o
pecado original, e que era impossível ganhar vitória sobre ele.
Em confirmação deste fato ele gerou uma criança ilegítima.
Entretanto, mais tarde, ele adicionou um mais abrangente con-
ceito de pecado original. Este erro afetou de forma profunda o
pensamento Cristão. É óbvio que Cristo não poderia ter herda-
do o pecado original, ou Ele não poderia Ser nosso Salvador e
Redentor. Se Ele possuisse o pecado original, seria um pecador
desde o ventre. Portanto, o conceito de que Cristo tinha a
natureza de Adão antes da queda tornou-se um prevalecente
conceito dentro do domínio do Cristianismo. Isso encontrou
sua expressão, muitos séculos mais tarde, na aceitação da dou-
trina da imaculada conceição. Esta doutrina declara que Maria
foi concebida de forma imaculada, a fim de que ela pudesse
conceber um filho com uma natureza sem pecado. A questão
então levantada é: como Cristo, que É dito ter uma natureza de
todo diferente daquela da humanidade caída, poderia Ser nosso
Mediador? Esta racionalização leva à Mariolatria, à adoração de
santos, e à mediação de sacerdotes (padres), homens dos quais
pode-se verdadeiramente dizer que tem tentações como as
nossas, e tem de suportar o que nós temos de suportar, pois
Cristo foi visto como carecendo do critério essencial para a Sua
função de Sumo-Sacerdote, já que as palavras da Bíblia foram
rejeitadas:

“Pelo que, em todas as coisas, convinha a Ele Ser feito seme-


lhante a Seus irmãos, para que Ele pudesse Ser Miseri-cordioso
e Fiel Sumo-Sacerdote em coisas pertinentes a Deus, para
fazer reconciliação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele
Mesmo sofreu sendo tentado, Ele Está Apto a socorrer aqueles
que são tentados.” (Hebreus 2:17-18).
EVANGELICISMO 41

Outras questões levantaram-se. Uma delas estava relacionada


com o que podemos fazer acerca da total depravação. Por fim
a Igreja decidiu que seria tratada através do batismo. Esta, de
forma inevitável, conduzia a outra questão: “O que acontece
com os não-batizados?” A resposta foi simples: “O tormento do
fogo eterno”. Podemos imaginar a consternação e a angústia de
pais, cujas crianças morriam aos milhares de doenças infeccio-
sas e outras causas, aprendendo que seus pequeninos seriam
atormentados eternamente em um ardente inferno, porque eles
possuíam o pecado original. Esta crença logo conduziu a Igreja
a inventar o conceito de Limbo. É certo que o Limbo não era o
Céu, mas ele era consideravelmente melhor do que um ardente
inferno. Mas, mesmo assim, os pais não poderiam estar satisfei-
tos, porque eles nunca veriam os seus pequeninos de novo, e
sua angústia ainda era esmagadora. Assim, veio a doutrina do
batismo infantil. Há muitíssimos casos de padres aspergindo
“água benta” sobre o abdômem de mulheres morrendo no parto,
declarando que ambos, mãe e filho, estavam agora assegurados
de um lar no Céu. No caso da criança, seu “pecado original” foi
lavado por este ato de “batismo”.
Não há dúvidas de que Augustinho começou com premissas er-
radas, derivadas do paganismo, e assim conduziu a Igreja Cristã
em toda uma seqüência lógica de erros que tem influenciado a
comunidade Cristã até hoje. A brilhante lógica de Augustinho
dominou a forte oposição de seu contemporãneo, Plégius.
É bom notar que Lutero era um monge augustiniano. Em sua
auto-biografia, ele indicou ter lido repetidas vezes, e absorvido
por completo, os escritos de Augustinho, antes de ter tido como
fixar os olhos sobre a Palavra de Deus. Assim não é surpresa
vermos que, enquanto Lutero estava apto para lançar fora quase
todas as heresias pós-augustinianas, ele reteve quase todos
os erros augustinianos, incluindo o pecado original e a total
depravação do homem, a pré-destinação, o conceito de uma
vez salvo salvo para sempre, a natureza não caída de Cristo, e o
batismo de infantes.
Alguns tem questionado por que a Igreja Luterana não é, de
forma predominante, crente na predestinação hoje. A resposta
é simples: após a morte de Lutero, Melâncton conduziu a Igreja
42 GUARDIÕES DA FÉ
Luterana para longe da pré-destinação.
Assim, nós temos que reconhecer que a teologia da reforma
evangélica tem suas raízes profundas no paganismo e no cato-
licismo augustiniano.
Estes fatos seriam suficientes para tornar esses erros anátema
para todo Cristão que acredita na Bíblia. E, de fato, eles devem
ser. Esses ensinamentos não são Adventismo do Sétimo Dia; eles
são incompatíveis e inconsistentes com a última mensagem que
Deus tem dado ao mundo. Esses erros são construidos sobre
a mentira original de satanás, e é doloroso ouvir aqueles que
professam ser o remanescente de Israel declarando os conceitos
de Augustinho, em parte ou no todo, como sendo verdade.
Na Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje, três erros augustinianos
são comumente propostos: O Pecado Original, A Natureza Não-
caída de Cristo, e a continuidade dos santos no pecado até Jesus
voltar. Quão trágicas e eternamente fatais são as conseqüências
desses erros! Não há um verso sequer das Escrituras, nenhuma
palavra do testemunho dO Espírito, que dariam credencial ao
conceito de que Cristo teve uma natureza não-caída. Paulo, aci-
ma de todos os autores da Bíblia, muito se extende para mostrar
que Cristo teve uma natureza como a nossa:
Portanto, assim como os filhos são participantes da carne e do
sangue, Ele também de igual forma tomou parte do mesmo;
o qual, através da morte, pode destruir aquele que tem o poder
da morte, que é o diabo, e libertar aqueles que, através do temor
da morte, foram sujeitados, por toda a sua vida, à escravidão.
Pois, na verdade, Ele não tomou sobre Sí a natureza de anjos, e
sim a semente de Abraão. Pelo que, em todas as coisas, convinha
a Ele Ser feito seme-lhante a Seus irmãos, para que Ele pudesse
Ser Misericor-dioso e Fiel Sumo-Sacerdote nas coisas pertinentes
a Deus, para fazer reconciliação pelos pecados do povo. Pois,
na-quilo que Ele Mesmo sofreu sendo tentado, Ele Está Apto a
socorrer aqueles que são tentados. (Hebreus 2:14-18).
Pois nós não temos um Sumo-Sacerdote que não possa Ser
tocado com o sentimento de nossas debilidades; mas Ele Foi,
em todos os pontos, tentado como nós somos, toda-via, sem
EVANGELICISMO 43

pecado. (Hebreus 4: 15)

Pois o que a lei não poderia fazer, naquilo que ela era fraca atra-
vés da carne, Deus, enviando Seu próprio Filho na se-melhança
de carne pecamionosa e pelo pecado, condenou o pecado na
carne. (Romanos 8: 3).

Concernente a Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor, O Qual Foi


feito da semente de Davi, conforme a carne. (Rom.1: 3).
E João também expressa isto nestas triunfantes palavras:

E A Palavra Foi feita carne, e habitou entre nós, (e nós contem-


plamos a Sua Glória, a Glória como dO Unigênito dO Pai), cheio
de Graça e Verdade. (João 1: 14).
A Bíblia afirma com clareza que o não aceitar o fato de que Cristo
tomou sobre Sí a natureza do homem caído é o erro central do
antiCristo:

Por isto conheceis O Espírito de Deus: todo espírito que confes-


sa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; e todo espírito que
não confessa que Jesus Cristo veio na carne não é de Deus, e
este é aquele espírito de antiCristo, do qual vós tendes ouvido
que viria; e mesmo agora já está ele no mundo. (I João 4: 2, 3).
Pois muitos enganadores tem entrado no mundo, os quais não
confessam que Jesus Cristo veio na carne. Este é um enganador
e um antiCristo. (II João 7).

Semelhante aos reformadores, os Adventistas do Sétimo Dia


identificam o Papado como o antiCristo. É prontamente determi-
nado que o Papado propõe a visão de que Cristo recebeu carne
sem pecado. Então, parece evidente que esta visão é o espírito
do antiCristo. Além disso, como tem sido visto, dessa doutrina
originam erros-chave do catolicismo, incluindo a Imaculada
Conceição, o Batismo Infantil, o Confissionário, as Orações aos
Santos, a Mariolatria, o Limbo, etc...
Nunca, nenhuma vez sequer, as Escrituras declaram que Cristo
veio em carne sem pecado ou em carne não-caída. Repetidas
vezes a Irmã White usou os termos “carne caída” e “carne peca-
44 GUARDIÕES DA FÉ
minosa” em referência a Cristo. Por nenhuma vez ela descreveu
a natureza de Cristo, ou carne, como não-caída ou sem pecado.
Muitos, infelizmente, confundem a natureza de Cristo com o
Seu caráter. O caráter de Cristo foi perfeito. Nunca, por nenhum
momento, Ele respondeu às tentações de satanás. Ele estava
sempre em uma inabalável e total comunhão com Seu Pai. Mas
Jesus alcançou a vitória tendo Sido tentado em todos os pontos
assim como nós somos, tendo Sido desafiado da mesma maneira
que nós somos desafiados. Por isso só Ele qualifica-Se para Ser
nosso Sumo-Sacerdote Fiel. Ele É O Único que Se levanta por
nós no julgamento. Ele É O Único a apresentar Sua vida no lugar
de nossa vida.
A Fé Adventista do Sétimo Dia ensina, de forma correta, que
o homem herda as fraquezas de Adão e, de forma inevitável,
move-se na trajetória do egoísmo, pecado, e alienação de Deus.
Não fosse a Graça de Deus, nenhum de nós poderia ser salvo,
e ninguém poderia resistir às tentações. Através de Sua Graça
e poder nós somos atraídos a Ele. Ao nos rendermos a Ele nós
renascemos em Sua imagem.
Da forma correta, a Fé Adventista do Sétimo Dia ensina que
Cristo veio na natureza de Adão após a queda. Este ensinamento
não infere que Cristo possui uma natureza não-regenerada. De
fato nós entendemos que, desde Seus primeiros dias, Ele teve
uma vontade humana santificada:

Jesus Cristo É nosso exemplo em todas as coisas. Ele come-çou


Sua vida, passou por Suas experiências e findou Seu registro
com uma vontade humana santificada. Ele Foi
tentado em todos os pontos como nós somos e, mesmo
assim, manteve Sua vontade rendida e santificada; Ele nunca
inclinou-Se, no mínimo grau que fosse, para fazer o mal, ou
manifestar rebelião contra Deus.
(Sinais dos Tempos 29 de Out. de 1894).
Como tal, Ele não precisou nascer de novo, como nós precisa-
mos. Alguns tem sugerido que isto deu a Cristo uma vantagem.
Sim, deu a Ele toda vantagem sobre o homem não-regenerado,
mas Ele não possuiu vantagem sobre aqueles que são nascidos
EVANGELICISMO 45

de novo; pois o mesmo Divino e infinito poder de Deus é dispo-


nibilizado para nós. Portanto, a verdadeira fé Adventista ensina
que nós podemos vencer, e vencemos, e de fato devemos vencer
todo pensamento, palavras e ações erradas, se estamos dispos-
tos a ser salvos no Reino dos Céus. Deus não leva defeitos de
caráter para o Céu, pois isso iniciaria outra vez o ciclo do pecado.
O Adventismo não sustenta a noção legalista de que nós somos
salvos por causa da obediência. Só o sacrifício e o sumo-sacer-
dócio de Cristo traz salvação. Mas é certo que a palavra de Deus
declara que a salvação de Cristo só é outorgada sobre aqueles
que aceitam Sua condição de obediência.
Agora alguns tem confundido esta afirmação dando a entender
que só aqueles que tem perfeito conhecimento é que podem
ser salvos. É certo que só Deus tem o conhecimento perfeito.
Essa perfeição é construida pela aceitação do poder de Cristo
para alcançar a vitória sobre todo pecado revelado.

Portanto, aquele que sabe fazer o bem e não o faz, nisto está
pecando. (Tiago 4:17).
E os dias de sua ignorância Deus não levou em conta; mas agora,
dirige todos os homens, de todos os lugares ao arre-pendimen-
to. (Atos 17:30).
Jesus lhes disse: se vós fosseis cegos, não teríeis pecado; mas
agora vós dizeis: nós vemos. Portanto o vosso pecado perma-
nece. (João 9:41).
Se Eu não tivesse vindo e lhes falado, eles não teriam peca-do;
mas agora eles não tem como encobrir seus pecados. (João
15:22).
Pois, se nós pecamos intencionalmente após termos rece-bido o
conhecimento da verdade, não resta mais sacrifício por pecado,
...(Heb.10:26). [Verso suprido pelo tradutor].
Quando entendemos esta definição de pecado, descobrimos
que a Bíblia está repleta de declarações após declarações do
poder de Cristo para restaurar um caráter perfeito em uma
46 GUARDIÕES DA FÉ
natureza danificada pelo pecado.

Agora, nAquele que É apto para guardar-vos de cair e apre-sen-


tar-vos sem falta ante a presença de Sua glória com ex-cedente
gozo. (Judas 24).

O Qual deu-Se a Sí Mesmo por nós, que Ele pode redimir-nos de


toda iniqüidade e purificar para Sí um povo peculi-ar, zeloso de
boas obras. Estas coisas, fala e exorta, e ad-
moesta com toda autoridade. (Tito 2: 14, 15).
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas Deus É Fiel,
O Qual não permitirá que sofrais tentações acima do que estais
aptos a resistir; mas, com a tentação, fará um caminho de es-
cape, pelo qual vos habilitará a suportá-la. (I Coríntios 10: 13).
E lhe foi concedido que ela fosse vestida em linho fino, pu-ro e
branco; pois o linho fino é a justiça dos santos.
(Apocalipse 19: 8).
Maridos, amai vossas esposas, assim mesmo como Cristo amou
a Igreja e deu-Se por ela; pois Ele pode santificá-la e purificá-la
com a lavagem de água pela palavra; Ele pode apresentá-la para
Sí mesmo uma igreja gloriosa, não tendo mancha, ou ruga, ou
qualquer coisa semelhante; mas para que ela seja santa e sem
defeito. (Efésios 5: 25-27).

Para isto mesmo fostes chamados: porque Cristo também sofreu


por nós, deixando-nos um exemplo, de que deverí-amos seguir
Seus passos: O Qual não pecou, nem sequer foi encontrada
astúcia em Sua boca. (I Pedro 2: 21, 22).
Estamos certos de que se mais de nossos pregadores e povo
soubessem a origem do que está tão comumente sendo apre-
sentado em nossos púlpitos hoje, haveria uma clara reversão
desses ensinamentos na Igreja de Deus. De fato, o favor apre-
sentado por alguns de nossos colegas ministros para com o
evangelicismo logo se dissiparia, se eles tão só percebessem
a verdadeira natureza de seus ensinamentos, pois estes são
sutis enganos. Nestes últimos dias nós devemos nos esquivar
EVANGELICISMO 47

de falsas doutrinas e nos unir às verdades demonstradas com


tanta clareza na Palavra de Deus. O Evangelicismo está, de forma
inqüestionável, incluido no âmbito de “Babilônia”, da qual Deus
nos tem comissionado a chamar Seus verdadeiros seguidores.
Que amorável Deus nós temos! Ele é um Deus que escolhe nos
perdoar e livrar-nos da escravidão do pecado e da culpa.
48 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 7

ECUMENISMO

N
ó s c rescemos em uma época de polaridade
Cristã. Havia ainda uma forte demarcação entre pro
testantismo e catolicismo e entre protestantes mais
fundamentalistas e aqueles de princípios mais liberais. Mas rapi-
damente as fronteiras estão se tornando indistintas. Embora não
apoiemos muitas das retóricas polêmicas das gerações passadas,
no entanto, apoiamos com vigor a diferenciação Escriturística e
do Espírito de Profecia entre a verdade e o erro.
Vivemos hoje em um clima diferente. Quando éramos jovens,
o Papa Pio XII governava tanto o Vaticano como a Igreja Católica.
Era um homem inteligente, porém era um homem facilmente
suspeitável. Mesmo entre os católicos, havia desconfiança con-
siderável. Era suspeito, não sem razão, de grande simpatia para
com a causa nazista de Adolf Hitler. Na verdade, esta suspeita
ganhou considerável crédito pelo fato de ter sido ele, antes de se
tornar Papa, núncio papal na Alemanha.
Possivelmente, mais do que qualquer outra coisa, compreen-
díamos a hostilidade de muitos para com a Igreja Católica, por
convivermos com nosso avô, John Bailey. Apesar de ter nascido
na Austrália, seus pais eram da Irlanda do Norte. Nossos bisavós,
Bailey e Anne Bailey, morreram antes de nascermos. Mas de
nosso avô, reconhecíamos que sua mais forte religião era o an-
ticatolicismo, por que esta era a propensão de nosso avô. Como
um Orangeman ele tinha todo o fanatismo emocional incontido
que hoje vemos no conflito na Irlanda do Norte. Um Orangeman
é um membro da Casa de Orange, uma organização extremista
anticatólica, originária da Irlanda. Este nome vem de Guilherme de
Orange, um rei protestante que reinou como Guilherme III, desti-
tuindo seu sogro, o Rei Tiago II, o último rei católico da Inglaterra.
A Rocha (The Rock), um jornal escrito com fortes elementos
anticatólicos na Austrália, foi talvez a publicação favorita de nosso
48
ECUMENISMO 49

avô, uma vez que descrevia, geralmente com detalhes sórdidos,


os excessos da Igreja Católica. Nos anos 40, esse jornal era muito
popular entre australianos.
Em 1974, Russell, atendendo como médico no Hospital Ad-
ventista de Sydney, examinou um paciente que ele não havia
tratado anteriormente. Era um dia frio de inverno quando este
senhor, despido a fim de que fosse examinado, de repente ex-
clamou: “Você sabe que eu sou o inimigo público número um?”
A primeira impressão, após esta afirmação, foi de que além dos
problemas cardíacos este homem estava psicologicamente
perturbado.
Mas a seguir ele explicaria sua declaração retirando duas
cópias de A Rocha do fundo de seu casaco e empurrando-as na
direção de Russell e afirmando: “Eu sou o editor de A Rocha”.
Nós não sabíamos que esta publicação ainda era impressa;
não havíamos ouvido sobre ela pelo menos por vinte anos.
Ao discutirmos o assunto descobrimos que em seus tempos
áureos, nos anos quarenta, A Rocha, cujo editor era o senhor
Campbell, um membro de um rigoroso segmento da Igreja
Presbiteriana, tinha uma tiragem de 40.000 exemplares por
semana. Por volta de 1974 a circulação de A Rocha havia caído
para 2.000 por semana. Quando indagado acerca dessa redu-
ção catastrófica na clientela, o Sr. Campbell apresentou uma só
palavra que ele mesmo havia cunhado: “Ecumanía-cos”.
Não há dúvidas quanto ao fato de que as mudanças de atitu-
de dos protestantes com relação à Igreja Católica têm sido mar-
cantes. Embora os autores deplorem as polêmicas e o fanatismo
que caracterizaram muito do sentimento anticatólico, todavia
eles percebem que no mundo, e mesmo na igreja, existe uma
atitude de grande tolerância para com a apostasia e os excessos
que têm caracterizado a Igreja Católica através dos séculos.
Com a morte do Papa Pio XII, em 1958, o mundo foi surpre-
endido com a escolha do cardeal Roncalli, 77 anos de idade,
para ser o novo papa. Muitos nomes haviam sido sugeridos,
mas o nome de Roncalli não havia aparecido como uma pro-
vável escolha, em grande parte devido a sua idade avançada.
Predizia-se com confiança que seu reinado como papa seria
um período intermediário no qual o Concílio de Cardeais teria
a oportunidade de preparar o homem que eles desejavam para
50 GUARDIÕES DA FÉ
dar forma ao futuro da Igreja Católica. Mas quão erradas estavam
essas previsões! Nos quatro anos de seu reinado, o papa João
XXIII, como ficou conhecido, mudaria por completo a imagem
de suspeita e intriga do catolicismo para uma imagem de amor e
ecumenismo. Sua convocação para o Concílio Vaticano Segundo
operou uma dramática mudança de direção na opinião mundial.
Com rapidez a comunidade cristã, e na verdade o mundo como
um todo, começou a ver o papado sob uma luz totalmente dife-
rente. Na realidade, o impacto causado por esse papa querido foi
tão tremendo, que em 1960 os Estados Unidos puderam fazer o
impossível, ao elegerem um católico para a Casa Branca.
Na morte do Papa João XXIII, o palco já tinha sido montado
para a projeção de uma nova e diferente imagem da Igreja
Católica. É verdade que durante seu comando relativamente
longo, o novo pontífice, Cardeal Montini (Papa Paulo VI) pouco
fez para efetivamente avançar aquela recém criada imagem,
mas também nada fez para revertê-la.
O curto reinado de João Paulo I não lhe permitiu tempo para
exercer seu impacto sobre a direção da igreja. Na sua morte, o
Colégio de Cardeais chocou o mundo ao escolher, pela primeira
vez em quatro séculos, um papa não-italiano, Cardeal Woityla,
que viria a ser conhecido como Papa João Paulo II. Este papa já
estendeu as fronteiras do catolicismo para muito além do que
o fizeram qualquer um de seus predecessores. Eis um homem
convicto do catolicismo conservador e também um homem
que tem moldado o pensamento mundial de tal forma que não
resta nada mais do que apenas elementos isolados de oposição
às intrigas políticas da Igreja Católica. Na verdade, apresentar
efetivamente os antecedentes de corrupção e perseguição
passadas da igreja é agora geralmente visto como fanatismo e
intolerância. Mais do que qualquer um dos seus antecedentes,
o Papa João Paulo II visitou outros países. Ele tem visitado não
apenas países católicos, mas também países de maioria protes-
tante, e não apenas nações cristãs mas também não-cristãs. É
quase inevitável que, onde quer que tenha ele ido, não tenha
sido saudado com incrível adulação. Na verdade, cada vez mais
o mundo o tem olhado como um líder. Algum tempo atrás,
uma pesquisa indicou que o Papa João Paulo II estava à frente
do presidente Reagan e do secretário geral Andropov da União
ECUMENISMO 51

Soviética, como aquele que o mundo considerava possuir maior


perspectiva de trazer paz ao planeta. Esta esperança gira em
torno de um homem que governa o menor Estado do mundo,
0,44 km2 (44 ha). Mas o impacto de 800.000.000 de católicos
espalhados ao redor do mundo coloca-o como dirigente de
mais pessoas do que qualquer outro, com exceção do chefe da
República Popular da China.
Temos assistido à impressionante mudança de rumo dos Es-
tados Unidos em direção a esse poder. Poderia alguém imaginar,
em gerações passadas, um presidente dos Estados Unidos tendo
efetivamente um encontro com o papa em um ano eleitoral? Tal
ação, em tempos passados, teria significado sua morte eleitoral
nas urnas de votação. Mas em 1984 o presidente Reagan cons-
tatou que aquele encontro em Fairbanks, Alasca, na verdade
aumentaria suas perspectivas de reação favorável por parte
dos eleitores. Sua subseqüente re-eleição pela maioria esma-
gadora de votos confirmou quão preciso foi seu pensamento.
O restabelecimento completo das relações diplomáticas entre
os Estados Unidos da América e o Vaticano foi possível ocorrer
sem o vee-mente protesto que em gerações anteriores evitaria
qual-quer movimento como este por parte da Casa Branca. Cada
vez mais vemos o mundo religioso voltar-se para Roma em
busca de sua liderança e orientação. Outrora seria inacreditável
que um papa pregasse em uma Igreja Luterana como ele o fez
no aniversário de 500 anos do nascimento de Martinho Lutero. As
perspectivas para a reunificação da Igreja Anglicana com a Igreja
de Roma agora parecem muito sólidas. Um fato significante é que
no resumo detalhado dos pontos de conflito dessa reunificação
nenhuma barreira de natureza doutrinária foi posta. Ao invés disso,
as preocupações centralizaram-se antes em torno da aceitação pela
Igreja Católica da ordenação prévia dos sacerdotes anglicanos e a
ordenação das sacerdotisas. A infalibilidade do papa, a missa e a
imaculada conceição não são agora aparentemente questões
consideradas pelos anglicanos como barreiras para a unificação.
O ecumenismo avançou tanto que o Papa foi recebido em uma
sinagoga italiana. O movi-mento ecumênico sem dúvida está
em marcha.
Muitos de nossos ministros agora ignoram completamente
a advertência de Deus acerca da Igreja Católica Romana. E o
52 GUARDIÕES DA FÉ
fazemos com perigo para as nossas próprias almas e as almas
de nossas congregações. Removam-se as restrições ora impos-
tas pelos governos seculares, reintegre-se Roma ao poderio
anterior, e de pronto ressurgirá a tirania e perseguição. (Grande
Conflito, pg. 564).
Muitos apontam as condições catastróficas e ameaçadoras
no mundo de hoje como forte razão para a união da Cristan-
dade. A questão da unidade construída em torno da verdade e
santificação (João 17:17) dificilmente é mencionada. É chegado
o tempo quando todo o mundo se maravilhará após a besta
(Apoc. 13:3).
O que pode ser dito com relação ao mundo protestante e ao
mundo judeu é igualmente verdadeiro para os países não-cris-
tãos. Quando em 1986, o papa João Paulo II visitou Singapura,
um país de budistas, taoístas, hindus e muçulmanos, sua acolhi-
da excedeu a de qualquer outro indivíduo na memória recente.
Esta acolhida foi típica à que ele tem recebido em suas visitas
aos numerosos países não-cristãos, incluindo Índia, Tailândia,
Japão e muitas repúblicas africanas.
Mas nossas preocupações estão muito mais direcionadas
para o impacto ecumênico sobre a Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Quando do surgimento do movimento do Advento, a cla-
reza da mensagem e a urgência de sua missão não permitiam a
mínima condescendência com o protestantismo apóstata nem
com o catolicismo. Na verdade, os pioneiros da Igreja Adventista
ao examinarem as grandes profecias de Daniel e Apocalipse,
viram em seus estudos as maiores evidências, assim como
fizeram os reformadores do século dezesseis, de que a Igreja
Católica Romana era o chifre pequeno, o anticristo, o homem
do pecado, a besta, Babilônia, e a mãe das prostituições. Eles
aceitaram a visão histórica da interpretação profética. Esta visão
negava terem as profecias de Daniel 7 e 8 encontrado cumpri-
mento antes do tempo de Cristo nos desmandos de Antíoco
Epifânio, um então desconhecido rei selêucida que provou ser
apenas mais um vassalo de Roma. Eles também opuseram-se
com veemência à interpretação jesuíta na qual o chifre pequeno
apontava para alguma personagem no futuro que, próximo do
tempo, levantar-se-ia e tornar-se-ia o antiCristo; ao invés de o
ECUMENISMO 53

antiCristo ser visto na personagem de suscessão dos papas, e


na grande contrafação do sistema religioso de Roma.
Os pregadores e evangelistas pioneiros aceitaram o desafio
de chamar homens e mulheres a sair de Babilônia. Eles con-
sideraram com toda a seriedade as mais evidentes provas de
Daniel 7 e 8 e de Apocalipse 13, 17 e 18, de que, na realidade,
esse grande poder se oporia a Deus e a Sua verdade. Viram no
papado o grande poder perseguidor de todas as épocas o qual,
no fim do tempo, intensificaria essa perseguição para além de
toda medida, de tal forma que

...todos que habitam na terra o adorarão, aqueles cujos


nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro
morto antes da fundação do mundo.” (Apocalipse 13: 8)

Viram no surgimento dos Estados Unidos o cumprimento de


Apocalipse 13:11, a besta semelhante a um cordeiro que se tornaria
no executor dos decretos papais. Essa tirania levaria os Estados
Unidos a ditar um boicote econômico total contra aqueles que
não possuíssem

...a marca, ou o nome da besta ou o seu número.


(Apocalipse 13:17)

O papado era visto como o poder que finalmente promulgaria


o decreto de morte contra todos os que se recusassem a seguir as
ordens e apostasias da besta (Apocalipse 13:15).

Hoje a voz da Igreja Adventista tem-se reduzido a um sussurro.


Não ouvimos mais o alto clamor para uma separação do mundo
e de sua mundanidade. Na verdade, temos escutado muito mais
vozes que se voltam para a idéia do ecumenismo. A clareza e a
exclusividade da missão da Igreja Adventista dada por Deus no fim
do tempo não são mais apresentadas de forma vívida e vital pela
maioria. As questões de tolerância e compreensão têm sido per-
vertidas de tal maneira que é considerado indelicado e anticristão
por muitos, mesmo por alguns em posições de liderança, declarar
que a Igreja de Roma e suas filhas protestantes corromperam e
perverteram a grande verdade de Deus para o mundo.
54 GUARDIÕES DA FÉ
Muitas das atitudes ecumênicas da Igreja Adventista do Sétimo
Dia têm sido alimentadas em nossas universidades. Em 1970, o
Dr. Desmond Ford, ignorando as declarações expressas da ins-
piração, afirmou em sua tese de doutorado, na Universidade de
Manchester, que o homem do pecado não era um indivíduo no
passado nem uma sucessão de indivíduos. Mesmo assim conti-
nuou ensinando esse erro aos nossos jovens, na Universidade
de Avondale e na Universidade da União do Pacífico, por mais
nove anos. Isto exemplifica um mecanismo-chave pelo qual o
erro do ecumenismo tem entrado em nossas fileiras.
Cada vez mais vemos dentro de nossa igreja uma tendência
em direção ao movimento ecumênico. É verdade que a Igreja
Adventista do Sétimo Dia não se uniu oficialmente ao Conselho
Mundial de Igrejas, uma organização radical (de extrema-esquer-
da) que, com freqüência, tem sido vista em lavagens de dinheiro
para grupos terroristas em todo o mundo. No entanto, a conexão
está se tornando cada vez mais forte. O encontro de adventistas
com certos grupos de estudo do Conselho Mundial de Igrejas e
o pagamento de taxas a certas agências de informação do Con-
selho Mundial de Igrejas demonstram graves perigos. Além do
mais, a conexão da Igreja Adventista do Sétimo Dia em alguns
países, notadamente na Hungria, com organizações ecumêni-
cas vinculadas ao Conselho Mundial de Igrejas tem gerado um
preocupante estado de coisas e produzido graves resultados.
No momento em que este livro está sendo escrito, aqueles que
têm permanecido inabaláveis contra esta mudança têm sofrido
graves conseqüências religiosas e políticas.
Na Hungria, tem sido confirmado pela liderança da Asso-
ciação Geral que aqueles que nobremente se opuseram contra
a conexão de nossa Igreja, naquele país, com as universidades
teológicas ecumênicas foram ilegalmente cortados pela União
Húngara da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A entrega oficial de uma medalha de ouro ao Papa Paulo VI
pelo então secretário da Divisão Norte-Européia não fez muito
para afastar as preocupações daqueles pastores e leigos fervo-
rosos mantenedores da singularidade de nossa fé.
Em 1985, em um diálogo ecumênico em Windsor, na Ingla-
terra, no qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia se fez repre-
ECUMENISMO 55

sentar, o ponto central estava em trazer a Igreja Adventista a


um relacionamento mais estreito com a comunidade de outros
grupos de igrejas. O relatório desse encontro, Século Cristão,
trouxe grande preocupação para muitas pessoas que amam a
verdade de Deus. Conquanto o conselho do Espírito de Profecia
seja inequívoco de que a Igreja Adventista devia levar, como
um projeto especial, seu testemunho aos ministros de outras
denominações, temos nós, freqüentemente, ido além desta
instrução para um relacionamento social. E em assim fazendo,
temos calado nossas vozes e minimizado a grande apostasia vista
tanto dentro do catolicismo como no protestantismo.
Hoje é raro para os pastores da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, e na verdade para nossos evangelistas, levantar a questão do
impacto do catolicismo e do protestantismo apóstata no tempo do
fim. O falso conceito de amor e preocupação pelos nossos irmãos
separados tem levado muitos a quase ignorar uma das maiores co-
missões dadas ao povo de Deus: declarar a apostasia da cristandade
caída. Nos apressamos a esclarecer que não apoiamos de forma
alguma a abordagem que algumas vezes foi seguida no passado
na qual, com grande antagonismo e perceptível ódio, declaráva-
mos os excessos da igreja papal. Certamente com sincero amor e
sensibilidade pelos fiéis que estão em Roma e no protestantismo,
devemos chamá-los em tons claros e inequívocos a saírem dela e
separarem-se, para que Cristo possa ter seu único aprisco, unido e
indivisível, quando ele retornar. Ao fazermos assim de forma santa
estaremos cumprindo a divina ordem.

Permiti que todos vejam que nossos pés estão calçados


com a preparação do evangelho da paz e boa vontade
para com os homens.
Maravilhosos são os resultados que veremos se entrarmos
na obra de Deus imbuídos com o Espírito de Cristo. Se le-
varmos a palavra adiante em justiça, misericórdia e amor,
o socorro virá em nossa necessidade. A verdade triunfará
e a vitória será ganha. (Pacific Union Recorder, 23 de ou-
tubro de 1902).

Desde o tempo do diálogo de Barnhouse e Martin nos anos cin-


56 GUARDIÕES DA FÉ
qüenta, tem havido uma afinidade crescente com o ecumenismo
por parte de alguns de nossos ministros. Outros, vendo-se na po-
sição de teólogos, ambicionam o reconhecimento da comunidade
teológica como um todo. Da mesma forma que muitos dos nossos
médicos desejam a aclamação e aceitação da comunidade médica
(às vezes também um perigoso desejo), muitos teólogos estão de
igual modo assim motivados. Esta motivação inevitavelmente
leva-os à aceitação de princípios ecumênicos. Possamos nós,
como homens ordenados, atender ao conselho de Deus.

“Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e


não toqueis nada imundo...” (2 Cor. 6:17)

Muitos pastores acham que grande bem tem sido alcançado


em sua comunhão com a comunidade ministerial de sua área.
Conquanto talvez em casos isolados isto tenha se tornado uma
oportunidade para testemunhar para pastores de outras igrejas,
tal fato, mais freqüentemente, tem conduzido os pastores a tor-
narem-se enamorados com esse relacionamento, ao ponto de
não mais se encontrarem preparados para pregar a verdade até
mesmo para suas próprias congregações ou para a comunidade
como um todo. Esta tendência tem sido exacerbada ao ponto de
ministros católicos e protestantes apóstatas usarem nossos púlpi-
tos. Assim, em muitas áreas, o testemunho da verdade tem quase
sido interrompido.
É verdade que a mensagem a qual Deus nos confiou não é
uma mensagem popular. Mas essa mensagem de advertência e
separação é uma mensagem que Deus continua a nos ordenar e
repetir. Falsas concepções de amor têm calado a voz da igreja de
Deus em um tempo mais importante do que qualquer outro para
se clamar e não se deter, dar à trombeta o sonido certo e chamar
homens e mulheres para a justiça de Cristo e à plenitude de Sua
verdade. Devemos agora pregar com maior poder a mensagem
central, mantendo a verdade e condenando a apostasia. O pecado
e a apostasia devem ser chamados pelo seu verdadeiro nome. As-
suntos como a marca da besta e o selo de Deus devem ser definidos
de tal forma que todos os homens e mulheres honestos recebam o
convite de salvação de Cristo. A redefinição da distinção da Igreja
do Advento, sua mensagem e missão representam talvez a maior
ECUMENISMO 57

e mais urgente necessidade da igreja hoje.


58 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 8

PLURALISMO

D
ificilmente poder-se-ia dizer que a Igreja Adventista
do Sétimo Dia começou com uma visão eclética da
verdade. Quando os pioneiros da igreja estudaram a
palavra, oraram e receberam a revelação divina; a certeza da Fé
do Advento e a distintividade de sua mensagem tornaram-se
a marca registrada da intrepidez com a qual tal mensagem era
proclamada. Esses pioneiros não viram espaço para visões diver-
gentes sobre qualquer um dos grandes pilares da fé.
É verdade que freqüentemente Ellen White e outros advertiram
contra se causar grande divisão em áreas de estudo que não fossem
verdades probantes, mas com relação aos pilares fundamentais
da fé, incluindo aquelas doutrinas amplamente distintas para a
Igreja Adventista do Sétimo Dia, eles recusaram fazer concessões
ou permitir desvios dessas verdades. Eles reconheceram que Cristo
É a verdade; que Ele É Aquele que “não muda” e eles não viram
nenhuma razão para incerteza ou interpretações opcionais. Não
havia espaço para visões divergentes com relação às doutrinas
do Sábado, da mensagem do santuário, da lei de Deus, do estado
dos mortos, do juízo, da Segunda Vinda de Cristo, da natureza
humana de Cristo ou a perfeição do caráter cristão, e outros
assuntos claramente fundamentados nas Escrituras.
No clima de ceticismo do século vinte, alimentado pelos con-
ceitos filosóficos da investigação científica, não é mais popular
manter pontos de vista firmes e inequívocos. Considera-se ser
arbitrário e de mente estreita quem assim pensa. O método
científico não permite elementos absolutos, provas finais ou
verdades. Baseados no fato de que não podemos provar hipó-
teses e teorias mas apenas invalidá-las, esta mesma noção tem
sido aplicada à Palavra de Deus. É totalmente inaceitável que
uma metodologia tão arbi-trariamente definida, fosse imposta
à igreja Adventista do Sétimo Dia, com relação às suas doutrinas,
58
PLURALISMO 59

por alguns que se consideram ser os cabeças pensantes da Igreja.


Aplicar tal metodologia às escrituras é negar as próprias palavras
das Escrituras.

“Provai todas as coisas.” (I Tessalonicenses, 5:21)

A assustadora inclinação em direção ao pluralismo que há na


Igreja Adventista do Sétimo Dia é apenas um reflexo de uma
assustadora tendência existente na ristandade neste século. Ao
comentar sobre essa tendência, o Dr. J. I. Packer, professor de teo-
logia histórica e sistemática da Universidade Regent disse:

“Observem o pluralismo do pensamento teológico moderno.


Por pluralismo não quero dizer apenas a existência de teolo-
gias alternativas concorrentes, as quais diferentes pensadores
desenvolvem de formas diferentes para explicar e embasar a
vida e fé Cristãs (aquele aspecto do pluralismo que, como os
pobres, sempre o teremos conosco). Quero dizer também a
aceitação desse estado de coisas como normal e saudável.
Esta aceitação, agora generalizada nas principais correntes
das igrejas ocidentais, incluindo a comunhão católico-roma-
na (ainda não na ortodoxa) é uma novidade do século vinte à
qual, compreensivelmente, muitos encontram dificuldade de
ajustar-se. A pretensão de que quanto mais teologias existi-
rem juntas, mais saudável e mais fortalecidos todos seremos
é um espantoso desvio da convicção tradicional de que, por
ser a verdade una, a unanimidade de pensamento sobre
ela e a unanimidade de expressão dessa verdade é o único
objetivo justo ao qual deva a igreja buscar. Mas parece claro
que, seja isto sabedoria ou tolice (meus leitores decidirão por
si mesmos), esta nova suposição veio para ficar e dificilmente
será removida de nossa vida.” (Packers, Introduction to Paul W.
Fromer, “The Best in Theology”. Christianity Today, pp. 15-17)

Packer nos dá quatro fontes básicas desse pluralismo.

(1) A forte ênfase entre os protestantes liberais sobre a im-


60 GUARDIÕES DA FÉ
possibilidade de tratar o ensinamento bíblico como revelado e
portanto verdade normativa.
(2) A forte ênfase entre os protestantes neo-ortodoxos sobre
a noção de que uma verdade nova, nunca vista antes, pode
irromper de novas seletivas combinações de padrões bíblicos
de pensamento.
(3) A Forte ênfase entre os católicos romanos sobre a distin-
ção, exaltada por João XXIII e pelo Vaticano II, entre a substância
imutável da fé e as muitas formas de expressá-la.
(4) A forte ênfase no diálogo teológico ecumênico sobre o
provincialismo defensor das tradições confessionais históri-
cas.

Packer de forma inspiradora conclui:

“O resultado final de todos esses impulsos para o pluralismo


é que existem tantas teologias quantos teólogos houver para as
inventarem; o conceito de heresia quase perdeu seu significa-
do, lealdade para com a igreja institucional tem sido colocada,
pela maioria, no lugar de lealdade para com a fé que uma vez
foi entregue aos santos, posto que ninguém está mais muito
seguro sobre o que é realmente a essência da fé.”

Infelizmente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não escapou


das incursões do pluralismo. Muitos comparam-no à maturidade
crescente da igreja como se isso fosse uma virtude. Outros o vêem
como uma discussão estimulante e saudável. Mas para o guardião
da fé desperto ele é visto pelo que realmente é: um plano de
engano de Satanás para desviar o povo de Deus da verdade que
santifica e une.
Quando éramos rapazes, com freqüência ouvíamos as pala-
vras “a certeza da fé do advento”. Era muito mais do que mera
verbosidade. Era a realidade viva nas vidas da esmagadora
maioria dos Adventistas do Sétimo Dia. É claro que nessa época
a maioria dos Adventistas tinha uma compreensão profunda da
mensagem e de suas verdades. Era uma época em que a maior
parte dos novos membros era minuciosamente embasada nas
PLURALISMO 61

doutrinas de Deus por, no mínimo, um período de seis a doze


meses antes do batismo. As cruzadas evangelísticas geralmente
duravam mais de seis meses. Esse não é hoje o comportamento
da Igreja. Com rapidez, homens e mulheres que ouviram três
semanas de pregação adventista têm sido apressadamente
levados ao tanque batismal. Estamos alarmados com o nú-
mero de pessoas que estão dentro da Igreja e têm pouca ou
nenhuma idéia das grandes verdades do movimento adventista.
Receamos com freqüência que nenhuma compreensão de tais
verdades como o santuário, o juízo investigativo e o Espírito de
Profecia tenha sido apresentada para essas pessoas antes de
seus batismos. Podemos nos admirar de ser a carnalidade das
almas tão grande hoje em dia? Não nos surpreendamos com o
que venha a acontecer com essas pessoas quando em algum
ponto, ao longo de sua jornada, elas ouvirem essas verdades,
normalmente em apresentações incompletas tidas como certo,
ao invés de tê-las aprendido durante um estudo Bíblico com
profundidade. Eles sentem que foram enganados, e que não
compreenderam aquilo em que foram batizados. Assim muitos
rapidamente abandonam a igreja.
Colin recorda-se, após pregar sobre o juízo investigativo, da
resposta muito agitada de uma mulher ao seu pastor. Ela nunca
tinha escutado sobre o juízo investigativo. Na realidade, como
confirmado posteriormente, ela nunca havia escutado acerca do
ministério de Jesus Cristo no santuário celestial. Colin decidiu
que, no dia seguinte, seu objetivo seria sentar-se ao lado daque-
la mulher no jantar de confra-ternização. No diálogo ele ficou
estarrecido ao descobrir que ela havia sido batizada há quinze
anos. Ela declarou nunca antes ter ouvido essas mensagens.
Ela parecia, no entanto, muito desejosa de estudá-las e queria
entendê-las.
Quão contrastantes são tais situações hoje em comparação
com o método do evangelismo prevalecente na Igreja Adven-
tista do Sétimo Dia de nossa infância e juventude! Como po-
demos apagar de nossa memória a cruzada do pastor George
Burnside em nossa cidade, Newcastle, Austrália, em 1951? Aos
dezessete anos ouvíamos a certeza e convicção da mensagem
62 GUARDIÕES DA FÉ
que ele portava. Houve muitos que questionavam se a cidade
industrial de Newcastle poderia ser penetrada pelo evangelho,
mas as 130 almas que foram batizadas na igreja como resulta-
do daquela cruzada mostraram que quando a mensagem era
pregada com poder e com convicção, e o Espírito Santo de Deus
estivesse presente, homens e mulheres estariam desejosos de
ouvir, acreditar e aceitar. Na verdade, quinze anos após aquela
cruzada, Colin estava sentado em uma cadeira de barbeiro em
Newcastle; percebendo que ele era estudante da Universidade
de Avondale, e associando esta escola com a Igreja Adventista
do Sétimo Dia, o barbeiro recordou que ele havia assistido aos
encontros de George Burnside. Ainda assim havia uma recorda-
ção clara da grandeza das apresentações que foram feitas e da
convicção das mensagens pregadas. Apesar de, infelizmente,
não ter aceito essas mensagens, o barbeiro não havia esquecido
o testemunho e clareza com a qual aquele testemunho havia
sido dado.
Hoje é diferente, especialmente entre aqueles que chamam
a si mesmos de eruditos da igreja. Existem clamores crescentes
por pluralidade e ecletismo dentro da igreja. Geralmente esses
reclamos são postos dentro do contexto de uma igreja madura.
Afirmações tais como “a Igreja Adventista atingiu a maturidade”,
“a igreja não precisa mais reprimir as diferentes visões acerca das
doutrinas de Cristo” são proferidas e o pluralismo é abraçado.
Nós estamos começando a ver em nossas publicações cada vez
mais incertezas com relação à mensagem, ao ponto de poder-
mos ver livros de nossas publicadoras oferecerem visões contras-
tantes. Na verdade, quando examinarmos as capas disponíveis
em nossos Centros de Livros Adventistas hoje, podemos quase
que escolher, ao estilo self-service, o tipo de “Adventismo” que
queremos ler ou acreditar.
Livros como Perfeição: A possibilidade impossível, na qual
duas visões totalmente diferentes encontram-se apresentadas,
são editados por nossas publicadoras. Podemos ler na revista
Ministério duas visões contrastantes acerca da natureza de Cristo
como se pudéssemos escolher aquela que mais nos agrada. Não
estamos aqui falando sobre a superfície de nossa fé; estamos
PLURALISMO 63

falando sobre a própria centralidade da fé - a natureza de Cristo,


seu ministério terrestre e o caminho da salvação. O trágico é que
esses pontos foram bem definidos e mantidos harmoniosamen-
te por todos desde meados do século passado até pelo menos
os anos quarenta, porém, nos últimos quarenta anos, tem havido
uma erosão constante da verdade a tal ponto que cada vez me-
nos pessoas estão certas de sua fé. Talvez nenhuma outra área
tenha mostrado uma falsa representação dos pioneiros como
a da verdade cucial sobre a natureza humana de Cristo. O livro
do Dr. Ralph Larson, O verbo se fez carne (Cherrystone Press,
Califórnia) mostra a solidez da compreensão dos escritores da
Igreja por 100 anos, até a intromissão deliberada da incerteza
dos anos 50.
Hoje, confusão e indecisão marcam um número conside-
rável dos membros da Igreja. Nós, ministros, devemos arcar
com pesada responsabilidade por este estado de coisas. Com
freqüência nós temos restringido nossas mensagens a fim de
agradar alguns de nossos membros que lançariam dúvidas sobre
a verdade. Muitos dos nossos membros têm visto os eruditos
de nossa Igreja em desacordo e argumentam que se os teólogos
não conseguem chegar a uma decisão, quanto mais eles, simples
leigos, podem sequer ter esperança de encontrar a verdade de
Deus. Este argumento ao ser examinado, no entanto, tem se de-
monstrado falso, porque temos sido advertidos de que o homem
simples, guiado pelo Espírito Santo, tem mais possibilidades de
compreender a verdade do que o teólogo.

“A Bíblia com suas preciosas gemas de verdade não foi escrita


apenas por eruditos. Ao contrário, ela foi delineada por pessoas
comuns; e a interpretação dada por pessoas comuns, quando
auxiliadas pelO Espírito Santo, melhor se ajustam com a verdade
como ela é em Jesus.” (5T 331)

Esta afirmação da inspiração desfaz especificamente a visão de


que nossos teólogos são os mais capazes de compreender a verda-
de. Contudo, com freqüência, esquecendo que são os teólogos
que geraram a confusão, nos voltamos a eles para solucionar
64 GUARDIÕES DA FÉ
os problemas criados por eles mesmos. Antes voltássemo-nos
para aqueles de quem Deus declara possuírem melhor compre-
ensão de Sua palavra, as pessoas comuns. Apesar disso quão
freqüentemente condescendemos em incluir esses teólogos em
nossas discussões sobre assuntos doutrinais? Melhor é afastar-nos
e mantermos distância daqueles “eruditos” de quem Deus decla-
rou não serem instruídos. Não é de admirar que tenhamos tanta
incerteza doutrinária.

Mas muitos do precioso povo de Deus estão confusos, incertos,


desanimados e geralmente desistem, supondo que se não há cer-
teza entre aqueles que são os líderes da igreja, então essas áreas
de doutrinas não devem ser importantes e precisam ser postas de
lado até que a igreja chegue a uma decisão. Em alguns casos são
encorajados a pensar assim. São algumas vezes advertidos a não
se envolverem em diálogos sobre estes temas, porque a igreja não
chegou ainda a um consenso. Portanto eles não devem impor seus
estudos ou pontos de vista a outros membros.
O pastor observador já percebeu que nas áreas onde o plura-
lismo de doutrinas tem sido encorajado dentro de nossa igreja,
tornou-se muito impopular pregar a visão verdadeira, enquanto
a visão não-escriturística é promovida e favorecida. A doutrina
da natureza humana de Cristo é, sem dúvida, o principal exem-
plo. Embora seja dito que ambas as naturezas, antes da queda
e após a queda constituem “verdade” aceitável na Igreja Ad-
ventista do Sétimo Dia, contudo em países tão distantes como
Inglaterra e Austrália muitos de nossos colegas pastores têm de
forma tácita proibido a pregação da única visão encontrada nas
escrituras e no Espírito de Profecia. Assim homens ensinando o
erro de Agostinho de que Cristo tinha a natureza de Adão antes
da queda são freqüentemente trazidos do exterior através de
programas oficiais da igreja, enquanto todo esforço é feito para
silenciar aqueles pastores que ergueriam suas vozes a proclamar
o que por quase cem anos os Adventistas do Sétimo Dia sabiam
ser a verdade Bíblica. Desta forma o conceito de pluralismo
quando aplicado à doutrina da Igreja estabelecida, na sua base,
não é simplesmente um esforço de ser imparcial acerca de duas
PLURALISMO 65

visões diametralmente opostas, mas é um meio pouco sutil de re-


tirar a verdade e em seu lugar por o erro. E isso é feito sem primeiro
precisar declarar ser a verdade estabelecida um erro.
O movimento em direção ao pluralismo é de forma inquestio-
nável de inspiração satânica. É particularmente forte na igreja do
mundo ocidental. Com freqüência a compreensão da verdade é
muito maior nos países do terceiro mundo. Geralmente conside-
ra-se ser aberto e tolerante não sustentar pontos de vista sólidos
e inflexíveis. Mas a palavra de Deus é verdadeira e inequívoca, e
está além do ecletismo. A evidência é tão clara que quando a igreja
perde a clareza de sua mensagem, perde também seu poder e atra-
tividade em relação aos seus membros bem como sua capacidade
de atrair novos membros.
Tem sido mostrado que, pelo menos, quatro condições causam
estagnação nas igrejas:

(1) A erosão das posições doutrinárias.


(2) A perda da clareza de suas crenças e verdades.
(3) A reestruturação da organização da igreja.
(4) A falta de padrões e de um estilo de vida definido.

Deve ser reconhecido que todos esses problemas tiveram um


forte impacto sobre nossa Igreja nos últimos anos e seus efeitos
têm virtualmente paralisado o progresso da Igreja nos países do
primeiro mundo. Nos países onde esses pontos não têm ainda
causado impacto dominante, a Igreja continua a florescer.
Desta forma, este movimento em direção ao pluralismo
é uma das razões pela qual a Igreja está vacilante no mundo
ocidental. Por que quereria alguém unir-se à Igreja Adventista
do Sétimo Dia apenas para adorar no Sábado? Se esta fosse a
única diferença entre esta e os evangélicos, então alguém po-
deria unir-se aos Batistas do Sétimo Dia com igual satisfação.
Certamente é chegado o tempo de pregar as doutrinas claras
da fé adventista com poder e de forma direta. A resposta entre
os crentes e não-crentes juntamente será maior e a unidade da
Igreja será alcançada, não por consenso, nem condescendência,
mas na pureza da fé Bíblica.
66 GUARDIÕES DA FÉ
67

Capítulo 9

RELATIVISMO

A
s incursões do pluralismo abriram a porta para seu
companheiro no erro: o relativismo. Para muitos
Adventistas do Sétimo Dia, o absoluto está tão efetiva-
mente desgastado que é quase impossível para eles pensarem
em outros termos, que não o relativo. Como tantos outros erros,
o relativismo tem elementos esseciais de verdade. É verdade
que a mensagem a ser apresentada ao mundo deve ser uma
mensagem que seja relevante às necessidades contemporâne-
as. Mas nós, como Adventistas do Sétimo Dia, não temos que
conjecturar sobre o conteúdo da mensagem apropriada para
hoje, pois ela está, com clareza, delineada para nós nas pala-
vras da inspiração. Como declarado antes, a mensagem final a
ir para toda nação e tribo e língua e povo é a mensagem dos
três anjos de Apocalipse 14: 6-12, reforçada pelo Alto Clamor
de Apocalipse 18: 1-5.
Tem estado cada vez mais em moda pregar o claro testemunho
da Inspiração em um sentido comparativo, ou relativo. O concei-
to de relativismo está profundamente embutido nas questões
de Ética Situacional. O conceito de ética situacional declara que
a situação é o árbitro de direito e verdade, portanto, não há
leis universais, nem princípios a aplicar a todas as pessoas em
todas as circunstâncias. Nas décadas de 1950 e 1960, a filosofia
da ética situacional ganhou um tremendo impulso. De certo
a ética situacional tem sido uma filosofia por muitos anos e,
tragicamente, através da história, a maioria das pessoas tem
respondido de acordo com as circunstâncias, mais do que com
a Universal Lei de Deus.
A controvérsia da ética situacional atingiu um pico no tão divul-
gado debate entre o Prof. Joseph Fletcher, então professor visi-

67
68 GUARDIÕES DA FÉ
tante de Ética Médica da Universidade de Virgínia e o professor
da Escola Teológica Episcopal filiada da Universidade de Harvard
de um lado, e do outro, o Doutor John Warwick Montgomery,
então presidente da Divisão de História da Igreja, e professor de
História do Pensamento Cristão na Escola de Teologia Evangé-
lica Trindade, em Illinois. O debate aconteceu na Universidade
Estadual de San Diego, em 11 de fevereiro de 1971. Durante o
debate, o Prof. Fletcher fez algumas declarações como:

Nenhum dos Dez Mandamentos representa um princípio


normativo para a conduta humana, intrinsecamente válido
ou universalmente obrigatório, que esteja acima das circuns-
tâncias. Por exemplo, em algumas situações furtar é a coisa
certa a fazer; em outras, respeito pela propriedade de outro
é o caminho certo a seguir. (Associação Betânia de Ética
Situacional Inc., 1972).

Mais adiante ele disse:

Considero que não haja princípios morais normativos


quaisquer que sejam intrinsecamente válidos, ou univer-
salmente obrigatórios. ...Se nós devemos seguir ou não um
princípio moral, eu afirmo: depende sempre da situação. ...Se
nós fomos obrigados algumas vezes, de forma consciente, a
falar mentiras brancas, como em geral as chamamos, então,
conscientemente, podemos ser obrigados algumas vezes a
cometer furtos brancos, fornica-ções brancas, assassinatos
brancos, quebra de promessas brancas, e coisas semelhantes.
(Ibid., 15).

E então, só para sumarizar o que ele via como os princípios


do situacionismo, escreveu:

O Amor é o summum bonum, o bem mais elevado, o valor de


primeira ordem, a consideração fundamental para a qual em
todo ato, tanto quanto tenhamos a oportunidade e a capaci-
dade de fazer uma análise racional, deveríamos estar prontos
para “na menor crise”, marginalizarmos ou subordinarmos
outras considerações de valor de certo e errado, Bem e mal,
RELATIVISMO 69

desejável e indesejável. (Ibid., 17).



Fletcher viu três opções para o comportamento moral:
1.- O ANTINOMINAÍSMO, que em sua mais simples definição
é amor sem lei;
2.- O LEGALISMO, lei sem amor;
3.- O SITUACIONISMO, o qual ele vê como o auge do com-
portamento racional.
Nós procuramos ansiosamente o antagonista da ética situ-
acional, Dr. John Warwick Montgomery, para termos a resposta
definitiva às reinvidicações superficiais de Fletcher, mas ficamos
espantados ao notar justo o oposto. O próprio Montgomery
disse:

Quanto às específicas questões: “Ninguém nunca deve men-
tir? Ninguém nunca deve matar um tirano? Ninguém nunca
deve tomar parte em um abôrto?”, a resposta é, em termos do
que é certo: ‘Não, ninguém deve falar mentiras, matar outra
pessoa, ninguém deve abortar; agora, se você está dizendo:
‘Você não fará essas coisas sob quaisquer circunstâncias?’
Minha resposta para essa pergunta é a mesma que o Dr. May
deu: “Pode ser que eu seja forçado a fazer isto mas, se assim
for, eu ainda estarei cometendo erro”. (Ibid., 50, 51).

Portanto, Fletcher e Montgomery concordam que nós,


algumas vezes, tenhamos que quebrar a Lei de Deus. A única
diferença entre eles é que um disse que é errado quebrar a Lei,
enquanto o outro disse que era moralmente bom quebrar a
Lei, se as circunstâncias ditam ser este o melhor ou o menos
inaceitável comportamento.
Com certeza o situacionismo oferece toda sorte de exemplos.
Um destes exemplos é o do barco afundando, com acomodações
insuficientes nos botes salva-vidas para os passageiros a bordo,
o situacionismo diz que é moralmente correto afastar ou impedir
os que estejam nadando para o bote salva-vida evitando que
este seja excessivamente carregado, a fim de que aqueles no
bote possam sobreviver. Durante a II Guerra Mundial, todo este
assunto foi respondido de uma das formas mais comoventes por
70 GUARDIÕES DA FÉ
um padre, um rabino e um ministro protestante, os quais, ao
invés de afastar aqueles que estavam em desespero tentando
segurar no bote, deram seus próprios lugares. A história relata
que esses homens foram vistos pela última vez de mãos dadas,
pois eles próprios renderam as suas vidas a fim de que outros
pudessem viver. Este supremo sacrifício está gravado em um selo
postal dos Estados Unidos. Outros falam de ser correto contar
uma mentira para esconder alguém que, de outra maneira, seria
levado à morte por um inimigo. E assim as situações podem ser
multiplicadas.
Alguém pode prontamente entender isso pensando como
homem secular e pode não perceber a racionalidade dos ar-
gumentos. As Escrituras, porém, têm uma resposta diferente,
resposta essa que, pela fé e confiança, o Cristão verdadeiramente
convertido abraçará.

Não veio sobre vós tentação [prova ou sofrimento] senão
humana; mas Deus É Fiel, O Qual não vos permitirá ser ten-
tados [atribulados ou provados] acima do que sois capazes
[acima de vossa resistência]; mas fará com a tentação [prova
ou sofrimento] um meio de escape para que possais suportá-
la. (I Cor. 10:13).

Aqui Deus prometeu uma resposta, completamente diferente


para o homem cuja fé e confiança estejam n’Ele. Conquanto o
Secularismo e o Ateísmo recorram a toda sorte de engano e
tortuosidade para interpretar e manusear situações difíceis, o
mesmo não acontece com os seguidores de Deus. A grande
fidelidade de Deus é confirmada pelO Próprio Senhor tomando
controle da situação. Se nós entendemos da forma correta o
texto Bíblico, não há circunstância alguma pela qual seja ne-
cessário ao Cristão quebrar a inviolável Lei Moral de Deus. Deus
não permite que o Cristão seja colocado em uma situação “sem
vitória”. Isso não significa que situações “impossíveis” não surjam,
mas Deus É O Deus do impossível.
Alguns anos atrás, ouvimos uma história muito comovente
de uma mulher que, em 1972, na Alemanha Oriental, tomou a
decisão suprema de obedecer à Lei de Deus. Ela recusou enviar
RELATIVISMO 71

sua filha de oito anos de idade à escola no Sábado. As autori-


dades, após falharem na persuasão, informaram-lhe de que se
ela persistisse neste ato, sua filha seria tomada e levada para
onde a forçariam freqüentar a escola no Sábado. A fiel mulher
orou para que, de alguma forma, Deus intervisse e sua filha não
fosse levada. Mas o dia veio quando as autoridades removeram
a criança. A ética situacional teria ditado que a mãe mandasse
sua filha para a escola e que ela fizesse todo o possível para
ensiná-la sobre a santidade do Sábado. Mas esta mulher não
se permitiu condescender.
Alguém pode perguntar: “Por que Deus não respondeu a
tal oração?” A resposta logo tornou-se evidente. À boa moda
comunista, notícias foram espalhadas em torno do vilarejo de-
clarando que aquela senhora era uma mãe incapaz e que este
“fato” foi a razão pela qual a filha havia sido removida do cuidado
da mãe. Quando os moradores do vilarejo leram essa notícia,
levantaram-se em revolta aberta contra seus líderes comunistas.
Eles declararam que a mãe não era incapaz, mas uma das mais
bondosas mães do vilarejo e exigiram que a filha fosse enviada
de volta. Quando os oficiais recusaram esta exigência, os mo-
radores do vilarejo fizeram o inconcebível: declararam que não
haveria mais trabalho no vilarejo até que a filha retornasse para
sua mãe. Por fim, sob pressão, a filha retornou. Quão precioso
deve ter sido I Coríntios 10:13 para essa mãe! Deus deu a ela um
supremo teste, e ela passou nesse teste.
Mas hoje, os valores de muitos Cristãos têm mudado, a ponto
de preferirem eles condescender, ao invés de confiar na segura
e certa Palavra de Deus. De fato, Deus teve uma melhor forma
para a mãe, do que apenas manter os oficiais longe de sua por-
ta. Antes, Deus deu um maravilhoso ministério de testemunho
através daquela mulher para cada membro do vilarejo no qual
ela viveu.
O relativismo, como expresso na ética situacional, está se tor-
nando descontrolado dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Mencionamos apenas uma situação concernente à observância
do Sábado. O fato é que onde a pressão é forte, um grande nú-
mero de Adventistas do Sétimo Dia submete-se às exigências do
estado e enviam seus filhos à escola no Sábado, mesmo quando
72 GUARDIÕES DA FÉ
não há qualquer provável punição estatal. Esta é a resposta da
ética situacional. Foi a ética situacional que levou muitos na
China a trabalhar no Sábado e ir para a igreja no domingo, por
causa dos requisitos de trabalho nas comunidades. Nós temos
dificuldades hoje, mesmo no nível da Conferência Geral, em
termos votadas fortes declarações quanto à observância do
Sábado, pois há muitos que não anelam ver o Sábado como
parte dO Caráter de Deus. Como devemos admirar aqueles que
recusam enviar suas crianças à escola no Sábado, e aqueles, na
China, que recusam trabalhar no Sábado! Esses têm formado
suas próprias comunidades e trabalham de domingo a sexta.
Mas, estas são sempre as excessões e não a regra geral. Não é
de surpreender que O Senhor tenha dito:

Quando O Filho do Homem vier, encontrará Ele fé na


Terra?” (Lucas 18: 8).

O situacionismo é visto sob muitas circunstâncias dentro da


Igreja Adventista do Sétimo Dia do mundo ocidental. Multidões
de Adventistas nada vêem de errado em comer em restaurantes
públicos no Sábado, nem em passar as horas da tarde do Sábado
em satisfação não relacionada com o repouso sabático. Perde-se
assim a oportunidade de uma aproximação mais estreita com O
Senhor, quando entenderíamos e testemunharíamos Sua verda-
de para homens e mulheres nesse momento mais crucial do fim
da história do mundo. Vemos esse relativismo relacionado com
o vestir, com cada vez mais jóias e mundanismo no vestuário,
solapando a Igreja.
Com freqüência ouvimos a declaração: “Os tempos muda-
ram”. O que está acontecendo na verdade é que a Lei de Deus
está sendo violada. A avidez pelo entretenimento, seja através
dos filmes, das músicas ou dos esportes e coisas semelhantes,
é agora parte absorvente da vida dos Adventistas do Sétimo
Dia no mundo ocidental. A sociedade, como um todo, estaria
justificada ao admirar-se de sermos nós o povo que Deus cha-
mou, nestes últimos momentos da história da Terra, para levar
Sua mensagem a cada nação e tribo e língua e povo. As paixões
consumidoras de nossa vida deveriam ser o conhecimento da
RELATIVISMO 73

Palavra de Deus, a vitória sobre o pecado e o partilhar da gloriosa


mensagem de salvação com aqueles que O Senhor coloca em
nossa esfera de influência. A Igreja tem se tornado relativa ao
mundo. Então, por freqüentemente parecermos um pouco me-
lhor do que o mundo, nos afundamos em um satisfeito estado
de engano laodiceano.
Esse relativismo veio em relação ao Espírito de Profecia, onde
é feita uma falsa divisão entre profetas universais e profetas
locais. Ellen White é tida por muitos como uma profetisa local.
Suas mensagens são ditas serem limitadas ao tempo no qual
ela viveu, portanto, não têm significado direto para hoje.
O relativismo definitivo têm vindo na compreensão da perfei-
ção. Esta palavra têm se tornado anátema nas mentes de muitos.
Até mesmo muitos pregadores acreditam que nem a Bíblia nem
o Espírito de Profecia ensinam que Deus tem o poder de dar a
vitória sobre cada pensamento, palavra e ação errados. Assim,
a mensagem difundida e ouvida pelas congregações é: “Peque
e Viva!”. É afirmado: “Nós continuaremos a pecar até que Jesus
venha.” Ninguém argumenta se não deveríamos nos esforçar
para vivermos uma vida mais correta, se não deveríamos crescer
em santificação; mas há uma recusa e uma negação do poder
do evangelho. Claras afirmações da Inspiração têm sido postas
de lado.

Que ninguém diga: “Eu não posso remediar meus defeitos de


caráter”. Se você chegar a essa decisão, com certeza, deixará
de obter a vida eterna. (PJ, 331).

Os problemas da ética situacional podem ser resumidos


como seguem:
1- Dizer que o amor é o único absoluto é negar que o amor está
expresso na guarda da Lei de Deus (João 14: 15, 21);
2- Ambos, indivíduo e sociedade, sofrem grandemente
quando elementos imutáveis são removidos. Sem a segurança
de elementos absolutos, o homem anda a esmo em um labirin-
to de incerteza, que logo produz frustração e erro. Homens e
mulheres tornam-se barcos sem lemes;
3- Se dizemos que os fins justificam os meios, enfrentamos o
74 GUARDIÕES DA FÉ
dilema de se podemos ou não sempre conhecer o que será o fim
antes de seguirmos um curso de ação. Se somos confrontados
por uma situação onde o fim não está claro, então o situacionista
é nocauteado com a incerteza por não saber qual será a melhor
ação na circunstância. Muitas vezes nossas reações tem de ser
efetuadas tão de repente, e de forma tão espontânea, que não
temos tempo de considerar quais podem ser as conseqüências
da ação.
4- Apenas aqueles que habituaram-se a um padrão de vida
debaixo dos imutáveis princípios da Lei de Deus, em circuntân-
cias imprevistas, responderão de uma maneira consistente com
o Código Moral de Deus.
5- Se há momentos nos quais o bem maior resulta do engano
[por exemplo: menti por “amor”], enfrentamos o dilema de não
podermos confiar nos situacionistas, ou mesmo dar-lhes crédito.
O Amor é a própria essência dO Caráter de Deus. E Deus não
pode mentir. “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus
nos tem. Deus É amor; e quem permanece em amor, permanece
em Deus, e Deus nele.” (I João 4:16).
6- O Amor de Deus é imutável e é manifesto na Sua Lei. As-
sim, é loucura postular que o Amor Ágape pode ser sustentado
como o valor de primeira ordem, o único absoluto, enquanto,
em aberta contradição à própria natureza desse Amor, tentamos
usá-lo para anular a imutável Lei de Deus.
7- Se o fim justifica os meios, quem determina qual é o melhor
fim ou o mal fim? É certo que esse dilema leva finalmente ao
egocentrismo quando o homem se predispõe a buscar aqueles
fins que ele considera como melhores para ele próprio, antes
que para outros.
Através das Escrituras, a resposta para situações conflitantes
é uma implícita confiança em Deus. Esses princípios estão de-
monstrados repetidas vezes na Palavra de Deus. Por exemplo: a
experiência dos filhos de Israel no Mar Vermelho; a experiência
do rei Ezequias e Senaqueribe; a experiência de Daniel na cova
dos leões, ou a de Sadraque, Mesaque e Abedenego na fornalha
ardente. Todas demonstram que Deus sempre provê a solução
para esses aparentes dilemas.
Como ministros, é nosso claro dever conduzir nossos reba-
RELATIVISMO 75

nhos a uma implícita confiança em nosso Pai Celestial, O Qual,


em Sua Infinita Sabedoria, nos conduzirá em caminhos de reti-
dão, a despeito das circunstâncias vigentes. Nenhum homem
ou mulher jamais estará pronto para passar por um tempo de
prova, se adotarem uma filosofia que escolha respostas através
de um padrão relativo. Os situacionistas teriam uma resposta
totalmente diferente daquelas que foram dadas pelos exemplos
Bíblicos acima citados, estando eles naquelas circunstâncias.
Deus está procurando por ministros e por um povo para os quais
o situacionismo e o relativismo sejam anátema.
76 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 10

EXISTENCIALISMO

A
ssim como o relativismo provém do pluralismo,
assim também o existencialismo está, de forma in-
trínseca, envolvido no relativismo. É geralmente sugerido
que o filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard foi o
formulador do existencialismo moderno, na primeira parte do
século XIX. Esta revolucionária figura da história protestante
fez mais do que afetar o pensamento de muitos Cristãos de
hoje. A preocupação de Kierkegaard com o significado do
subjetivo tem levado a uma crescente ênfase sobre a primazia
da pessoa na determinação de moralidade e verdade. Alguns
têm sugerido que o existencialismo “Cristão” abrange os nobres
conceitos de relacionamento pessoal com Deus. Enquanto esta
idéia é algumas vezes expressa, a principal linha propulsora do
existencialismo “Cristão” está longe das reivindicações da eterna
Lei de Deus sobre a vida humana.
Por incontáveis gerações, a Cristandade manteve-se unida à
imutabilidade da Lei de Deus como a base de verdade e mora-
lidade. Assim, certo e errado eram com clareza definidos e os
parâmetros de comportamento aceitável eram desde cedo ensi-
nados na vida das pessoas. No século XIX, entretanto, houve uma
mudança marcante em direção oposta à crença nos imutáveis
princípios de Deus, para uma confiança nos costumes sociais. To-
davia, mesmo neste nível de comportamento, havia a tendência
da sociedade em permanecer razoavelmente bem íntegra e da
moralidade, semelhante àquela enunciada na Palavra de Deus,
ser conservada. Mas a semente do desprezo para com a Grande
Lei Moral de Deus foi lançada. Desta forma, na última parte do
século XX, os costumes dominantes têm sido os existenciais, nos
quais a pessoa se torna seu próprio aferidor de certo e errado,
de verdade e erro. Em tempos mais recentes, esses conceitos
76
EXISTENCIALISMO 77

existencialistas são exemplificados por tais ditados como: “Faça


você mesmo!”; “Seja você mesmo!”; “Divirta-se!”. Isso nos têm
deixado com uma geração que, em grande medida, têm poucos
parâmetros de vida. Membros dessa geração não têm uma clara
compreensão de comportamento aceitável e útil e, portanto,
têm se tornado abertos a todos os tipos de teorias, filosofias e
teologias, em uma tentativa desesperada e sem sucesso de dar
significado à vida.
Como Adventistas do Sétimo Dia, não temos sido imunes a
este golpe existencial. Mesmo em nossas escolas, temos cada
vez mais dado ênfase às idéias, sentimentos e preferências
individuais de nossas crianças, ao invés de explanarmos-lhes a
verdade de uma forma clara, concisa e lógica. Cada idéia tem
sido considerada como tendo mérito, e a ênfase tem estado
sobre a participação do estudante, ao invés de estar sobre uma
séria e frutífera busca pela verdade que se tornará a base da vida
adulta. Assim, muitas de nossas próprias crianças são como talos
de capim arremessados de um lado para o outro por qualquer
brisa de doutrina que sopre.
Com freqüência, o existencialismo reveste-se dos conceitos
idealísticos de amor e respeito pelo indivíduo e a seus direitos.
Tem se tornado mais e mais popular aceitar que cada um tem
direito a seus próprios pontos-de-vista. Há uma essência de
verdade nisto, no fato de Deus não coagir o homem e permitir
a cada um a liberdade do querer fazer sua escolha. Infelizmente,
esse conceito muitas vezes vai tão longe, ao ponto de sugerir
que cada opinião pessoal, ou conceito, tem mérito igual. O fato
é que o mérito de idéias só pode ser determinado à luz da Lei e
da Palavra de Deus. Apenas aquelas idéias que são consistentes
com a revelação dO Eterno são idéias de valor. Todos os outros
conceitos são desprovidos de valor, a despeito das habilidades
lingüísticas nas quais são expressos, ou do excitante estímulo
do intelecto, pelos aplausos que eles arrancam.
Não podemos super-enfatizar o fato de que Cristo apenas É a
fonte de toda verdade. Jesus declarou a Pilatos que o propósito
de Sua vinda a este mundo é que Ele deveria dar testemunho da
verdade (João 18:37). Todas as outras idéias carregam a marca
do erro.
78 GUARDIÕES DA FÉ
O existencialismo tem encontrado fortíssimas manifestações nos
salões das academias, onde a demanda por liberdade acadêmica
tem penetrado para além das instituições seculares e ecléticas
do Estado. Têm sido um fato comum o de professores de institui-
ções Cristãs, e mesmo Adventistas do Sétimo Dia, unirem-se às
fileiras dos chamados “investigadores da liberdade”. No entanto
escolas verdadeiramente Cristãs ainda terão bem definidas as
práticas e metas religiosas que não permitam a ilimitada ou
mesmo grande gama de diferenças no conteúdo apresentado
por seus professores.
Muitas das reivindicações por liberdade acadêmica centralizam-
se na consideração do professor para com seu direito a ensinar
de acordo com suas convicções e compreensões profissionais.
Pouco é dito, em geral, sobre a liberdade da organização
operacional de preservar seu direito de manter a integridade
do propósito para o qual a instituição foi fundada. O tema de
direitos fundamentais é, com freqüência, base de discórdia, se
não de séria tensão entre faculdade e conselhos.
A base fundamental do Adventismo do Sétimo Dia é que a
verdade reside na Palavra de Deus, ou no mínimo, é sempre
consistente com ela, e, em seu sentido mais completo, a verdade
reside em Uma Pessoa - Jesus Cristo. Este conceito, de imediato,
define marcos para a busca da verdade. A procura por aquilo que
é com clareza inconsistente com os ensinamentos de Cristo é
visto como uma busca do erro, em lugar da verdade. Mas, para
o existencialismo, a verdade reside em cada indivíduo. Assim,
enfrentamos tais declarações como estas:

Liberdade Acadêmica é o princípio designado para pro-teger


o professor de riscos que tendem a impedi-lo de cumprir sua
obrigação na busca pela verdade.
(W.T.Couch, citado em Russell, Kirk, Liberdade Acadêmi-ca,
Henry Regency Co., 1955).
A definição de Couch não só é totalmente existencial mas falha
ao tratar as questões mais urgentes, como se o professor tivesse
o direito de doutrinar o jovem em suas aulas com suas idéias
de verdade. Se a liberdade acadêmica pressupõe ao professor
EXISTENCIALISMO 79

o direito ilimitado de doutrinar os estudantes segundo seus


conceitos de verdade, então é obvio que muitos erros serão
apresentados. No existencia-lismo não há elementos imutáveis
nem universais pelos quais o professor ou o estudante possam
aferir a qualidade e o valor de qualquer das pressuposições ou
conceitos apresentados, ou pior, perpetuados.
Certamente não se requer que a liberdade acadêmica seja neces-
sária para a busca da verdade. Ao invés disso, o homem necessita
de um paradigma fora e infinitamente além de si mesmo para,
através do qual, avaliar e encontrar a verdade. Para os Adven-
tistas do Sétimo Dia, esta regra de fé é inqüestionavelmente a
Palavra de Deus. A Ir. White disse:

A Bíblia não é para ser testada por idéias de ciência de homens,


mas a ciência é para ser trazida ao teste do pa-drão que não
comete erros. (CPPE, 425).

Uma cuidadosa análise da armadilha existencial mostra que a


“liberdade acadêmica” é necessária, não para a busca da verdade,
mas ao invés disto como um conceito para a busca do erro. No
Jardim do Éden, satanás baseou seu apelo a Eva na premissa de
que elea alcançaria uma liberdade como ele não havia ainda
conhecido, apenas pela aceitação do enganoso erro que ele
propôs como verdade. Desta forma, hoje, defensores de peso
tem a agitação por liberdade acadêmica como uma necessidade
para a tolerância do erro.

Toda justificativa pela liberdade intelectual repousa so- bre um


conceito da natureza da verdade que implica numa razão para
tolerar o erro. (Walter P. Metzger, Liberdade Acadêmica na Era do
Universo, C.U.P., 1969, pg. 90).

Cristãos verdadeiros há muito têm sustentado que não pode


haver tolerância ao erro, fazendo uma clara distinção entre
tolerar aquele que está em erro, e tolerar o erro propriamente
dito. Muitos perdem muito por falhar em reconhecer ou fazer
esta distinção. Alem disso, Metzger propõe uma lógica para a
liberdade acadêmica, que não é construída sobre fé ou con-
fiança em Deus e Sua Palavra, e, enquanto muitos dos valores
80 GUARDIÕES DA FÉ
são louváveis em si mesmos, eles fracassam por não estarem
garantidos por um transcendente sistema de valores.

Por fim, a lógica para a liberdade acadêmica tem sido


dotada de certos valores fundamentais... Tais valores são
tolerância e honestidade, publicidade e testificabilidade,
individualidade e cooperativismo; tendo parte do lega-
do científico. (Ibid. pg 91, 92).

Há outro tema envolvido no conceito moderno de liberdade


acadêmica, o qual será mais do que assunto passageiro para
Cristãos fundamentalistas. O conceito de liberdade acadêmica,
como almejado em modernos círculos educacionais, tem uma
indiscutível ligação com o desenvolvimento de conceitos evolu-
cionistas da ciência. Enquanto reconhece que nada de novo há
debaixo do Sol, Metzger conclui que a liberdade acadêmica:

...desenvolveu-se dos debates darwinistas. ...a ciência revestiu a


teoria da liberdade acadêmica com uma concepção especial
de verdade e uma fórmula para a tolerância do erro... Sem os
princípios da ciência evolu-cionista, afirmamos, a lógica moderna
de liberdade acadêmica não existiria. (Ibid. pg. 89).
Um dos mais freqüentes e persistentes ataques às Universidades
Adventistas do Sétimo Dia é que elas são resistentes à mudança e,
portanto, repressoras da busca legítima pela verdade. É nossa obser-
vação que, pelo contrário, as instituições educacionais Adventistas
do Sétimo Dia têm sido excessivamente abertas à mudança, nas
áreas de doutrina e prática Cristãs. Se de fato nós reconhecêssemos
que a mensagem de Deus é imutável, então as únicas variações que
veríamos na arena acadêmica seriam aquelas que não infringissem
sobre a pureza da verdade ou da prática Cristã. Tem sido instrutivo,
para nós, notar que nem sempre aqueles que buscam o privilégio de
apresentar seus próprios conceitos de verdade a seus alunos têm o
mesmo grau de abertura para com aqueles estudantes que procuram
apresentar conceitos leais à Palavra de Deus. É mais fácil reivindicar
direitos existenciais para si próprio, do que aceitá-los como direitos
a outros.
Estamos numa época na qual educadores e administradores
EXISTENCIALISMO 81

Cristãos enfrentam uma pressão constante para desgastar a verdade


e padrões, tudo em nome da liberdade pessoal e acadêmica. Tais
esforços ignoram a declaração de Cristo de que:

...a verdade vos libertará. (João 8:32).

Os resultados enganosos dos que clamam por liberdade


podem ser percebidos na erosão da verdade, como se tem visto
em todo movimento centralizado em Deus, desde o tempo da
Criação. Esses clamores de liberdade baseiam-se no erro fun-
damental de que a liberdade levará à verdade, enquanto Cristo
afirma com clareza que o contrário é que é verdade: a verdade
levará à liberdade.
Como todas as formas de existencialismo, a chamada liberda-
de acadêmica, em suas raízes, é primeiro motivada por interesse
próprio, antes que por um amor pela igreja de Deus e Sua Ver-
dade. O clamor por liberdade acadêmica é gerado por aqueles
que rejeitariam a liberdade dos pais de querer que seus filhos
recebam uma educação baseada nos princípios estabelecidos
pela instituição à qual eles os tem confiado, e pela qual eles tem
feito muitos sacrifícios financeiros. Muitos professores negam
a seus alunos, presos por dúvidas e insinuações, a liberdade
de aprender princípios Adventistas do Sétimo Dia. Eles ainda
negam à instituição que os emprega o direito de buscar os ob-
jetivos inerentes ao seu estabelecimento. Isto é tirania da pior
forma, pois usurpa a liberdade para o professor, em detrimento
daqueles que têm o direito dado por Deus de exercê-la. Muito
daquilo que se mascara como liberdade acadêmica é, de fato,
quando desmascarada, coação acadêmica. (Ver Princípios da
Educação Adventista, título original Adventismo Posto em Risco,
dos mesmos autores, lançado em 2002 pela Editora da União
Central Brasileira).
Conquanto possamos concordar com o protesto existencia-
lista contra visões do mundo e políticas de ação, nas quais o ser
humano individual é considerado como a infeliz vítima de forças
históricas, ou como produto de seu ambiente, ainda assim, o
modelo existencial é um modelo que é muito mais humanís-
tico que Cristão. Que tal modelo tem encontrado significativa
82 GUARDIÕES DA FÉ
receptividade dentre as fileiras de ministros Adventistas do
Sétimo Dia é, com certeza, razão para o maior nível de alarme.
Os Adventistas do Sétimo Dia têm uma responsabilidade, como
nunca antes, de pregar a imutável Lei de Deus e a total suficiên-
cia de Sua Palavra como a única base sobre a qual, doutrina e
prática Cristãs podem alcançar autenticidade na vida dO Filho
de Deus.
Para além da sala de aula, pastores de Deus devem também
examinar seus próprios papéis de pregadores. Estamos a levantar
nossos próprios conceitos, visões concebidas por meros vasos
terrenos, enquanto ignoramos as mensagens dO Todo Poderoso,
em cujas mãos reside nossa própria respiração? Nossos rebanhos
merecem melhor que isso. Ainda muitos de nós são descuidosos
neste assunto. Está longe de ser uma raridade, ouvir sermões
onde nenuma simples palavra das Escrituras é citada, ou onde
apenas breve referência é feita à Palavra de Deus, perante uma
apresentação de filosofia pessoal. Tais sermões são sem valor e
indignos do alto dever para o qual fomos chamados.
83

Capítulo 11

HUMANISMO

O
movimento humanista, com suas raízes na Grécia
e na filosofia pagã primitiva, encontrou seu
reavivamento no século VI e teve seu mais recente
ressurgimento no século XX. Ninguém pode negar que o hu-
manismo, visto de forma superficial, sustenta objetivos nobres e
atrativos. Ele está por baixo de muitos movimentos na sociedade
que procuram preservar a dignidade do homem e protegê-lo
contra os abusos das forças tirânicas. Não podemos discordar
desses objetivos. Ele tem tido implicações no movimento ope-
rário, no movimento dos direitos civis, no movimento dos direi-
tos de igualdade, no movimento da anistia internacional e em
muitos outros movimentos que tiveram, no mínimo em parte,
objetivos louváveis e alcançaram muitos objetivos dignos.
De muitas formas o humanismo tem sido uma reação contra
aqueles conceitos das gerações anteriores onde milhões de
indivíduos oprimidos tinham sido forçados a abandonar o valor
da vida aqui, e agora olhar apenas para a vida eterna como uma
resposta à sua pobreza, miséria, opressão e perseguição. No
entanto, o humanismo, oscilando para o outro extremo, ignora
a causa principal da eternidade e afere o homem por si mesmo.
Ao fazer isso ele substitui um mal por outro. Ele tem sido o pre-
cursor das idéias evolutivas defendendo que o homem possui
a capacidade de erguer-se do poço da mais objeta desgraça
para uma posição elevada onde o amor, a unidade e a harmo-
nia reinem. O humanismo dá falsa esperança ao proclamar a
visão de que o homem é capaz de eliminar toda as injustiças e
iniquidades que vemos hoje no mundo. É irônico perceber que
os gregos, que propuseram esta altíssima visão do homem, ao
mesmo tempo mantinham uma sociedade erguida sobre a mais
opressiva escravidão.
O humanismo é com freqüência associado com idéias socia-
83
84 GUARDIÕES DA FÉ
listas e conceitos da dialética materialística que, esperava-se de
alguma forma, transformariam o mundo e inaugurariam uma
nova era na qual a paz, segurança, harmonia, boa vontade, amor
e fraternidade humana reinariam sem disputas e sem desafios
dentro do mundo.
O humanista vê a educação como seu principal instrumento
e portanto, com grande vigor, essas idéias têm sido infiltradas
nas mentes dos homens. O trágico é que a esperança por eles
criada é uma falsa esperança, porque o coração do homem é
a sua própria degeneração, o seu egoísmo próprio que, fora
do poder de Cristo, jamais permitirá que esses objetivos sejam
alcançados.
É fundamental para o humanismo a filosofia pagã grega da
bondade inata do homem, idéia pela qual Sócrates estava dis-
posto a morrer. Sócrates popularizou o ditado: “Saber é fazer”,
acreditando que através da educação nós podemos alcançar a
plenitude da bondade inerente ao homem. Através das gerações
mundiais esta falsa visão tem sido com freqüência ressuscitada.
Jean Jacques Rousseau, o renomado filósofo francês do século
XVIII deu grande impulso ao movimento humanista através de
seu romance Emílio, no qual defende a idéia de que apenas um
ambiente favorável permitiria que a bondade que há no homem
se desenvolva. Presenciamos o mesmo impulso humanista no
movimento educacional universal do último século XIX onde
predizia-se com confiança que através da educação poderíamos
resolver todos os principais males sociais tais como pobreza,
crime e doenças mentais. Na verdade, houve alguns que, de for-
ma ousada, proclamaram que a educação nos permitiria fechar
nossas prisões, nossos asilos e nossos hospitais psiquiátricos.
Nos encontramos, ao final do século XX, muito mais cientes
destas questões. Na verdade temos visto a escalada do crime e
das doenças mentais, até mesmo nos países do primeiro mundo,
e a pobreza tem sido tudo, menos eliminada. Tampouco temos
sido capazes de eliminar as injustiças no mundo. De fato, não
apenas temos assistido ao terrível holocausto judeu da Segunda
Guerra Mundial, mas também à terrível carnificina de vidas em
lugares como Camboja, Irã e Uganda. Apesar disso, o otimismo
HUMANISMO 85

humanista reina supremo e ainda há a expectativa de que o


homem através de seus próprios esforços e poder possa prover
soluções que produzirão a utopia final através da qual a harmo-
nia eterna será alcançada.
O termo Humanismo Cristão é uma contradição de termos
porque não há meio pelo qual possamos juntar os conceitos
do humanismo centralizados no homem, com as realidades
centradas nO Deus do Cristianismo. Um está construído sobre
as transitórias limitações do homem e o outro sobre a onipo-
tência eterna de Deus. Aquele põe o homem como o centro
do foco, este centraliza-se sobre a realidade de Deus e Cristo.
Um presume ver o homem como a medida de todas as coisas,
o outro aceita que

“... sem Mim nada podeis fazer.” (João 15:5)

“Mas com Deus, todas as coisas são possíveis” (Mat. 19:26)

O Cristianismo centra-se sobre a realidade de que Cristo É


a resposta, não apenas para o destino eterno do homem mas
também a viabilidade e fecundidade de sua vida aqui e agora.
Ele não cai no erro de fazer desta vida a coisa mais importante da
existência nem de aceitar o extremo oposto de que esta vida é
sem sentido. Antes, o verdadeiro cristianismo vê esta vida como
parte da vida eterna como uma educação que começa agora e
se estende através das eras eternas.
Portanto, não seríamos honestos se não reconhecêssemos
que a influência do humanismo fez sua marca sobre a cristan-
dade e na verdade tem invadido a Igreja Adventista do Sétimo
Dia. O Humanismo de forma natural favorece idéias tais como
existencialismo, pluralismo e relativismo. Ele enfatiza a primazia
do indivíduo ao ponto de a verdade tornar-se subserviente e as
noções de certo e errado estarem sujeitas ao objetivo “maior” de
alcançar o bem do indivíduo. Desta forma a ênfase está sobre
o amor, o perdão e a tolerância, enquanto a verdade e reivindi-
cação do caráter de Deus são quase que ignoradas. Dentro do
humanismo estão as inconfundíveis sementes do antinomianis-
86 GUARDIÕES DA FÉ
mo*. Esta verdadeiramente será a base do grande engano de
Satanás no fim do tempo quando ele proferirá palavras de amor
e compaixão humana, onde operará milagres de tão grande bem
que todos, exceto aqueles que estão inscritos no Livro da Vida
do Cordeiro serão enganados.

* Antinomianismo − Pensamento que considera estarem


os cristãos desobrigados da Lei moral em virtude da graça de
Cristo.

É difícil ver um movimento que esteja mais efetivamente


preparando o caminho para esses enganos satânicos do que o
movimento humanista quando ele faz suas inevitáveis incursões
sobre a Igreja de Deus.
Uma das formas mais flagrantes de humanismo contempo-
râneo é o Movimento da Nova Era que tem quase alcançado
controle sobre o treinamento motivacional da indústria e co-
mércio dos Estados Unidos. A Nova Era une humanismo com
paganismo, misticismo oriental com espiritismo. O que nos deixa
mais alarmados é que dezenas de milhares de dólares têm sido
gastos pelas instituições da Igreja Adventista do Sétimo Dia para
usar esses enganos de inspiração satânica no treinamento de
seus funcionários.
É com certeza o pensamento humanista que caracteriza La-
odicéia, a última igreja − uma igreja que é rica, está enriquecida
e de nada sente falta. Para muitos essa abundância será vista
como a bênção de Deus. A Igreja esquece grandemente o fato
de que é desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. (Apoc. 3:17).
Quando os ministros fiéis apresentam o testemunho direto da
Testemunha Verdadeira a Laodicéia, advertindo especificamente
contra os pecados do povo, essas mensagens são vistas como
desamoráveis e cruéis, atraindo assim a condenação e ira de
muitos ouvintes ao ponto de eles levantarem-se contra esses
mensageiros enviados por Deus que desafiaram tentar despertar
Laodicéia de seu sono.
Percebemos também este humanismo em muitos programas
da igreja. Nada caracteriza melhor isto às nossas mentes do que
HUMANISMO 87

as idéias do movimento de crescimento da Igreja. É incompre-


ensível para nós que a Igreja Adventista do Sétimo dia pudesse
imitar as igrejas do mundo nessa questão. O movimento de
crescimento da Igreja tem sua origem nas igrejas tradicionais
com suas filiações em declínio. Há um esforço humanístico
deses-perado para tentar manter de pé a assistência e contribui-
ções debilitadas nessas igrejas. É perturbador ler que oradores
dessas igrejas em declínio têm sido usados grandemente em
torno do circuito Adventista em um esforço para ressuscitar o
débil impacto da mensagem Adventista na América do Norte.
Tais movimentos dependem muito mais dos princípios da
psicologia secular do que do poder dO Espírito Santo. Eles se
apóiam sobre o braço da carne mais do que sobre o braço dO
Senhor. Parece inconcebível o fato de que o povo que crê que
nos últimos dias o poder dO Espírito Santo será derramado na
chuva serôdia em abundância sobre Seu povo, lance mão de
alguns instrumentos do humanismo, usados pelas igrejas caí-
das, em uma tentativa de estimular o entusiasmo e a reduzida
assistência à Igreja de Deus.
Além do mais este é um tempo em que os ministros de Deus
precisam estar concentrados na preparação de suas próprias
vidas para a recepção dO Espírito Santo e também no preparo
dos membros da Igreja para Este poder. É de fato um sinal da
ausência do poder dO Espírito Santo de Deus na igreja que nos
tem feito buscar esses programas de crescimento de igreja. Cer-
tamente é uma negação da origem Divina do nosso movimento
e do poder dO Deus do céu, lançarmos mão dessa estratégia
não escriturística.
Sugeriríamos aos ministros que desejam compreender os
métodos de Deus para o crescimento de sua Igreja, que estudas-
sem sob oração os livros Obreiros Evangélicos e Evangelismo.
Aqui não serão encontrados falsos métodos mas apenas aqueles
ordenados por Deus.
Tem havido casos onde a Igreja de Deus tem pago honorá-
rios exorbitantes a pessoas que não são da nossa fé para que
elas dirijam seminários de crescimento de igreja aos nossos
ministros. As enormes somas exigidas são um inequívoco sinal
88 GUARDIÕES DA FÉ
de advertência testificando da avareza do palestrante, um ine-
quívoco sinal de advertência. Contratar tais pessoas é promover
e encorajar o pecado da simonia, que é o ato de comprar ou
vender aconselhamento eclesiástico. Esses homens geralmente
representam denominações com índices de declínio alarmantes
em suas próprias membresias, provando dessa forma a inefici-
ência de seus métodos.
Outra área de preocupação é o programa de beneficência
social da Igreja. Diferente do movimento de crescimento de
igreja, existem elementos do programa de beneficência social
da Igreja que são consistentes com os princípios Bíblicos. No
entanto, é uma experiência torturante perceber que quando
uma organização precisa declarar-se ser algo, isto é quase uma
indicação certa de que ela não é aquilo que reclama ser. É Por
isso que os governos autoritários do mundo com freqüência
declaram-se repúblicas populares, governos liberais ou gover-
nos democráticos.
Na sessão da Associação Geral de 1985 em Nova Orleans, a
Divisão Norte Americana orgulhosamente proclamou-se como
Igreja de beneficência social. Contudo naquela sessão cinco de
seus próprios membros foram presos e levados para a cadeia lo-
cal simplesmente por expressar sua preocupação em relação às
árduas condições prevalecentes em certos países do bloco leste
onde os Adventistas do Sétimo Dia têm sido perseguidos por
sua fé. Os autores deste livro, juntamente com outros membros,
tiveram o privilégio de serem capazes de assistir essas pessoas
nesta difícil situação, mas não vimos nenhuma evidência de
um espírito geral de cuidado de seus irmãos e irmãs dentro da
Divisão Norte Americana.
Se na verdade a Igreja Adventista estivesse revestida pelO
Espírito Santo, não haveria necessidade de auto- declarar-nos
uma Igreja de beneficência social. A beneficência social seria
abundantemente vista na urgência com a qual levaríamos a
gloriosa mensagem de salvação a homens e mulheres. Então
ninguém a não ser as pessoas enganadas deixariam de ver o
poder de Deus em Sua Igreja. Por muito tempo temos olhado
para esses programas como o meio de estimular a conclusão da
HUMANISMO 89

obra de Deus. Talvez tenha chegado o tempo em que a Igreja


deva cessar por um momento de traçar novos programas, não
importando quão bom eles sejam, e por-se de joelhos em ora-
ção por arrependimento, reforma e reavivamento e completo
comprometimento com Aquele que unicamente pode concluir
Sua obra sobre a Terra. É chegado o tempo de estudar o Pen-
tecoste de tal forma que seus princípios possam ser aplicados
para preparar o amado povo de Deus para o derramamento sem
precedentes do poder da chuva serôdia.
Quando corretamente compreendido, o humanismo é a
contrafação do verdadeiro amor, porque ele eleva o eu en-
quanto apresenta-se como resposta às misérias dos outros.
Como ministros faríamos bem em evitá-lo em suas múltiplas
manifestações.
90 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 12

SECULARISMO

U
m dos mais comoventes apelos de Paulo encontra-
se nas seguintes palavras:

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-


vos pela renovação do vosso entendimento, para que
possais experimentar qual seja a boa, agradável e per-
feita vontade de Deus. (Romanos 12:2)

Conformidade é uma das maiores armadilhas para a Cristan-


dade, porque a conformidade é a mãe da con-descendência.
Com a transigência vem a diminuição da espiritualidade e do
poder espiritual. Não é fácil, no con-texto da sociedade ocidental
em particular, evitar essas correntes de mundanismo. Estamos
tão acostumados a ver a mentalidade de consenso na política,
nos negócios e em outras facetas da vida diária que não é difícil
usarmos o mesmo modus operandi quando tratamos com as
verdades de Deus. O Senhor sempre nos chama a manter firme
a verdade clara e inamovível. Qualquer desvio desse padrão é
colocar-nos no território de Satanás.
Quando, em 1976, as igrejas Congregacional, Metodista e
Presbiteriana na Austrália se uniram para formar a Igreja Unida
da Austrália, Russell era o superintendente médico encarregado
de um grande hospital na Universidade de Melbourne; o de-
partamento de capelaria informou ao superintendente médico
responsável. O capelão-chefe era um ministro presbiteriano. Em
uma conversa acerca da fusão proposta, entre sua igreja e as
duas outras, Russel perguntou-lhe como, sendo ele um crente
presbiteriano devoto à doutrina da predestinação (como era
de se es-perar), podia unir-se a metodistas que defendiam a
doutrina do livre-arbítrio. Tão grande havia sido o espírito de
transigência que o capelão-chefe respondeu: “Você sabia que
eu não havia pensado direito sobre isso?” Infelizmente tal des-
90
SECULARISMO 91

caso em questões doutrinárias tem se tornado a ordem do dia e


aplainado o caminho para inúmeras transigências destruidoras
da alma.
Considera-se com freqüência que aqueles que estão seguros
na fé de Deus são rígidos e inflexíveis, e conquanto maleabilida-
de e cooperação sejam características admi-ráveis em questões
não relacionadas à verdade de Deus, em assuntos pertencentes
à verdade revelada é exigida uma postura inflexível. Mas isso não
é popular hoje em dia. Com a ênfase dada sobre a tolerância e
uma mentalidade sem preconceito, a convicção não é mais vista
como um atributo positivo. Este clima é favorável a que a Igreja
seja invadida pelo mundo e as filosofias e metodologias secula-
res dominem sobre o trabalho da Igreja e suas instituições.
Uma das palavras mais perigosas na Cristandade hoje é a
palavra relevância. Sob a desculpa de procurar ser relevante ou
pertinente à época em que vivemos, muitos têm sido capazes
de introduzir transigências de todos os tipos na Igreja. É verdade
que quando estamos tratando daqueles assuntos nos quais não
há um assim diz O Senhor, podemos estar abertos a posições
diferentes. Mas essa flexibilidade deixa de existir em relação
àqueles assuntos sobre os quais O Senhor dos Céus falou. Mui-
tos vêem o conselho da Bíblia e do Espírito de Profecia como
algo ultrapassado para esta geração ou, se não ultrapassado,
necessitando de modificações significativas a fim de satisfazer
às necessidades da presente geração.
Quando a Igreja Adventista foi chamada em meados do
século passado, os padrões de moral aceitos, mas não neces-
sariamente sempre praticados pelo mundo, estavam imensa-
mente mais próximos da lei de Deus do que os existentes na
permissividade da sociedade contemporânea. Todavia a Igreja,
na metade do século vinte, viu a necessidade de manter padrões
muito maiores do que aqueles da sociedade em geral. Mas como
o mundo declinou em integridade moral, a Igreja, infelizmente
mostrou declínio semelhante, até hoje seus padrões caem muito
mais rápido do que aqueles da sociedade comum no último
século. Hoje, na verdade, nossos padrões estão apenas um
pouco acima daqueles da nossa atual degradada sociedade.
Abominações que uma vez foram totalmente repugnantes à
Igreja são não apenas desculpadas mas apoiadas. Podemos
ouvir dentro da Igreja argumentos em favor da masturbação,
92 GUARDIÕES DA FÉ
homossexualidade, adultério, fornicação e aborto. Perdemos a
vontade de disciplinar aqueles que aberta e persistentemente
escarnecem dos princípios de Deus, seja em moralidade, ves-
timenta, observância do sábado, divertimento ou integridade
financeira.
Nossos hospitais, escolas e faculdades têm apresentado uma
tendência desconcertante em direção ao mundo. O sábado é
pouco diferente de qualquer outro dia em muitos de nossos
hospitais. As televisões ficam ligadas estridentemente nas sa-
gradas horas do sábado, até mesmo nas salas de espera. O corpo
de assistentes tem sido visto praticando esportes com seus
pacientes. Em muitos desses hospitais, abortos são realizados
rotineiramente. É justo indagar se muitos de nossos hospitais
merecem ou não usar o nome de Adventista hoje em dia. Em
nossa opinião eles não merecem. Passo a passo eles tem sido
retirados da jurisdição da Igreja. Enormes percentagens do
corpo de assistentes não são adventistas e muitos daqueles
que professam ser adventistas não praticam, ou estão longe de
praticar, os princípios de Cristo.
Em muitos de nossos hospitais os princípios de dieta são vio-
lados diariamente. Acha-se que haverá uma perda da clientela
para nossos concorrentes caso não ofereçamos livremente uma
dieta de carne e, em alguns casos, bebidas com cafeína. Deverí-
amos antes fazer de nossas dietas saudáveis um traço distintivo
de nosso serviço, o que recomendaria nossos hospitais como
líderes nos campos da saúde e restabelecimento.
A tal ponto a questão do secularismo se desenvolveu que
relatos documentados têm estado em circulação dando conta
de que pelo menos dois de nossos maiores hospitais têm ser-
vido álcool e carnes imundas nos seminários médicos por eles
dirigidos.
A situação torna-se alarmante quando consideramos o fato
de que a Igreja tem se mantido assegurada por enormes somas
de dinheiro emprestado e de títulos. Se por alguma razão hou-
vesse uma falta de pagamento, a Igreja enfrentaria uma crise
que faria com que a situação de Davenport parecesse coisa
sem importância. Alguns rapidamente argumentarão que isto
não pode acontecer devido ao volume de propriedades que
possuímos e a seguros de proteção que temos em nossas insti-
tuições. Este bem pode ser o caso na atual situação econômica
SECULARISMO 93

mas, caso haja uma mudança brusca na economia do país, não


poderíamos estar seguros de quais valores seriam obtidos da
renda de tais propriedades.
Alguns sugerem que o fato de nossos hospitais serem socie-
dades anônimas, não pode haver imputabilidade ascendente,
removendo-se da Igreja em si a respon-sabilidade por quaisquer
débitos decorrentes do sistema hospitalar. Nós acreditamos que
isto seja verdade, mas nossos próprios advogados na Associação
Geral, após estudos e consultas detalhadas, informaram a nossos
líderes de que eles não têm certeza desse fato. A questão torna-
se mais séria com a reportagem da Adventist Review sobre o
endividamento de um hospital Adventista estar em torno de
2,2 bilhões de dólares em 1987, um aumento de meio bilhão
em um ano. A reportagem de capa da Adventist Review de 2
de julho de 1987 foi feita de forma a preparar os membros da
Igreja para o fechamento de nossos principais hospitais. É nossa
recomendação que todo o sistema seja vendido se ainda há
alguma rentabilidade e que este lucro seja usado para estabe-
lecer muitas instituições de pequeno porte fora das cidades da
América do Norte de acordo com o que Deus tem ordenado. A
triste situação é que nossa instituições de saúde foram inicial-
mente designadas para serem uma das maiores avenidas de
trabalho missionário, todavia os constantes relatos indicam que
em alguns de nossos hospitais, o quadro de assistentes não é
apenas desencorajado, mas com freqüência proibido de realizar
um ministério de oração ou verdadeiro aconselhamento espiri-
tual com os pacientes que estão em tratamento. É verdade que
ainda há algumas excelentes experiências em alguns de nossos
hospitais, especialmente em nosso ministério no exterior. Mas
cada vez mais sentimos que nossos hospitais perderam de vista
o objetivo para o qual foram eles estabelecidos. Cada vez mais
ouvimos pronunciamentos de que a Igreja Adventista deveria
envolver-se com os hospitais comu-nitários. Este nunca foi o
propósito de nossa obra médica. Antes ela deveria ser a cunha
de penetração par finalizar a comissão do evangelho, especial-
mente entre as classes seculares e mais abastadas. Cada vez
mais nossos hospitais funcionam como instituições seculares
dominadas por médicos que não pertencem à nossa fé e que
não possuem qualquer desejo de levantar os princípios que
Deus ordenou para nossos hospitais.
94 GUARDIÕES DA FÉ
É possivelmente nas escolas e universidades que os mais
destrutivos efeitos do secularismo podem ser vistos. (Colin tem
gasto quase vinte anos em administração de universidades e
Russell em administração hospitalar. Nós sabemos muito bem
o quão difícil é, para os líderes em tais instituições, o resistir
aos ataques do secularismo. Reconhecemos nossos próprios
defeitos passados e presentes, mas não ousamos introduzir pa-
drões rebaixados para alcançarmos nossos empreendimentos.
Devemos apresentar os padrões de Deus). Não é por acidente
que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem um sistema educa-
cional dinâmico.
Muito nos jactamos de que nosso sistema escolar é o se-
gundo maior sistema escolar paroquial do mundo, perdendo
apenas para o sistema católico. O sistema é tão forte quanto
deve ser. Na verdade, ele deveria ser muito mais forte do que
o que é. Na América do Norte, no presente momento, estamos
num período de grande declínio em matrículas para todos os
níveis: fundamental, médio e superior. Na verdade, a situação é
tão alarmante que quase todas as escolas e universidades estão
em certo grau de dificuldade financeira. Algumas escolas já
fecharam e outras fundiram-se. Está diminuindo com rapidez a
proporção de adventistas que estudam em escolas adventistas.
Muitos de nossos jovens estão obtendo educação fora da fé
Adventista.
Recentemente o diretor de admissões em uma de nossas
maiores instituições relatou a Colin que a segunda razão mais
comum dada para que os calouros não retornassem àquela
instituição era a de que eles não criam que a educação que eles
estavam recebendo lá fosse suficiente-mente diferente para
fazer valer os gastos que eles e seus pais tinham feito por aquela
educação. Quando nossas instituições foram estabelecidas, o
foram para serem dife-rentes do mundo, serem padronizadas
sobre uma verdade: curriculum acadêmico centralizado em
Deus. Elas deve-riam ter um completo programa de trabalho
e oferecer o mais excelente fundamento para a experiência
ministerial a fim de que todos os rapazes e moças pudessem
sair ao mundo como obreiros aprovados e bem sucedidos para
Deus. O verdadeiro propósito de nosso sistema educacional
era educar jovens para trabalharem para Deus. Hoje em dia
isto mudou. Temos demonstrado, até certo ponto de modo
SECULARISMO 95

persuasivo, que nossas escolas treinam nossos jovens a des-


peito da ocupação que eles possam vir a escolher. Isto nunca
foi o propósito original. Enquanto seja verdadeiro que nossas
instituições educacionais devam estar treinando e educando
todos os nossos jovens, certamente o objetivo desta educação
deve ser com vistas a uma investida final neste fim do tempo
para concluir a obra de Deus. Portanto, a preparação para a
obra e para receber o poder dO Espirito Santo deveria estar
embutida em todos os elementos do programa educacional.
Caso verdadeiramente acreditemos que

...educação superior é um conhecimento experimental


do plano da salvação (Conselho aos Pais Professores e
Estudantes, p.11),

então esse propósito deveria ser a coisa mais importante de


nossa educação. Porém hoje, de todas as formas, temos visto
os ataques de satanás, através do secularismo, sobre nossas
escolas.
É inquestionável que o processo de creditamento teve sua
influência sobre essa tendência. Quando se afirma que esse
creditamento é necessário para que nossas escolas possam
oferecer a oportunidade a nossos jovens de sairem para traba-
lhar no mundo, é um exagero. Muitas centenas de faculdades
e universidades nos Estados Unidos têm deliberadamente es-
colhido rejeitar o creditamento e algumas delas estão dentre
as mais prestigiadas instituições da nação. Mas temos buscado
seguir o mundo e a educa-ção do mundo. Temos dado muito
freqüentemente ênfase ao academismo em lugar da espiritu-
alidade. As qualifi-cações e a aprovação secular têm tido mais
importância na contratação e demissão de pessoal do que um
profundo comprometimento Cristão. Por sua vez, esses profes-
sores têm trazido conceitos mundanos de educação para a sala
de aula e os inculcado nas mentes impressionáveis dos jovens.
Estes jovens têm estado excitados com idéias e ambições não
santificadas ao invés das idéias que jorram das puras correntes
de água viva que Deus tem para a ultima geração de seus jo-
vens. Assim muitos deixam o sistema escolar impotentes para
fazer a obra que Deus tem ordenado para Seu povo, inclusive
nossos graduados na obra ministerial. Nossos jovens pastores,
96 GUARDIÕES DA FÉ
em particular, deveriam examinar este fato e buscar, pelo estudo
dos conselhos de Deus, protegerem-se de todo secularismo.
O efeito do creditamento pode ser visto no rápido desenvol-
vimento dos programas de esportes. Devemos reconhecer que
poucas eram as nossas faculdades que possuíam ginásios antes
da Segunda Guerra Mundial. Mas agora essas têm se tornado
centros dessas atividades. Os programas da obra têm, de forma
correspondente, dimi-nuído. Alguns jovens têm sido inspirados
pela idolatria dos esportes conseguida em nossas instituições
adventistas. Não temos apenas instituído jogos internos dentro
de nossas escolas, temos avançado para jogos intercolegiais com
as outras instituições adventistas. Agora temos expandido o
programa de esportes para jogos intercolegiais com instituições
não adventistas. Como podemos afirmar que seguimos os con-
selhos de Deus e negarmos as mais claras afirmações do Espirito
de Profecia? Quando jogos foram realizados em uma tarde na
Universidade de Avondale em abril de 1900, um anjo mostrou
à senhora White que tênis e cricket eram espécies de idolatria
como os ídolos das nações. (CPPE, 350). O Secularismo de nosso
programa de educação física está em total desobediência a todo
o conselho dado por Deus.
E agora vejamos a questão do currículo. Cada vez mais nos-
sos rapazes estão sendo treinados nas filosofias e teologias do
mundo. É licito afirmar que alguns de nossos jovens terminam
seus cursos conhecendo mais acerca dos ensinos de Bultmann,
Barth, Bomhosffer, Kierkegaard, Tillich, Fletcher e outros do que
sobre os pilares da fé Adventista. Até mesmo entre os formados
para o ministério existem poucos nos países do ocidente que
possuem uma visão plena da clareza e singularidade da fé do
Advento. Portanto, nossas igrejas estão perecendo por falta de
conhecimento. Muitos de nossos pastores estão pregando pre-
ciosas verdades, todavia deixam de pregar a verdade presente.
A muitos de nossos jovens é ensinada uma teologia que está
construída sobre a compreensão dos Cristãos evangélicos e que
é anátema para a fé Adventista. Muitos dos rapazes que entram
para os cursos de teologia, recém-conversos à fé Adventista,
tornam-se presas fáceis das filosofias de professores que são
infiéis às responsabi-lidades dadas por Deus.
Em áreas específicas deve ser dito que muitos, se não a
maioria de nossos professores de ciências, rejeitam o claro relato
SECULARISMO 97

da história da criação de 6000 anos atrás. Alguns crêem que a


Semana da criação tendo ocorrido 6000 anos atrás foi uma in-
venção do bispo Usher. Mas a serva dO Senhor, em não menos
que trinta e duas vezes, declara que a Terra foi criada em torno
de 6000 anos atrás. Em inúmeras outras passagens a irmã White
refere-se a períodos de tempo indicando precisamente o mesmo
fato. Por conseguinte, ficamos estarrecidos ao descobrir em uma
das sessões científicas do pré-Conselho da Associação Geral
de 1985, que nenhum dos cientistas palestrantes sentiram-se
inclinados a apoiar as claras asserções da serva dO Senhor. Uma
vez que estivemos presentes a essas sessões nosso testemunho
não está baseado em relatos de terceiros.
Mais uma vez essas dúvidas científicas são impostas às
mentes de nossos jovens que não possuem o conhecimento
para oporem à “sabedoria” de seus professores. Até mesmo na
área de ciências humanas nossos jovens são forçados a ler cada
vez mais os escritos adulterados de homens, em seus cursos
de inglês, às vezes ao ponto de terem que ler pornografia e
blasfêmia. Nos cursos de história, a maioria dos professores não
mais ensina história do ponto de vista da mão de Deus sobre
as nações e Sua operação nos grandes movimentos desta Terra.
Torna-se cada vez mais difícil distinguir entre o que é ensinado
em nossas escolas e o que é ensinado dentro da universidade
estadual. É porventura de se admirar essa crise nas matrí-culas
em nossas escolas?
Apressamo-nos no entanto a dizer que existem professores
em todas as nossas universidades, faculdades e escolas que
possuem a responsabilidade com relação ao método de Deus
e que procuram apresentar aos seus jovens a pureza da fé
que Deus nos confiou. E, embora vejamos a tendência geral,
não queremos ser mal compreendidos como se estivéssemos
dizendo que em nossas escolas não possuímos esses fiéis pro-
fessores. Gostaríamos de reconhecê-los e agradecer-lhes por
seu ministério, um ministério que, no mínimo, está salvando
alguns de nossos jovens.
Não podemos deixar de ficar estarrecidos com o declí-nio
no padrão do vestuário em nossos campi. Conquanto seja ver-
dade que o vestuário não constitua a primeira das reformas, ele
certamente é um indicativo de desenvolvi-mento espiritual. A
modéstia e a simplicidade no vestir para a qual Deus tem guiado
98 GUARDIÕES DA FÉ
seus filhos não mais é vista.

O caráter de uma pessoa é julgado pelo aspecto de seu


vestuário. Um gosto apurado, um espírito cultivado, revelar-
se-ão na escolha de ornamentos simples e apropriados. A
simplicidade no vestir, aliada à modéstia das maneiras, muito
farão no sentido de cercar uma jovem com aquela atmosfera
de sagrada reserva que para ela será uma proteção contra os
milhares de perigos. (Educação, p.248)

Vemos também a rapidez no declínio dos padrões nas


relações sociais e na moralidade em nossos campi. Quando
assistimos a nossos jovens tão desavergonhadamente em
demonstrações públicas de afeição as quais vão além do que
poderia ser considerado, há alguns anos atrás, como apropriadas
no mundo, não é de se admirar que a imoralidade esteja dissemi-
nada entre nossos jovens. Já passa do tempo quando cada um
de nós como pastores e líderes de igreja deveríamos nos erguer
e clamar contra a prevalecente secularização de nossas igrejas e
de nossas instituições. Alguns de nós consideram que apontar
essas questões é um ato de deslealdade para com a Igreja de
Deus. Outros, honestamente, temem que suas promoções serão
detidas caso adotem posturas impopulares. Mas Deus não nos
permite lançar mão dessas desculpas par silenciarmos diante de
evidente apostasia. Deveríamos instar com nossos homens que
se mantivessem fortes e temessem antes o desagrado de Deus
do que o dos homens. Certamente é chegado o tempo para uma
reforma total. Deus tem prometido que caso Seu povo

...escutasse Sua voz e seguisse Seus caminhos, Deus os ins-


truiria e os restauraria, e os faria voltar à sua elevada posição
de destaque no mundo. (6T, p.145)

Isto requererá um comprometimento total de toda a


Igreja, dos leigos, ministros, obreiros de saúde e professores
juntamente, para que este resultado seja alcançado. Isto somen-
te ocorrerá quando fervorosamente buscarmos o caminho de
Deus e em Sua força determinarmo-nos a segui-Lo, a despeito
das conseqüências. A conclusão da obra de Deus, a vinda do Rei,
tudo tem implicação na efetivação desse comprometimento.
SECULARISMO 99

Não há necessidade mais premente na Igreja de Deus hoje em


dia do que a reforma educacional. Não importa quão torturante
seja, não importa quanta oposição ela produza, isto não é uma
exigência opcional [é imperativo] caso estejamos deter-minados
a permitir que Deus conclua Sua obra por meio de nós.


100 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 13

HEDONISMO

N
ós dois lembramos a primeira vez em que uma pro-
dução hollywoodiana foi apresentada em nossa
igreja. Tão viva é nossa recordação que podemos lem-
brar em amplos detalhes o enredo do filme. Isso foi logo após a
Segunda Guerra ter terminado e, pelos padrões atuais, o tema
e a representação do filme não levantariam sérias questões.
Uma comporta entretanto fora aberta. Nós bem lembramos
uma breve cena onde acontecia um beijo, na qual a imagem foi
bloqueada pelo projecionista. Nós também lembramos do mes-
mo pondo sua mão sobre o começo do filme a fim de que não
pudéssemos ver a aparentemente bem conhecida companhia
de Hollywood que sem dúvida o havia produzido.
Hoje, em muitas igrejas e instituições, tais filmes, e outros de mui-
to menos méritos têm se tornado rotina de entretenimento para
nossas crianças e jovens, bem como para adultos. Colin lembra
que alguns anos atrás ele se assustou ao ver que um programa
de entretenimento de sábado à noite para a Igreja Adventista de
uma grande cidade da Austrália, incluiu cantores de televisão,
cantores country e ocidentais, filmes e outros itens similares.
Ao protestar com os líderes da conferência, ele foi informado
de que se tal entretenimento não fosse oferecido para nosso
povo jovem, eles, em lugar disso, freqüentariam os cinemas e
discotecas da cidade. A questão de Colin foi: “Na verdade, não
somos nós que estamos de fato desenvolvendo um gosto por
esse entretenimento mundano nas mentes de nossos jovens?”
Toda história de busca pelo prazer tem suas raízes no paganismo.
Tal busca, com certeza, remonta-se ao conceito dos sofistas gre-
gos, os quais viram um certo fim na busca do prazer como uma
forma de vida desejável. Nas próprias crenças fundamentais do
estilo de vida americano está encravada a “busca da felicidade”.
100
HEDONISMO 101

Isso sempre nos intriga como não-americanos pois, com certeza,


a felicidade não é algo que se persiga e sim, ao invés disso, o
resultado de um frutífero e produtivo padrão de vida. A busca
pela felicidade resulta do descontentamento e de uma falta de
preenchimento na vida.
Recentemente, um artigo destacou que há cerca de 100 anos
os americanos gastavam em média uma hora por semana com
entretenimento. Hoje, os americanos gastam em média 40 horas
de entretenimento por semana. Esta cifra inclui:televisão, rádio,
gravações e fitas de áudio, ópera, vídeo, vídeo-games, cinema,
balet e eventos esportivos. Poucos tem parado para considerar
os tremendos efeitos sociológicos, físicos, intelectuais, emo-
cionais e espirituais dessa dramática mudança no padrão do
estilo de vida. De fato, tão enraizado está esse fenômeno do
entretenimento dentro do pensamento do homem moderno,
que seria considerado pela grande maioria totalmente incon-
cebível que eles seriam beneficiados se vivessem sem esse
entretenimento.
A maioria dos cristãos segue um estilo de vida pouco diferente
do estilo do mundo e, infelizmente, muitos Adventistas do Sé-
timo Dia também têm uma obcessão por entretenimento não
muito diferente daquela dos mundanos. A síndrome do entre-
tenimento tem assaltado a própria estabilidade do indivíduo,
a família e a Igreja. Ela tem afetado os padrões sociológicos
de relacionamentos interpessoais e, inqüestio-navelmente,
tem alimentado a motivação egocêntrica natural de cada ser
humano.
Nós nos interessamos, pela primeira vez, pela sídrome do en-
tretenimento, quando o grupo musical “The Beatles” chegou à
Austrália por volta de 1962. Nós vimos clips da sua chegada em
noticiários da televisão. A resposta emocional dos milhares de
jovens no Aeroporto Internacional KingsfordSmith em Sidney foi
estarrecedora. Com muita rapidez vieram ambulâncias para car-
regar a grande quantidade de jovens que entraram em colapso,
prostrados pelo excitamento. Enquanto a muitos foi permitido
ir do hospital para casa em algumas horas, um grande número
foi hospitalizado por dias, antes que fosse considerado estarem
recuperadas o suficiente para serem liberados. Tais reações emo-
102 GUARDIÕES DA FÉ
cionais são ainda incomuns, enquanto que o entretenimento de
hoje ultrapassa em muito aquele dos Beatles em seu extremismo
e seu impacto na fisiologia do corpo.
O entretenimento atua de uma maneira muito similar à de
certas drogas. O corpo responde ao excitamento através do
sitema nervoso simpático. Várias mudanças biológicas então
tomam lugar; isto inclui um aumento do ritmo da respiração e
do coração, há inibição de processos digestivos e secreção de
adrenalina no sistema sangüíneo. Semelhante à droga, induz a
“picos” emocionais; com o passar do tempo o “pico” não retorna
à normalidade, mas a um nível bem abaixo do nível normal de
equilíbrio emocional. O resultado é depressão. A pessoa então
necessita de outra “dose” de entretenimento para alcançar o
“pico”. Infelizmente, como em todas as formas de drogas, o corpo
adapta-se ao nível de entretenimento. Assim é necessário, no
decorrer do tempo, aumentar a freqüência de entretenimento
e aumentar a duração dele. Nós vimos a previsível “progressão”
do rock suave para rock pesado, para rock punk, para rock áci-
do e para metaleiro ou heavy metal. Como muitas de nossas
crianças e jovens estão experimentando viver uma vida de
imitações, de preferência a atravessar suas experiências inicia-
das por si mesmos, eles estão sendo puxados às profundezas
dentro dos problemas emocionais e psicológicos, e afastados
para muito longe da busca espiritual e intelectual. Nenhuma era
da história do mundo teve tais oportunidades para a idolatria
hedonística.
Como igreja nós temos com freqüência seguido os padrões
do mundo, de forma cega, impensada e irresponsável. Como
o mundo tem aumentado sua adoração no altar das diversões,
nós temos aumentado as diversões que temos disponibilizado
às nossas crianças e jovens. Temos pensado que assim fazendo
manteremos o jovem longe do mundo mas, de fato, o que es-
tamos fazendo é expô-los àquilo que o mundo pode oferecer
de forma muito mais efetiva. Nós lhe damos uma oportunidade
de experimentar dos enganos de satanás e eles são logo pe-
gos por suas armadilhas. O povo jovem procura cada vez mais
entretenimento atrativo fora da Igreja. Nossos jovens não são
tolos; eles vêem a inconsistência: de um lado admoestações
HEDONISMO 103

para eles não assistirem a filmes, e, por outro lado, trazem esses
filmes para dentro de salas sociais de nossas igrejas. Eles vêem a
inconsistência em admoestá-los a não se envolverem em espor-
tes competitivos com outras escolas, enquanto por outro lado,
elaboram-se programas internos de competição entre nossas
próprias escolas. Eles vêem a inconsistência em admoestá-los a
não participarem da música mundana, enquanto por outro lado,
trazem a tão chamada música contemporânea para dentro de
nossas igrejas. Acaso é de se maravilhar que eles rapidamente
percam a fé no julgamento adulto e em um sistema de valores
que é apresentado de forma tão pobre perante eles?
Sinceros pais adventistas hoje enfrentam um terrível dilema: eles
desejam ser colaboradores na Igreja de Deus, eles não querem
ser críticos das atividades patrocinadas pela igreja, todavia
eles também querem protejer seus jovens contra os males que
têm inundado a Igreja. Com freqüência nos é quase impossível
ter uma dessas opções completamente válida para eles. Quão
dificil é explicar aos filhos porque eles não podem participar de
uma certa programação patrocinada pela Igreja, quando seus
amigos e colegas de escola estão indo para lá! É muito mais
fácil explicar para eles os malefícios se aquele entretenimento
é patrocinado pelo mundo, do que quando é patrocinado pela
Igreja. Pais enfrentam o terrível risco de afastar seus filhos da
igreja, ou ter os filhos afastados deles porque querem participar
do fruto proibido que é tão de pronto disponível para os outros
jovens. Essa situação tem atingido proporções críticas dentro de
nossa igreja e, só pela graça de Deus trabalhando nos corações
de homens e mulheres receptivos, há alguma esperança de
reverter esse hedonismo em nossa Igreja. Nenhum verdadeiro
ministro do evangelho ordenado atreve-se a pôr os jovens em
tal perigo e os pais em tal dilema.
Temos aprendido muito pouco das lições do passado. Recor-
da-se que, na primeira parte do século XVIII (dezenove), tais
atividades como dança e leitura de novelas foram totalmente
condenadas e proibidas pela Igreja Metodista. Alguém pode
surpreender-se de como essa denominação alcançou tamanha
condição de mundanismo que de pronto se pode ver nela hoje.
A resposta é muito simples: enquanto as gerações do Metodis-
104 GUARDIÕES DA FÉ
mo cresciam, houve aqueles entre os jovens que começaram
a rebelar-se contra os puros padrões da igreja. Alguns desses
freqüentaram os salões de dança, outros empenharam-se à
leitura de novelas. Desvairadamente a igreja condescendeu em
seu empreendimento de manter os jovens dentro do rebanho.
Decidiu-se então que a dança seria permitida nos salões da igre-
ja, onde ela seria controlada e os jovens poderiam dançar com
outros jovens cristãos. Foi também decidido que a igreja revisaria
as novelas e recomendaria aquelas que sentisse ser adequadas
para a leitura cristã. Quão cegos estavam os líderes da Igreja
Metodista há quase 150 (cento e cinqüenta) anos atrás! Mas isto
agora é história. Com certeza os jovens não só aprenderam a
dançar no salão da igreja e a ler novelas recomendadas, como
cada vez mais eles absorveram moralidade pelos precedentes,
antes que pela Palavra de Deus. Logo os jovens estavam indo
em turmas aos salões de dança do mundo. Uma comporta fora
aberta pela qual eles também logo passaram a ler novelas de
sua própria escolha.
Em 1986 Russell foi convidado a pregar em nossa igreja de Fu-
lham em Londres. Os serviços eram efetuados em uma igreja
metodista alugada. A recém-formada congregação adventista
do sétimo dia de Fulham consistia em cerca de cem membros
participantes. A cada semana, aos domingos, 12 a 15 metodistas
compareciam a seus próprios serviços. No saguão da igreja havia
uma história que revelava que há decadas atrás uma congre-
gação de 1.500 membros freqüentava aquela igreja metodista.
A lição desse declínio na membresia não deve ser olvidada por
nosso ministério.
Nós, Adventistas, pouco temos aprendido essas lições. Nós
educamos nossos jovens em esportes. Nós mesmos sabemos
muito bem, por nossa própria experiência, que o esporte devo-
ra tempo e energia preciosos. A juventude se torna obcecada
com esportes e estes se tornam uma imensa barreira para seu
crescimento espiritual, desenvolvimento e até mesmo interesse.
Nós os acostumamos a assistir filmes e dificilmente eles encon-
trarão um pronto interesse no estudo da Palavra de Deus, ou na
apresentação da mensagem ao mundo. Em resumo, estamos
preparando nossos jovens para a destruição eterna, em vez de
HEDONISMO 105

para a vida eterna. Estamos preparando-os antes para o mundo,


do que para Deus. Estamos preparando-os para o egoísmo e
não para servir.
Não se engane, nossa juventude não é ludibriada pelos nossos
baixos esforços perspicazes para entretê-los na verdade. Recor-
damos uma reunião campal na Austrália onde o programa do
sábado à noite foi dado ao entretenimento com rock “Cristão”,
em uma atmosfera de luzes psicodélicas. A juventude estava
encantada. Haviam fortes pisadas, assobios, palmas, gritos rocos
de agitação. Este programa foi apresentado como o clímax dos
dez dias de “festa espiritual” (escassez espiritual descreveria
melhor as reuniões). Um jovem que assistiu a essa reunião, e não
costuma andar com o povo de Deus, comentou: “Foi demais! Eu
realmente gosto deste tipo de música e clima. Mas eles pensam
que irão nos manter como crianças na igreja desta forma?” O eles
ficou indefinido e a pergunta feita foi estritamente retórica.
Com certeza O Deus do céu deve chorar sobre o fato de que a Sua
Igreja, com tanta freqüência, pensa como o mundo. Nos vemos face
à realidade de que quase três em cada quatro de nossos jovens na
América do Norte deixam a Igreja e, se formos honestos, teremos
de admitir que, desses que ficam na Igreja, de forma nenhuma
todos estão convertidos. Estamos obcecados em manter nossos
jovens na Igreja, de preferência à mais alta motivação de levá-los
aO Senhor; e irmãos, não está funcionando. A Igreja atrai cada vez
menos. Os jovens estão deixando nossa Igreja porque eles nunca
ouviram as gloriosas verdades que Deus confiou a esse povo. Eles
não têm sido ensinados em como levar almas a Cristo. Eles não têm
experimentado o regozijo de ver homens e mulheres cujas faces ilu-
minam-se quando a Palavra da Verdade é exposta a eles. Eles não têm
sentido o chamado de Cristo sobre seu viver e serviço. Eles sentem
um idealismo que nunca é direcionado para os valores eternos do
céu e é, por isso, dissipado sobre as coisas dessa terra. Quão cegos
podemos estar como um povo que permite sua juventude marchar
de forma precipitada na direção do esquecimento eterno, quando o
claro trajeto para o céu deve ser colocado perante eles! Acaso é de
se surpreender que relatórios agora ponham a apostasia de nossa
juventude próxima a três para cada quatro?
É chegada a hora de livrarmos nossas igrejas e instituições do
106 GUARDIÕES DA FÉ
mundanismo do esporte e entretenimento e substituí-los por um
intenso estudo da Palavra de Deus. Enquanto nos concentramos de
forma especial nas gloriosas verdades das três mensagens angélicas,
precisamos desafiar nossos jovens a dar as suas vidas em serviço a
Deus e pelos homens, mostrando-os e educando-os na alegria do
serviço cristão e na total utilização de seus talentos dados por Deus.
Compreendemos que empreender esse plano causará inicialmente
grande oposição, em especial de pais mundanos e de jovens cujas
vidas têm sido direcionadas às coisas do mundo. Mas, depois, não
apenas uma muito maior porcentagem de nossos jovens estaria
preparada para o Reino, como seriam também jovens que, sob o po-
der dO Espírito Santo, levariam essa gloriosa mensagem ao mundo.
Estes seriam jovens que não mais buscariam o “divertimento”, mas
procurariam pelo preenchimento que só Deus, através dO Espírito
Santo, pode dar.
Apelamos a nossos ministros, e em particular ao crescente corpo
de jovens pastores, para sustentar no alto os estandartes. Ainda um
pouco e Deus requererá perante o Seu tribunal de julgamento, de
cada um de nós que aceitamos Sua ordenação, um relatório de nossa
mordomia para com Sua santa e sagrada confiança.
107

Capítulo 14

MATERIALISMO

C
olin dirigiu as reuniões matinais no encontro de
obreiros de uma grande Associação. Numa manhã ele
falou sobre o desafio de apressarmos a vinda de Jesus. Ele
salientou que foi o servo mau que disse: “meu Senhor tarda a
voltar.” (Mateus 24:48). Então ele lançou um desafio aos ministros
e suas esposas para fazerem tudo o que pudessem para apressar
a vinda dO Senhor e para tornar esse o tema central de seus
ministérios em suas igrejas. Após o café da manhã, um ministro
de cabelos brancos, não contendo as lágrimas, conversou com
Colin; disse ele: “Por muitos anos eu pensei que eu nada tinha a
ver com o retorno de Jesus e, portanto, eu tinha estado apenas
gastando o tempo, esperando pelo descanso da aposentadoria.”
Colin se sentiu gratificado quando esse idoso pastor disse que,
durante aquela manhã, ele fez uma entrega aO Senhor pela
qual, por todo o tempo que O Senhor lhe disse, faria tudo o que
pudesse para apressar o retorno de Jesus.
Parece ser essa a situação que ocorre com muitos ministros.
Aqueles ministros que não se sentem preenchidos com seus
ministérios, com freqüência, mal podem esperar pelo tempo de
sua aposentadoria. Infelizmente, ao invés de terem a visão de
que o ministério é um chamado para toda a vida, sem aposen-
tadoria real, eles sentem um alívio quando alcançam quarenta
anos de serviço. Muitos ansiam tanto por aposentadoria, que
podem reajustarem-se a atividades na maioria das vezes não
relacionadas com seu chamado ministerial. Mesmo alguns tiram
aposentadoria precoce por causa de desilusão.
Devemos ser gratos porque os apóstolos e os primeiros pioneiros
da Igreja Adventista do Sétimo Dia não tinham tais conceitos.
Seu chamado ao ministério era o propósito motivador de suas
vidas inteiras. Admiramos grandemente os muitos ministros que
107
108 GUARDIÕES DA FÉ
conhecemos em nossa juventude. Lembramos de um ministro
que se levantou e construiu três novas igrejas, após sua assim
chamada aposentadoria. Lembramos de outro que dedicou toda
a sua aposentadoria ministerial ao ensino espiritual de crianças,
já no meio dos seus oitenta anos de idade. Ele tomou, como
sua responsabilidade especial, as crianças de imigrantes vindos
para a Austrália. Estava claro que o ministério não era apenas
uma carreira para esses homens, mas um chamado para toda a
vida. Eles tinham uma visão da vinda dO Senhor e fizeram tudo
o que puderam para apressar esse dia. Esses homens nunca
desvalorizaram o seu ministério rebaixando-o a uma profissão.
Para eles, era nada menos que o chamado dO Único Onipotente
ao insuperável privilégio de uma vida inteira de serviço a Ele.
Não há dúvidas de que, em muitas maneiras, houve uma mu-
dança no ministério da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sugeri-
ríamos, a todos os ministros, que lessem de novo Evangelismo,
pgs. 694-697. Tem se tornado muito comum ministros negarem
que seu ministério tem algo a ver com a vinda de Jesus. É afir-
mado que Cristo tem um tempo determinado quando Ele virá,
apesar de não haver nenhuma palavra da inspiração que apóie
essa afirmação. É verdade que foi profetizado o tempo quando
começaria o julgamento (1844), mas nehum tempo foi determi-
nado para quando esse julgamento fidará. De fato, temos sido
informados de que:

Talvez tenhamos que permanecer aqui neste mundo muito


mais anos por causa de insubordinação, como fizeram os
filhos de Israel; mas, por amor de Cristo, Seu povo não deve
acrescentar pecado a pecado, acusando a Deus de seu pró-
prio errado curso de ação.
(Evangelismo, 696).

Deus também nos deu essas positivas palavras:

Em levar o evangelho ao mundo, está em nosso poder apres-


sar a volta de nosso Senhor. (DTN, 633).

É um privilégio de cada Cristão não apenas buscar mas


MATERIALISMO 109

apressar a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fossem todos


que professam Seu Nome portadores de frutos para Sua
glória, quão rápido o mundo inteiro seria semeado com a
semente do evangelho! Com rapidez seria amadurecida a
última safra, e Cristo viria para colher o precioso grão. (Tes-
temunhos 8, 22).

Estas citações, é claro, estão baseadas na mensagem de


Pedro:

Buscando e apressando a vinda do dia de Deus, no qual


os céus, estando em fogo, serão dissolvidos e os elemen-
tos derreterão com fervente calor. (II Pedro 3: 12).

O evidente enfraquecimento na ênfase sobre a segunda


vinda de Cristo e no apressar desse grande evento é, sem dúvi-
da, um reflexo da mudança de atitude que tem ocorrido entre
ministros. Com freqüência nossas congregações são deixadas
sem indicação alguma de que estamos vivendo no fim do tempo.
O estilo de vida do ministro, a sua conversação e a ênfase geral
de sua família, ao contrário, dão a impressão de que o retorno
de Jesus está anos-luz à frente. É muito fácil acomodar-se em
comodidade e conforto e decidir que podemos ainda não estar
satisfeitos com as vicissitudes da vida, e que devemos ter os
luxos dela.
Em muitas igrejas, hoje, os ministros estão em um grupo só-
cio-econômico consideravelmente à frente daquele da maioria
dos membros de suas congregações. É muito difícil, sob tais
circunstâncias, ou mesmo quase impossível, o ministro ensinar
os verdadeiros princípios de mordomia e sacrifício aos mem-
bros de sua igreja. Todavia nos tem sido dito muito claramente
que a obra que começou em sacrifício terminará em sacrifício
ainda maior. Não há dúvidas de que um modo de vida bastante
confortável está guerreando contra a terminação da Obra de
Deus. Quantas vezes tem sido dito aos servos dO Senhor que há
suficientes recursos na Igreja de Deus para fazer tudo o que O
Senhor requer que eles façam? Se isso era verdade quando nossa
membresia era em número de 70.000 [setenta mil] membros
ou menos, quanto mais certo o é hoje, quando nos jactamos
110 GUARDIÕES DA FÉ
de uma membresia de milhões.
Previsivelmente, o impacto deste confortável estilo de vida
teve suas lamentáveis conseqüências. Lembramos de um mi-
nistro que serviu à Igreja por bem mais de vinte anos, notando
que ele sabia que não teve um chamado de Deus, mas que
o ministério oferecia um agradável estilo de vida, um salário
regular e um seguro plano de aposentadoria e, portanto, ele
não estava a ponto de mudar de profissão. Quão trágica é tal
situação! Ali estava um homem que, pela temporal recompensa
desta vida, estava preparado para arriscar sua existência eterna.
Não há dúvidas de que tal ministro não poderia inspirar sua
igreja com os grandes assuntos da Obra de Deus. A preservação
de benefícios de aposentadoria tem levado muitos ministros a
comprometerem sua fé e a suavizarem suas apresentações da
verdade, a fim de que não haja dúvidas sobre seu ministério.
Nós também não podemos negar que tem havido clara
evidência de materialismo entre muitos dos servos dO Senhor,
nos lares que construimos e nos luxos adicionais que temos
acumulado, tais como barcos e dispositivos de entretenimento.
Tem se tornado cada vez mais difícil transferir ministros, por
causa dos problemas criados pelas casas que temos compra-
do. Isto é verdade, especialmente quando ministros escolhem
comprar casas de altíssimo valor; estas casas não são vendidas
com facilidade e isto deixa a Associação ou Missão com grandes
dificuldades na transferência desses ministros. Além do mais,
isto limita a capacidade do ministro de aceitar o chamado que
Deus tem posto sobre ele para Seu serviço.
A esposa do ministro, muitas vezes, carrega severa censura
como se seu marido estivesse falhando ao responder por com-
pleto ao chamado ministerial. Enquanto centenas de esposas
de pastores são amáveis, dedicadas parceiras no ministério de
seus maridos, outras são egoístas e materialistas. Elas destro-
em o ministério de seus maridos fazendo excecivos gastos de
seus recursos. Esses gastos, com freqüência, levam a esforços
suplementares para adequar o orçamento buscando atividades
paralelas, a despeito das solenes advertências contra tais ativi-
dades durante o tempo de ordenação. Muitas vezes, a atividade
paralela se torna o maior objeto das energias do pastor.
MATERIALISMO 111

Outras esposas impedem seus maridos de aceitar chamados


porque elas querem continuar onde estão, muitas vezes, para
seguir alguma linha de trabalho que elas tenham assumido. No
ministério, a família é uma equipe. Algumas vezes é chamada
para sacrifício de todos os membros mas, isso deve ser feito com
alegria, sabendo que Deus sempre derrama Suas bençãos sobre
aqueles que O seguem.
Russell, quando chamado de volta ao campo missionário em
1978, hesitou em aceitar o chamado devido as necessidades
educacionais de seus três filhos. Quando ele discutiu o assunto
em uma reunião familiar, sentiu-se muito envergonhado por sua
hesitação quando seu filho mais velho, Stephen, então com de-
zessete anos, disse: “Pai, você sempre nos tem dito que devemos
estar prontos a aceitar o chamado de Deus; por que você está
indeciso agora?” Os dois filhos mais jovens de Russell, Timothy
e James, então com 15 e 13 anos respectivamente, apoiaram
seu irmão. Aquela admoestação não-intencional resolveu a
questão em um segundo. Anos subseqüentes demonstraram
que O Senhor teve um maravilhoso cuidado na educação de
seus garotos, e não houve dúvidas de que Deus não apenas
chamou a família para trabalhar para Ele, mas também proveu
aquilo que era melhor para cada membro dela.
Muitos hoje afirmam não terem fé no chamado que eles
receberam, porque está evidente muita política no percurso
de muitos chamados. Não querendo negar esse fato, tendo
feito parte de comitês onde chamados são transcorridos, temos
observado, só ocasionalmente, tais movimentações políticas.
Nós mesmos acreditamos que Deus está em cada chamado. A
questão não repousa sobre o corpo que efetua o chamado, e
sim sobre quem o recebe. Se nós colocamos nossas vidas sob o
cuidade de Deus, só Ele determinará que chamado receberemos,
a despeito dos motivos daqueles que formulam o chamado.
Certa vez, Russell recebeu dois chamados ao mesmo tempo.
É natural se gerar considerável confusão na mente de quem o
recebe. Um chamado foi para liderança em seu campo, em nível
de Divisão, o outro para liderança em um hospital individual. O
chamado da Divisão foi feito em consulta com presidentes de
União, e o outro, com presidentes de hospitais. Foi passado pelo
112 GUARDIÕES DA FÉ
comitê apropriado. Entretanto, na noite do dia em que o chama-
do foi votado, apenas algumas horas antes de seu transcurso, um
lider da Conferência Geral exerceu sua influência para cancelar
o chamado, com base no envolvimento de Russell no levante
contra a Nova Teologia na Austrália e na Inglaterra. Alguns viram
essa manobra como um emprego político designado a agradar
alguns na Austrália e na Inglaterra, que não aprovavam sua
oposição à pregação da Nova Teologia. Mas, para Russell, tais
considerações foram de nenhuma conseqüência. Sem dúvida
alguma, Deus respondeu a suas orações, e assim demonstrou
qual chamado era consistente com Sua Divina Sabedoria. Certo
disso, ele não perdeu tempo em se perturbar com uma inter-
venção vinda de milhares de kilômetros de distância.
Houve um tempo, quando ministros reconheciam que, sem-
pre que O Senhor os chamasse eles iriam. Hoje, nós sentimos
uma atitude de todo diferente, tendo servido em comitês de
Conferência, não podemos deixar de perceber essa tendência.
Quando o ministro é chamado a uma posição que ele julga ser
um avanço, de alguma forma ele sempre sente que O Senhor o
está chamando naquela direção. Raramente a mesma situação
ocorre quando se percebe que o próximo chamado é para uma
igreja menor ou para aquilo que ele veria como ministério menos
favorável. É sempre dito que o ministro deve deve orar com sin-
ceridade sobre um chamado. Mas parece claro que, ao invés do
chamado de Deus, é o poder delineador do novo chamado que
determina, na maioria das vezes, se o recebedor se movimentará
ou não na nova responsabilidade. De forma clara, a Palavra de
Deus é impedida por esta busca pessoal e, quando ela existe
no ministério, com certeza, é muito difícil para as ovelhas não
fazerem o mesmo. Pode ser que alguém não se lembre das in-
terpelações que são feitas ao ministério pelo profeta Jeremias:

E O Senhor me disse: “uma conspiração é vista nos homens


de Judá, entre os moradores de Jerusalém. Eles voltaram às
iniqüidades de seus primeiros pais, que recusam ouvir minhas
palavras; e foram após outros deuses para servi-los; a casa de
Israel e a casa de Judá quebraram o concerto que fiz com
seus pais.” (Jer. 11:9, 10).
MATERIALISMO 113

Essas provocações se tornam mais fortes ao seguirmos nas


palavras de Jeremias:

Muitos pastores têm destruído Minha vinha, eles têm


pisado Minha porção a pés, feito Minha presente porção
uma selva desolada. (Jeremias 12: 10).

Quão patético seria se os deuses materialistas e o ministério


destruidor dos pastores, acima referidos, continuassem a estar
em evidência na Igreja de Deus hoje. Ezequiel tem algumas
duras palavras para o metrialista dentro do ministério:

Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel,


profetiza e diz a eles: assim diz O Senhor Deus aos pas-
tores: desgraça é para os pastores de Israel o alimenta-
rem-se a si mesmos. Sim, comem a gordura e vestem-se
com a lã; sim, matam as ovelhas alimentadas, mas vós
não alimentais o rebanho. (Ezequiel 32: 2,3).

Como alguns espirituosos muito verdadeiramente afirmaram:


os pastores estão tão ocupados tosquiando o rebanho, que eles
não têm tempo de alimentá-lo.
O profeta diz mais:

Assim diz O Senhor Deus: eis que Eu estou contra os
pastores; e requererei Meu rebanho de suas mãos, e fa-
rei com que eles parem de pastorea-lo. Nunca mais os
pastores alimentarão a sí mesmos. Pois Eu livrarei Meu
rebanho de sua boca, para que não seja comido por eles.
(Ezequiel 34:10).

Essas solenes advertências aplicam-se da mesma maneira e


até mais hoje, do que se aplicaram quando os profetas do Velho
Testamento estavam advertindo o antigo Israel. Não há dúvidas
de que muitos têm aceitado metas materialístas e em seu pró-
prio caminho têm, por exemplo e por preceito, encorajado suas
congregações nessa direção.
Mas há problemas que vão além do ministro como indivíduo.
114 GUARDIÕES DA FÉ
É difícil nosso humilde povo leigo não percebeer a suntuosidade
de alguns dos nossos prédios de escritório que têm sido cons-
truidos. Ninguém nega a importância de prédios sólidos e de
qualidade, mas o fato de que um crescente número deles con-
tém instalações para recreação e atividades esportivas perturba
e preocupa a membresia leiga e deveria preocupar os ministros
de Deus. Isso é sinal de que há pouca urgência na pregação da
mensagem; que todas as coisas continuam como eram desde o
começo. Parece que o conforto e as necessidades do indivíduo
sobrepujam, em muito, a missão de Deus e Seu povo. Algumas
Associações são tão solapadas por investirem em prédios sun-
tuosos, que não podem de forma efetiva continuar o ministério
dentro de suas Missões.
O materialismo, em suas raízes, é egoísta, e só aqueles que
estiverem prontos a pôr de lado os conceitos de busca pes-
soal de vida estarão aptos a ficarem firmes no dia de prova e
sofrimento que está à frente. Para os ministros, há um desafio
muito mais solene do que mesmo para nossa membresia leiga.
Permanecemos como exemplos da humilde e simples vida
de sacrifício próprio de Jesus. Damos ao nosso povo os sinais
de onde nos firmamos no fim do tempo. Miríades dos nossos
também se levantarão e nos chamarão bem-aventurados por
causa de nosso dedicado ministério sacrifical e da sinceridade
com a qual temos ministrado às almas, abrindo a elas o Reino
dos Céus; ou, do contrário, clamarão em aflita acusação, que nós
sabíamos a verdade e não a apresentamos a elas. Uma solene
responsabilidade repousa sobre cada membro do ministério
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a de primeiro entregar por
completo sua vida a Deus. Então, e só então, podemos tomar
o desafio de preparar cada alma na Igreja para o Reino do Céu.
Preparar cada homem, cada mulher e cada criança para a vinda
do Grande Dia dO Senhor. Esse desafio é com certeza o único
objetivo pelo qual temos aceitado nosso sagrado e divino cha-
mado.
MATERIALISMO 115
116 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 15

PENTECOSTALISMO

A
promessa do derramamento dO Espírito Santo é uma
realidade maravilhosa e muito ansiada por todos que
anelam o retorno de Jesus.

E há de ser que, depois derramarei O Meu Espírito sobre toda a


carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também
sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei
O Meu Espírito. (Joel 2. 28-29).

Que Deus prometeu Seu Espírito de forma sem precedentes no


fim do tempo é inegável. Esse poder da chuva serôdia, comprovado
em parte no dia do Pentecostes, despertará o povo de Deus a fim
de que ele seja compelido a levar Sua mensagem de verdade aos
quatro cantos da Terra. Nenhum ser humano têm mais consciência
deste fato do que satanás. E é seu estudado propósito impedir
o derramamento da chuva serôdia a todo custo.
Um dos ardis de satanás é atrair o povo de Deus para uma
vida mundana a fim de que eles não clamem pelO Espírito Santo,
uma vez que se acham vivendo no conforto de Laodi-céia. Esta
tática é suficiente para aquele que está morno e vacilante em
nosso meio. Mas ela não será suficiente para enganar aqueles
que têm avançado em sua fé. Esses só poderão ser privados do
propósito de Deus de derramar Seu Dom, unicamente por en-
ganos sutis, como a certeza de que Deus derramou Seu Espírito
quando, na verdade, ele provém de outra fonte.
Nenhuma contrafação da experiência da chuva serôdia tem sido
mais bem sucedida do que o Pentecostalismo. Enquanto cantam
“Somos um em Espírito”, muitos estão inconscientes de que mais de
um espírito está instando com suas almas. Conquanto a caracte-
rística mais marcante do pentecostalismo seja a glossolália (falar
116
PENTECOSTALISMO 117

em línguas estranhas), ele consiste em muito mais do que isso. É


um fenômeno através do qual homens e mulheres abraçam uma
forma emocional de religião que produz uma sensação interna
de enlevo religioso despertado enquanto eles executam vários
gestos exteriores. Alguns desses gestos incluem: o fechamen-
to dos olhos enquanto elevam seus braços ao céu e efetuam
vários movimentos com braços e mãos, mãos dadas uns com
os outros em um estado semelhante ao de semitranse, abraçar
os irmãos de fé, falar em línguas ininteligíveis, cair desmaiados
ao chão e mesmo rolar pelo chão debatendo-se e movimentos
exagerados. Isso é evidência cabal para essas pessoas de que
elas têm o Espírito Santo.
Não é de admirar que quando, três dias antes de Sua crucifixão,
Jesus falou solenemente aos seus apóstolos acerca dos eventos
em torno de Sua segunda vinda, Sua primeira admoestação
foi:

“Acautelai-vos, que ninguém vos engane; ”Mateus 24: 4

E Sua advertência deve ser tomada de coração por todo ver-


dadeiro crente porque

“ se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:


24

Em geral recitamos esta solene advertência de forma muito


frívola. Isto não é uma questão de somenos importância ou um
fato que devamos ousar ignorar.
O Pentecostalismo desmorona quando analisado sob a luz dos
mais básico critério de verdade – ‘à Lei e ao Testemunho’. Aque-
les que recorrem a essas manifestações logo consideram ser a
doutrina e a verdade de pouca importância comparadas com
a “possessão do Espirito”. Qualquer um que demonstre específi-
cas demonstrações externas é considerado estar “cheio do Espírito”,
a despeito daquilo que acredita e, em alguns casos, a despeito do
estilo de vida que tem, ainda que abertamente oposto ao da fé cristã.
Porém, enquanto
“o homem vê o que está diante dos olhos, ... o Senhor olha para o
coração.”
118 GUARDIÕES DA FÉ
1 Samuel 16: 7

Muitos cristãos perderam de vista a idéia de que o Espírito Santo foi


enviado para conduzi–los em toda a verdade(João 16: 13) e como
conseqüência a verdade se tornou secundaria para eles.
Quando Robert Brimsmead começou de forma ativa a promover o
seu assim chamado evangelho objetivo, ele o apresentou como uma
doutrina que faria resistência às incursões do Pentecostalismo, com
suas ênfases quase que totalmente subjetivas. Alguns, até mesmo
dentro do ministério, ficaram impressionados com suas declarações.
Mas um erro nunca é uma defesa válida contra um segundo erro.
Mais incongruente ainda era o fato de que a nova teologia que Robert
Brimsmead promovia era o próprio veículo que encorajava alguns
daqueles que ouviam sua palavra a voltarem-se em direção a essas
falsas manifestações que eles cegamente atribuíam a Deus e ao
Espírito Santo. Na verdade foi a própria esterilidade frustrante
da nova teologia que impeliu muitos desses seguidores em
direção à festiva deserção e a esse tipo de Pentecostalismo. O
pentecostalismo, longe de promover a verdadeira piedade, leva
a uma conduta sacrílega e barulhenta na casa de Deus. Quão
diferente do puro e santo Deus a quem servimos!
Por que então a nova teologia promoveu, entre alguns, a própria
conduta e idéias contra as quais ela garantiu que se oporia? A
resposta não é muito difícil de se discernir. A nova teologia é tão
seca como as proverbiais colunas de Gilboa. Ela não promove
um viver santo nem uma profunda compreensão e santificação
espiritual. Uma vez que ela está totalmente em erro, há ape-
nas uma limitado grupo de passagens que, apesar de usadas
de forma errada, podem ser utilizadas por seus defensores
em suas exposições. Desta forma, o rebanho fica entediado e
experimenta um vazio de alma. Como conseqüência muitos
procuram preencher esse vazio inerente. E uma resposta está
no movimento Pentecostal.
Aqui as emoções são agitadas, a adrenalina sobe, um pseu-
do-reavivamento é experimentado, e por algum tempo um
senso de liberdade varre o vazio que muito naturalmente se
desenvolveu como resultado de se seguir a nova teologia. Mas
mesmo no Pentecostalismo a aparente satisfação de alma dura
PENTECOSTALISMO 119

pouco, a menos que cada vez mais doses extremas de excitação


emocional sejam administradas. Toda atividade baseada em
pesado despertamento emocional produz uma correspondente
queda nas horas seguintes. Isto é apenas uma máxima biológica
de que quando a adrenalina deixa de fluir, o corpo retorna a
um estado semelhante ao da depressão. Conseqüentemente
o corpo clama por mais excitamento geralmente conduzindo
a comportamento e música selvagens. Assim, aquela paz que
excede todo o entendimento é sempre uma meta inatingível. Na
verdade ela permanece como uma eterna miragem à distância.
Verdadeiramente cruéis são as contrafações de Satanás.
Quando cada vez mais nosso povo é atraído para essas manifes-
tações exteriores,quanta responsabilidade temos nós, pastores
da igreja, de resistir a essa tendência infeliz?
Esta pergunta só pode ser respondida por cada ministro individual-
mente. Estamos pregando aquelas mensagens cheias de verdade que
sozinhas satisfazem a alma sedenta? Ou são nossos sermões, semana
após semana, diferentes daqueles pregados pelos clérigos das
igrejas caídas da cristandade ou até mesmo do catolicismo ro-
mano? Devemos nos auto-analisar constantemente. Seríamos
considerados extremistas se afirmássemos aos nossos colegas
pastores que a esmagadora maioria dos sermões que pregamos
a cada ano deveriam ser eles incapazes de serem pregados por
ministros de qualquer outra fé? Veja, somos diferentes! Somos
adventistas do sétimo dia! Nossas mensagens devem refletir
nossa diferença.
Quando foi a última vez que pregamos as três mensagens angé-
licas? O Sábado? O Juízo Investigativo? A profecia dos 2300 anos? O
estado dos mortos? A Lei de Deus e Fé de Jesus? Babilônia? A marca
da besta?

A marca da besta! Eis aqui um tópico fundamentalmente adven-


tista. Faz vinte anos que o veterano evangelista australiano, pastor J.
W. Kent, pregou um sermão inesquecível sobre este tópico na igreja
de Wahoroonga na sede da Divisão Pacífico Sul. Ele ultrapassou seu
tempo de pregação naquela ocasião. Ele lamentou o fato de não
mais ter ouvido sermões sobre este tema. Lamentou também
que essa doutrina vital não fosse mais um tópico privilegiado
120 GUARDIÕES DA FÉ
pela maioria dos editores de nossas revistas ou pregadas por
nossos evangelistas através da mídia de áudio e vídeo. Então,
em termos que só ele poderia proferir, declarou (como gostarí-
amos de transmitir na escrita a magnitude de sua entonação):
“Há homens e mulheres agora, meus queridos irmãos e irmãs
na fé, cujas primeiras palavras que ouviram dessa minha velha
voz foram palavras proferidas na exposição desse velho tópico
da marca da besta.” De início tal declaração pode soar surpre-
endente. E de fato o é. Mas não devemos nos surpreender de
que homens e mulheres foram dirigidos à verdade de Deus por
esse tema, uma vez que ele é uma característica central da ter-
ceira mensagem angélica(Apoc. 14: 9). Só Deus sabe aquilo que
convencerá e, em Seu supremo amor pela humanidade, colocou
suas melhores armas de salvação em Sua última mensagem aos
pecadores. Mas estamos nós pregando esses poderosos temas,
ou estamos escolhendo tópicos de nossa própria imaginação
e ignorando as instruções de Deus? Se não estamos apresen-
tando o alimento sólido da Palavra para nossas congregações,
então somos culpados de preparar o caminho para este vazio de
alma que fará com que muitos se voltem para o Pentecostalismo
em desespero. Podem até não ser nas formas exageradas que
temos detalhado aqui, mas a aparência se tornará o meio para
se alcançar uma experiência cristã, e não a conseqüência dela.
A primeira é uma contrafação a segunda é genuína.
Jesus enfatizou que apenas aqueles que nascerem da água
e do Espírito estarão salvos no reino dos céu:
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer
da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” João
3: 5.
Ser nascido da água implica em perdão(Justificação)
“E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependi-
mento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que
eu; cujas alparcas não sou digno de levar; Ele vos batizará com
o Espírito Santo, e com fogo.” Mateus 3: 11.
Ser nascido do Espírito ocorre somente quando Cristo nos
confere poder para obedecermos à Palavra de Deus.
“E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e tam-
bém o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.”
PENTECOSTALISMO 121

Atos 5: 32.

Colin conversou com uma senhora pentecostal que garantiu-


lhe ser nascida do Espírito, porque freqüentemente falava em
línguas. Tendo uma mãe que era adventista do sétimo dia, ela
conhecia bem a mensagem adventista. Ele disse-lhe que o Espírito(se
fosse o Espírito de Deus) conduziria em toda a verdade. Explicou-lhe
que os católicos que abraçaram o movimento pentecostal afirmavam
que ele havia elevado o significado do rosário e da missa. Colin ficou
chocado quando ela lhe disse que poderia aceitar isso uma vez que ela
era uma boa Batista. Colin então mencionou a questão do Sábado e ela
assegurou-lhe que guardaria o sábado quando o Espírito lhe revelasse.
Foi-lhe dito que o Espírito já havia chamado sua atenção, porque:

“...homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” 2
Pedro 1:21.

Este incidente reforçou o fato de que o falso reavivamento do


Espírito conduz à desobediência, apesar de Pedro ter afirmado
que apenas aqueles que são obedientes recebem o poder do
Espírito de Deus.
Gostaria de ter um momento com nossos jovens pastores.
Com muita freqüência imitamos as igrejas caídas em nossos dé-
beis esforços para deter a onda esmagadora de apostasia entre
nossos jovens. A fim de atraí-los para nossas reuniões, tentamos
proporcionar-lhe, no mínimo, as formas mais indulgentes de
exteriorização – aplausos, batidas de pé, às vezes assovios, dar
as mãos, musicas de rock, para citar algumas. As outras igrejas
fazem isso e nós seguimos a multidão. Nunca nos detemos para
um momento de reflexão acerca do quase total fracasso dessas
outras igrejas em deter a hemorragia de jovens de suas fileiras.
Por que seguir seus métodos errados?
Outros líderes de jovens acham que podem divertir a juven-
tude no reino de Deus. Esportes os mais variados, música não
santificada, filmes de Hollywood, o balé, a ópera, tudo tem sido
usado em fracassadas tentativas de utilizar as aparências para
satisfazer a alma. Mas apenas a verdade de Deus pode alcançar
este alvo. Pastores, não devemos dirigir nossos jovens para as
122 GUARDIÕES DA FÉ
formas superficiais e externas de religião. Muitos seguramente
ao assim fazeres estarão conduzindo-os para fora do caminho,
e Deus requererá suas almas de nossas mãos. Membros da co-
missão da associação defendem que o mais liberal de nossos
pastores é aquele que mais provavelmente atrairá nossos jovens
a um compromisso para toda vida com nossa fé. É incrível como
exatamente muitos líderes sóbrios caem nessa armadilha. Fo-
mos nós mesmos jovens por muitos anos. Não recordaríamos
de nossas próprias experiências? As que deixaram as mais pro-
fundas impressões sobre nossas almas foram as fundamente
devotadas às verdades de Deus, apesar de nossa pouca idade.
Na verdade, homens de idade como o Pastor R. R. Thrift que
nos batizou, Pastores Cyril Palmer, W.J. Kent, e homens de meia
idade como os pastores O. K. Anderson, Ralph Tudor e George
Burnside deixaram as mais indeléveis impressões sobre nossas
jovens vidas porque eles eram homens de profunda fé. Não
nos deixaram com qualquer vazio que nos fizesse ansiar pelas
superficialidades do Pentecostalismo.
Nossas congregações necessitam estar cheias do Espírito
Santo. Precisam ser encorajadas a orar pela chuva serôdia. Possa
isso ser buscado com toda a diligencia por homens e mulheres
tementes a Deus e pelos verdadeiros pastores do rebanho.
“E, quando aparecer o Sumo Pastor, receberão uma coroa de glória
que não desaparecerá jamais.” I Pedro 5: 4.
123

Capítulo 16

CLERICALISMO

U
m fenômeno inquietante está tomando conta da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. De um lado
vemos em muitas congregações uma tendência cres-
cente para o congregacionismo, e do outro, vemos sinais de
um domínio hierárquico funesto. Talvez ambas sejam interde-
pendentes.
Quanto mais as congregações procuram aumentar sua
independência, mais os líderes da Igreja, perplexos, buscam
impor restrições cada vez maiores sobre os membros da Igreja
e sobre as congregações individuais. Isto por sua vez faz com
que algumas igrejas mostrem uma maior independência da
Associação. É o proverbial problema de quem veio primeiro, o
ovo ou a galinha. A tendência para um congregacionismo cada
vez maior pode ser vista no número de pregadores adventis-
tas indepen-dentes que são cada vez mais convidados pelas
igrejas (muitos desses ministros têm se levantado por causa da
evidente negligência da maioria de nós pastores em manter-
mos os padrões adventistas e pregarmos nossas mensagens
distintivas. Essa tendência tem se popularizado à medida que
ministros e crentes independentes procuram ouvir mensagens
mais desafiadoras). Isto pode ser melhor visto no fato de que
agora, mesmo em igrejas relativamente pequenas, se tornou
comum para os líderes das Associações nos EUA consultarem
extensivamente os líderes das con-gregações sobre a escolha
dos pastores para suas igrejas.
A tendência à dominação hierárquica é evidente em muitas
esferas. Devido ao crescimento no número de pastores adven-
tistas do sétimo dia independentes pregando nos púlpitos, tem
acontecido uma tendência também crescente, por parte da
Associação, na tentativa de contro-lar a situação. Desta forma
123
124 GUARDIÕES DA FÉ
cada vez mais as associações estão formulando uma legislação
exigindo que ninguém pregue dentro das igrejas sem a apro-
vação da Missão. Isto pode ser percebido também no aumento
etarrecedor do ativismo político nas eleições em todos os níveis,
desde a igreja local até à Conferência Geral. Esta questão com
freqüência envolve controle e manipulação.
Alguns líderes de igreja erroneamente acham que os mi-
nistros independentes são um desafio à Igreja organi-zada
oficialmente. Isto é uma insegurança desnecessária por parte
desse líderes, muitos dos quais imaginam que vastas somas
de dinheiro são desviadas dos cofres da Associação por esses
pregadores. Quando a Conferência Bíblica do Hartland foi reali-
zada na Holanda, em 1986, grandes rumores foram espalhados
de que a equipe de pregadores reuniu 800.000 guilders ($US
400.000). A verdade foi que eles arrecadaram pouco mais de
1.000 guilders ($US 500) da venda de livros, não recebendo
quaisquer outras verbas.
Na verdade a maioria dos pregadores itinerantes fortalecem
a confiança do povo de Deus e muito se esforçam por encorajar
a mordomia desses crentes. Apesar disso, muitos líderes da
Associação estão atualmente inclinados a elaborar planos para
bloquear esses ministros. Extrapolam as responsabilidades de
suas ordenações ao tentar impor suas vontades sobre as con-
gregações, a quem pertence o direito de escolherem aqueles
que devem minis-trar as suas próprias necessidades espirituais.
Nenhum membro da Associação deveria usurpar esse direito.
Ao invés disso deveriam nossos líderes examinar as razões
que fazem com que muitos do nosso povo desejem ouvir a
Palavra de Deus direta, clara, sem mistura de dúvidas. Talvez
o correspondente religioso da Newsweek tenha dado uma
orientação sobre este assunto quando, ao falar de outras igrejas
protestantes, declarou: “Os sermões de domingo sobrevivem é
claro, mas como breves homilias para o desatento, celebradas
por pregadores ansiosos por agradar” (Newsweek, 20 de outubro
de 1986). É possível que algumas pregações em nossas igrejas
alcancem apenas esse nível? Seria esta a razão pela qual almas
sinceras anseiam ouvir o alimento da palavra? Ousaria qualquer
CLERICALISMO 125

líder ou pastor interpor-se como uma barreira a impedir que o


povo de Deus ouça a Sua Palavra?
Não nos esqueçamos de que o movimento do advento sur-
giu como resultado das bênçãos espalhadas pelos pregadores
itinerantes. Estaria a Igreja Adventista dos nossos dias fechando
suas portas para a pregação de Guilherme Miller? Com toda a
honestidade temos que admitir que algumas o têm feito. O
mesmo seria verdade para aqueles grandes reavivadores, Tiago
e Ellen White. Nenhum presidente de Associação ou diretor de
igreja ponha sobre os seus ombros a responsabilidade de ditar
o que o povo de Deus ouvirá ou deixará de ouvir. Os líderes não
estão, muitas vezes, em melhores condições de fazer tal julga-
mento do que as próprias congregações. Além do mais, temos
sido expressamente proibidos de assumir tal atitude.

Muitos que tinham um conhecimento de Deus e Sua Lei, não


apenas rejeitaram a mensagem dos pregadores da justiça
em si mesma, mas usaram toda sua influência para impedir
outros de serem obedientes a Deus. (Sinais dos Tempos, 1
abril de 1886).

Caso vejamos perigo no convite a um pregador, é nosso dever


advertir, mas não coagir o povo de Deus. Ele pode estar certo
e nós errados. Se através de um erro de julgamento o rebanho
convida alguém ao púlpito que venha apresentar falsidades, a
verdade refulgirá em toda a sua luz por contraste com o erro.

A verdade é eterna, e o conflito com o erro apenas tornará


manifesta a sua força. (TM 107).
Desde 1740 quando o grande pregador itinerante metodista
George Whitefield, conduzia homens e mulheres a unirem-se
a uma vida santificada, muitos reavivamentos têm vindo do
ministério de homens e mulheres dispostos a levarem sua fé
àqueles que anseiam por ouvi-la. De forma clara tem havido
“uma competição por ouvintes entre os pregadores itinerantes
oferecendo pregações dramáticas, e o educado clero eclesiástico
com as mais suaves admoes-tações.” (Newsweek 20 de outubro
126 GUARDIÕES DA FÉ
de 1986). Um dia o papel do reformador foi acoroçoado em
nossa igreja e, como pastores, nós não devemos permitir que a
dominação hierárquica obstrua este ministério ordenado por
Deus.

Que aqueles que procuram reger sobre seus companhei-ros


obreiros possam estudar para saberem a qual espírito eles
pertencem. Deveriam buscar a Deus com jejum e oração e
em humilhação de alma. (9T, 275).

A visão da Igreja Católica sobre o papel do clero como diri-


gentes dos membros leigos foi expressa em 1906 pelo Papa Pio
X em sua encíclica papal Vehementer Nos. Assim como as multi-
dões de pessoas, eles [os leigos] não tem outro direito qualquer
a não ser o de permitirem-se ser conduzi-dos e seguirem seus
pastores como mansos rebanhos.
Nenhum pastor adventista do sétimo dia que tenha bom
senso poderá aceitar esta visão terrível. No entanto, cada vez
mais, alguns de nossos lideres estão abertamente exigindo uma
atitude hierárquica semelhante à adotada pela Igreja Católica
Romana. Demonstremos este fato.
O longo processo do Dr. Derrick Proctor contra a Igreja
Adventista do Sétimo Dia foi finalmente decidido em 29 de
outubro de 1986. Proctor perdeu o caso no qual ele afirmava
que a igreja e várias de suas entidades conspiraram ilegalmente
para interferirem no seu negócio de venda de livros, em uma
violação às leis de conspiração e anti-truste. A estratégia prin-
cipal da Associação Geral neste caso foi o de convencer a corte
de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é essencialmente uma
Igreja hierárquica na qual as diretrizes e ordens da Associação
Geral têm autoridade implícita sobre todas as outras entidades
da Igreja. A Associação Geral apresentou que “ao lado da Igreja
Católica Romana, a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a mais
centralizada de todas as principais denominações Cristãs deste
país.” (Student Moviment-Student paper of Andrews University,
06-novembro-1986).
CLERICALISMO 127

Todo verdadeiro ministro deve apartar-se dessa usurpação


de autoridade.
No Conselho Anual de 1986, realizado em outubro, no Rio de
Janeiro uma moção aparentemente inocente passou, permitin-
do a Associação Geral planejar uma estratégia mundial para a
conclusão da obra. Poucos foram os delegados que perceberam
que esta moção seria usada imediatamente pelos líderes para
exigir que a partir de 1988 o uso de todo o orçamento para a obra
missionária no estrangeiro seria determinada pela Associação
Geral ao invés de em cada divisão local, onde estão as necessi-
da-des e por isso mais aptas a fazerem estas determinações. O
que tem sido dito da Igreja Anglicana às vezes parece aproxi-
mar-se da atitude de alguns dos nossos ministros. Sir Kenneth
Grubb queixou-se de que “a Igreja da Inglaterra não dá a nítida
impressão de que está interessada em seus membros leigos,
antes parece dirigi-los ou amedrontá-los.” (A Layman Looks At
The Church).
Há mais de um quarto de século atrás, Colin foi designa-do
para uma subcomissão da sessão da Grande Conferên-cia de
Campo em Sydney. Estando com apenas vinte e oito anos àquela
época, foi intimidado por seus três companheiros de subcomis-
são, todos com idade acima dos sessenta e com anos de serviços
prestados à denomina-ção. Uma igreja enviou uma delegação
chefiada por seu pastor para recomendar que o relatório do
comitê de nomeação fosse mantido para a próxima sessão da
Associação (uma questão de horas) a fim de dar tempo para a
sua devida consideração. Em uma discussão poste-rior, Colin
mencionou que ele via mérito real na proposta. Os outros três
membros da comissão olharam-no com espanto. “Você é apenas
um jovem” disse o chefe da comissão, “nós, com a vantagem
de nossa experiência, jamais recomendaríamos essa proposta
pois você descobri-ria que os leigos, muito provavelmente,
tentariam derrubar o relatório caso fosse lhes dado tempo para
reunir forças”. Sentimos naquela época que essa visão era muito
indigna de nossos fiéis leigos. Nem o decorrer do tempo nem
nossa ordenação alterou nossa opinião.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi estabelecida sob a
128 GUARDIÕES DA FÉ
direção de Deus, portanto, nem de forma independente nem
hierárquica. O Senhor estabeleceu uma forma repre-sentativa de
governo, um governo cuja base estava nos membros da igreja
local, através de todos os níveis da Igreja, até à Associação Geral.
Desta forma os membros formavam a igreja; e a igreja, por sua
vez, era responsável por escolher a liderança da Associação e as
associações, por escolher as lideranças da União e as uniões, por
escolher a liderança das Divisões e da Conferência Geral. Por-
tanto a autoridade da Igreja foi investida nos níveis inferiores da
organização mais do que nos superiores. No entanto é verdade
que a Igreja possui autoridade para excluir aqueles membros
que não estão mais em harmonia com os ensinos e práticas da
Igreja. As associações têm autoridade que ocasionalmente tem
sido usada para desfiliar uma igreja da irmandade das igrejas.
Em teoria, a União tem autoridade para desfiliar as associações,
e a Divisão, as uniões, e a Conferência Geral, a divisão. Até onde
sabemos até agora, nesses níveis, isto na verdade nunca ocorreu.
No entanto, deveria haver um aconselha-mento por parte de
cada nível a fim de que fosse mantida a harmonia e a pureza
da Igreja de Deus.
Quando em 1863 a Associação Geral foi estabelecida, o
formato era muito simples: Associação Geral e algumas asso-
ciações locais. Mas como a obra de Deus rapidamente assumiu
proporções internacionais, maiores necessidades foram sentidas
e o alargamento das bases foi previsto. Sob a liderança do pre-
sidente da Associação Geral George Buttler, grandes esforços
foram feitos para os processos de centralização e organização
mais hierarquizada sob domínio da Associação Geral. Mas o
Senhor, através da irmã White, desaprovou essa organização.
Ficou muito evidente que Deus É Um Descentralizador. Sua or-
dem foi para espalhar os fiéis. O conselho foi contra os centros
de Jerusalém onde grandes congregações de adventistas iriam
se apinhar e esquecer o ministério que Deus havia posto sob
sua responsabilidade. Esses centros se tornariam impotentes
espiritualmente e cada vez menos convencidos do grande
chamado para concluir a obra de Deus na Terra. Assim à medida
que a Igreja crescia, houve ordens da parte de Deus para a des-
CLERICALISMO 129

centralização da obra. Na sessão da Associação Geral de 1901 a


ordem era para que fosse retirada a liderança das mãos de um
homem e repartida. A irmã White foi instruída de que deverí-
amos ter vários presidentes de Associações Gerais Regionais
em muitas partes do mundo. Conquanto esse plano pudesse
parecer uma avenida para a falta de unidade, foi-lhe mostrado
que, na verdade, isto traria uma maior unidade para a obra de
Deus. Todavia, por volta de 1903, a idéia de descentralização
foi completamente rejeitada. Era difícil para os adventistas do
sétimo dia conceberem modelos de organização diferentes dos
existentes no mundo em geral.
A centralização e autoridade foram aumentadas neste sé-
culo pela produção de um Manual da Igreja. No começo de
1883, uma comissão foi estabelecida pela Associação Geral a
fim de examinar a possibilidade da organização de um manual
de igreja. A comissão de forma unânime rejeitou a idéia pelas
seguintes razões:

É a opinião unânime dessa comissão, designada para avaliar


a questão do Manual, que não seria recomendá-vel o Manual
da Igreja. O Consideramos desnecessário porque já temos
vencido as maiores dificuldades com relação à organização
da Igreja sem um manual, e perfeita harmonia há entre nós
sobre este assunto. Pareceria a muitos como um passo em
direção à formação de um credo ou de uma disciplina, outra
além da Bíblia, algo contra o que sempre temos nos posicio-
nado como denominação. Caso tivéssemos um, recearíamos
que muitos, em especial os que estivessem começando a
pregar, estudassem-no a fim de obter orientação em assuntos
religiosos ao invés de procurá-la na Bíblia e na orientação
dO Espírito de Deus, o que tenderia ser um obstáculo à ex-
periência religiosa autêntica e ao conhecimento da mente
dO Espírito. Foi ao adotar passos semelhantes que outros
grupos Cristãos começaram a perder sua simplicidade e tor-
naram-se formais e espiritualmente sem vida. Por que razão
deveríamos imitá-los? A comissão considera finalmente que
nossa disposição deveria ser em direção à Bíblia e em estrita
conformidade com a mesma, ao invés de elaborarmos minu-
130 GUARDIÕES DA FÉ
ciosamente todos os pontos de regulamento e administração
da Igreja. (RH de 20 de novembro de 1883)

Elder George Butler, então presidente da Associação Geral,


escreveu um artigo dando aos leitores as razões pelas quais não
seria recomendável a publicação de um manual de igreja. Esse
artigo apareceu na Review and Herald de 27 novembro de 1883.
Observemos uma parte dele:

Quando até mesmo os irmãos que eram favoráveis a um ma-


nual alegaram que essa obra não devia ser nada semelhante
a um credo ou disciplina, ou ter qualquer autoridade para
estabelecer pontos de disputa, mas deveria ser considera-
da apenas como um livro contendo sugestões para ajudar
aqueles de menos experiência, ficou evidente, contudo, que
esta obra, publicada sob os auspícios da Associação Geral,
carregaria de imediato consigo um peso de autoridade
e seria consultada pela maioria dos jovens ministros. Ele
gradualmente daria formas e moldaria toda a congregação;
e aqueles que não o seguissem seriam considerados em
desarmonia com a ordem de princípios da Igreja estabele-
cida. E na realidade, não é esse o objetivo de um manual?
Qual deveria ser a utilidade de um manual a não ser a de
alcançar este resultado? Mas seria este resultado, como um
todo, um benefício? Seriam nossos ministros homens mais
generosos, autênticos e confiantes? Seriam eles homens
mais confiáveis nas grandes emergências? Sua experiência
espiritual porventura seria mais profunda e seu julgamento
mais confiável? Cremos que a tendên-cia seria para a direção
oposta... Temos mantido a simplicidade, e temos prosperado
em agir assim. É melhor que permaneçamos assim. Por essas
e outras razões o manual foi rejeitado. É provável que ele
jamais seja apresentado novamente.

Aqui Butler errou em sua previsão. Em 1932 um manual foi


votado. Por muitos anos o manual pareceu ser de considerável
valor para a Igreja, porém passo a passo as mudanças ocorreram,
CLERICALISMO 131

incluindo as mudanças no começo dos anos cinqüenta que co-


meçaram a abrir as comportas em termos de moralidade dentro
da Igreja. Essa modifica-ção liberalizou a questão do divórcio e
re-casamento.
No entanto, muitos crêem que foi a votação, em 1980, da
nova declaração de crenças que produziu a maior ameaça à
Igreja. Cada vez mais percebe-se que a declaração de crenças
fundamentais, adotadas naquela época, está limitando a pre-
gação dentro da Igreja em muitas áreas tais como a natureza
de Cristo, a natureza da salvação e da expiação. Nos é dado um
exemplo dessa tendência:

A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem 27 crenças funda-men-


tais. Elas são básicas e gerais e deixam muita mar-gem para o
estudo e a interpretação pessoal. Mas não deveríamos pôr um
questionamento doutrinário parti-cular, não importa quão
acariciadamente o sustentemos, no nível de fundamental.
(Adventist Review, 2/7/87).

As declarações têm sido deixadas vagas o suficiente para


tornar difícil para homens e mulheres pregarem a certeza da
mensagem de Deus, com o mínimo grau de segurança nessas
áreas. Na verdade, a Declaração de Crenças, embora não re-
presente um credo em sua natureza, está sendo cada vez mais
usada por alguns administradores da Igreja desta forma. Caso
essa tendência continue, o que será inevitável, caso não haja
uma mudança, sem qualquer dúvida, esses tipos de crenças
ambíguas tragarão a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Não po-
demos permitir que isso ocorra.
Em 1981 em um encontro na capela da Faculdade de Avon-
dale, ao qual Russell estava presente, um orador, então funcio-
nário da Divisão, debatia que os adventistas do sétimo dia não
estavam obrigados a aceitar o fato de que o santuário celestial
tivesse dois compartimentos, uma vez que o número de com-
partimentos não estava mencionado na declaração de crenças
de Dallas. Isto é radicalismo da pior espécie. Os adventistas do
sétimo dia não acreditam em uma declaração de crenças; ao
132 GUARDIÕES DA FÉ
invés disso, eles aceitam “toda palavra que procede da boca de
Deus”. Certamente Deus nos informou em palavras inequívocas
que seu santuário tem dois compartimentos (ver Cristo em Seu
santuário, p. 14). Em opiniões tais como as aqui apresentadas,
repousam os reais perigos do mau uso de tais declarações de
crenças.
É inquestionável que os motivos de um manual de igreja e
do estabelecimento de declarações são nobres. Como em outras
igrejas, esses têm sido apresentados para definir a crença para
os fiéis, bem como para aqueles recém-interessados na fé e para
aqueles fora da fé. Depois, no entanto, elas se tornam um mo-
delo rígido pelo qual toda a ortodoxia é avaliada e a disciplina
da Igreja é estabelecida. Cada vez menos a Bíblia é apresentada
como o árbitro da fé e mais e mais seu papel é usurpado pela
declaração de crenças. Essa tendência é perigosa e deve ser
revista se quisermos permanecer em um caminho claro.
No entanto, como declaramos antes, devemos ser muito
cautelosos para não nos dirigirmos rumo a uma independência
totalmente destituída do conselho dos irmãos. Acreditamos que
não há uma declaração que melhor equilibre toda a situação do
que a que está no nono volume dos Testemunhos, escrita pela
irmã White aos delegados da sessão da Associação Geral, em 30
de maio de 1909, reunida em Washington D.C.

Ó, como Satanás se regozijaria caso pudesse ser bem sucedi-


do em seus esforços de infiltrar-se entre este povo e desor-
ganizar a obra em uma época quando total organização é
essencial e será o maior poder capaz de afastar levantamen-
tos espúrios e refutar pretensões que não sejam endossadas
pela Palavra de Deus!
Precisamos manter as linhas de forma equilibrada, para que
não haja interrupção no sistema de organização e ordem, que
tem sido construído por um trabalho sábio e cuidadoso. Não
se deve dar autorização aos elementos de desordem que de-
sejam controlar a obra neste tempo. Alguns têm promovido
a idéia de que, como estamos próximos do fim do tempo,
cada filho de Deus atuará independentemente de qualquer
CLERICALISMO 133

organização religiosa. No entanto, tenho sido instruída pelO


Senhor de que nessa obra não existe algo como cada homem
ser independente. (9T. 258).

No entanto, a irmã White, ao considerar execrável a anarquia


dentro da Igreja, considerou da mesma forma abominável a
tirania.

Por outro lado, os líderes dentre o povo de Deus devem guar-


dar-se contra os perigos de condenar os métodos de obreiros
individuais que são conduzidos pelo Senhor a fazer uma obra
especial que poucos estão aptos a realizar. Que os irmãos
com responsabilidades na igreja sejam cautelosos ao criticar
movimentos que não estão em perfeita harmonia com seus
métodos de trabalho. Não presumam que todo plano deva
refletir a sua própria personalidade. Não temais confiar em
outros métodos; porque por negar sua confiança a um irmão
obreiro que com humildade e zelo consagrado está fazendo
uma obra especial da maneira por Deus apontada, estarão
eles retardando o avanço da causa de Deus. (9T 259).

A obra dO Senhor é prejudicada ou pela desorganização ou


pelo supercontrole da liderança. A Igreja é estorvada tanto pelo
congregacionismo quanto pelo hierarquismo.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia acredita na doutrina pro-
testante básica do sacerdócio de todos os crentes. Ela não crê
que Deus dotou teólogos e ministros com um dote especial de
entendimento da Palavra de Deus.
Cremos que é chegado o tempo de repensar o sistema usado
para indicar os pastores de igreja. No início da Igreja Adventista,
pastores distritais eram designados ao invés de pastores de
igreja. Os pastores distritais não eram designados para nenhuma
igreja em especial, mas nomeados para uma cidade ou região
em particular com o objetivo primeiro de evangelizar aquela
área. Nós bem recordamos dessa situação ocorrendo durante
nossa infância. Isto não significava dizer que os pastores não
pregassem na maioria dos serviços do Sábado, nem que fossem
independentes da igreja. Todavia, as funções básicas da igreja
134 GUARDIÕES DA FÉ
eram exercidas pela liderança leiga. As reuniões de comissão,
as reuniões de negócios, as campanhas de colheitas e outras
funções da igreja local eram conduzidas pela liderança leiga.
Os leigos também assumiam a responsabilidade de lidar com
as necessidades físicas dos membros da igreja bem como suas
necessidades materiais. Diferente da situação atual, em que
é provável que, caso um membro da igreja venha a adoecer,
pede-se ao pastor que o visite; esta obrigação era anteriormente
a função dos anciãos, diáconos, diaconisas e dos membros da
igreja. Essas pessoas eram os pastores do rebanho.
O atual sistema de seguir a prática mundana ao indicar os
pastores de igreja tem levado a grande impotência e inércia por
parte dos leigos. O pastor tem sido freqüentemente reduzido
a babá de membros com distúr-bios espirituais e emocionais.
O papel do pastor tem se tornado mais o de consolidação e
aconselhamento do que o de evangelizar e fazer avançar a
mensagem de salvação. Em algumas de nossas maiores igrejas
não é raro ver mais de cinqüenta pastores ordenados nos bancos
da igreja durante os serviços de sábado e um staff pastoral de
aproximadamente dez pessoas. As energias da Igreja e os recur-
sos humanos de seus membros estão sendo lamentavelmente
subestimados.
No princípio da Igreja Cristã não era como hoje, e nós de-
vemos de muitas formas copiar a Igreja do início da era Cristã.
Paulo, Pedro, João e outros apóstolos estavam na dianteira do
ministério, convertendo homens e mulheres, do paganismo e do
judaísmo para o evangelho de Jesus Cristo. Os anciãos eram no-
meados para consolidar os membros da Igreja. Os diáconos eram
designados para cuidar das necessidades físicas dos membros
da Igreja, enquanto os evangelistas avançavam. Seguramente
eles não abandonavam sua responsabilidade para com as igrejas
que haviam estabelecido, mas a consolidação dos membros e
o desenvolvimento da Igreja eram deixados principalmente
nas mãos da liderança leiga. Mas, rapida-mente o clericalismo
tomou conta da Igreja e os anciãos leigos tornaram-se clérigos
que, por sua vez, dominaram a direção da Igreja.
Quando houve chamado de pastores para as igrejas adventistas
do sétimo dia que estavam bem estabelecidas, a irmã White deixou
CLERICALISMO 135

claro que era para áreas em que não havia um testemunho forte
da verdade que os pastores deveriam ser requisitados. Temos uma
situação hoje onde ainda a maior parte das áreas de nossas cidades
e interiores não têm impulsos evangelísticos fortes. Se aos nossos
leigos fosse dada a responsa-bilidade de liderança no pastoreio
dos membros da Igreja, no lidar com os negócios e outras ativi-
dades locais da Igreja, então o pastor poderia cumprir a respon-
sabilidade e a oportunidade de fazer avançar o evangelho. Os
nossos leigos seriam enrique-cidos por suas responsabilidades
e a Igreja seria fortalecida sob sua liderança.
O papel atual do pastor o tem com freqüência conduzido a
dificuldades significativas. Em primeiro lugar, sua estreita relação
com os assuntos da Igreja tem freqüentemente colocado-o na
posição hostil de ter que tomar partido, diminuindo a eficácia de
seu ministério de pregação para com aqueles que discordam da
posição por ele assumida. A função de conselheiro, que tem-se
tornado parte dominante da responsabilidade do pastor, tem
freqüentemente levado a trágicas conseqüências. Isto tem se
demonstrado verdadeiro especialmente quando o aconselha-
mento tem sido com mulheres que têm problemas conjugais. É
um fato lamentável que muitos de nossos pastores, a cada ano,
perdem sua integridade com mulheres que por eles têm sido
aconselhadas. Esta forma de ministério está contra o mais claro
testemunho dO Senhor que instrui os homens a se absterem de
aconselhar mulheres acerca de seus problemas conjugais.

Quando uma mulher relata seus problemas familiares ou


queixas de seu marido a um outro homem, ela viola seu voto
conjugal; desonra seu esposo e destrói o muro erigido para
preservar a santidade da relação matrimonial; escancara a porta
e convida satanás a entrar com suas insidiosas tentações. Se
uma mulher vai a um irmão Cristão com seu relato de tris-
tezas, seus desapontamentos e provas, ele deveria sempre
aconselhá-la que caso ela devesse confiar seus problemas a
alguém, que ela escolhesse irmãs para suas confidências e
desta forma não haveria aparência do mal pela qual a causa
de Deus pudesse sofrer reprovação. (Lar Adventista,p. 338).
136 GUARDIÕES DA FÉ
Além do mais, a função do pastor de igreja tem levado cada
vez mais o clero a adotar o papel de autoridades finais na Igreja,
até que chegue o tempo em que se torne conhecido o veto de
pastores às decisões das comissões da Igreja. A situação tem se
estendido à votação das associações, às decisões das comissões
de igreja, ou ao exercício severo da pressão eclesiástica sobre
essas comissões. Essas decisões estão desafiando perigosamen-
te a autonomia de cada nível de organização. Cada vez mais
o pastor se torna um líder ao invés de um servo da Igreja e os
leigos estão inclinados a absterem-se das responsabilidades com
as quais deveriam eles ministrar na Igreja. Em muitas igrejas os
anciãos são pouco mais do que homens que anunciam os hinos
nos serviços divinos e oferecem oração ocasional.
Uma reconsideração da idéia do pastor distrital e um reava-
liação do papel dos leigos poderiam fazer muito para reverter
essa tendência de indolência e passividade vista entre a maioria
dos leigos no mundo ocidental hoje. Caso haja algum questiona-
mento sobre isso, basta apenas comparar a vitalidade da igreja
naqueles países onde são poucos os pastores e os membros
são muitos comparados com o mundo ocidental onde a média
de pastores para membros é muito alta. Embora seja errado
afirmar que este é o único fator responsável pelo extraordinário
crescimento dos membros nos países do terceiro mundo, toda-
via, não podemos deixar de crer que ele é uma resposta parcial
para a questão. Em um lugar no qual os leigos são requeridos
para dirigir o culto, as reuniões de oração, os encontros evan-
gelísticos e para ministrarem diretamente as necessidades dos
membros, há lugar para um maior crescimento e vitalidade
dentro da Igreja.
CLERICALISMO 137
138 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 17

FUTURISMO

A
igreja Católica Romana encontrava-se em um dilema.
A Reforma Protestante estava varrendo tudo à sua
frente na esfera européia. O ministério de Lutero, Calvino,
Zuinglio, Knox e outros tinham levado confusão e até mesmo
pânico às fileiras da Igreja Católica, o que levou ao Concilio de
Trento (1545-1563). A preocupação mais séria dos bispos da
Igreja Católica era redefinir a doutrina e estabelecer meios de
combater a Reforma Protestante. Um dos golpes mais eficazes
infligidos à Igreja Católica pelos reformadores protestantes era
a sua identificação precisa como o chifre pequeno, a besta, o
anticristo, o homem do pecado, a mulher vestida de escarlate,
a mãe das prostitutas e outros sinônimos bíblicos. Essas acusa-
ções trouxeram grande suspeita e desconfiança à Igreja Católica
Romana.
Um pouco antes do Concilio de Trento, Roma instituiu o que com
freqüência tem sido chamado pela história de Contra-Reforma ou
Reforma Católica. Inácio de Loyola, o sacerdote e aventureiro es-
panhol, iniciou uma nova ordem conhecida como A Companhia
de Jesus ou, mais comumente, Os Jesuítas. Rapidamente eles se
tornaram uma corporação de elite dentro da Igreja Católica e foi
a eles que a igreja recorreu a fim de conseguir meios para desviar
o ataque dos protestantes ao catolicismo. Finalmente, dois dos
mais notáveis membros da ordem, Luis de Alcazar e Francisco
Ribera, propuseram soluções. Luis de Alcazar, seguindo algu-
mas das antigas tradições dos macabeus, sugeriu que o então
desconhecido rei selêucida, Antíoco IV (Epifânio IV), que havia
profanado o santuário de Jerusalém durante o segundo século
antes de Cristo, correspondia à descrição do chifre pequeno de
Daniel 7 e 8. O fato de a abominação da desolação associada ao
chifre pequeno ser também mencionada no futuro por Cristo,
em Mateus 24:15, não pareceu preocupar a Igreja Católica. Nem
138
FUTURISMO 139

tem este fato preocupado os homens e mulheres de hoje que


aceitaram, pelo menos em parte, a chamada visão preterista
da profecia (a visão que nos lança ao passado, sugerindo que
as profecias de Daniel e Apocalipse foram todas cumpridas por
volta do fim do primeiro século da era Cristã).
Por outro lado, Francisco Ribera propôs a clássica visão futurista.
Ribera alegava que o papado não poderia ser identificado como o
homem do pecado ou chifre pequeno ou qualquer outra das ca-
racterísticas tão vividamente descritas na Palavra de Deus, porque
isto se referia a um personagem que se levantaria bem no fim dos
tempos, exatamente antes da volta de Cristo. É, na verdade, esta
visão futurista que hoje tem tragado o protestantismo.
A Igreja Católica usou muito pouco as manipulações teoló-
gicas de Alcazar e Ribera. Eles estavam simplesmente satisfeitos
pelo fato de terem uma “resposta” aos desafios dos Reforma-
dores ao papado. Por muitos anos as teses de Ribera e Alcazar
permaneceram juntando poeira nas estantes das universidades.
Foi apenas no século XIX que a visão futurista retornou à pre-
eminência. Morford, um professor da Universidade de Oxford,
havia grandemente apoiado, e na verdade foi um dos principais
indutores, do movimento anglo-católico para a reunificação
da Igreja Católica Romana. Morford foi surpreendido pela in-
flexível oposição de muitos fiéis protestantes anglicanos que
apontavam não haver qualquer condição de se unirem à Igreja
Católica porque o papado era o anticristo e o homem do pecado.
Morford, então desempoeirou as teses de Ribera e começou a
ensinar a visão futurista com grande vigor declarando que o
homem do pecado apareceria no fim dos tempos.
Um dos estudantes de Oxford, durante este período, de nome
John Darby, tornou-se o fundador da denominação Plymouth
Brethren (Os Irmãos de Plymouth). Ele aceitou o futurismo de
Morford. O grupo inicialmente expandiu-se muito rapidamente
e espalhou-se em outros países do mundo incluindo os Estados
Unidos da América. No entanto, foi somente com a conversão
do advogado texano, Scotfield, foi que o futurismo começou a
ter um impacto sobre as igrejas fundamentalistas dos Estados
Unidos, especialmente no Sul. Scotfield desenvolveu suas notas
140 GUARDIÕES DA FÉ
bíblicas que tornaram-se parte da Bíblia de Scotfield espalhada
amplamente por colportores através dos Estados Unidos, parti-
cularmente no Sul. A influência da Bíblia Scotfield tornou-se ta-
manha que poucos questionam as afirmações de que esta Bíblia
fez mais para moldar a teologia do protestantismo conservador
do que qualquer seminário nos Estados Unidos. Por isso é muito
difícil encontrar protestantes de um ramo evangélico que não
estejam fortemente convencidos do futurismo. Lamentavel-
mente, o futurismo fez seus assaltos sobre a Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Ele certamente foi a base dos erros escatológicos de
Desmond Ford. (Embora o Dr. Ford também tenha incor-porado
os conceitos preteristas em suas explanações profé-ticas). Nos
últimos dez anos, imperceptivelmente, o futurismo tem sido
imposto sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Com freqüência, o futurismo aparecia não como uma ne-
gação da visão historicista Adventista da profecia Bíblica, mas
antes como um companheiro daquela visão. Por exem-plo, o Dr.
Ford sustentava que as visões preterista, historicista e futurista,
ao mesmo tempo, eram todas exatas quando ele incutia sua
interpretação apotelesmática da profecia sobre aqueles que
o ouviam e liam seus livros. (Apotelesmática – o resultado de
certas posições das estrelas sobre o destino humano. Usada aqui
por Ford para referir-se aos cumprimentos proféticos sucessi-
vos). Hoje o princípio apote-lesmático tem sido interpretado
como sendo o cumprimento sucessivo da profecia. É evidente
que a Bíblia tem esses cumprimentos. A mensagem de Elias foi
parcialmente cumprida por João Batista, mas será muito mais
completa-mente cumprida no fim dos tempos. A mensagem de
Mateus 24 teve um cumprimento parcial na destruição de Jeru-
salém. A apresentação das três mensagens angélicas do tempo
do Grande Desapontamento terá também mais completo cum-
primento no fim dos tempos. Mas em cada um desses exemplos
e em alguns outros, temos a evidência clara da Inspiração de que
o cumprimento sucessivo ocorrerá. Por outro lado, o princípio
apotelesmático é agora aplicado a muitas passagens proféticas
sobre as quais a Inspiração não tem nenhuma informação. Tal
aplicação torna-se muito perigosa, porque na verdade este tipo
de interpretação repousa apenas sobre a especulação. A irmã
White nos deu claras advertências concernentes a isto.
FUTURISMO 141

De grande preocupação é o fato de as origens do futurismo


serem jesuíticas, por isso em si mesmo levanta indicadores
significantes. Quase inevitavelmente aqueles que apresentam
essas interpretações futuristas não negam inicialmente a in-
terpretação historicista. No entanto, é desta forma que muito
freqüentemente satanás introduz a heresia. Por exemplo, as
igrejas cristãs primitivas por períodos consideráveis considera-
ram tanto o sábado como o domingo como sagrados. Por fim,
no entanto, o erro prevaleceu e o sábado foi completamente
ignorado. Como mencionado anteriormente, o Dr. Ford, ao mes-
mo tempo, ensinava uma certa crença na visão historicista bem
como nas visões preterista e futurista. Hoje ele essencialmente
nega a visão historicista.
Com o intercâmbio cada vez maior com os evangélicos e o
aumento dos enganos de satanás no fim dos tempos, é de se
esperar que mais e mais interpretações serão apresen-tadas.
Não apenas com relação a Daniel 7, 8 e 9 [e agora Daniel 12,
fortemente no Brasil; referindo-se aos 1260/1290/1335 dias
como sendo literais e a se cumprirem no futuro, imediatamnte
antes da volta de Jesus], mas também uma grande ênfase no
futurismo tem sido descoberta nas áreas dos sete selos, das
sete trombetas, e outras do Apocalipse, incluindo Apocalipse
13:5, onde a voz da Inspiração declara que os quarenta e dois
meses aqui referidos relacionam-se especificamente aos 1260
anos da perseguição papal que findou em 1798 (ver o Grande
Conflito, p 54).
Essa teologia e profecia especulativa trazem considerá-vel
perigo. Primeiro, não há meio de provar se essas predições fu-
turistas são falsas, pelo fato de as mesmas estarem ainda para
ocorrer no futuro. Segundo, essas predições futuristas levam
a um grande desapontamento daqueles que nelas confiaram
implicitamente, e assim, muitos são desviados das preciosas
mensagens de Deus. O Espírito de Profecia oferece advertên-
cias pertinentes contra interpretações repetitivas de profecias
já cumpridas.

Não deve haver discussões demoradas, apresentando teorias


novas com relação às profecias que Deus já tem tornado claras.
142 GUARDIÕES DA FÉ
A grande obra da qual agora a mente não deveria ser desviada
é da consideração de nossa segurança pessoal à vista de Deus.
(Manuscrito 32A, 1896).

Estais em risco... Reconheceis como verdadeiros esses fatos


na história bíblica, mas os aplicais ao futuro. E os que estão
buscando compreender essa mensagem não serão levados
pelO Senhor a fazer da Palavra uma aplicação que solape
o fundamento e remova as colunas da fé que fizeram dos
adventistas do sétimo dia o que hoje são. Mas esses novos
esclarecimentos em sentidos proféticos são manifestos em
aplicar mal a Palavra e levar o povo de Deus ao sabor das
ondas sem uma âncora que os segure. (T. Sel.II, 103 e 104).

Alguns tomarão a verdade aplicável a seu tempo, e pô-la-ão


no futuro. Acontecimentos, na seqüência da profecia, que
tiveram seu cumprimento no distante passado, são consi-
derados futuros, e assim, por essas teorias, a fé de alguns é
solapada. (Test. Seletos II, 102)

Muitos se levantarão em nossos púlpitos tendo nas mãos a


tocha da falsa profecia, acesa na infernal tocha de satanás.
(Test. para Ministros, 409)

O forte movimento para a interpretação do jubileu tem


freqüentemente estado estreitamente relacionado com inter-
pretações especiais baseadas em tempo. Conquanto não cen-
suremos de forma alguma um profundo estudo e investi-gação
do sgnificado do jubileu, todavia estamos muito preocupados
com aqueles que ao aceitarem algumas das teorias, propõem
também as implicações de tempo. É certo que quando alguns
desses tempos passam, outras novas interpretações serão de-
senvolvidas. Quando Russell visitou a Índia, logo após o Dia da
Expiação em outubro de 1986, muitos que previram a introdu-
ção de leis dominicais nos Estados Unidos, com base em uma
teoria de tempo construída a partir do raciocínio do jubileu,
ficaram compreensivelmente perplexos e desanimados quando
a predição não se cumpriu. Aqueles que investigaram o jubileu
FUTURISMO 143

descobriram muito material útil, porém essas convincentes


compreensões não devem nunca ser aceitas como evidências
em apoio do estabelecimento de tempo futurista.

Jesus mandou que os discípulos “vigiassem”, mas não por um


tempo determinado. Seus seguidores devem estar na situa-
ção de quem espera as ordens dO seu Comandante; devem
vigiar, esperar, orar e trabalhar à medida que se aproxima o
tempo da vinda dO Senhor; mas ninguém poderá predizer
justamente quando chegará esse tempo, porque “daquele
dia e hora ninguém sabe”. Mat. 24:36. Não podereis dizer que
Ele virá daqui a um ano, ou dois, ou cinco anos, nem deveis
postergar a Sua vinda declarando que não se dará antes de
dez ou vinte anos. (Evangelismo, p. 221).

O conselho de Deus através da Inspiração declara que não
haverá nenhuma mensagem baseada em tempo durante o
período de graça. [ver Prim. Escritos, 74 e 75].
A plataforma historicista dos reformadores e dos pioneiros da
Igreja do Advento tem sido claramente confirmada pelos escritos
da irmã White. Este fato deveria ser suficiente para os adventistas
do sétimo dia estarem alertas contra essas novas interpretações
futuristas. O fato do futurismo estar profundamente enraizado
na teologia jesuíta deveria fornecer-nos outra fortíssima razão
para a devida precaução.
144 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 18

INSTITUCIONALISMO

O
s seis grandes recursos da igreja necessitam traba-
lhar em harmonia para o término da obra de Deus.
É plano de Deus que a obra médica dê as mãos à obra
evangelística. Que os leigos dêem mãos ao ministério, e que a
obra de sustento próprio dê as mãos à obra denominacional. Esta
harmonia não será alcançada por um dominando o outro, porém
quando, em confiança mútua, cada um der as mãos um ao outro
para a arrancada final da mensagem de Deus ao mundo.
Somos privilegiados por termos sido indicados para posições
de confiança na obra organizada da igreja de Deus. Ambos
temos também aceitado responsabilidades em instituições de
sustento próprio. Ambas as formas de ministério, acreditamos,
foram ordenadas por Deus. Todo o nosso serviço denominacional
tem sido institucional. Nossos próprios anos de serviço tipificam
a obra de outros que procuraram trabalhar para Deus. Nós dois
ensinamos em escolas primárias e denominacionais por três anos
(1952-1954).Após uma década de formação, Colin foi indicado
para chefe do Departamento de Educação na Universidade de
Avondale, Austrália, em 1965, e ocupou aquele posto ate a sua
indicação para Deão acadêmico na Universidade West Indies,
Jamaica, em 1970. Ele foi nomeado presidente desta Universi-
dade denominacional seis meses depois. Em 1973 Colin aceitou
o cargo de chefe do Departamento de Psicologia da Universi-
dade Columbia Union, Washington DC. Seis meses após aceitar
aquela responsabilidade, ele foi indicado para Deão acadêmico
daquela instituição e dois meses mais tarde aceitou o cargo de
Presidente daquela Universidade.
Desde 1978, Colin tem trabalhado em instituições de sus-
tento próprio, primeiro como o Deão fundador da Universidade
no Instituto Weimar na Califórnia e, desde 1983, como funda-
dor Presidente do Instituto Hartland de Saúde e Educação na
144
INSTITUCIONALISMO 145

Virgínia.
Russell também gastou uma década em Educação Universitá-
ria. Em 1966 foi indicado para o corpo de funcionário do Centro
Denominacional de Saúde e Hospital Warburton, Vitoria (Aus-
trália). De lá, em 1967 aceitou um cargo semelhante no Hospital
Adventista Penang na Malásia, assumindo depois a função de
chefe do corpo de funcionários. Em 1974, Russel foi transferido
para o Hospital Adventista de Sydnei, Austrália, mas após um
ano de serviço deixou o emprego denominacional por três
anos para mudar-se para Melbourne devido a morte de nossa
mãe. Em 1978, Russell retornou ao oriente para servir no Hos-
pital Adventista de Bangkok, Tailândia, onde em um ano ele foi
indicado presidente, um cargo que manteve até 1984, quando
prestou mais de dois anos de serviço no centro médico Enton
em Surrey na Inglaterra. Este último centro médico era uma
instituição de sustento próprio, testemunhando aos cidadãos
daquele grande país.Russell voltou a serviço denominacional
quando foi indicado para presidente do Hospital Adventista
Penang na Malásia em 1986.
Essa experiência nos levou a apreciar os valores de ambos os
ministérios, denominacional e de sustento próprio. Enquanto
no Instituto Weimar, a Missão Califórnia Norte expediu suas
credenciais, e no instituto Hartland suas credenciais foram
expedidas pela Missão Potomac. Durante o período de serviço
de Russell na obra de sustento próprio suas credenciais foram
expedidas pela União Britânica. Cada um recebeu crédito de
serviço denominacional por todos os anos de serviço na obra
de sustento próprio.
Muitos estão desavisados desta proximidade de cooperação
entre o serviço denominacional e a obra de sustento próprio e
de algum modo vêem estes dois braços de trabalho da igreja
em competição ao invés de em cooperação. Isso é uma falsa
avaliação. O Instituto Hartland e equipe formam uma valorosa
membresia de oito igrejas dentro da Missão Potomac – Amicus,
Charlottesville, Culpepper, Fredericksburg, Hyattsville, Orange,
Pennel e Warrenton. O ancião Taylor IV do Departamento Bíblico
da Universidade Hartland pastoreia a igreja de Warrenton na
Missão Potomac. Seminários de Daniel e Apocalipse, estudos
bíblicos e seminários de saúde são conduzidos pela equipe e
146 GUARDIÕES DA FÉ
estudantes em conjunto com a congregação Adventista do Sé-
timo Dia, pastores e o corpo de alunos universitários tem dado
uma contribuição muito efetiva para os alunos de literatura
evangelística ministerial da União Columbia.
As Conferências Bíblicas Hartland (formalmente conhecidas
como Conferência Firme Fundamento) proporcionol tremen-
dos encontros de reavivamento com base bíblica para igrejas
tão distantes uma da outra como: Hendersonville, Carolina do
Norte, Sacramento, Califórnia, Apson, Tennessee, Roma, Itália,
Coventry, Inglaterra e Bankstown (Sydney) Austrália. Muitas
livrarias adventistas contêm as obras cristãs publicadas pelas
publicações Hartland.
Esta é a cooperação que Deus tem ordenado. Contudo fica-
mos assustados quando ouvimos alguém na obra de sustento
próprio dizer que Deus só pode trabalhar através desse braço
de Sua obra, e outros, em empreendimentos denominacionais
expressarem a opinião de que as obras de sustento próprio
são um reduto para o fanatismo e atividades desse tipo. É evi-
dente que há, em ambas as instituições, denominacional e de
sustento próprio, exemplos de erros facilmente identificados e
até mesmo ampliados.
Mas um princípio das bênçãos de Deus nunca deve ser esque-
cido: Suas bênçãos repousam somente sobre aqueles que diligen-
temente seguem Sua vontade. Neste princípio não há nenhuma
condição relacionada com as administrações denominacional
ou de sustento próprio. Temos testemu-nhado os milagres de
Deus operando em ambas as esferas de Sua obra.
Russell presenciou o milagre da graça de Deus na restaura-
ção do Hospital Adventista de Bangkok ao seu lugar de direito,
quando a verdadeira observância do sábado foi restaurada nessa
instituição. (Veja o livro Teeming Fields escrito por Russell que
em breve será editado pelas Publicações Hartland para uma
mais completa compreensão da incrível história desse hospital
missionário) Colin pode testificar de muitos milagres de Deus
no Hartland Institute (Veja The Hartland Story escrito por Colin
também em breve editado pelas Publicações Hartland)
Da mesma forma se nos apartarmos do paradigma de Deus
então Ele, que não faz acepção de pessoas ou instituições, não
pode derramar Suas bênçãos sobre nosso trabalho quer seja a
INSTITUCIONALISMO 147

instituição denominacional ou de sustento próprio. Há heresias


tanto na obra de sustento próprio como na obra denomina-
cional. Na realidade muitos problemas que existem na obra
denominacional podem ser encontrados na obra de sustento
próprio e vice-versa. Elas são parte do mesmo movimento. Não
são difíceis de identificar as razões que há nas mentes de alguns
para a falta de confiança entre os dois tipos de obra. Os atuais
episódios de crise financeira dentro de nossa igreja têm tido
efeitos de longo alcance para ambas as obras, denomina-cional
e de sustento próprio.
Esses episódios levaram alguns leigos e não poucos minis-
tros a questionarem a capacidade das autoridades da igreja de
efetivamente liderar em muitas áreas e produziu um escrutínio
rigoroso das atividades e diretrizes da Associação. Houve uma
torrente sobre nossas instituições nas quais muitas terríveis
predições acerca de nossa obra médica e educacional foram
feitas. Naturalmente alguns que ficaram preocupados com estas
questões se voltaram contra as instituições administradas pela
igreja e olharam cada vez mais favoravelmente para os projetos
de sustento próprio. Essas instituições, eles afirmam, dispensam
os fundos denominacionais e atraem, normalmente, um grupo
de obreiros dispostos a aceitar salários consideravelmente abai-
xo daqueles oferecidos aos funcionários da Igreja. Assim elas
não são vistas como escoadouros em potencial dos recursos
denominacionais.
Por outro lado, a diminuição dos níveis de apoio financeiro
dentro da igreja levou alguns funcionários da igreja a olharem
as instituições de sustento próprio com um pouco de inveja e
apontá-las como a causa de sua própria redução de fundos. Por
exemplo, um pastor aposentado da igreja em uma carta datada
de 19 de junho de 1986, que foi distribuída com muitos líderes
de igreja ao redor do mundo, afirmou que os ministros da obra
de sustento próprio “estão desviando milhões de dólares que
deveriam ir para os cofres de nossa igreja...Eles estão vendendo
enormes quantidades de livros, revistas, cassetes e videotapes,
etc...estou certo de que isto está tirando centenas de milhares
de dólares (com o tempo poderia perfazer milhões) de nossos
Centros Adventistas de Livros.” Esta visão alarmista presta um
desserviço ao exame das reais causas e tão somente incita ani-
148 GUARDIÕES DA FÉ
mosidade entre alguns que apóiam e outros que se opõem à
visão do obreiro.
Mas todas essas visões desprezam um princípio importante
– em qualquer instituição administrada sob o plano de Deus
nunca faltarão os recursos necessários. Deus fará com que
aqueles, quer sejam patrocinados pela denominação ou estejam
sob a liderança dos filhos de Deus fora dos empreendimentos
diretos da igreja, serão supridos com os meios necessários para
conduzir Sua obra. Nós nunca poderemos duvidar deste fato.
Russell provou ser isto verdadeiro tanto na Tailândia como na
Malásia,dentro do serviço denominacional. Colin descobriu o
mesmo princípio no Weimar e no Hartland na obra de sustento
próprio. Não há nenhuma necessidade de um braço olhar in-
vejosamente para o outro como se disputassem os recursos de
Deus. Aquele que tudo possui é plenamente capaz de suprir as
necessidades de toda instituição e obra baseada em Sua divina
comissão. Assim a visão de que

Hoje um crescente número de ministros independentes


competem vigorosamente por uma fatia maior dos dólares
adventistas – tão urgentemente necessários à obra principal
da igreja. (Southwestern Union Record, 1987),

Põe de lado a questão da natureza daquilo que é “a obra


principal da igreja”. Efetuar a obra principal da igreja não foi dado
somente à obra organizada bem como o salvaguardá-la não é
exclusividade dos ministros independentes apenas.
A principal obra da igreja com certeza é aquela desempenhada
por todo crente fiel às preciosas verdades da santa Palavra de Deus.
Ninguém deve estar em competi-ção por dinheiro.
Enquanto estava na Tailândia, Russell recebeu várias contribui-
ções em dinheiro para obreiros designados. Muitos eram fundos
de dízimos enviados para serem passados à Missão Tailandesa
para seu orçamento ministerial. Outras somas foram dadas
para a obra da ADRA, para ajudá-la em seu trabalho pelos refu-
giados do Camboja. Outros enviam donativos para ministérios
independentes tais como o projeto Ásia, também engajado em
ministrar para refugiados.Muitos outros projetos também foram
recebedores de doações de além-mar. Esses incluíam o Amigo
INSTITUCIONALISMO 149

da Tailândia, uma organização de esposas de missionários que


cuidam das questões de crentes necessitados, e a obra missioná-
ria independente desempenhada por Kent Gregory no Norte da
Tailândia. Obviamente, como Presidente do Hospital Adventista
de Bangkok, Russell poderia ter encontrado um uso imediato,
em sua instituição denominacional, para cada centavo daquelas
doações. Mas Russell nunca cobiçou esses fundos e com alegria
passou-os para seus recebedores de destino. Cada organização,
seja denominacional ou independente, estava fazendo sua pró-
pria única contribuição à “principal obra da igreja”, e Deus, em
Seu grandioso amor, não esqueceu aqueles em Sua instituição
operada pela denominação em Bangkok. Fomos também de
forma ampla supridos com todos os recursos necessários, in-
cluindo U$ 2.000.000,00 para uma nova ala hospitalar, que veio
primeiro de doações monetárias na Tailândia com um pouco de
além-mar. De fato nossas maiores doações individuais foram
dadas por um membro de nossa igreja chinesa em Bangkok,
U$ 62.500,00. Meu único receio era de que fossemos infiéis à
Comissão de Deus e como conseqüência Ele poderia não mais
suprir nossas necessidades.
A oposição de algumas associações à obra de sustento
próprio pode ser remontada à primeira década do século XX, a
despeito de numerosos testemunhos da Irma White admoestan-
do contra essa conduta, algumas associações e missões fizeram
tudo o que puderam para desencorajar apoio financeiro para a
Universidade Madison, uma instituição de sustento próprio no
Tennessee. A Irmã White aconselhou:

Alguns têm acariciado a idéia de que devido a escola em


Madison não pertencer a uma Associação da organiza-
ção, aqueles que estão a cargo de escola não deveriam ser
permitidos solicitar de nosso povo os meios que são muito
necessários para levar avante sua obra. Essa idéia precisa ser
corrigida. Na distribuição de dinheiro que vem do tesouro do
Senhor, vocês têm o direito a uma porção justa tanto quanto
aqueles conectados com outros empreendi-mentos neces-
sários que são levados avante em harmonia com a instrução
do Senhor. (Carta escrita pela Irmã White ao professor Percy
T. Magan, Deão acadêmico da Universidade Madison, 04 de
150 GUARDIÕES DA FÉ
março, 1907).

Esta carta e outros materiais pouco conhecidos do Espírito de


Profecia, com certeza faz lembrar algo completamente diferente
dos pensamentos de alguns de nós na obra denominacional hoje.
Outra vez a Irma White afirmou:

Eu apelo aos nossos irmãos em Dakota do Sul para ajudarem


nessa emergência, e fazerem uma liberal doação à escola Madi-
son’ (Carta escrita pela Ir. White ao ancião E.G. Hayes, presidente
da Associação Dakota do Sul, 5 de fevereiro de 1907).

Nem mesmo a Associação Geral compreendeu o princípio


de liberdade da obra de sustento próprio. A fim de controlar o
solicitação de fundos, a comissão da Associação Geral tomou a
seguinte resolução:

Fica resolvido que qualquer empreendimento especial para


o qual são solicitadas doações das pessoas devem primeiro
receber a sanção da Associação Geral e da União na qual esse
empreendimento é efetuado. E que qualquer pessoa enviada
a solicitar essas doações primeiro receba as devidas credenciais
da União da qual ela vem, e sejam feitos arranjos satisfatórios,
certificado por escrito, com a União e as associações locais nas
quais deseja ele solicitar antes que ele entre a fazer essa obra.
(relatado na Review and Herald, 14 de maio de 1908.).

A irmã White respondeu imediatamente à sanção dessa reso-


lução em termos que muito claros em sua significação:

Quando li as resoluções publicadas na Review, colocando


tantas restrições sobre aqueles que podem ser enviados para
angariar fundos para a construção de instituições necessitadas
e campos desamparados, entristeci-me com tantas restrições.
Não pude me sentir a não ser triste, porque a menos que a graça
convertedora de Deus venha sobre as associações, será tomado
um curso que trará o desagrado de Deus sobre elas. Temos
tido demais do espírito de proibição. Apresentações têm sido
feitas a mim de uma obra que não possui as credenciais divi-
INSTITUCIONALISMO 151

nas. As proibições que têm sido colocadas sobre os esforços


daqueles que sairão para advertir as pessoas pelas cidades
dos iminentes juízos, deveriam ser removidas. Ninguém deve
ser impedido de levar a mensagem da verdade presente para
o mundo. Deixai os obreiros receberem seu direcionamento
de Deus. Quando O Espírito Santo impressiona um crente
a fazer uma determinada obra para Deus, deixai a questão
entre ele e O Senhor. (Carta escrita pela irmã White aos oficiais
da Associação Geral, em 26 de maio de 1908).

Apenas quatro meses antes a irmã White havia escrito de forma


mui forte sobre o assunto. Como ministro devemos , em espírito
de oração, ler esse comunicado e ponderar sua implicações para
nós hoje.

Para aqueles em nossas associações que julgam possuir auto-


ridade para proibir as coletas de meios em um certo território,
digo-lhes agora: esta questão me tem sido representada
repetidas vezes. Agora dou meu testemunho no nome dO
Senhor para aqueles a quem possa interessar. Onde quer que
você esteja abstenha-se de suas proibições. A obra de Deus
não deve sofrer embaraço. Deus está sendo fielmente servido
por aqueles homens que vocês têm espreitado e criticado.
Eles temem e honram ao Senhor. Eles são obreiros juntos com
Ele. Deus vos proíbe pôr qualquer jugo sobre os ombros de
Seus servos. É prerrogativa desses obreiros aceitar emprésti-
mos ou doações a fim de que possam investi-los para ajudar
na execução da importante obra que precisa ser feita. Esse
extraordinário peso de responsabilidade que alguns julgam
ter sido colocado sobre eles por Deus através de sua posição
oficial, nunca lhes foi imposto. Se os homens permanecerem
firmes sobre a plataforma da verdade, jamais aceitarão a
responsabilidade de estabelecer regras e regulamentos que
obstruam e impeçam os obreiros por Deus escolhidos em Sua
obra de treinar missionários. (Carta escrita pela irmã White
àqueles que possuíam responsa-bilidades em Washington
e outro centros).

Uma leitura cuidadosa dessas palavras também indicará impli-


152 GUARDIÕES DA FÉ
cações em outras áreas além da coleta de fundos institucionais.
Em obediência a esse conselho da serva de Deus , na Sessão
da Associação Geral em 1909, a última à qual a irmã White com-
pareceu, foi votado apoiar a obra de sustento próprio e oferecer
estreita cooperação a ela. Dentre as recomendações estava:

Que seja dado apoio àquelas (instituições de sustento próprio)


selecionadas, que necessitam de assistência financeira, que
aqueles a quem forem solicitados fundos possam saber a
quem assistir. (Boletim da Associação Geral, 1909)

Há pouca razão para duvidar de que se a serva de Deus vivesse


hoje seu conselho não seria modificado.
Dois outros equívocos entre os ministros estão estimulando
essa desastrosa tensão entre as instituições denominacionais e
as de sustento próprio. Um é de que “a maioria dos ministros
independentes fazem muito pouco, se é que fazem alguma coi-
sa, para alcançar os perdidos pelo mundo afora.” (Southwestern
Union Record, 1978), e a outra é a afirmação de que, no geral, as
mensagens desses ministros são legalistas e perfeccionistas. Esta
última visão foi grandemente difundida na carta de 19 de junho
de 1986, a que já nos referimos anteriormente.
A acusação de que a maioria dos ministros independentes
estão preocupados antes com mensagens para igreja ao invés
de para o mundo, demonstra o exame superficial feito sobre os
ministérios de longo alcance. Nós dois, que temos trabalhado em
quatro continentes e tivemos o privilégio de visitar mais dois,
só podemos afirmar que o peso das evidências contradizem
essa avaliação.
No Hartland, grande número de pacientes não-adventistas
têm recebido um fiel testemunho, e batismos têm resultado
desse testemunho. Todo universitário está continuamente
envolvido em programas de evangelismo externo e não se
graduam a menos que sejam bem sucedidos em alcançar este
testemunho. A grande maioria aceita trabalhar no evangelismo
literário e provam ser ganhadores de almas enquanto ainda são
estudantes. No Centro Médico Enton, mais de 95%dos novos
pacientes vêm de fora de nossa igreja. Mais de três quartos
destes nunca sequer ouviram falar antes do nome Adventistas
INSTITUCIONALISMO 153

do Sétimo Dia, muito menos em sua mensagem. Temos visto


o testemunho dos restaurantes leigos de vida campestre para
milhares de descrentes na Inglaterra, França e Estados Unidos.
Na Tailândia, a obra do ministério de sustento próprio está
grandemente direcionada para os não cristãos. Portanto, esta
acusação é completamente infundada. Milhares foram ganhos
para Cristo e Sua Igreja através do ministério independente.
Portanto há também um ministério dado por Deus ao Seu
rebanho e muitos ministérios independentes a ele não têm se
esquivado. Numa época em que os maiores ataques são feitos
contra o povo de Deus e Sua mensagem, seria criminoso se cada
um dos filhos de Deus não defendessem a fé:

Convém que cada alma cuja vida esteja escondida com Cristo
em Deus venha à frente de batalha agora e peleje pela fé que
uma vez foi entregue aos santos. A verdade deve ser defendida
e o Reino de Deus adiantado como se eles pudessem ser Cristo
em pessoa sobre essa terra. (Relatório da União do Pacífico de
17 de dezembro de 1903).

Conquanto seja verdade que Cristo ministrou aos samaritanos,


gregos e romanos, Ele não negligenciou Seu ministério àqueles
que faziam parte da Igreja de Deus. Nem devemos nós. Desta
forma temos sido ambos constrangidos a reconhecer a verdade
de Deus em tais programas como as Conferências bíblicas do
Hartland que têm exaltado aqueles segmentos da Palavra de
Deus que estão sob ataques destruidores. Aqui, pregadores
denominacionais e leigos unem as mãos para firmar os filhos
de Deus na fé do advento.
Como ministros não devemos fazer vistas grossas ao fato de
que, sem dúvida alguma, a grande maioria dos meios da igreja
organizada são usados para propósitos relacionados aos seus
próprios membros. Existem sem dúvida motivos válidos para
esse fato uma vez que assistimos a uma perda de fé epidêmica,
principalmente entre os jovens. No entanto, Russell ficou estar-
recido ao ler o orçamento publicado para uma conferência na
Divisão Pacífico Sul onde apenas dois por cento dos fundos eram
destinados ao evangelismo. Esta distribuição, com certeza, mini-
mizou bastante o quadro, pois, sem dúvida, ministros dedicados
154 GUARDIÕES DA FÉ
ao trabalho de expansão tiveram seus salários distribuídos dos
fundos restantes. Acreditamos porém que nenhum dos dois gru-
pos devem apontar dedos nessas questões e faríamos bem em
avaliarmos de forma justa o testemunho de homens e mulheres
fervorosos pelo Senhor nos ministérios independentes.
As acusações de aberração doutrinária parecem passar de um
lado para o outro entre alguns nos ministérios independentes e en-
tre alguns empregados na denominação. Por um lado, os primeiros
acusam que muitos na obra organizada aceitaram a nova teologia
ou um criticismo maior, com suas ênfases sobre a visão de que
o homem não pode obedecer à Lei de Deus, nem mesmo de
posse de Seu poder, de que Cristo entrou no lugar Santíssimo do
santuário celestial depois de sua ascensão e que Cristo possuía
a natureza humana de Adão antes da queda. Por outro lado, al-
guns obreiros denominacionais lançam acusações de legalismo
e perfeccionismo aos pés daqueles que estão envolvidos nos
ministérios independentes.
Quanto a esta questão, podemos afirmar que prova docu-
mental a este respeito favorece a visão dos que estão nos mi-
nistérios independentes. Este livro não teria sido necessário se
a nova teologia não tivesse violado e assolado muitas de nossas
instituições, nem muitos dos ministérios independentes teriam
sido estabelecidos se os ministérios médicos e educacionais
de nossas instituições tivessem permanecido fiéis às instruções
especificas dadas por Deus. Tem-se escrito o suficiente sobre
esta questão em outros capítulos deste livro. Nós no ministério
devemos nos levantar, todavia, contra a tendência crescente que
há de silenciar as vozes dos que proclamam a verdade enquanto
o erro prossegue e não diminui. Nenhuma autoridade eclesiástica
tem comissão por Deus ordenada para silenciar a proclamação da
verdade nem a condenação do erro. Na verdade, como ministros,
estaremos renunciando muito rapidamente de nosso chamado se
permitirmos que outros homens nos impeçam de cumprir nossos
votos de ordenação.

Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel;


quando ouvires uma palavra da minha boca, avisá-los-ás da mi-
nha parte. Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás;
se não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do
INSTITUCIONALISMO 155

seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele ímpio


morrerá na sua iniqüidade; mas o seu sangue, da tua mão o
requererei. (Ezequiel 3: 17,18).

A acusação de legalismo e perfeccionismo não suporta ri-


goroso escrutínio. É uma cortina de fumaça usada como arma
de ataque por aqueles que não querem crer na ordem de Deus
para guardar Seus mandamentos nem praticá-los.
Contudo, até mesmo nesses assuntos, nem toda a verdade
está com os ministros independentes, como nem todo erro está
nas instituições organizacionais. Em outubro de 1986, Russell
teve o privilegio de visitar uma de nossas verdadeiras e grandes
universidades, a Universidade Spicer, em Poona, Índia. Existem
centenas de nossos obreiros da Divisão Sudeste da Ásia, Divisão
da África Oriental e Divisão do Extremo Oriente bem como de
outras partes em treinamento. Lá as belas verdades da mensa-
gem Adventista do Sétimo Dia são ensinadas em sua pureza
por professores tanto daquele país como por estrangeiros. Foi
um privilégio para Russell receber o convite para palestrar à
turma de mestrado de Ciências Humanas em Religião sobre o
assunto da perfeição bíblica. Nesta palestra, nenhum elemento
da contrafação satânica – perfeccionismo – foi incluído. No dia
seguinte foi novamente oferecido a Russell o privilégio de pales-
trar, desta vez para os alunos do último ano de teologia. Nessa
ocasião o assunto solicitado foi a natureza de Cristo. Foi motivo
de intensa alegria encontrar juntamente professores e alunos
regozijando-se com as claras verdades das Escrituras. Oramos
para que a Universidade Spicer possa sempre testemunhar dessa
preciosa verdade.
Ao concluir esse exame sobre o institucionalismo, há uma
questão evidente que precisa ser mencionada, pois nós mesmos
temos freqüentemente caído sob justa condenação neste as-
sunto. Há uma tendência em ver a instituição como um fim em
si mesma ao invés de vê-la como um meio dado por Deus para
espalhar o evangelho. Essa tendência nos tem levado a encher
muitas de nossas instituições com um corpo de assistentes não-
adventistas apesar das admoestações divinas.

É desígnio de Deus que uma instituição de saúde seja orga-


156 GUARDIÕES DA FÉ
nizada e dirigida exclusivamente por Adventistas do Sétimo
Dia . (Conselho Sobre Saúde, 401).

É da máxima importância que haja harmonia em nossas


instituições. Melhor é para a obra andar coxa do que serem
empregados obreiros que não estejam completamente de-
votados. São homens não-devotados, não-consagrados que
têm causado dano à obra de Deus. Deus não tem uso algum
para homens que não estejam totalmente consagrados ao
Seu serviço. (MM, 207).

Russell ministra em uma instituição que rapidamente se


afasta dessas diretrizes. Muitos não-adventistas tem prestado
serviços dedicados e valiosos, todavia não se pode esperar que
possam ser capazes de contribuir para a missão espiritual da ins-
tituição. Essas pessoas foram originalmente empregadas porque
confundimos a preservação e expansão da instituição médica
com sua missão. É esta última que precisa ser nosso principal
objetivo. O único caminho para agora cumprirmos com esse ob-
jetivo é um concerto com O Senhor, no sentido de substituirmos
por dedicados membros da Igreja todo aquele que se demitir
do corpo de assistentes. Deus, que tem dado esta instrução,
não falhará em nos suprir em toda aquelas necessidades que
são compatíveis com Seus requisitos. Enquanto isso devemos
demonstrar o maior amor e apreço pelos serviços daqueles não-
crentes que continuam a bem servir nossos pacientes. Alguns
destes todavia podem se unir à família dos redimidos.
Oramos para que cada pastor e líder de igreja venha usar
sua influência para dirigir todas as nossas instituições de volta
às suas distintivas características por Deus ordenadas para que
possam elas tornarem-se instrumentos efetivos para a conclu-
são da obra de Deus. Confiamos sinceramente que nenhuma
divisão adicional será permitida desenvolver-se entre aqueles
empenhados nas fileiras denominacionais e os de instituições
de sustento próprio, mas que ambos valorizarão o ministério
um do outro por Deus ordenado, enquanto trabalham de mãos
dadas pela proclamação da mensagem do fim dos tempos
para o mundo.
INSTITUCIONALISMO 157
158 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 19

SEPARACIONISMO

U
ma alarmante tendência, crescendo a passos rápi-
dos, é o movimento no sentido de separar-se
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse movimento não
é novo. Nós o vimos no passado, com muitas manifestações ao
redor do mundo. Quase que de forma inevitável essas mani-
festações têm tido considerável mérito e verdade e, em alguns
casos tais como a reforma européia, não há dúvidas de que
como igreja nós dividimos considerável culpa pelos eventos na
Europa que levaram à formação da Igreja Adventista do Sétimo
Dia da Reforma.
Os últimos dias serão excessivamente confusos, onde todo vento
de doutrina soprará dentro da Igreja. Nós estamos convencidos
de que satanás tem seus enganos para aqueles que são de uma
inclinação liberal de pensamento e até mesmo enganos mais
sutís para aqueles cuja tendência é apoiar as verdades básicas da
fé Adventista do Sétimo Dia. De fato, satanás precisa de enganos
muito mais fortes para esse último grupo porque aqueles que
tem pisoteado a pés a pureza da verdade de Deus, já estão em
seus braços.
O corrente movimento separacionista tem surgido da frustração
e profundo alarme devido a propagação da apostasia dentro da
Igreja Adventista do Sétimo Dia e a deplorável derrubada dos
altos, puros e santos padrões que Deus tem sustentado para Seu
povo. As perguntas são com freqüência feitas: Pode essa de fato
ser a igreja de Deus? Está a igreja pronta para ser restaurada a
uma posição pela qual Deus possa usá-la para a finalização de
Sua obra? Nós devemos com franqueza admitir que, se não fosse
pela clara palavra da inspiração, nós consideraríamos seriamente
os méritos do movimento separacio-nista. Mas nós acreditamos

158
SEPARACIONISMO 159

que ambos, a Bíblia e o Espírito de Profecia não nos autorizam


a separar-nos da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Com freqüência a Irmã White identificou Laodicéia com a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e ela de forma específica afirmou que
haverá aqueles que aceitarão o testemunho direto dA Testemu-
nha Verdadeira a Laodicéia. Tais pessoas darão o alto clamor do
terceiro anjo e serão preparados para a transladação.

Minha atenção foi voltada ao grupo que eu tinha visto ser


poderosamente sacudido. ...Eles tinham obtido a vitória
e inspirou-lhes a mais profunda gratidão, santa e sagrada
alegria. (1T, 181).
Ele [o testemunho aos laodiceanos] foi designado para sus-
citar o povo de Deus, para mostrar a eles sua apos-tasia, e
levá-los a zeloso arrependimento, a fim de que possam ser
favorecidos com a presença de Jesus e preparados para o
alto clamor do terceiro anjo. (2SG, 224).

Aqueles que levantam-se para todo ponto e vencem to-


dos os testes, e dominaram-se, pelo preço que possa ser,
têm ouvido o conselho direto dA Testemuha Fiel, e eles
serão preparados pela chuva serôdia para o arrebata -
mento. (2SG, 226)

Não há outra igreja após Laodicéia. De fato, todos os conse-


lhos que recebemos da serva dO Senhor nos dizem que, como
nenhuma outra igreja na história do mundo, a Igreja Adventista
do Sétimo Dia será assaltada por satanás em seu último deses-
perado esforço para arruinar os atos finais de salvação de Cristo.
O inimigo fará tudo para destruir da face da terra todos os que
têm uma profunda e permanente confiança e comunhão com
Deus. Mas, pela mão protetora de nosso Pai celestial, ninguém
será desamparado ao testemunhar do caráter e da salvação de
nosso Deus. A inspiração nos diz que haverá uma apostasia nes-
ses últimos dias (II Tess. 2:3), que haverá uma forma de piedade
que nega, entretanto, a sua eficácia (II Timóteo 3:5), que haverá
aqueles que:
160 GUARDIÕES DA FÉ
...Não suportarão a sã doutrina mas, após suas próprias
cobiças, amontoarão para si mestres tendo os ouvidos
coçando, e voltarão seus ouvidos contra A Verdade e se
entregarão às fábulas. (II Timóteo 4:3,4).

Muitos dos que estão pregando separação hoje baseiam


suas exposições nos errôneos ensinamentos de José Bates, de
que a igreja de Laodicéia não irá até o fim e de fato a salvação
virá para aqueles de Filadélfia. Esta crença a Irmã White nunca
confirmou, conquanto todas as altas qualidades de todas as
sete igrejas serão encontradas na última geração. Também as
impiedades inerentes a todas as sete igrejas serão encontradas
naqueles que por fim deixarão a fé e darão ouvidos a doutrinas
de demônios.
O movimento separacionista, embora talvez não organizado,
não se encontra apenas nos Estados Unidos da América, mas
também em outras partes do mundo. Ele centraliza-se em ge-
ral em torno de uma falsa concentração sobre o significado da
Igreja. Enquanto ele concorda que aIgreja avançará, a pergunta
é feita: “Mas o que é a Igreja?” Uma definição muito importante
dada pela serva dO Senhor e que é inevitavelmente mal empre-
gada, é a de que a Igreja são os verdadeiros e fiéis de todas as
eras. Essa, com certeza, definitivamente é a verdadeira Igreja;
somente aqueles que têm sido verdadeiros e fiéis durante a
história desse mundo estarão no lar eterno. Entretanto, de forma
bem mais freqüente, tanto na Bíblia como no Espírito de Profe-
cia, a Igreja de Deus é apresentada contendo pessoas falhas e
inconstantes que reivindicam ser Seus filhos. Por exemplo, nas
duas epístolas aos coríntios, temos a saudação:

À Igreja de Deus em Corinto. (I Cor. 1:2 ; II Cor. 1:1).

Quando lemos as mensagens aos crentes de Corinto desco-


brimos que toda sorte de abominações e corrupções estavam
tomando lugar dentro da igreja. De maneira semelhante a Irmã
White falou à Igreja Adventista do Sétimo Dia, reconhecendo os
seus defeitos e sua terrível apostasia. Essa apostasia, disse ela,
aumentará até o fim do tempo.
Uma coisa é certa, aqueles que estão pregando separação
SEPARACIONISMO 161

da Igreja Adventista do Sétimo Dia estão esperando por uma


utopia, antes que Deus tenha dito que ela virá. Não é para nos
separarmos da Igreja de Deus, mas antes, para Deus separar a
palha do trigo. Deus está preparando Sua verdadeira Igreja. En-
quanto temos viajado pelas igrejas ao redor do mundo reconhe-
cemos que em todas essas igrejas existem os verdadeiros e fiéis,
os quais estão estudando com sinceridade, preparando-se para
a vinda dO Rei. Enquanto é claro que esses são uma pequena
minoria, ainda assim reconhecemos que não será por números
que a obra de Deus será completada.
Colin, enquanto estava no Comitê Educacional de uma Con-
ferência local na Austrália, alguns anos atrás, divertiu-se com
uma afirmação do então presidente da Conferência. Quando o
presidente viu a irresponsabilidade de muitos dos membros em
saldar as contas que deviam à escola, devido à prodigalidade
de seu próprio estilo de vida, ele disse: “Sabe, anos atrás nós
pensávamos que os144 mil era um número literal mas, como
o número de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia au-
mentou, começamos a questionar se o número é mesmo literal.
Agora, quando vemos a forma de comportamento de alguns do
santos, eu me pergunto se já alcançamos um totalde 144 mil
santos”. Nós não queremos neste livro entrar na teologia dos 144
mil, porém o apontamento feito pelo presidente da Conferência
pode ter muita relevância para nós. A clara evidência da Bíblia
e do Espírito de Profecia é que apenas uma pequena minoria
daqueles que se agrupam com o povo de Deus estarão prontos
para enfrentar as provas e tribunais no porvir, e manter-se-ão
firmes nO Senhor na crise final.
Esse fato tem levado muitos a argüir que, se a esmagadora
maioria dos Adventistas do Sétimo Dia, incluindo muitos em
todos os níveis de nossa obra, apostataram, não faz sentido
acreditar que essa igreja irá avante; com certeza os fiéis se-
rão desmembrados e, é claro, de forma subseqüente, serão o
objeto da perseguição da igreja. Eles apontam ao fato de que
isso é justamente o que aconteceu em outras igrejas, e que os
fiéis tiveram de deixar essas igrejas, tenham elas sido a Igreja
Católica ou as igrejas da Reforma Protestante. Mas tudo isso é
162 GUARDIÕES DA FÉ
suposição e expeculação humanas. Isso não é apoiado pela Pa-
lavra de Deus. O Senhor deixa claro que a Igreja parecerá como
que esteja para cair, mas ela não cairá, então o remanescente
de Israel será salvo.
Isso leva de forma significativa a questões mais além: “E quanto
à organização e às instituições da Igreja?”, nos perguntam. Nós não
estamos aqui para expecular acerca daquilo sobre o que a inspi-
ração não nos dá claras indicações. Entretanto nós sabemos que,
na crise final do mundo, nossas instituições serão fechadas e, de
fato, virá o tempo em que todo fiel de Deus estará nas fortalezas da
terra, em cavernas montanhosas e em outros locais de esconderijo,
escondidos da ira de satanás. É totalmente diferente do que seria
estarmos adorando em igrejas palacianas, ou nossos filhos sendo
educados em bem equipadas estruturas educacionais, ou que nós
estaríamos operando sofisticados hospitais naquele tempo. Mas
a real estrutura e organização da Igreja não está em tijolo e arga-
massa mas, com certeza, nos homens e mulheres que compõem a
organização. Deus nos tem dado claras evidências de que, ao Seu
tempo, ele trará para a dianteira aqueles líderes nos quais Ele pode
confiar.

Todo vento de doutrina estará soprando. Aqueles que têm


rendido suprema homenagem à tão falsamente chamada
ciência, não serão os líderes então. Aqueles que tem con-
fiado no intelecto, gênio, ou talento, não se porão à frente
da fileira. Eles não andaram com A Luz. Os que provaram-se
infiéis não serão encarregados do rebanho. Na última solene
obra, poucos grandes homens estarão engajados. Aqueles
são auto-suficientes, independentes de Deus, e Ele não pode
usá-los. O Senhor tem servos fiéis, os quais, na sacudidura,
no tempo de prova, serão revelados. Há uns preciosos agora
escondidos que não dobraram os seus joelhos a baal. Eles
não tem tido a luz que tem brilhado com intenso fulgor so-
bre vós. Mas é talvez sob uma aparência rude e não atrativa
que o puro brilho de um genuíno caráter será revelado. (5T,
80 e 81).

Em visão a Irmã White viu um navio destinado a se chocar


SEPARACIONISMO 163

com um iceberg à frente. Ela testemunhou sua vibração de proa


a popa após o terrível impacto, mas todos no barco atravessa-
ram em segurança. (1 ME, 205 e 206). Esta não é a hora para
o povo de Deus pular nas águas geladas do Ártico. Ninguém
pode sobreviver por muito tempo naquelas águas. Se há de
haver um tempo para o povo de Deus se manter de pé com Sua
Igreja, o tempo é exatamente este. Não é para permanecermos
em silêncio portanto, não aceitar de forma passiva a apostasia
que está descontrolada. Homens e mulheres sob o controle do
poder dO Espírito Santo chamarão o pecado pelo seu nome
certo. Eles darão à trombetao o sonido certo. Com temor, no
amor de Cristo, eles permanecerão firmes ainda que os céus
caiam. Eles permanecerão fiéis aos princípios como a bússola o
é ao pólo. Com certeza a igreja militante de Deus necessita de
homens e mulheres de inalterável lealdade, mais agora do que
em qualquer outro tempo da história humana.
164 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 20

PATERNALISMO

U
ma multidão de armadilhas têm sido preparada para
seduzir o povo de Deus e afastá-lo assim da tarefa,
Divinamente ordenada, de conclusão da proclamação
das três mensagens angélicas. Como ministros e líderes de
igreja, estamos em uma posição capaz de influenciar o povo a
seguir o plano Divino. Porém, muito freqüentemente, baseamos
nossos julgamentos sobre princípios seculares ou sobre princípios
totalmente destruidores do plano de Deus e de Seus propósitos.
Temos sido levados em direção ao paternalismo. Quando falha-
mos em manter a separação entre igreja e estado, ordenada por
Deus, o estado sempre assume uma forma de paternalismo que
conduz a um controle fatal.
Ilustramos esse perigo em nosso meio mencionando a alarmante
erosão das doutrinas de separação de igreja e estado. Temos sido
advertidos.

No movimento ora em ação nos Estados Unidos a fim de con-


seguir para as instituições e usos da Igreja o apoio do Estado,
os protestantes estão a seguir as pegadas dos romanistas. Na
verdade, mais que isto, estão abrindo a porta para o papado a
fim de adquirir na América do Norte protestante a supremacia
que perdeu no Velho Mundo. E o que dá maior significação a
este movimento é o fato de que o principal objeto visado é a
obrigatoriedade da observância do Domingo. (Grande Conflito,
p. 573)

Com uma advertência dessa nenhum consciencioso guardador


do sábado dará qualquer passo que conduza à anulação do quarto
mandamento do Decálogo e à imposição da observância do do-
mingo. Todavia, pouco a pouco, estamos destruindo este muro de
separação através do recebimento de fundos estatais destinados ao
164
PATERNALISMO 165

nosso sistema educacional.


O exemplo de nossa própria pátria, a Austrália, exemplifica este
processo. Enfatizamos que somos nós, no ministério, que somos con-
denados, porque estamos em uma condição capaz de impedir essa
onda, porém muitos de nós, ao contrário, têm facilitado a passagem
de moções que têm levado à interferência do estado na condução
de nossas escolas de educação Cristã.
Em 1961, o pastor F. G. Clifford, então presidente da Divisão
Australiana (atual Divisão do Pacífico Sul) preparou uma decla-
ração sobre a questão da ajuda estatal às nossas escolas, a qual
incorporou nosso verdadeiro ensino sobre esta questão.
Seu documento foi endossado pela comissão da Divisão e
circulou nos jornais a fim de que nossa posição pudesse ser ouvida
e compreendida. Essa declaração está citada a seguir, uma vez que
a mesma demonstra quão bem examinado por nosso povo foram
as implicações dessa questão:

Os adventistas do sétimo dia crêem no governo civil como


divinamente ordenado para proteger os homens no gozo de
seus direitos materiais e para reger nos assuntos civis e, nesta
esfera, ele é digno da mais respeitosa obediência por parte
de todos. Cremos também que é direito de cada indivíduo
prestar culto segundo os ditames de sua própria consciência
contanto que, no exercício desse direito, respeite ele de forma
igual o dos outros.
Os adventistas do sétimo dia são contrários à doação de ver-
bas públicas para o apoio de escolas dirigidas por qualquer
organização religiosa. Eles são contra, devido ao princípio
de separação entre igreja e Estado.
É perigoso para o estado, uma vez que ele dá a escolas
sectárias dinheiro que deveria ser usado nas escolas públi-
cas. Isto é perigoso porque poderia levar a uma violação
da cláusula 16 da Constituição Federal que reza: “O Estado
não fará qualquer lei para estabelecer qualquer religião ou
para opor-se a qualquer religião, e nenhum teste religioso será
requerido como qualificação para qualquer cargo público ou de
confiança do estado”.
166 GUARDIÕES DA FÉ
É perigoso para a Igreja, uma vez que isto pode sujeitá-la à
interferência e ao controle por parte do estado e conduzir
à prescrição com relação à maneira pela qual as escolas das
igrejas sejam conduzidas. Isto enfraquece o apoio privado à
religião, o que deveria ser o sustentáculo de toda instituição
religiosa.
Escolas públicas devem ser mantidas com recursos públicos,
é lá que a educação é proporcionada a todas as crianças sem
preconceito religioso. Não se deverá pedir ao Estado par
manter escolas que protejam e promovam os interesses de
grupos especiais.

O sistema educacional que o público pode ser adequa-


da-mente solicitado a manter é o Sistema Escolar Público
sobre o qual o estado tem completo controle. A essas escolas
uma criança de qualquer família é livre para ir sem nenhum
constrangimento devido à sua formação religiosa (Statement
Adopted Australian Division Commitee Meting, September 18
de setembro de 1961).

Perceba que esta declaração apontou com discernimento à


nossa Igreja os perigos de aceitar a ajuda do estado a nossas
escolas. Foi mostrado que isto conduziria à uma interferência
por parte do estado. Mais importante ainda foi “o princípio de
separação entre igreja e estado” . Todavia, sete anos depois,
sob uma nova presidência, a Igreja Adventista do Sétimo Dia
quebrou aquele princípio ao aceitar ajuda do estado para as
escolas da Igreja na Austrália.
Alguns anos antes, por convicção, havíamos voluntaria-men-
te assinado uma petição em circulação pela Divisão Australiana
opondo-se à ajuda estatal às escolas denominacionais. Quando
um funcionário da Igreja foi chamado para explicar a repentina
mudança de posição, ele honestamente respondeu: “Russ, era
muito fácil rejeitar a ajuda estatal quando ela não era oferecida”.
Colin disse a um líder da Divisão que ele havia, sem a permissão
dos signatários, anulado sua petição.
Em 1968, uma série de artigos apareceram no Australasian
Record em uma tentativa de mudar as opiniões do povo de
Deus a fim de que o recebimento da ajuda estatal por parte de
PATERNALISMO 167

nossa Igreja fosse vista de forma aceitável. Admitiu-se que a ajuda do


estado era oferecida apenas como um esforço para comprar apoio
político dos membros da Igreja Católica Romana.

Tem-se afirmado que a Igreja Católica Romana tem sido a primeira


em pressionar o governo a fazer doações para assisti-los na obra
da Igreja. Isto é inquestionavelmente verdadeiro e tem prova-
velmente ocasionado uma mudança de atitude por parte do
governo com relação às instituições religiosas. Se o governo,
por razões bem conhecidas por ele mesmo, decide curvar-se
a esta pressão e fazer doações à Igreja Católica Romana, isto
certamente não seria razão para que a Igreja Adventista do
Sétimo Dia também não aceitasse dinheiro para sua Igreja.
(Australasian Record, 18 de novembro de 1968)

Foram dadas garantias aos membros da Igreja em geral, pro-


metendo-lhes que nenhuma doação seria aceita caso tivessem
exigências vinculadas.

Além disso, esses pareceres foram examinados e nenhuma doa-


ção, de qualquer origem, será aceita caso venha fazer com que a
igreja mude sua função de proclamar o evangelho sem qualquer
adulteração. É por esta razão que algumas doações governa-
mentais têm sido firmemente recusadas, qualquer uma que
carregue consigo qualquer condição de compromisso não
tem sido aceita. (Ibid.)

Em 1968, em contato com o ministro da educação para o esta-


do de New South Wales, Colin foi informado de que, conquanto o
ministro esperasse que não houvesse nenhumas condições subse-
qüentes vinculadas à ajuda do estado, obviamente o governo atual
não poderia atar as mãos do próximo governo. Nisso é que residia
o perigo.
A questão logo foi posta sob prova. Uma de nossas escolas na As-
sociação Australiana Oeste foi inspecionada por autoridades estatais.
Os inspetores concluíram que a biblioteca da escola continha muito
poucos livros de ficção e a administração da faculdade precisaria
“atualizar” sua biblioteca através do acréscimo de exemplares de fic-
ção. Falhamos na prova. Ao invés de recusar violar nossos princípios,
168 GUARDIÕES DA FÉ
enchemos a biblioteca com “boa” ficção e assim mantivemos nossa
ajuda estatal. Incontestavelmente, o pastor John Keith, presidente da
Associação Transcomunitária (atual Transaustraliana), juntamente
com o pastor George Burnside, foram os únicos no comitê da
Divisão que se opuseram à aceitação dos fundos governamen-
tais por nossas escolas e que descobriram o xis da questão. O
pastor Burnside mantinha uma nota de dois dólares* sobre seus
olhos e dizia, “Irmãos, a razão por que vocês não podem ver a real
questão é que existe muitas dessas à frente de seus olhos.” (* a nota
de dois dólares é a mais usada na Austrália).
É digno de nota que, inicialmente, cuidados foram tomados a fim
de não aceitar a ajuda estatal para o salário dos professores. As razões
foram especificadas. Uma razão posterior sugerida oralmente foi no
entanto a mais prática. Se os fundos estatais eram para ser usados
nas despesas operacionais e esses fundos eram recolhidos para um
compromisso futuro, todo o sistema educacional da Igreja estaria
em perigo e sem dúvida as pessoas deixariam de ver sua própria
obrigação em prover fundos para a educação de seus filhos.
No entanto, outro ponto foi oferecido como razão.

Estamos bem cônscios do fato de que, no princípio da história de


nossa missão, doações do governo foram recebidas para paga-
mento dos salários dos professores e o resultado final disso, em
pouco tempo, foi o de termos em nossas próprias escolas indiví-
duos que não eram nem mesmo adventistas ensinando a Bíblia.
Tal coisa jamais deveria tem sido permitida e com a salvaguarda
que temos escrito em nossas ações de comissão, essas coisas
não só mais não acontecerão como não terão a possibilidade
de se repetir.
Bem, a impossibilidade se repetiu. Pouco a pouco, as autoridades
da Igreja sentiram que podiam usar os fundos para despesas
operacionais. O primeiro passo foi usar esses fundos para dois
propósitos apenas: os salários dos professores aposentados e
para a remoção de despesas com a transferência de professores
de outras escolas. Mas não paramos aí. Finalmente foi acordado
que os fundos governamentais poderiam ser usados para os sa-
lários dos professores desde que a Associação tivesse dois anos
de salários em reserva em caso de descontinuidade da ajuda go-
PATERNALISMO 169

vernamental. Assim, passo a passo, aquilo a que tão nobremente


nos opusemos, passamos depois a apoiar. Finalmente a ajuda
estatal foi considerada apropriada até mesmo para pagar partes
do salário do presidente da Associação que também detinha o
posto de secretário educacional da Associação e de tesoureiro da
Associação, uma vez que ele desembolsaria as somas de dinhei-
ro governamentais para as escolas. Alguns fundos de ajuda do
estado foram usadas para construir uma área de acampamento
para jovens em uma Associação, isto foi considerado razoável,
uma vez que nossas escolas, às vezes, usavam o acampamento
dos jovens para retiros.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia recebeu uma doação tão
exageradamente desproporcional para as suas escolas na capital
nacional, Canberra, que um católico romano, membro do Parla-
mento protestou publicamente sobre o assunto, afirmando que
havíamos sido favorecidos acima dos de sua denominação.
A política de mudança de nossa Igreja na Austrália não pas-
sou despercebida. Colin, de licença na Austrália alguns anos
atrás, foi contactado por um advogado que solicitou uma con-
versa com ele. Este advogado estava levando a questão da ajuda
estatal para a Suprema Corte da Austrália em nome de um grupo
conhecido como DOGS (Defensores das Escolas Governamentais).
Os participantes do DOGS eram em sua maioria constituídos de
humanistas e agnósticos que se opunham ao uso dos fundos
governamentais nas escolas paroquiais. Para sua surpresa, Colin
descobriu que o DOGS havia recuperado dos arquivos do Victoria
State uma petição de 1899 assinada por muitos adventistas do sétimo
dia afirmando sua oposição à ajuda estatal. A primeira assinatura sobre
a petição era a do Pastor Arthur G. Daniells que foi indicado presidente
da Associação Geral dois anos depois. Eles possuíam uma cópia das
minutas da Divisão Australiana (por volta de 1962) que registrava a
decisão das Divisões de que jamais aceitariam a ajuda estatal.
Além do mais, Colin foi presenteado com uma série de recortes
de jornais registrando a oposição de nossa Igreja à aceitação da
ajuda do estado. Esses materiais são facilmente obtidos através
dos registros informatizados de jornais. Nosso completo retro-
cesso, nossa completa mudança de posição sobre a questão da
ajuda estatal na Austrália é um questão não apenas de descaso
para com os princípios, mas também de uma intensa humilhação
170 GUARDIÕES DA FÉ
à vista de um público que desdenha.
Satanás não se deterá diante de nada a fim de destruir o
sistema médico-educacional, Divinamente indicado de nossa
Igreja. Ao aceitar a ajuda do estado, estamos nos colocando
em uma posição perigosa, porque com toda a certeza o esta-
do continuará a desrespeitar a liberdade da instituição. Isto já
tem acontecido. Apesar de a Divisão Pacífico Sul (como hoje é
chamada a Divisão Australiana) não ter consultado os membros
da igreja sobre esse assunto, em 27 de novembro de 1986,
sua comissão executiva aprovou o relatório da Universidade
de Avondale para a comissão de Escolas de New South Wales.
Nesse relatório as autoridades da universidade após “discussões
preliminares entre a faculdade e a comissão” concordaram com
“uma estrutura de conselho que representa uma mudança signi-
ficativa, tanto no número de membros como no método de in-
dicação daquele que havia previamente funcionado desde que
a faculdade foi fundada”. A composição do conselho proposto
de 23 membros de forma nefasta inclui um membro nomeado
pelo vice-chanceler de uma universidade australiana, um mem-
bro nomeado pelo diretor de uma Universidade de Educação
Avançada estatal, um membro nomeado pelo presidente, um
pelo Conselho Municipal de Lake Macquarie (Shire Council − é
o conselho governamental local em uma área da localidade da
Faculdade de Avondale) e um membro nomeado pelo ministro
da Educação de New South Wales. Até o tempo em que esse
livro foi para a impressão, esta proposição ainda não havia sido
completamente implementada, e será trágico caso venhamos
a concordar com tal acordo.
Não há dúvidas de que, caso esse conselho seja confirmado,
ele decretará a morte da Faculdade de Avondale como institui-
ção Adventista. Ela se tornará simplesmente uma universidade
comunitária dirigida por adventistas do sétimo dia − isto seria
um grande distanciamento do plano que Deus tem para que
Avondale fosse um modelo para nossas instituições de ensino
no mundo inteiro.Aqui está documentada uma interferência
governamental do tipo mais sério, todavia, quão poucos são os
ministros a soarem o alarme! Irmãos, temos um dever por Deus
ordenado nessas questões. A “doação” das somas de dinheiro
estatal é uma doação que nos custará tremendamente.
PATERNALISMO 171

Nos Estados Unidos temos aderido a isto cegamente. O


conselho anual na cidade do México em 1972 rendeu-se à pres-
são das universidades para aceitar as doações e empréstimos
governamentais aos estudantes. Nem mesmo o departamento
para liberdade religiosa estava unido em sua oposição. Em assim
fazendo, a Igreja apenas oficializou o que a maioria das univer-
sidades já estavam fazendo sem o consentimento da Igreja. As
alegações de que era dinheiro para os estudantes e não para
as instituições logo explodiram pelas sucessivas decisões das
cortes judiciais de que as instituições ao aceitarem este tipo de
ajuda aos estudantes, ficaram sujeitas a adequar-se a todos os
títulos do governo federal relativos à educação. As “cordas” já
estavam bem atadas.
Em 1968 Colin previu que, ao invés de ajudar as finanças de
nossas instituições, a ajuda estatal as colocaria em um maior
apuro financeiro − a previsão cumpriu-se nas universidades
tanto da Austrália como dos Estados Unidos. Em países tão
distantes entre si como Trinidade, Granada, Pitcairn Island, Sri
Lanka e Nigéria, os perigos de aceitar a ajuda estatal foram
experimentados. Verdadeiramente agora podemos aprender
a dolorosa lição de que nossa Igreja não deve estar, de forma
nenhuma, ligada ao governo.
172 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 21

IMPERFECCIONISMO

O
uvimos hoje muitos ataques à doutrina da perfeição,
especialmente vindos de pastores e líderes da Igreja
de Deus. É difícil crer que entre ao Adventistas do Sétimo
Dia pudesse existir tal descrença no grande chamado do evan-
gelho para a vitória sobre o pecado. É lícito dizer que a grande
maioria dos ministros com quem temos conversado não crêem
no poder de Cristo para conceder vitória sobre toda má ação
e palavra. Eles não crêem no Deus todo poderoso mas em um
Deus tão impotente como o foi Baal no Monte Carmelo. Não
há dúvidas de que não servimos todos ao mesmo Deus. Hoje
em dia, dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, há muitos
que estão servindo a um deus a quem eles clamam e que não
pode , ou não quer, ou não concederá vitória sobre o pecado.
Aqueles que crêem no claro testemunho da Bíblia e do Espírito
de Profecia são constantemente rotulados de perfeccionistas.
É essencial conhecermos a diferença entre perfeição e perfec-
cionismo. Há alguns anos atrás quando Colin foi entrevistado por
uma das estações de rádio de nossa faculdade, o entrevistador,
um bem conhecido defensor da nova teologia e membro do
departamento de teologia da faculdade, perguntou-lhe por
que ele e seu irmão (Russell) aprovavam o perfeccionismo.
Colin apressou-se em mostrar que sob nenhuma circunstância
ele acreditava no perfeccio-nismo como princípio de salvação.
Explicou que o perfeccionismo estava baseado sobre o conceito
de que as obras humanas operam méritos para a salvação. Ele
apressou-se também em mostrar que Deus prometeu perfeição
a cada um que depusesse sua vida sobre as mãos de Cristo. Tal-
vez seja importante aqui compartilharmos algumas das grandes
palavras das Escrituras e da Inspiração:

Ora, Àquele que É poderoso para guardar de tropeçar, e


apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante Sua
172
IMPERFECCIONISMO 173

glória. Judas 24.

Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a


todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade
e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente sécu-
lo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurança
da esperança e o aparecimento da glória dO Grande Deus e
nosso Salvador Jesus Cristo, O qual Se deu a Si Mesmo por
nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para Si
um povo Seu especial, zeloso de boas obras. Tito 2:11-14

Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas


velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. II Cor 5:17

E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte


por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste tam-
bém na nossa carne mortal. II Cor 4:11

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um


espelho a glória dO Senhor, somos transformados de glória
em glória na mesma imagem, como pelO Espírito dO Senhor.
II Cor 3:18.

Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém


verá O Senhor. Hebreus 12:14.

Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas pro-


messas, para que por elas fiqueis participantes da natureza
divina, havendo escapado da corrupção que pela concupis-
cência há no mundo. II Pedro 1:4.

Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifique-mo-


nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando
a santificação no temor dO Senhor.”
II Cor 7:1

Vigiai juntamente e não pequeis, porque alguns ainda não


têm o conhecimento de Deus, digo-o para vergonha vossa.
I Cor 15:34.
174 GUARDIÕES DA FÉ
Este último texto é de particular importância, porque ele nos
desafia a deixar de pecar. Pediria Deus a seu povo para fazer o
impossível se Ele não fosse capaz de prover o poder para dar a
vitória? Tais exigências são inimagináveis. E todavia muitos que
se encontram em nossos púlpitos encorajam nosso povo em seu
pecado oferecendo-lhes esperança de salvação em seu estado
de segurança carnal. Quão trágicas são as conseqüências dos
falsos ensinos desses ministros que afirmam que continuaremos
a pecar até que Jesus venha! As conseqüências serão almas
sem salvação. Como ousamos, na posição de ministros, aceitar
a aterradora responsabilidade de fazer a obra de Satanás ao
ajudar homens e mulheres a prepararem-se para a destruição
eterna? Ao falar com Maria Madalena, Cristo fez um desafio
semelhante ao de Paulo:

E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu tam-


bém te condeno, vai-te, e não peques mais. João 8:11.

Esse desafio é comparável à ordem que Jesus deu ao homem


a quem Ele havia curado:

Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já


estás são, não peques mais, para que não suceda alguma
coisa pior. João 5:14.

Que terrível declaração este verso teria sido se Deus não


tivesse poder para dar vitória sobre o pecado! Zomba Deus de
Seu povo? Não! Deus não apenas ordena que sejamos vitorio-
sos, como também oferece através de Sua morte e ministério
o poder para essa vitória. Paulo estava plenamente consciente
dessa verdade:

Não veio sobre vós tentação, senão humana, mas fiel é Deus,
que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a
tentação dará também o escape, para que a possais suportar.
I Cor 10:13.

A questão que enfrentamos é: “Cremos realmente que Deus É


capaz?”. Estamos preparados para confiar na fidelidade de nosso
IMPERFECCIONISMO 175

Deus? É uma realidade dolorosa a de que um número crescente,


tanto de pastores como de leigos, não acreditam mais no poder
de Cristo em suas vidas. Através da pena da irmã White obtemos
muitas declarações confirmando o chamado das Escrituras para
a justiça e vitória sobre o pecado. Essas advertências solenes aos
ministros não podem ser desprezadas se quisermos permanecer
limpos no juízo.

Aqueles que foram considerados como justos e dignos


demonstraram ser os líderes na apostasia e exemplos de
indiferença e abuso para com as misericórdias de Deus. Deus
não mais tolerará sua má conduta e em Sua ira os tratará sem
misericórdia. (5T, 212).

Que solene desafio a cada sincero ministro! A obra não pode


ser concluída sem a vitória de Cristo nas vidas de Seu povo:

Nenhum de nós receberemos o selo de Deus enquanto nos-


sos caracteres tiverem uma mancha ou macula sobre eles. A
nós compete remediar nossos defeitos de caráter, purificar
o templo da alma da corrupção. Então a chuva serôdia cairá
sobre nós como a temporã caiu sobre os discípulos no dia
de Pentecostes. (5T, 214).
Agora é o tempo de preparo. O selo de Deus jamais será posto
sobre a testa de homens ou mulheres amantes do mundo ou
ambiciosos. Ele nunca será colocado sobre a testa de homens
e mulheres de língua falsa ou corações enganosos. Todos os
que recebem o selo devem estar sem mancha diante de Deus
- candidatos ao céu.
(5T, 216).

Alguns ministros julgam estar agindo de forma compas-siva


e redentora ao encorajar nosso povo a achar que permanecerão
salvos estando continuamente em suas desobediências. Toda-
via temos a realidade que tais pessoas não apenas viverão em
seus pecados mas que também morrerão neles. Observe essa
advertência dada pela serva do Senhor.

Ninguém diga: Não posso corrigir meus defeitos de caráter.


176 GUARDIÕES DA FÉ
Se chegardes a essa decisão, certamente deixareis de alcan-
çar a vida eterna. A impossibilidade está em vossa própria
vontade. Se não quiserdes não vencereis. A dificuldade real
vem da corrupção de um coração não santificado, e da invo-
luntariedade de se submeter à direção de Deus. (PJ, 331).

Em 1904 a declaração de Deus foi ainda mais forte:

No dia do juízo a conduta do homem que tem mantido a


disposição para pecar e a imperfeição humana, não será
defendida. Não há lugar para ele no céu, não poderia apreciar
a perfeição dos santos na luz. Aquele que não tem fé sufi-
ciente em Cristo para crer que Ele pode guardá-lo de pecar,
não possui a fé que lhe dará entrada no reino de Deus. (RH,
10 de março de 1904).

Queridos companheiros de ministério, nos encontramos tão


estarrecidos com essas declarações quanto vocês. Reconhece-
mos quão imperfeitas nossas vidas têm sido, quão inescusáveis
têm sido nossas próprias faltas diante de Deus e a quantos
temos magoado por nossa falha em não rendermos nossas
vidas completamente a Jesus. Todavia, porém, o desafio diante
de nós deve-nos fazer prosseguir buscando as provisões e o
poder de Deus.
Alguns ministros crêem que aqueles que pregam sobre o
poder de Deus para dar vitória sobre o pecado não reconhe-
cem a graça de Deus. Mas tal afirmação está muito distante da
verdade. Acreditamos duplamente na graça, não apenas graça
para a justificação mas também para a santificação. Unicamente
a fé no sacrifício de Cristo pode verdadeiramente santificar. (ver
Atos 26:18, Efésios 5:25-27, Hebreus 10:10, Hebreus 13:12)
É digno de nota o fato de a irmã White falar apenas uma vez
sobre a questão do perfeccionismo:

Deus não confiará o cuidado do Seu precioso rebanho a


homens cuja mente e discernimento tenham sido enfra-
quecidos por erros anteriores que acariciavam, tais como os
assim chamados perfeccionismo e espiritismo, e que, por sua
conduta quando nesses erros, infelicitaram-se a si mesmos e
IMPERFECCIONISMO 177

levaram opróbrio sobre a causa da verdade. Embora se sintam


agora livres de erro e capacitados para ir e ensinar esta última
mensagem, Deus não os aceitará. (PE, 101, 102).

Agora alguns têm visto esta declaração como uma preciosa


indicação de que não seremos perfeitos. No entanto existe uma
completa compreensão do que era tido como fanatismo e per-
feccionismo naqueles primeiros dias após o desapontamento
de 1844:

Eles asseguravam que aqueles que são santificados não


podem pecar. E isto naturalmente os levou a crer que os
desejos e afeições dos santificados estavam sempre certos
e nunca em perigo de os fazer pecar. Em harmonia com es-
ses enganos, estavam eles praticando os piores pecados sob a
aparência de santificação, e através desse engano, a influência
do hipnotismo foi ganhando um estranho poder sobre al-
guns dos seus membros que não haviam percebido o mal
dessas aparentemente belas porém tentadoras teorias. (Life
Sketches - 83, 84).

É obvio que, embora o termo não seja usado aqui, esses pri-
meiros crentes haviam aceitado o mesmo engano que o povo
de Indiana tinha aceitado na virada do século. Eles defendiam
os conceitos da carne santa. É importante distinguirmos per-
feccionismo das questões de perfeição. Um grande número de
declarações são feitas pela serva dO Senhor acerca do convite de
Deus à perfeição. Em nenhum momento no chamado de Deus
existe a mais leve contradição de que, através de Seu poder, Seu
povo não venha a desenvolver uma vida perfeita. Esse perfec-
cionismo nada tem a ver com a carne santa ou o pensamento
de que ele preserve alguém da possibilidade de pecado futuro.
Aqueles que entendem os princípios da Bíblia e do Espírito de
Profecia reconhecem que esta é uma perfeição condicional,
uma perfeição que será constantemente mantida enquanto re-
tivermos completamen-te, momento a momento, nossa ligação
com Cristo. Se assim não procedermos, rapidamente cairemos
e retornaremos aos nossos caminhos de pecado e injustiça. Na
verdade aqueles que obtiverem, pelo poder de Cristo, vitória,
178 GUARDIÕES DA FÉ
jamais considerar-se-ão dignos. Mesmo após o fim do tempo
de graça, saberão eles que apenas Cristo É digno. E quando Ele
retornar, lançarão sua coroas aos Seus pés cantando “Digno,
digno É O Cordeiro.” – O Único que possui o direito de reivindicar
dignidade. Ninguém se vangloriará de estar sem pecado ou
perfeito. Na verdade um homem perfeito estará inconsciente
de sua perfeição, reconhecendo-se totalmente indigno, como
claramente apresentado na experiência de Jó.
A Bíblia atesta o fato de que ele era perfeito:

E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu o meu servo Jó ? Por-


que ninguém há na terra semelhante a ele, homem integro e
reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.
(Jó 1: 8).
Em tudo isto Jó não pecou nem atribuiu a Deus falta alguma.
(Jó 1: 22).

Contudo, Jó não estava consciente desta avaliação Divina.


Na verdade, esta avaliação era completamente diferente de sua
própria avaliação sobre si mesmo:

Se eu me justificar, a minha própria boca me condenará; se


disser sou perfeito, ela também me declarará perverso. Ainda
que fosse perfeito, não conheceria a minha alma; desprezaria
a minha vida. (Jó 9: 20, 21).

A diferença entre a avaliação do Céu e a de alguém acerca de si


mesmo é extraordinária. No momento em que uma pessoa afirma
estar perfeito ou estar vivendo uma vida sem pecado é este o mais
seguro sinal de que ela ainda está no campo de satanás. Por isso
não é apropriado perguntar, “Existe alguém perfeito?” ou “Você é
perfeito?”, porque estas questões pertencem somente a Deus. Elas
não pertencem a lábios humanos.
Alguns têm estado confusos com a relação entre amadure-
cimento e perfeição. Deus não nos exige maturidade absoluta
porque isto requereria um desenvolvimento além de todas as
possibilidades humanas. Todavia, Ele nos exige que amadure-
çamos em perfeição:

IMPERFECCIONISMO 179

Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimen-


to do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos in-
constantes, levados em roda por todo o vento de doutrina,
pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudu-
losamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo nAquele que É a cabeça, Cristo. (Efésios 4: 13-15).

Em cada estágio do desenvolvimento de nossa vida podemos


ser perfeitos e, caso cumpramos o propósito de Deus para
nossas vidas, haverá contínuo progresso. A santificação é a
obra de uma vida inteira. (Parábolas de Jesus, 65).

Alguns têm se referido à santificação como uma diminuição da


imperfeição, a serva dO Senhor diz porém que ela é:

...a progressão de um estágio de perfeição para outro.


(ML, 250).

Deus está nos chamando para crescermos no conhecimento, na-


tureza e admoestação dO Senhor. Esta perfeição não é de homem
– para que ninguém se jactasse, porque se alguém viesse a jac-
tar-se, por este próprio ato [de jactar-se], estaria imediatamente
cometendo pecado. A diferença entre os salvos e os perdidos é
que os salvos crêem que eles são indignos (Mateus 25: 35-40),
enquanto os perdidos crêem que eles são dignos (Mateus 7:
21-23).
Existem muitos que têm-se afastado da doutrina Bíblica da
perfeição porque temem eles que ela desviará seu foco de Jesus.
Colin, após pregar sobre o assunto da perfeição, soube que uma das
ouvintes havia dito:

O pregador não podia estar certo hoje à noite, porque se eu fosse


perfeito não precisaria de uma Salvador.

Quão enganada estava essa iludida irmã! Com certeza, para
permanecer no pecado não precisamos de um Salvador, porem
necessitamos de um Salvador para guardar-nos de pecar. Esta é a
essência de Judas 24:
180 GUARDIÕES DA FÉ

...Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar.

Na verdade, naqueles que procuram representar O Senhor e


testemunhar por Ele, existe um reconhecimento de que se eles
estiverem manchados e defeituosos em seu caráter, não pode-
rão dar um testemunho autêntico da última mensagem a ser
dada ao mundo. O Senhor não poderia confiar-lhes o poder dO
Espírito Santo, porque muitos se desviariam devido às falhas de
caráter do mensageiro, menosprezando ouvir a mensagem. O
propósito da perfeição não é glorificar o homem, mas defender
o poder e as promessas de Deus.
Aqueles que buscam andar nos caminhos do Senhor jamais
olharão para o eu, porque eles têm tentado muitas vezes e fa-
lhado tantas outras em seus próprios esforços. Eles reconhecem
que de si mesmos nada podem fazer, mas com Deus todas as
coisas são possíveis. Sabem que Cristo apenas pode dar-lhes
poder e que o poder deve vir-lhes a cada momento, dia a dia.
Reconhecem que caso desviem seus olhos de Jesus, falharão e
cairão miseravelmente. Compreendem que a força, o poder e a
vitória vêm todos através Cristo, por Sua morte, ressurreição e
ministério. Esta mensagem faz com que homens e mulheres se
voltem para Cristo, ao invés de afastá-los dEle. Não preguemos a
doutrina do imperfeccionismo! Ao contrário do erro do perfec-
cionismo, que diz estarmos santi-ficados e não podermos pecar,
o erro do imperfeccionismo diz que somos salvos em nossos
pecados. Ambos os enganos são satânicos. Se há um desafio
para o ministério é o de preservar o poder e o amor de Cristo,
pregar que Ele É capaz de salvaguardar homens e mulheres de
caírem em pecado e que Ele não permitrá que sejamos tentados
acima de nossa capacidade, mas proverá um meio de escape.
Os riscos são extraordinariamente altos – vida eterna ou morte
eterna. Instamos com nossos companheiros para que reco-
nheçam que não poderão permanecer sem mácula no juízo, a
menos que preguem esta mensagem e façam tudo que estiver
ao seu alcance para trazer ao conhecimento de nosso povo
tanto o poder de Deus como Seu chamado para seguir Seus
caminhos. Todo ministro deveria estudar a “Lei” da salvação a
fim de ser capaz de compartilhá-la com seus membros, porque
IMPERFECCIONISMO 181

Deus declarou:

O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade. (Sofonias


13:3).
182 GUARDIÕES DA FÉ

Capítulo 22

CRITICISMO

F
reqüentemente confundimos o ministério de repreensão
com o criticismo. Dificilmente cometemos o erro
contrário, a não ser quando analisamos nossas próprias de-
clarações. Geralmente afirmamos que nossas cortantes críticas
são nobres repreensões. Como podemos distinguir essa duas
entidades tão diferentes? Ao responder a esta pergunta, vem a
nossa mente naturalmente o exemplo de Jesus. Que todo pastor
releia o capítulo 32 de Mateus. Aqui Cristo profere as mais seve-
ras repreensões registradas nas Escrituras. Sete vezes reprova
Ele os escribas e fariseus por sua hipocrisia. Por cinco vezes Ele
os acusa de serem cegos, e em duas dessas ocasiões, de serem
loucos e cegos. Descreve esses falsos pastores como serpentes,
raça de víboras e sepulcros caiados. Poucos dos reformadores
dos dias atuais, talvez nenhum, ousariam lançar mão dessas
representações, até mesmo com aqueles que abertamente têm
desenca-minhado o rebanho de Cristo.
Sem dúvida aqueles que experimentaram o ímpeto das repre-
ensões de Cristo interpretaram-nas como crítica destrutiva. Na
verdade, tão repugnante era essa mensagem àqueles a quem
ela era endereçada, que a grande maioria voltou-se contra Jesus,
aprofundando sua resolução de destruí-Lo. Teríamos nós como
pastores respondido de forma diferente? No entanto esta foi a
mais amorosa reprovação jamais dirigida aos pastores do reba-
nho. Não foi este um longo discurso de crítica, mas uma súplica
urgente, um último convite aos homens que haviam aceitado
o chamado Divino, instando com eles para que retornassem ao
Divino chamado. Esta repreensão foi apresentada com a voz
cheia de lágrimas e o coração transbordante de amor. Com o
coração partido Cristo concluiu seu ministério de repreensão
com estas palavras:

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedreja os


182
CRITICISMO 183

que a ti são enviados! quantas vezes quis Eu ajuntar teus filhos


como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste! (Mateus 23:37).

Portanto, a distinção entre o criticismo mordaz e o ministério de
repreensão geralmente não repousa sobre o assunto ou no tema do
orador, ou do autor, mas no motivo e no espírito com o qual ele é
apresentado. Em verdade, aconselharíamos que em certas ocasiões
unicamente O Senhor Seja o juiz entre ambos, pois somente Ele
conhece o coração dos homens.
Hoje em dia o criticismo é mais comum do que a repreensão.
Muitos pastores criticam demasiadamente seus presidentes
de Associação ou outros que possuam autoridade sobre eles.
Todavia a sinceridade de nossas críticas pode ser vista através
da maneira bem diferente de falar quando estamos face a face
com esses homens. Uma vez que possuem o controle sobre de
nossas transferências em suas mãos é espantoso como somos
capazes de silenciar nossas consciências em suas presenças. Te-
mos escutado ministros e até líderes, reservadamente, criticarem
com aspereza as decisões da Associação Geral e, uma semana
depois, ao estarem presentes representantes da Associação,
defenderem eles o mesmo assunto que antes os haviam atemo-
rizado. Irmãos, não deveria ser assim. Todavia se examinarmos,
todos nós, honestamente nossas almas, quem dentre nós não
é culpado de tal conduta?
Talvez um perigo até mesmo mais sério seja o de que muitos
de nós silenciamos nossas preocupações por medo da conde-
nação de homens. Onde deveríamos ter dado forte repreensão,
temos permanecido calados, convencendo-nos que proceder
assim é um ato de “amor” e “compreensão”.
Mas tal silêncio não é uma coisa nem outra. Ele brota de um
coração egoísta, pois colocamos nossas próprias reputações à
frente do comissionamento de Deus para nós, a fim de agradar
a igreja de Laodicéia.
É verdade que o proferir repreensão, mesmo vinda de um
coração com verdadeiro amor, com toda certeza , fará com que a
maioria daqueles que a recebem levante-se contra ela. Afinal de contas,
Isaías, Jeremias e João Batista não ganharam nenhuma pesquisa de
popularidade entre seus ouvintes.
184 GUARDIÕES DA FÉ
Essas repreensões, todavia, são dirigidas aos poucos sinceros de
coração e que a elas responderão. A lição que todos devemos apren-
der é a de aceitar a repreensão a despeito de nossa posição ou de por
quem ela possa vir, sem julgar os motivos daquele que repreende.
O exemplo de Moisés é útil para nós. Ensina-nos muitas lições:

Quando Moisés, voltando ao acampamento, se defrontou com


os rebeldes, a severa repreensão e a indignação que ostentou, ao
quebrar as tábuas sagradas da lei, foram pelo povo contrastadas
com os discursos aprazíveis e o porte fidalgo de seu irmão, e suas
simpatias estavam com Arão. Para justificar-se, Arão esforçou-se
por tornar o povo responsável pela sua fraqueza de ceder ao seu
pedido; mas, apesar disto, estavam cheios de admiração por sua
gentileza e paciência. Mas Deus não vê como o homem. O espírito
condescendente de Arão e seu desejo de agradar, haviam-lhe ce-
gado os olhos à enormidade do crime que estava a sancionar. Seu
procedimento ao emprestar sua influência para o pecado em Israel,
custou a vida de milhares. Que contraste entre isto e a conduta de
Moisés, o qual, ao mesmo tempo que executava fielmente os juízos
de Deus, mostrava que o bem-estar de Israel lhe era mais caro do
que a prosperidade, a honra ou a vida. (Patriarcas e Profetas, 323)

O Israel moderno difere pouco daquele do tempo antigo. Hoje a


maioria dos nossos membros, sentados nos bancos de nossas igrejas,
preferem os Arãos aos Moisés. E muitos de nós moldamos nossos
ministérios para satisfazer os desejos e não as reais necessidades
de nosso rebanho. Nos tornamos assim ministros populares e de
“sucesso”. Muitos de nós temos esquecido uma pequena palavra da
língua portuguesa de apenas três letras: NÃO. Não, este não é o nosso
padrão. Não, esta doutrina não se encontra nas Sagradas Escrituras.
Não, Deus não aprova. Ao invés de ofender o povo de Deus pelo uso
da palavra não, estamos antes comprometendo o seu destino
eterno. De que outra maneira seríamos capazes de explicar a
distancia cada vez maior entre os padrões dos pioneiros e os da
Igreja atual, entre as doutrinas que eles acoroçoavam e aquelas
que hoje esposamos? Estavam nossos pioneiros errados em sua
posição de total abstinência de bebidas alcoólicas? Não tinham
eles o apoio escriturístico ao proibirem a parte em adultério
no divórcio de casar-se novamente? Estavam eles confusos
CRITICISMO 185

quando afirmaram que a Escritura ensinava que Cristo entrou


no lugar santíssimo em 1844 para iniciar o juízo investigativo?
Terá sido pela falta de graduação universitária que afirmaram
eles ser possível uma pessoa, cheia do Espírito Santo, obedecer
a todos os mandamentos de Deus? Foi apenas pelo desejo de
serem diferentes das igrejas evangélicas que os levou a pregar
por quase um século que Cristo veio a esta Terra com a natureza
caída?
Todas essas doutrinas e padrões decadentes, e muito mais,
poderiam ter sido evitados se homens, cheios do Espírito San-
to, houvessem se levantado e dito “NÃO!”. Como homens de
Deus, não ousemos recusar pôr sobre nossos ombros o fardo
de apresentar o ministério de repreensão. O que está em risco
é a eternidade.
Além do mais, suplicaríamos aos colegas pastores que se
abstivessem de criticar aqueles de seu grupo que ousarem to-
mar sob sua responsabilidade este fardo. Certamente o sinal da
Testemunha Verdadeira é a de repreensão e restauração. Todavia
hoje muitos que destemidamente têm permanecido firmes pela
verdade de Deus tornaram-se objeto da mais destrutiva crítica
por parte de seus colegas de trabalho.
Em nossa própria pátria, nossos corações doeram ao ver-
mos alguns homens de Deus cortados pelo criticismo de seus
companheiros de ministério. Recordamos muito bem a dor que
sentimos quando da circulação de uma carta, enviada a todos os
ministros da Associação, banindo dois pastores de pregarem em
seus púlpitos. Um deles era um homem de 86 anos que havia de-
dicado mais de 60 anos de fervorosos serviços à Igreja de Deus.
O outro tinha ganho mais almas para a verdade de Deus do que
qualquer outro na Divisão. Sua única “contravenção” eclesiástica
foi a de terem declarado estar a nova teologia em erro, o que
lhes competia como atalaias nos muros de Sião. Todavia nossa
simpatia e tristeza, por maior que fossem por esses dois não
reconhecidos heróis da fé, recaíram mais ainda sobre os ombros
do presidente da Associação que sancionou esse banimento.
Conquanto não duvidemos de que ele considerasse seu ato
haver sido tomado tendo em vista o melhor para a Igreja, estava
ele completamente errado. Um dia, cada um terá de prestar
contas por ações como esta. Certamente aqueles que aceitam
186 GUARDIÕES DA FÉ
esta terrível responsabilidade precisam das nossa mais fervo-
rosas orações e conselho. Porque Deus é um Deus de perdão e
nossas repreensões devem ter como alvo a redenção.
Hoje, na Austrália (e em alguns outros lugares) temos visto
homens que fielmente se dedicaram ao ministério de repreensão
serem postos na lista negra de nossas igrejas. Alguns tiveram
suas credenciais removidas. Outros são vítimas de criticismo
cruel. Quando tentaram cumprir seu ministério à semelhança
do modelo de Cristo foram, até certo ponto, impedidos por
presidentes de associações que rondavam o rebanho advertin-
do-o para que não assistissem aos seus encontros. Até mesmo
presidentes de associação que cumprem fielmente o seu mi-
nistério de repreensão estão sob sério risco de perderem seus
cargos para um líder mais agradável. Não estamos falando de
um ou dois questionáveis pastores- sênior. Estamos falando de
toda uma geração de ministros que dedicaram cada década de
suas vidas ao serviço de Deus. Seus companheiros de ministério
não mais suportaram suas vozes em seu meio. Irmãos, isto não
deveria ser assim! Isto não deve ser assim!
Apelamos para cada líder, cada pastor, cada oficial de igreja
para reconsiderarem essas atitudes. Essas atitudes são um des-
serviço à causa de Deus e um aviltamento a nossos próprios
ministros. Nunca, nunca sejamos aqueles que confundem re-
provação com criticismo, ira santa com ódio ou amor espiritual
pelas almas com deslealdade para com a Igreja de Deus e sua
liderança. Nutrir essas falsas avaliações é tornar sem efeito a
obra de Deus e o ministério de outros.
187

Capítulo 23

FEMINISMO

E
stimulado pela revolução sociológica da era pós-
Segunda Guerra Mundial, o movimento feminista
quase destruiu o tradicional e importantíssimo relaciona-
mento Bíblico entre homens e mulheres. A vida do lar tem sido
atacada de tal forma que nossos jovens não mais demonstram
aqueles firmes padrões de vida que uma vez os capacitaram
a atravessar o abismo entre os anos de aprendizagem da in-
fância e os produtivos anos da idade adulta. A troca de papéis
entre homens e mulheres tem também gerado tensões sobre
os casamentos. Em épocas anteriores esse tipo de tensão era
praticamente desconhecido.
Desde que os Estados Unidos existem, o movimento de libe-
ração feminina não é coisa nova, pois já na década de 1860 um
dos mais explosivos movimentos de direito das mulheres varreu a
nação. No entanto ele não alcançou o nível do movimento atual, e
na última parte daquele século já havia praticamente desaparecido.
Não negamos as questões válidas que inspiraram o movimento
de liberação da mulher. Dentre esses incluem-se a disparidade de
salários, discriminação no mercado de trabalho e o abuso contra as
mulheres. Mas no movimento feminino identificamos muita coisa
que é contraproducente e até mesmo autodestruidor dos próprios
objetivos que o movimento busca atingir.
Crescemos em um ambiente onde jamais entrara em nossas
cabeças a idéia de que as mulheres devessem ser inferiores aos
homens. Tínhamos quase 15 anos quando nossa irmã nasceu
e, provavelmente como resultado desse fato, desenvolveu-se
para nós toda uma atmosfera de mistério em torno da mulher.
Se nossa atitude devesse ser considerada em falta seria devido
ao fato de que, em nossa visão, as mulheres eram em muito
superior aos homens. Fomos ensinados por nossa mãe a tratar
as garotas com respeito e cortesia que as punha à parte e acima
dos homens. Hoje vemos muito pouco disso, e vemos que há
187
188 GUARDIÕES DA FÉ
mais abuso das esposas, mais desrespeito com a mulher e uma
confusão maior da posição da mulher na sociedade.
Colin, como psicólogo e educador, e Russell como médi-
co, têm com freqüência observado os resultados trágicos da
confusão de papéis. Não temos a menor dúvida de que isto
tem contribuído para a alta incidência de estilos de vida mar-
cados pelo homossexualismo e lesbianismo, uma vez que as
crianças e jovens não mais vêem modelos de masculinidade
e feminilidade nos mais velhos. Quando ouvimos sobre o “se-
nhor-Mamãe”, onde o pai fica em casa para cuidar dos filhos
enquanto a mãe vai para o trabalho, não temos dúvida quanto
à confusão criada nas impressionáveis mentes das crianças.

Percebemos uma tendência cada vez maior dentro da Igreja,


por parte das mães, para expressarem descontenta-mento e até
mesmo ressentimento com relação ao seu papel materno. Cada
vez mais, estimuladas por não santificados objetivos materia-
listas, mães estão deixando seus filhos nas mãos de terceiros,
desde suas tenras idades. Poucas mães reconhecem que sua
função é a maior que Deus deu à humanidade.
Apesar de cruciais como possam ser as funções de ministros
e professores de escola Cristã, elas são inferiores em categoria ao
papel da mãe.

Existe um Deus em cima no Céu, e a luz e glória do Seu trono


repousam sobre a fiel mãe enquanto ela se esforça por educar
os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra
obra pode se comparar à sua em importância. Ela não tem,
como o artista, de pintar na tela uma bela forma, nem, como o
escultor, de cinzelá-la no mármore. Não tem, como o escritor, de
expressar um nobre pensamento em eloqüentes palavras, nem,
como o músico, de exprimir em melodia um belo sentimento.
Cumpre-lhe, com o auxílio divino, gravar na alma humana a
imagem de Deus. (Ciência do Bom Viver, 377-378).

Assim como muitas mães estão freqüentemente abdicando de


suas responsabilidades por Deus ordenadas, também muitos pais
estão fazendo o mesmo.
FEMINISMO 189

Como sacerdote do lar, ele é responsável perante Deus pela


influência que exerce sobre cada membro da família. (Con-
selhos aos Pais, Professores e Estudantes, 128).

Onde estão os devotos sacerdotes e patriarcas do lar que


ternamente cuidam das necessidades espirituais bem como
intelectuais e físicas de seus familiares? Com freqüência o pai
tem quase completamente deserdado de sua liderança no culto
matutino e vespertino bem como dos ensinamentos espirituais.
Como ministros devemos não apenas ser os líderes espirituais
de nossos lares, mas também ensinar aos homens da Igreja a
sagrada responsabilidade que Deus tem posto sobre eles com
relação ao destino espiritual de suas famílias.
Mas a questão a que primeiramente gostaríamos de nos
dirigir é a do papel das mulheres na Igreja. Facilmente muitos
membros da Igreja com mentalidade mundana têm seguido as
tendências da sociedade e das igrejas caídas (apesar de algumas
destas terem adotado uma abordagem Bíblica muito superior à
de muitos da Igreja remanescente de Deus). Não estamos inte-
ressados em argumentos de origem humana, mas naquilo que a
Palavra de Deus diz sobre essa questão e com a qual esperamos
que nossos leitores concordem.
É bom que se diga que o movimento dentro de nosso meio
para ordenar as mulheres não tem surgido como resultado de
um profundo estudo da Palavra de Deus. Antes, ele surgiu de
uma tendência popular do mundo que nos cerca. Antes que
um mundo secular e ímpio levantasse essa questão, não era ela
assunto que recebesse a mínima consideração em nosso meio.
Nunca foi prática segura basear um procedimento sobre o que
o mundo, não santificado pelO Espírito de Deus, ordena. Buscar
depois febrilmente por Divina confirmação é dar um salto em
direção ao mau uso da inspiração e forçar a evidência a fim de
que se ajuste ao desejo preconcebido. Assim tem sido o triste
curso dos direitos das mulheres em nossa Igreja. Qualquer pesqui-
sa no campo mundial encontraria uma esmagadora maioria de
nossas irmãs que se oporiam à ordenação das mulheres, uma
vez que elas desejam seguir ao mandamento Bíblico.
Em 1975, Colin era membro da Associação Geral indicado
pela comissão que estava tratando de questões a serem apre-
190 GUARDIÕES DA FÉ
sentadas na sessão qüinqüenal que se realizaria em Julho, em
Viena. As subcomissões foram estabelecidas para rever várias
questões. Ele ficou surpreso quando o então vice-presidente da
Associação Geral, Elder Willis Hachett, pediu-lhe para presidir a
subcomissão sobre ordenação de mulheres. Ele suplicou que
o escusasse mas Elder Hachett insistiu. Quando o grupo de 10
ou 12 se reuniu , Colin sugeriu que a única abordagem válida
seria buscar na Bíblia e no Espírito de Profecia para determinar
a ordem dO Senhor. Com o que a subcomissão concordou.
Estando na sede da Associação Geral, a comissão tinha à sua
disposição os recursos dos Depositários da Senhora White.
Quando a subcomissão reuniu-se seus membros não regis-
traram nenhuma prova Bíblica para a ordenação de mulheres
como anciãs ou pastoras, apesar de haver muitas evidências
para a sua participação ativa na missão espiritual da Igreja. Do
Espírito de Profecia apenas uma declaração foi encontrada que os
membros da subcomissão sentiram que devia ser relatada:

Mulheres que estão dispostas a consagrar parte de seu tempo


ao serviço dO Senhor deveriam ser designadas para visitar os
doentes, cuidar dos jovens e ministrar as necessidades dos
pobres. Deveriam ser separadas para esta obra através da
oração e da imposição das mãos. (RH, 9/07/1895).

Notaremos que este era um serviço de meio período e que


ele estava em um contexto de um artigo que tratava de como
os leigos poderiam apoiar a obra de ministério.
Embora a passagem de modo algum se referisse a ordenação,
e a imposição de mãos não esteja geralmente associada a orde-
nação (Exemplo: imposição de mãos sobre os doentes), todavia,
a subcomissão recomendou a toda a comissão a consideração
sobre a ordenação de mulheres para o diaconato.
A subcomissão chamou a atenção para o fato de que não
havia conselho Divino que apoiasse a ordenação de mulheres
como anciãs nem pastoras. Nosso relatório não foi bem rece-
bido e dois líderes da Associação Geral (hoje já aposentados)
expressaram sua inflexível convicção que deveríamos alterá-lo a
fim de implementar a ordenação de mulheres para o ancionato.
Colin ficou chocado com o fato de que os membros da comissão,
FEMINISMO 191

praticamente um após o outro, em aditamento a si mesmos,


alteraram suas “convicções” em vista dessa pressão e votaram
recomendar a ordenação de mulheres como anciãs locais.
Apesar dessa recomendação não ter sido implementada
naquela época, a pressão nesse sentido tem se intensificado
desde então. Apesar do grande fracasso da Associação Geral
ao endossar a ordenação de mulheres-pastores, tem havido
um contínuo progresso para sua ordenação. Além do mais a
ordenação de mulheres para o ancionato tem trazido muita dor
para a Igreja e terrível divisão. Sempre houve uma minoria que
alimentou esse movimento, apesar da ausência de conselho
Divino. Alguns que têm apoiado essa prática estão verdadeira-
mente inconscientes dos problemas que ela gera. Tem-se dito
que não existe nenhum “Assim Diz O Senhor” contra a ordenação
de mulheres. Alguns acham que a falta de uma declaração es-
pecífica contra a ordenação de mulheres torna-a uma questão
aberta ao fluxo e refluxo das mudanças sociológicas. Mas isto
não é assim. Poderíamos, ao tratar desse assunto, usar textos
como esse:

...e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te


mandei: aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher.
(Tito 1:5-6, grifo nosso).

No entanto, reconhecemos que há alguns que acham ser


esse um uso genérico do masculino e afirmam que a intenção
da afirmação de Paulo é evitar a ordenação de anciãos bígamos.
Contudo, não concordamos e nos posicionaremos noutro sen-
tido.
A queda do homem resultou em uma redefinição do relacio-
namento entre homens e mulheres:

E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua


conceição, com dor darás à luz filhos, e o teu desejo será para
teu marido, ele te dominará. (Gên 3:16).

Enquanto alguns têm questionado os detalhes de I Cor 11: 3-15,


I Cor 14: 33-35 e I Tim 2: 11-15, todos esclarecem o princípio de que
a liderança na Igreja tem sido dada por Deus ao homem e não à
192 GUARDIÕES DA FÉ
mulher.
Há aqueles que abertamente declaram que os tempos mu-
daram. Apesar de mulheres anciãs e pastoras não terem sido
aceitáveis na sociedade predominantemente machista do pas-
sado, o ambiente social contemporâneo está pronto para essa
mudança. Mas essa pesquisa não aprofundada ignorou o fato
de que durante o cativeiro egípcio, gerações de israelitas viram
os exemplos sociológicos de sacerdotes bem como de sacer-
dotisas. Ela também ignora o fato de que muitos dos cananeus
ao redor da Palestina também possuíam sacerdotes homens
e mulheres. As nações pagãs do passado estavam repletas de
sociedades após sociedades que haviam “ordenado” mulheres
sacerdotisas. Mas o povo de Deus jamais foi autorizado a assim
proceder.
Isso certamente nos conduz ao motivo desta questão. Já
exploramos a invasão do paganismo de Agostinho sobre o
Cristianismo, no capítulo sobre o Evangelicismo. Os pagãos,
construindo suas concepções religiosas sobre o equilíbrio sa-
tânico das forças cósmicas dentro do Universo, criaram deuses
masculinos e femininos. Por 6000 anos esse mar de paganismo
tem sido resistido por todo o povo de Deus e até mesmo pelas
igrejas Cristãs caídas. Este movimento pode ser o golpe de
mestre de satanás para destruir a pureza da Igreja de Deus e
a estrutura básica da vida familiar. Devemos fazer tudo o que
estiver a nosso alcance para resistirmos a mais essa intromissão
pagã na Igreja de Deus.
Mas se tivermos alguma dúvida com relação à atitude de Deus
para com os movimentos dos direitos das mulheres, essas serão
desfeitas pelo conselho Divino:
Aqueles que se sentem chamados a unirem-se ao movimento
em favor dos direitos das mulheres e à assim chamada reforma
no vestuário, deveriam também cortar qualquer conexão com a
mensagem do terceiro anjo. O espírito que acompanha um não
pode estar em harmonia com o outro. (I T 457).

Esta firme declaração não é de origem humana. Os movi-


mentos de direitos alimentam o egoísmo centralizado no qual
repousa a base de todo engano satânico. É uma respon-sabili-
dade ordenada por Deus a cada um de nós que envidemos todo
FEMINISMO 193

esforço para libertar o oprimido. Porém quando os oprimidos,


ou aqueles que se sentem oprimidos, procuram lutar por suas
próprias concepções de direito, há graves perigos de que o ódio
e o egoísmo sejam alimentados.
Notar-se-á que o movimento pelos direitos das mulheres da
década de 1860 estava também associado com o movimento onde
as mulheres eram encorajadas a vestirem-se mais semelhantes aos
homens. Mas até mesmo quando as mulheres usam aquilo que é
semelhante à vestimenta masculina, colocam-se elas contra as so-
lenes declarações da inspiração. Na década de 1860, algumas irmãs
adventistas consideraram apropriado adotar o traje americano (um
casaco em forma de uniforme que caia bem sobre as calças, algo
parecido com um terno feminino). Porém Deus não aprovou:

Vi que a ordem de Deus havia sido invertida, e Suas instruções


específicas desatendidas por aqueles que adotaram o traje
americano. Fui dirigida a Deuteronômio 22:5 : Não haverá traje
de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher,
porque, qualquer que faz isto, abominação é aO Senhor teu
Deus. Deus não quer que Seu povo adote a assim chamada
reforma no vestir. É aparato cheio de vaidade, totalmente
inadequado com a modéstia dos humildes seguidores de
Cristo. Há uma tendência crescente para que tenham as
mulheres em seu vestuário aparência tão próxima do sexo
oposto quanto possível, para moldar as suas roupas o mais
semelhante à dos homens, mas Deus declara ser isto abo-
minação. (I T 457).
Como Cristãos não podemos interpretar este conselho à luz
dos padrões sociais. Como ministros devemos educar nossas
mulheres longe de roupas semelhantes às roupas masculinas.
Devemos estar alertas para o fato de que a maioria da moda é
dedicada aos ímpios, e que é bastante conhecido que muitos
estilistas são homossexuais e lésbicas. Deve ser especialmente
repugnante para Deus ver calças femininas e até mesmo shorts
usados na casa dO Senhor. Todo estudo secular que temos visto
tem mostrado que, quanto mais próximo estiverem as mulhe-
res vestidas aos homens, maior é a incidência de imoralidade
e estupro. As mulheres perderam o seu santo recato. Não é de
admirar que a irmã White escrevesse:
194 GUARDIÕES DA FÉ

O caráter de uma pessoa é julgado pelo aspecto de seu vestu-


ário. Um gosto apurado, um espírito cultivado, revelar-se-ão na
escolha de ornamentos simples e apropriados. A simplicidade
no vestir, aliada à modéstia das maneiras, muito farão no sentido
de cercar uma jovem com aquela atmosfera de sagrada reserva
que para ela será uma proteção contra os milhares de perigos.
(Educação, 248).

Uma coisa é certa, nos países do ocidente os trajes mais mo-


destos são as peças de roupas mais apropriadas para as mulheres
Cristãs que estão buscando cumprir os conselhos de Deus.
Às vezes, como ministros, incumbimos nossos membros-
mulheres de funções que elas não desejam. Nenhuma dedicada
mulher Adventista do Sétimo Dia deseja manter um cargo na
Igreja de Deus onde ela não encontre uma ordem Divina. Este
fato é ilustrado por uma Igreja em nosso país. Quando o pastor
quis ordenar as diaconisas ele enfrentou amáveis mulheres
Cristãs que abdicaram de seus cargos. Uma vez que esta recusa
verificou-se ser a vontade da grande maioria, o pastor foi com-
pelido a recuar em seu propósito para com aquelas sinceras
mulheres que não estavam dispostas a aceitar algo para o qual
não encontrassem nenhuma autoridade Divina.
Em muitos países estrangeiros a ordenação de mulheres
causaria muitas divergências e divisões em nosso meio. Até
mesmo nos Estados Unidos e na Austrália. Nada podemos fazer
a não ser meditar sobre o fato de que muitos que emperram a
proclamação das verdades Bíblicas sob o falso pretexto de que
essas doutrinas provocarão desunião entre o rebanho porque
elas ofenderiam a ala liberal da Igreja, não sentem o peso da
responsabilidade quando esta desunião vem, na verdade, como
conseqüência da grande divisão causada pela introdução de
idéias não escriturísticas entre o povo de Deus.
Hoje vemos aqueles que, sem consideração para com a Pa-
lavra de Deus, parecem impulsionados a adotar a ordenação de
mulheres. Há líderes, bem como outros na América do Norte,
que desejam ir em frente sem considerar a Palavra de Deus ou se
isto causaria um cisma em nossa Igreja mundial. Algumas “pas-
toras” estimuladas, ou no mínimo apoiadas por seus pastores
FEMINISMO 195

superiores, têm causado grande divisão ao realizarem batismos.


Infelizmente esses acontecimentos têm levado muitas almas
sensíveis a questionar a integridade da Igreja com relação às
puras torrentes da verdade. Temos consciência de que poucos
reconhecem as origens da ordenação pagã das sacerdotisas,
todavia não podemos fazer nada a não ser levantar nossas vozes
contra essa prática totalmente anti-escriturística. Certamente O
Senhor, nesta esfera, está nos chamando de volta para a correta
posição de distinção do mundo.
A centralização do movimento feminista na ordenação de
mulheres foi ressaltada por observações em um periódico aus-
traliano:

A reavaliação da religião institucionalizada feita pelas feministas e


pelas igrejas, sinagogas e freqüentadores de mesquitas influen-
ciados por elas tem estado em andamento, em sua forma
atual, por 30 anos. (S. M. Herald, 27/09/1987).

O artigo então cita, da única mulher teóloga da Austrália, o


que vem a seguir:

Ela vê as Escrituras como sendo tão condicionada pela natureza


patriarcal da sociedade daquela época, que sua linguagem e
suas hipóteses subjacentes sobre sociedade são... machistas.
“Eu suponho que a Bíblia terá que ser substituída gradual-
mente, ela está em uma linguagem pós-cultural“, diz ela.
(Ibidem).

Não só não há base escriturística para ordenação de mulhe-


res, como a pressão nessa direção continuará lançando dúvidas
sob a inspiração da Palavra de Deus. Certamente os fiéis de Deus
não podem consentir mais esse engano satânico. Na Igreja An-
glicana da Austrália houve uma ruptura tal que se formou uma
comunhão separada. Este também poderia ser o resultado se
os decididos esforços do ativismo feminista tivessem êxito em
sua pressão incessante para impor objetivos não escrituristicos
sobre a Igreja remanescente de Deus.
Realmente compreendemos o papel dinâmico dado por Deus
às mulheres na conclusão de Sua obra. Ignorar as mulheres seria
196 GUARDIÕES DA FÉ
ignorar 60% da força de trabalho da Igreja. As mulheres possuem
um espírito vitorioso em potencial tanto quanto os homens.
Suas funções como professoras, profetizas, obreiras Bíblicas, e
até mesmo como pregadoras estão bem definidas pela inspi-
ração porém, nunca anciãs ou pastoras. Deus fez o homem e a
mulher iguais, mas essa igualdade jamais deveria ser confundida
com a idéia de uniformidade. Deus deu funções Divinamente
ordenadas a suas amadas filhas. É o dever dos pastores de Deus
manter essas funções e jamais permitir que seja rebaixado o
glorioso chamado de nossas mulheres oferecendo-lhes deveres
que Deus jamais abençoou.
Foi uma mulher inspirada que testificou:

Ela (Eva) era perfeitamente feliz em seu lar no Éden ao lado


de seu esposo, mas semelhante às impacientes Evas de hoje,
foi ela persuadida de que havia uma esfera superior àquela
que Deus havia designado para ela. Todavia na tentativa de
subir mais alto do que a sua posição, caiu muito abaixo dela.
Este será seguramente o resultado para as Evas da presente
geração caso elas negligenciem assumir alegremente as
obrigações da vida diária de acordo com o plano de Deus.
(3T 483).
197

Capítulo 24

UNIVERSALISMO

Surpreendente como possa ser para muitos leitores, as se-mentes


do Universalismo foram lançadas durante um longo tempo, por
alguns em nossas próprias fileiras que desvirtuaram as Escrituras
para servir a seus próprios pontos de vista teológicos. O univer-
salismo é a idéia de que todos serão salvos. Até mesmo os anjos
caídos e o próprio satanás, no final, serão salvos, de acordo com
essa falsa teoria.
Não obstante, contudo, o Universalismo é o ponto final lógico
para a fé de muitos hoje que abominariam tal ensinamento. O
conceito de que o povo de Deus pecará até a volta de Jesus
deixa apenas duas alternativas lógicas. Uma dessas alternativas
é que Deus predestina alguns para a salvação eterna e outros
para a destruição eterna. A segunda é que Deus, no fim, salvará
a todos.
Aqueles que, como Agostinho, aceitam a visão de que a
salvação é um ato objetivo de Deus, à parte e independente
da responsabilidade humana, são obrigados a crer que Deus
pré-determina o destino de cada ser humano. Dada a falha de
Agostinho em conhecer o poder de Cristo de assegurar vitória,
bem como perdão em vida, acreditando que alguns serão salvos
e outros perdidos, a predestinação torna-se a conclusão lógica
dessa falsa premissa.
Por outro lado, há aqueles que rejeitam a premissa agosti-
niana de que Cristo É nosso substituto mas não nosso exemplo
e, conquanto aceitem o papel de Cristo como nosso exemplo,
negam o aspecto substitucionário do ministério de Cristo. Esta
visão, geralmente conhecida como a Teoria da Influência Mo-
ral, tem recebido apoio decidido de muitos que se opõem ao
evangelicismo na Igreja Adventista.

197
198 GUARDIÕES DA FÉ
A preocupação dos que apóiam a influência moral é legítima.
Eles dão ênfase à defesa dO Caráter de Deus como o ponto cen-
tral do grande conflito. Entretanto, em assim fazendo, acentuam
o amor de Deus para cada vez mais excluírem Sua justiça. Eles
reconhecem a Cristo como O Exemplo supremo do homem, po-
rém rechaçam o conceito vicário, pois consideram que o mesmo
representa a Deus como um ser sedento por sangue, requerendo
sacrifício de sangue para aplacar Sua ira, da mesma maneira que
os pagãos procuravam aplacar a ira de seus deuses.
O sacrifício de Cristo, entretanto, não foi feito para acalmar um
deus irado. Antes, o sacrifício de Cristo demonstrou o ilimitado
amor de Deus por uma criação rebelde. Nas leis universais de
Deus o pecado traz a inevitabilidade da morte eterna. Após a
queda do homem, satanás reivindicou o aprisionamento dos
homens no pecado e na morte. Só a vida perfeita de Cristo e Sua
vitória sobre a morte deu ao homem a libertação do pecado e
da morte, o que não poderia ser alcançado por nenhum outro
meio.

Mas agora Cristo está levantado dos mortos e Se torna as


primícias dos que dormiram. Pois visto que por um ho-
mem veio a morte, por Um Homem veio também a res-
surreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem,
assim também em Cristo todos serão vivificados.
(I Cor. 15:20-22).

Sem Cristo o homem está para sempre sem socorro e perdi-


do. Mas este tem sido convidado a olhar para a sofrida vida dO
Senhor crucificado. Jesus tornou-Se nosso substituto para que
pudéssemos ter vida eterna.

Pois este é o Meu sangue da nova aliança, o qual é derra-
mado por muitos para a remissão de pecados. (Mat. 26:28).

...mas as próprias coisas celestiais [purificou] com melhor


sacrifício do que esses. (Hebreus 9:23).

Assim Cristo foi uma vez oferecido para carregar os peca-


dos de muitos; e, para aqueles que O buscam, aparecerá a
UNIVERSALISMO 199

segunda vez sem pecado para salvação. (Hebreus 9:28).

E sabeis que Ele foi manifestado para tirar nossos pecados;


e nEle não há pecado. (I João 3:5).

Atentai portanto a vós mesmos e a todo o rebanho sobre o


qual O Espírito Santo vos constituiu supervisores, para ali-
mentar a Igreja de Deus, a qual Ele adquiriu com Seu pró-
prio sangue. (Atos 20:28).

Portanto, como sabeis que não fostes redimidos com coi-


sas corruptíveis, como prata e ouro, de vossas vãs conver-
sações recebidas por tradições de vossos pais; mas com o
precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem de-
feito e sem mancha. (I Pedro 1:18,19).

Mas se nós andamos na luz como Ele está na luz, temos


comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo
Seu Filho nos purifica de todo pecado. (I João 1:7).

Cerca de quarenta dias depois do nascimento de Cristo,


José e Maria levaram-nO a Jerusalém, para O apresentar
aO Senhor, e oferecer sacrifício. Isso estava de acordo com
a lei judaica e, como substituto do homem, Cristo Se devia
conformar com a lei em todos os particulares. Já havia sido
submetido ao rito da circuncisão, como penhor de Sua sub-
missão à lei. (DTN, 50 - grifo nosso).
Paulo ansiava profundamente de que a humilhação de Cristo
fosse vista e compreendida. Ele estava convencido de que se
as mentes dos homens pudessem ser trazidas à compreen-
são do maravilhoso sacrifício feito pela Majestade dos Céus
todo egoísmo seria banido de seus corações. Ele direciona
a mente primeiro à posição que Cristo ocupava no céu, o
seio de Seu Pai, depois ele O revela como abrindo mão de
Sua glória submetendo-Se de forma voluntária a todas as
condições humilhantes da natureza do homem, assumindo
as responsabilidades de um servo, e tornando-Se obediente
até à morte, e essa morte a mais ignominiosa e revoltante,
200 GUARDIÕES DA FÉ
a mais vergonhosa, a mais agonizante, a morte de cruz. (4T,
.458).

A ênfase demasiada da teoria da influência moral sobre o


amor de Deus tem de antemão levado naturalmente ao conceito
de que Deus não destrói. Estimulados pelo desejo de desfazer as
torrentes de más concepções de que Deus é arbitrário e severo,
os que aderem a tal pensamento enfatizam que Deus É O Autor
da salvação e satanás é o responsável pela destruição. Ao estu-
dante superficial estes argumentos podem parecer persuasivos.
Após fazer tais perguntas como: “Quebraria Deus Sua própria
lei?”, “Deus roubaria, ou furtaria?”, “Cometeria Deus adultério?”;
então eles perguntam: “Deus mataria?”. Nenhuma distinção é
feita entre o intento do mandamento “Não matarás” e o justo
exercício de punição do mal praticado.
A proposta da filosofia “Deus não destrói” usa uma afirmação
em particular do Espírito de Profecia:

A nenhum homem Deus destrói. Todos os que são destruídos


terão destruido a sí mesmos. (PJ, 84).

A despeito do fato de que esta afirmação está de forma


específica referindo-se à causa e efeito dos relacionamentos e
responsabilidades humanas, é mau empregada para apoiar o
erro da idéia “Deus não destrói”.
Muitos, em especial naqueles influenciados pelos “suaves”
sentimentos de amor de nossa geração, têm se tornado forte-
mente atraídos a essa nova “intuição”. Nós temos descoberto
que poucos vêem o fim de tal conceito, mas satanás os está
levando caminho abaixo, um passo por vez. Alguns estão agora
atingindo o fundo.
A pergunta é: “Se Deus não destrói, então quem o faz?”.
Nós temos ouvido variadas respostas a essa pergunta. Alguns,
baseados na passagem de “Parábolas de Jesus”, citada acima,
racionalizam que o homem destrói a si mesmo, e postulam que
no fim do tempo ele criará um dispositivo supernu-clear para
destruir a Nova Jerusalém, mas em retorno, tal dispositivo mer-
gulhará o mundo em um inferno flamejante. Essa expeculação
é intrigante, mas não é consistente com o claro testemunho da
UNIVERSALISMO 201

Escritura.

E subiram sobre a largura da Terra e cercaram o arraial dos


santos, e a cidade amada; e fogo desceu vindo de Deus, do
céu, e os devorou. (Apoc. 20:9).

Tal pensamento falha em explicar a destruição do mundo
pelo dilúvio, ou de Sodoma e Gomorra pelo fogo e enxofre.
Muitos outros atribuem toda destruição a satanás mas, mes-
mo esses, têm dificuldades. É verdade que, em última análise,
satanás firma-se como responsável por todas as calamidades
no universo, entretanto, do tempo do dilúvio nos é dito que:

O próprio satanás, que foi obrigado a permanecer no meio


da fúria dos elementos, temeu por sua existência. (PP, 99).

Alguns, para explicar essa afirmação, têm dito que satanás
foi o responsável pelo dilúvio, mas seu ato destrutivo fugiu do
controle. Na destruição final do ímpio é dito que satanás é o res-
ponsável para destruir anjos maus e seres humanos. Em atitude
desesperada tem sido dito que satanás então comete suicídio.
Mas nenhuma dessas explicações podem ser encontradas em
escritos sagrados.
Outros têm explicado a teoria “Deus não destrói” sugerindo
que Ele apenas remove Seu poder que sustenta a vida do ímpio.
Mas essa teoria cria outros problemas pois, com certeza, remo-
ver Seu poder que dá a vida é reconhecer que, de fato, Deus tem
destruiído o ímpio.
Em um desesperado esforço de sustentar essa falsa visão
do amor de Deus, alguns que sustentam que Deus não destrói
têm chegado à conclusão lógica de que, no fim de tudo, todos
serão salvos, até mesmo satanás. O Universalismo tem entrado
pela porta de trás na forma de uma heresia aparentemente
inocente. Essa conclusão coloca o expectador em uma posição,
semelhante à da nova teologia, na qual a vitória do homem em
Cristo não tem peso para a sua salvação. Entretanto alguns que
advogam a nova teologia acreditam que, por divina eleição, uns
são salvos e outros perdidos. O Universalismo porém conclui
que todos serão salvos.
202 GUARDIÕES DA FÉ
Muitos expoentes da nova teologia não extendem suas visões
à predestinação, a despeito do fato de que ela é uma extensão
lógica de suas premissas não escriturísticas. É um fato que a
superestrutura calvinista de suas visões é idêntica àquela dos
propulsores da predestinação. Mas, para precisão de registro,
nós declaramos que estes homens e mulheres crêem que a
aceitação de Cristo como seu Salvador assegurará sua salvação
a despeito de sua falha em alcançar, inteiramente pelo poder
de Deus, a vitória sobre o pecado.

Portanto, como pela ofensa de um veio juízo sobre todos os


homens para condenação; assim também, pela justiça de um
veio o dom gratuito sobre todos os homens para justificação
de vida. (Romanos 5:18).

O Qual deseja que todos os homens se salvem e venham


ao conhecimento da verdade. (I Timóteo 2:4).

Pois portanto nós trabalhamos e sofremos reprovação, por


que acreditamos nO Deus vivo, O Qual É O Salvador de
todo homem, em especial daqueles que crêem. (I Tim.
4:10).
Provocamos em Deus o ciúme? Somos acaso mais fortes
que Ele? (I Coríntos 10:22).

Mas a palavra de Deus com clareza declara que enquanto a sal-
vação é provida a todos, há porém claras condições para a graça de
Deus ser outorgada. Algumas dessas condições são demonstradas
nas seguintes passagens das Escrituras:

Pois Deus amou tanto o mundo que deu Seu Filho Unigê-
nito para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas
tenha a vida eterna. (João 3:16).

Bem-aventurado é o homem que resiste à tentação pois,


quando ele é provado e vence, receberá a coroa da vida, a
qual O Senhor prometeu aos que O amam. (Tiago 1:12)
.
UNIVERSALISMO 203

Ouvi meus amados irmãos: não escolheu Deus aos pobres


deste mundo, ricos em fé e herdeiros do reino que Ele pro-
meteu àqueles que O amam? (Tiago 2:5).

Mas está escrito: oho não viu, nem ouvido ouviu, nem tam-
bém entrou no coração do homem, as coisas que Deus pre-
parou para aqueles que O amam. (I Coríntios 2:9).

Pois desde o princípio do mundo homens não têm ouvido,


nem com os ouvidos percebido, nem visto com os olhos, ó
Deus, junto a Ti, o que Ele tem preparado para aqueles que
esperam por Ele. (Isaías 64:4).

Daqui por diante há levantada para mim uma coroa de


justiça, a qual O Senhor, O Justo Juiz, me dará naquele dia;
e não só a mim, mas a todos aqueles que amam a Sua vin-
da. ( II Timóteo 4:8).

Aquele que encobre seus pecados não prosperará, mas


aquele que os confessa e os abandona alcançará misericór-
dia. (Provérbios 28:13).

Alguns têm se tornado tão obcecados com a idéia de que


Deus não destrói, ao ponto de afirmarem que Moisés, sem se
aperceber, recebeu os serviços sacrificais da parte de satanás,
pois ele não foi capaz de discernir entre O Deus que lhe deu os
Dez Mandamentos e o enganador que ordenou o sacrifício de
animais. O engano vai longe. Alguém pode perguntar: por que
então o sacrifício de Abel e não o de Caim foi aceito por Deus?
Mas vamos dar uma breve olhada na inspiração. Não preci-
samos lembrar ao leitor de que Deus, muitas vezes, destruiu,
de acordo com o testemunho bíblico. As afirmações são claras.
Uma delas é:

Disse O Senhor: Eu destruirei o homem que criei. (Gên.6:7).

Seria o auge da inconsistência aceitar que Deus foi O Criador


e negar que Ele foi O Destruidor do mundo anti-diluviano; além
do mais, existem outras declarações da inspiração que não po-
dem, claramente, ser postas de lado.
204 GUARDIÕES DA FÉ

Um único anjo destruiu todos os primogênitos dos egípcios e


encheu a terra de luto. Quando Davi ofendeu a Deus ao nu-
merar o povo, um anjo causou aquela terrível destruição, pela
qual seus pecados foram punidos. O mesmo poder destruidor
exercido por santos anjos quando Deus ordena, será exercido
por anjos maus quando Deus permitir. (GC, 614).
Mas Coré e seus companheiros rejeitaram a luz, até que se
tornaram tão cegos que as mais diretas manifestações de
Seu poder não foram suficientes para convencer a eles; eles
atribuíram-nas todas a atuações humanas ou satânicas.
A mesma coisa foi feita pelo povo que, no dia seguinte à
destruição de Coré e seus companheiros, veio a Moisés e
Arão dizendo: “sim matastes o povo dO Senhor”. apesar de
terem tido a mais convincente prova do desagrado de Deus
pela sua conduta, na destruição dos homens que os haviam
enganado, ousaram atribuir Seus os juízos a satanás, decla-
rando que, pelo poder do maligno, Moisés e Arão tinham
causado a morte de bons e santos homens. Foi este ato que
selou a condenação deles. Cometeram o pecado contra O
Espírito Santo, pecado este pelo qual o coração do homem é
eficazmente endurecido contra a influência da Divina Graça.
(PP, 405/veja também: Isa. 28:21; Gên. 19:13,14; Deut. 29:23;
Ezeq. 16:49,50; Jud.7; Apoc.14: 9-11; PE, 221; 5T, 209, 212; GC,
539, 543, 627- 628; PP, 628).

Da mesma forma que os filhos de Israel atribuíram os juízos


de Deus a satanás, hoje muitos estão fazendo o mesmo. Este
pecado é muito grave. Deus É amor, mas Ele também É Justo.
Alguns, ao confrontarem-se com essa inquestionável evidên-
cia que testifica dos atos destruidores de Deus, têm sugerido
todavia modificação na teoria. Estes afirmam que, já que a pri-
meira morte não dura pela eternidade e é assim tida como um
sono, Deus tem sido, às vezes, Autor de tais mortes. Entretanto,
Deus não destrói, dizem eles, na segunda morte. Isto, sugerem,
seria uma anulação do Seu amor. Aqueles que empregam
essa teoria não podem referir-se ao sexto mandamento como
UNIVERSALISMO 205

evidência de que Deus não destrói, pois é inquestionável que


esse mandamento aplica-se à primeira morte em circunstâncias
apropriadas. Além disso, a evidência da Escritura testifica de
forma ineqüívoca o fato de que Deus destrói na segunda morte
(Apoc. 20:9). Satanás só sofrerá a segunda morte. Deus diz acerca
da destruição de satanás:

Na multidão de tuas mercadorias encheste o teu interior de


violência e assim pecaste. Portanto Eu te lançarei como pro-
fano fora do monte de Deus; e Eu te destruirei, óh querubim
cobridor, do meio das pedras de fogo. Teu coração elevou-
se por causa da tua beleza, corrompeste tua sabedoria por
causa de teu resplendor; Lancei-te por terra, Eu te deitarei
perante os reis para que eles te contemplem. Profanaste teus
santuários pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça
de teu tráfico, portanto, trarei para fora um fogo provindo do
teu interior, o qual te devorará, e Eu te tornarei em cinza sobre
a terra, aos olhos de todos os que te contemplam. Todos os
que te conhecem entre os povos se espantarão em ti; serás
um terror e nunca mais existirás. (Ezequiel 28:16-19).

A menos que nós, de forma deliberada, interpretemos erra-


do as mais claras palavras da escritura que afirmam que Deus
lançará satanás fora, Deus destruirá satanás, Deus trará à tona
um fogo do interior de satanás e Deus o tornará em cinzas, não
pode haver dúvidas quanto a este assunto. Isto é a aniquilação
de satanás pois ele nunca mais existirá.
Colegas, ministros, nunca confundam e guiem mal o rebanho
de Deus, pela construção de teorias baseadas em vossa própria
imaginação; teorias para as quais, “explanação” após “explana-
ção” é requerida, a fim de destruir o direto testemunho de nosso
Deus. Tais esforços são temas de grande perigo e levam, de forma
inevitável, a enganos satânicos.
A justiça de Deus em destruir o ímpio, algumas vezes cha-
mada de “a Sua estranha obra”, quando compreendida da forma
correta, é tanto um ato de amor quanto o é a Sua salvação para os
justos. Viveriam sem a presença de Deus? Eles seriam engodados
em imutável miséria. A visão de que tais indivíduos serão por
206 GUARDIÕES DA FÉ
fim levados ao céu é totalmente inconsistente com O Caráter de
Deus. Ou Deus continuaria a permitir -lhes uma livre escolha, e
nesse caso eles perpetuariam o reino de pecado e sofrimento,
ou do contrário, Deus teria que privá-los do poder de escolha,
uma manipulação que é de todo inconsistente com O Caráter
de Deus.
Vivemos no mais confuso dos tempos. Deus está chamando
Seus seguidores para seguirem a Sua palavra e não inventarem
novas interpretações humanas do plano de Deus para a salvação.
Ao cristão discernidor, o ato de Deus em destruir será visto à luz
de Sua re-criação e restauração da harmonia no Universo. Assim
e só assim, pode o Universo estar em paz pela eternidade, pois
o objetivo total do plano da redenção abrange a erradicação
total do pecado e do pecador não arrependido.
207

Capítulo 25

LIBERALISMO

E
nquanto estudávamos na Universidade de Sidney,
durante o fim dos anos 50, fomos pela primeira vez
confrontados com os conceitos de liberalismo. Tendo
crescido em um ambiente bem protegido de um devoto lar
Adventista e tendo, após a quarta série, frequentado apenas
uma escola e universidade Adventista do 7º Dia, nós ficamos
não pouco chocados pelos conceitos imorais que estavam sendo
expostos pelos membros da sociedade liberal. Nosso choque
não foi tanto pela imoralidade em si, pois já estávamos bem
cientes de sua existência, mas pelo aberto escarnecimento e
proclamação da “justiça” de sua causa. Até aquele momento, em
nossas vidas, achávamos que aqueles que estavam absorvidos
em tal comportamento seriam pelo menos sensíveis o suficiente
para permanecerem em silêncio acerca dele.
Com certeza, nos últimos 25 anos, uma revolução tem ocor-
rido, a qual tem varrido quase toda aparência de moralidade,
exceto pelos Cristãos mais profundamente devotos. Em um
levantamento de 1987, do Jornal USA Today, foi descoberto que
apenas 6% das noivas abaixo de 25 anos eram noivas virgens;
entretanto 35% das mulheres acima de 40 anos casaram vir-
gens. (USA Today, 7 de agosto de 1987). Se mulheres acima dos
60 anos tivessem sido pesquisadas, a porcentagem teria sido
mais alta, e acima dos 80 anos de idade, muito mais alta ainda.
Tais revelações teriam sido alarmantes há uma geração atrás,
mas dificilmente causa sequer um levantar de sobrancelha na
permissiva sociedade de hoje.
Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia fosse marcadamente dife-
rente, que testemunho seria ela para o mundo! Mas, tristemente,
cada problema moral no mundo é encontrado hoje na Igreja.

207
208 GUARDIÕES DA FÉ
Desde sexo pré e extra-marital a masturbação, homos-sexu-
alismo, lesbianismo, incesto, bestialidade, divórcio e abôrto.
Nós dois temos a dizer que, em muitas destas questões, temos
conhecimento, de primeira mão, dessas formas de imoralidade
não só na vida de membros da Igreja, mas também nas vidas
de um significante número de homens chamados para serem
obreiros e pastores na Igreja.
Não há dúvidas de que satanás está diringindo seus desespera-
dos ataques, em especial, aos membros da Igreja de Deus, mas
seus esforços são bem mais intensificados contra aqueles que
foram chamados para a liderança, sabendo muito bem que,
ao comprometer a fibra moral de ministros e líderes, terá duas
grandes conseqüências:
1- Paralizar o ministro a fim de que ele não possa pregar o
testemunho direto nem reprovar em amor todos aqueles que
tenham caído.
2- Desencorajar sua igreja e família quando o seu mau caminho
é descoberto.
De alguma forma, com o declínio nos padrões morais do mun-
do, parece que o povo de Deus se tornou satisfeito em ser “um
pouco melhor” do que o mundo. Que glorioso momento seria
este na Igreja de Deus se seus membros estivessem a permitir
aO Senhor possuir suas vidas por completo, a fim de que Cristo
pudesse vesti-los com a justiça de Sua pureza!
Em muitos pontos nós temos uma “questão do ovo ou da gali-
nha”. Foi a quebra dos padrões morais na Igreja, que levou ao
repentino alcance dos conceitos da nova teologia de Agostinho,
ou foi o abraçar esses erros satânicos, que levou à quebra da
moralidade dentro da Igreja? Consideramos que tenha vindo
de ambas as formas, mas vemos que a mais profunda questão
é que um maior segmento da Igreja deixa-se arrastar para lon-
ge da verdade dA Palavra que sustém a própria existência de
Seu povo. Em assim fazendo, temos nos separado da origem
dO Divino Poder. Não pode haver nenhuma santificação sem
a verdade:

Santifica-os na verdade, a Tua palavra é a verdade. ...E por


causa deles Eu Me santifico, para que eles também possam ser
LIBERALISMO 209

santificados através da verdade. (João 17: 17,19).


Mas, alarmante como a imoralidade seja, quão mais alarmante é
a desculpa de tais degenerativos pecados dentro da Igreja! Hoje,
o “amor” é não só a citada recompensa do Cristianismo, mas é
a plataforma pela qual toda admoestação e disciplina Cristã é
tornada irrelevante, sem efeito e mesmo pecaminosa.
Colin lembra-se bem de quando pregou em uma igreja que havia
perdido seu pastor, por causa da imoralidade e embriaguez dele.
Foi porém trágico; o mais alarmante foi que muitos membros
estavam indignados de que a Associação demitisse esse pastor.
Eles tinham se alegrado em receber suas pregações suaves e sua
posição de “não julgar”, e com raiva perguntaram: “A Associação
não tem misericórdia?” Enquanto declaravam que “amorável e
carinhoso” pastor ele era. Tão freqüente como acontece agora,
aquele que cometeu tamanho erro é apoiado, enquanto os que
tem de tomar uma ação de disciplina recebem ataques e são
alvo de murmuração.
Acreditamos que a imoralidade (como está associada à perda da
entrega a Deus e Sua Palavra) é a maior e singular causa do fato de
grande número dos ministros deixarem o ministério a cada ano. De
forma franca nos assombramos de quantos adúlteros, homossexuais
e pessoas envolvidas em incesto não são investigados a fim de que
mantenham seus impotentes ministérios na Igreja. Podemos asse-
gurar que quase todos esse ministros são erradamente tidos como
muito amorosos e compreensivos por aqueles cujos ouvidos estão
ansiosos de ouvir desculpas para suas próprias vidas pecaminosas, e
apegarem-se a falsas esperanças de vida eterna para os que persistem
como pecadores.
A questão do adultério tem graves implicações nas tragédias de
divórcio e ré-casamento, tão prevalecentes na Igreja. Nenhuma dire-
tiva humana pode mudar as inegáveis afirmações das Escrituras.
Cristo reprovou bases liberais para o divórcio quando afirmou:
Foi dito: aquele que abandonar sua mulher dê a ela uma carta de
divórcio. Mas Eu vos digo: aquele que abandonar sua mulher,
salvo por causa de fornicação, a exporá a cometer adultério;
e aquele que casar com a divorciada comete adultério. (Ma-
teus 5:31,32).
210 GUARDIÕES DA FÉ
Disseram a Ele: Por que Moisés então mandou dar uma carta
de divórcio e repudiá-la? Ele disse-lhes: Moisés, por causa da
dureza de vossos corações, aturou que repudiásseis vossas
esposas, mas não foi assim desde o princípio. E eu vos digo
que aquele que deixar sua esposa, exceto se é por fornicação,
e casar com outra, cometeu adultério; e quem casou com a
que foi deixada cometeu adultério. (Mateus 19:7-9).

Muitos pastores hoje não tem disposição para apresentar


esses testemunhos com clareza. Há ainda aqueles que permitem
seus próprios simpatizantes os influenciarem a dar autoridade
“eclesiástica” para divórcios e ré-casamentos não-escriturísticos.
Nós temos conhecido casais insastifeitos, a “pesquisar”, ron-
dando até encontrarem um pastor que condescenda com seu
pecado em divórcio e ré-casamento.
Até meados de 1950, os padrões da Igreja eram claros: apenas
em caso de adultério, poderia um cônjuge ré-casar e manter-
se como membro da Igreja, isso se ele ou ela fosse inocente de
qualquer infidelidade. Sob pressão, temos assistido à mudança
de princípios Bíblicos, mas isso não muda a segura Palavra de
Deus. Alguns tem sido bastante audazes em solicitar proemi-
nentes cargos na Igreja, após trazerem aberta vergonha sobre
eles e sobre a Igreja. Tal audácia comumente grangeia apoio ao
requerer amor e simpática compreensão, quando na realidade
eles precisam é de arrependimento, confissão e abandono de
seus pecados. A Igreja torna-se impotente em fazer a obra para
a qual Deus a chamou. Os muitos esforços dos finados Drs. Roy
O. e Maguerite Williams, em alertarem os líderes quanto ao erro
de liberalizar o divórcio e o casamento pelo Manual da Igreja,
falharam em ceifar a necessária reforma.
Pastores! Devemos nos levantar na Palavra! Dezenas de
milhares de cônjuges e crianças tem sido colocados em risco
eterno, pela imoralidade de muitos que estão, com audácia,
reivindicando o direito à membresia e oficialato da Igreja. Ape-
sar de impopular como possa ser, Deus nos chama para nos
levantarmos contra isso.
O pastor que com fidelidade apresenta o Testemunho Direto
dA Testemunha Fiel e Verdadeira, enfatizando-o em sincera pre-
LIBERALISMO 211

ocupação e em verdadeiro amor condena os pecados do povo


de Deus com muita freqüência e tais pecados sempre “fogem”
de sua igreja. Ah, Elias e Moisés hoje! Essa timidez e indulgência
de pastores é responsável por muito da impotência da Igreja:

Se a presença de um Acã foi suficiente para enfraquecer


todo o acampamento de Israel, podemos nós nos
surpreendermos no pequeno êxito que acom-
panha nossos esforços, quando toda igreja e
quase toda família tem o seu Acã? (5T, 157).

Porque muitos estão perdendo de vista o aborrecimento com


o qual O Santo Deus olha para o pecado, resumidamente revi-
saremos o conselho de Deus sobre muitos desses pecados.
A fornicação está excessiva na Igreja de Deus. Colin ficou abis-
mado quando a preceptora de mulheres de uma das universida-
des onde ele trabalhou confidenciou-o que aproximadamente
8.070 (oito mil e setenta) de todas as garotas tiveram relações
sexuais antes de entrar na Universidade. Poder-se-ia afirmar que
havia um correspondente número de rapazes assim envolvidos.
A tragédia não está apenas no pecado, apesar de que em grande
parte está, mas também no dano causado, desequilíbrio emo-
cional, sentimento de culpa, rebaixamento da auto-dignidade,
diminuição na probabilidade de que um subseqüênte casamen-
to tenha êxito. Enquanto ele estava falando para jovens em uma
reunião campal sobre esses temas, duas amáveis garotas de 17
anos de idade agradeceram-no por “falar-lhes como realmente
é”. Então seguiu-se uma trágica declaração: “Nem nossos pais,
nem nossos professores tem instado conosco.” Alguns tem dito
que a fornicação não é má, mas a Bíblia declara que fornicadores
(não confessados e não abandonados os pecados, é claro) não
entrarão no Reino dos Céus:

Sendo cheios de toda injustiça, fornicação, impiedade, cobiça,


malícia, repletos de inveja, assassinato, discussão, trapaça,
malignidade, cochicheiros, ...os quais, conhecendo o juízo de
Deus, que os que cometem tais coisas são dignos de morte,
não só as praticam mas tem prazer naqueles que fazem o
212 GUARDIÕES DA FÉ
mesmo. (Romanos 1:29,32, grifo nosso).

Agora as obras da carne são manifestas, as quais são estas: adulté-


rio, fornicação, impureza, lascívia, inveja, assassinato, embriaguês,
orgia e coisas semelhantes; das quais eu vos falo de prévio, como
também já vos disse em tempos passados, que aqueles que pra-
ticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus. (Gálatas 5:19-21,
grifo nosso).

O problema do adultério é epidêmico na Igreja de Deus.
Homens e mulheres carnais com mentes não-regeneradas estão
desejando a luxúria como os pagãos. Alguns ainda inflamam
sua sensualidade com revistas pornográficas e filmes. Ficamos
aterrorizados ao saber que um presidente de Associação teve
que admoestar alguns dos ministros de sua Conferência, entre
outras coisas, por alugarem filmes execráveis para seus vídeos, e
por freqüentarem cinemas públicos. Como ministros, todos nós
sabemos muito bem que temos de guardar as entradas da alma.
É uma abominação que o povo de Deus seja complacente com
essas práticas, mas, quão mais abominável é que um escolhido
ministro do evangelho esteja assim envolvido. Nós devemos ser
puros e estar acima de toda falta. As advertências das Escrituras
a respeito de adultério são claras:

Além do mais, não te deitarás carnalmente com a mulher


de teu próximo para te contaminares com ela. (Lev. 18:20).
Não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos
enganeis; nem fornicadores, nem idólatras, nem adúlteros,
nem efeminados, nem os que abusam de sí mesmos com
homens [sodomitas]. (I Cor. 6:9, grifo nosso).

Não sabeis que vossos corpos são os membros de Cristo? Pegarei


eu então os membros de Cristo e os farei membros de uma pros-
tituta? Deus proíbe. (I Cor. 6:15).
Repudiamos o impudente atentado de abomináveis práticas
homossexuais serem aceitas como apropriadas entre membros
da Igreja de Deus. Seu objetivo é obter a aceitação da Igreja para
LIBERALISMO 213

aqueles que continuam nessas práticas. Deus, entretanto, reservou


para essa prática uma de Suas mais fortes condenações:

Não te deitarás com um homem, como com uma mulher; é


abominação. (Lev. 18:22; grifo nosso).
Se um homem deitar-se com outro homem, como ele se
deita com uma mulher, ambos cometeram uma abominação:
com certeza serão mortos, seu sangue será sobre eles. (Lev.
20:13; grifo nosso)
Não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus?
Não vos enganeis: nem fornicadores, nem idólatras, nem
adúlteros, nem efeminados, nem os que abusam de sí mes-
mos com homens [sodomitas]. (I Cor. 6:9; grifo nosso).

Sabendo isto, que a lei não é feita para um homem justo,


mas para os sem-lei e desobedientes, para os irreverentes e
pecadores, para os ímpios e profanos, para os assassinos de
pais e assassinos de mães, para os homicidas, para os devas-
sos, para aqueles que contaminam-se com homens, para os
ladrões, para os mentirosos, para os perjuros, para qualquer
outra coisa que seja contrária à Sã Doutrina.
(I Tim. 1:9,10; grifo nosso).
E, da mesma forma, também os homens, deixando o uso
natural da mulher, inflamaram-se em sua sensualidade uns
para com os outros, homem com homem, cometen-
do aquilo que é vil e torpe e recebendo em sí mesmos a pe-
nalidade devida ao seu erro. (Romanos 1:27; grifo nosso).

Apesar de estarmos sempre dispostos a ajudar homossexuais


a descobrirem a resposta de Deus a seu pecado, não podemos
porém deixar de lutar com todas as nossas forças contra essa
proposital tendência de destruir o conselho e as advertências
de Deus.
Talvez o mais repulsivo esforço de infundir a imoralidade na
Igreja remanescente tenha sido através da questão do abôrto.
É verdade que aqueles que vivem a vida de Cristo nunca se
214 GUARDIÕES DA FÉ
colocarão em uma posição onde eles tenham de considerar o
abôrto. Mas o que temos a dizer para aqueles cujo pecado leva
a uma gravidez em desacordo com o conselho de Deus, é que
eles não acrescentem pecado ao pecado envolvendo-se em
um abôrto. Estamos abismados com o inacreditável ativismo
dos pró-abortistas dentro da Igreja de Deus. Parece que alguns
o tem defendido porque a Igreja Católica o condena. Outros o
tem defendido porque eles erradamente o vêem como uma
questão de Igreja/Estado. Outros ainda dizem que isso é uma
questão de escolha. Isso é o mesmo que matar um adulto, furtar
e adulterar.
É importante notar quão precioso é o pré-natal para Deus.

Ouví-me ó ilhas, de longe: O Senhor me chamou desde o ú-


tero; das entranhas de minha mãe Ele fez menção de meu
no- me. (Isaías 49:1).

Antes que Eu te formasse na barriga Eu te conheci; antes


que tú saísses do ventre Eu te santifiquei e te ordenei
um profeta para as nações. (Jeremias 1:15).

Pois ele será grande aos olhos dO Senhor, e não beberá vi-
nho nem bebida forte; e ele será cheio dO Espírito
Santo já desde o útero de sua mãe. (Lucas 1:15)

Vossos olhos viram minha substância ainda estando im-


perfei- ta; e em Vosso livro todos os meus
membros foram escritos, os quais na continuação
foram formados, quando ainda ne- nhum deles
havia. (Salmo 139:16).

Alguns tem dito que a Bíblia e o Espírito de Profecia são si-


lentes quanto a este assunto. Se essa afirmação fosse verdade,
ainda assim seria uma base muito pobre para apoiar a destrui-
ção de um pré-nascido. Mas, no passado, o crime de abôrto era
considerado tão repulsivo que pouco necessitou ser dito. Ainda
assim, através de nossas páginas denominacionais, houveram
fortes advertências contra esta calosa e insensível prática:
LIBERALISMO 215

A profissão médica tem tomado uma nobre posição. As desolações


tem se tornado tão aterrorizantes que, como guardiões da vida
humana, eles são compelidos a assim fazerem e a sociedade
tem um débito de gratidão para com o Dr. H. R. Storer, de
Boston, em especial por seus poderosos argumentos, lúcido
levantamento de fatos, investigações pacientes e eloqüentes
e sinceros protestos. Entre seus escritos sobre este assunto
[abôrto], a pequena obra intitulada “Por Que Não?” é um livro
para todas as mulheres, e eu desejo que cada mulher possa
lê-lo. Mas a profissão médica não pode deter o mal, e eles
me dizem que precisam e devem ter a força moral de boas
pessoas para se somarem a eles.

Aos olhos de Deus é assassinato proposital. A matança proposital
de um ser humano em qualquer estágio de sua existência é assas-
sinato. ...A prática é uma guerra direta contra a sociedade humana,
contra o melhor bem do país, contra a ordem familiar, contra
a saúde, a paz, a consciência e a moral, o bem-estar da mãe,
e contra uma criança que poderia, caso contrário, ter uma
existência imortal.

Sinto muito ao saber, de não duvidoso testemunho, que a prá-


tica é muito mais comum entre protestantes do que entre
católicos. (John Todd/ Revista Adventista EUA e Aralto do
Sábado, 25/06/1867, pg.30).
Um dos mais terríveis e ainda um dos mais dominantes pecados
desta geração é o assassinato de crianças não-nascidas. Àqueles
que pensam que isso é um pequeno pecado, lêde Salmos
139:16. Eles verão que mesmo as crianças não-nascidas estão
escritas no livro de Deus. E eles podem ter completa certeza
de que Deus não passará sem notar e pedir contas do assas-
sinato de tais crianças. (U. N. Andrews/ Revista Adventista
EUA e Aralto do Sábado, 30/11/1869, pg.184).
A idéia, sustentada por muitos, de que a destruição da vida fetal
não é um crime até antes que inicie o período dos estí-mulos é
um erro grosseiro e sem base. Nenhuma mudança ocorre no
desenvolvimento do ser humano neste período. O tão cha-
216 GUARDIÕES DA FÉ
mado período dos estímulos é apenas o período no qual os
movimentos do pequenino ser se tornam ativos e vigorosos
o suficiente para atrair a atenção da mãe. Bem antes disso, le-
ves movimentos tem sido feitos e, desde o próprio momento
da concepção, aqueles processos tem estado em operação,
os quais resultam em um completo desenvolvimento do ser
humano, a partir de uma “mera gota de geléia”, uma minús-
cula célula. Tão logo esse desenvolvimento comece, um novo
ser humano vem à existência; em embrião, é verdade, mas
possuido de sua própria individualidade, com seu próprio
futuro [a ser feito e não pré-destinado], suas possibilidades
de alegria, pesar, suscesso, falha, fama e ignomínia. A par-
tir desse momento ele adquire o direito à vida; direito tão
sagrado que, em muitos países, violá-lo é incorrer na pena
de morte. Quantos assassinos e assassinas tem marchado
impunes! Ninguém, senão Deus, conhece a total extensão
desse tão odioso crime. Mas O Perscrutador de todos os
corações conhece e lembra-se de cada um que tenha assim
transgredido, e no dia da prestação final de contas, qual
será o ve-redicto? Assassinato? ASSASSINATO! Assassinato
de crianças! A carnificina dos inocentes, mais cruel do que
a de Herodes, mais a sangue frio do que o assassino da
meia-noite, mais criminoso do que o homem que mata o
seu inimigo, o mais desnaturado, desumano e revoltante de
todos os crimes contra a vida humana. (J. H. Kellogg, M. D.,
Homem a Obra Prima, Companhia de Publicação Medicina
Moderna, Battle Creek, Michigan, 1894, pgs. 423-425).

A posição de Ellen e Tiago White é clara, ao citarem o Dr. P.


Miller, apoiando-o:

Poucos estão cientes da terrível extensão para a qual esse de tes-


tável negócio, essa prática pior que demoníaca é mantida
em todas as classes da sociedade. Muitas mulheres determi-
nam-se a não se tornarem mães e submetem-se ao violento
tratamento, cometendo o crime mais básico, para executar
seus propósitos. E muitos homens que tem mais filhos do que
podem suportar, ao invés de restringir suas paixões, ajudam
LIBERALISMO 217

na destruição dos bebês que eles geraram. (Dr. E. P. Miller,


citado por Tiago e Ellen White, Um Solene Apêlo, Publicadora
Steam, Battle Creek, 1870, pg. 100).

Russell, antes de sua graduação em medicina em 1964, foi


bastante avisado das conseqüências de se executar um abôrto
não-essencial. Foi-lhe ensinado que, se assim fizesse, pegaria
uma sentença de 5 a 7 anos de prisão, com seu nome retirado
para sempre do registro médico New South Wales, e com essa
ação veiculada para todos os maiores registros médicos do
mundo. Hoje, muitos de nossos irmãos Adventistas do Sétimo
Dia tem um padrão de pensamento, sobre a questão do abôrto,
mais baixo do que o do Estado de New South Wales décadas
atrás. Nós nos posicionamos totalmente contra o grande número
de abôrtos permissivos em alguns de nossos hospitais, e clama-
mos à nossa Igreja e seu ministério a tomarem uma verdadeira
posição Bíblica contra esse grave mal.
Colin, como psicólogo e educador e Russell, como médico,
temos visto os lamentáveis resultados psicológicos e emocionais
com aquelas pessoas que tem se submetido a abôrtos. Colin
já teve de ouvir gritos de remorso e ver lágrimas de tristeza e
culpa em muitas ocasiões. Russell tem observado a culpa de 50
anos de uma mulher judia de 81 anos de idade que abortou na
Alemanha Nazista. Sim, o pecado traz trágicas conseqüências.
Partimos da premissa de que ninguém precisa ser con-
vencido da iniqüidade de bestialidade e incesto. Assim, nosso
comentário será resumido. Estamos ainda por encontrar uma
criança, a qual tenha sido exposta a incesto, que não tenha
sofrido muito tempo, talvez por toda a vida, sentimentos de
culpa e stress emocional. Quão tristes e deprimentes são essas
conseqüências! Como pais, devemos guardar e preservar, e não
perverter, os pequeninos que Deus nos tem confiado.
Hoje, em geral, a masturbação é tratada levianamente. O
conselho da irmã White é, com freqüência ignorado, ou mesmo
desprezado. Muitos riem com chacota do conselho de Ellen
White. Mas a Palavra dO Senhor não pode ser posta de lado:

...Ambos, mente e corpo, foram debilitados pelo hábito do


218 GUARDIÕES DA FÉ
abuso próprio. (5T, 91).

Vossos filhos tem praticado abuso próprio até que o sul-


co (traçado) no cérebro tenha sido tão grande, ...suas mentes
tem sido seriamente danificadas. O brilho de um
intelecto juvenil é obscurecido. (2T, 392).

Se ele continuar na prática do vício [masturbação], finalmen-


te se tornará um idiota [deficiente mental].(2T, 402).

Hoje, a ciência moderna está começando a repensar a questão
à luz de recentes descobertas. Há uma crescente preocupação
de que essa “inofensiva exploração” traga sérias conseqüências
emocionais. O Dr. David Horobin da Universidade de Oxford
relaciona o problema a uma deficiência de zinco. Ele afirma:

A deficiência de zinco tem particularmente profundos efeitos no


macho, porque extraordinárias quantidades de zinco são encon-
tradas nos testiculos e na glândula da próstata... A quantidade
de zinco no sêmen é tamanha que uma ejaculacão pode
liberar todo o zinco que pode ser absorvido dos intestinos
em um dia. (David orobin, M.D., Ph.D., Zinco, Vitabooks Inc.,
1981, p.8).

Horobin faz então essas notaveis afirmações:


Nos humanos, entre os mais consistentes efeitos da deficiência
de zinco estão mudanças no humor e no comportamento. Há
depressão, extrema irritabilidade, apatia e até mesmo, em algumas
circunstâncias, comportamento semelhante a esquizofrenia... É
mesmo possível, dado à importância do zinco para o cérebro,
que os moralistas do século 19 estavam corretos quando
disseram que repetidas masturbações poderiam fazer al-
guém enlouquecer! Semelhantemente, os povos longevos
estavam também corretos quando diziam que uma dieta rica
em ostras era necessária para compensar excessiva indul-
gência sexual. (David orobin, M.D., Ph.D., Zinco, Vitabooks
Inc., 1981, p.7,8).

Outra autoridade, o Dr. Carl Pfeiffer, faz a seguinte coloca-


LIBERALISMO 219

ção:
Detestamos dizer isso mas, em uma deficiência de zinco no
adolecente, o excitamento sexual e excessiva masturbação pode
precipitar a insanidade. (Carl Pfeiffer, Ph.D., M.D., Zinco e Outros
Micro-nutrientes, Keats Publishing, Inc. 1978, P.45).

Mas há outra questão. Poucos atos são mais egocêntricos do


que a masturbação, e o egocentrismo está nas raízes de todas
as formas de doença mental, da esquizofrenia à hipocondria.
Consideramos ter definido, sem dúvida, os pecados de al-
guns leitores. Não concluiríamos este capítulo sem dar o Divino
conselho de esperança e perdão ao que deseja a vitória.

Ele voltará a ter compaixão de nós; Ele subjugará as nossas


i- niqüidades, e Tú lançarás todos os pecados deles nas
profun- dezas do mar. (Miquéias 7:19).

Tão longe quanto o leste está do oeste, assim para tão lon-
ge Ele tem removido de nós as nossas transgressões. (Sl.
103:12)

E eles nunca mais ensinarão aos seus vizinhos, nem aos


seus irmãos dizendo: conhecei O Senhor; pois todos
eles me conhe- cerão, desde o menor deles até o maior
deles, diz O Senhor; pois Eu perdoarei suas iniqüida-
des, e dos seus pecados nun- ca mais Me lembrarei.
(Jer. 31:34).
Agora, Àquele que É capaz de guardar-vos de cair, e apresen-
tar-vos sem falta ante a presença da Glória com excedente
gozo. (Judas 24).

Não há portanto condenação para aqueles que estão em


Cris to Jesus, que andam não segundo a carne,
mas segundo O Espírito. (Rom. 8:1).

Se confessamos nossos pecados, Ele É Fiel e Justo para


nos perdoar e limpar-nos de toda injustiça. (I João
1:9).
220 GUARDIÕES DA FÉ
Por isso Ele também É capaz de salvar perfeitamente aqueles
que vem até Deus através d’Ele, visto que Ele vive sempre
para fazer intercessão por eles. (Heb. 7:25).

Por meio de Quem nos são dadas excelentíssimas e preciosas


promessas, que por elas vós podeis ser participantes da
natureza Divina, tendo escapado da corrupção que há no
mundo através da cobiça. (II Pedro 1:4).
O Senhor não está inativo quanto à Sua promessa, ainda que alguns
homens considerem que Sua promessa esteja solta; mas É longâ-
nimo em cuidar de nós, não desejando que ninguém pereça,
mas que todos venham ao arrependimento. (II Pedro 3:9).

Só um ministério puro e santificado pode levar o povo de


Deus à vitória e conclusão de sua missão em todo o mundo. Se
nós resistimos ao poder de Deus para dar-nos a vitória sobre toda
tendência ao mal, hereditária e cultivada, então Deus permitirá
que caiamos pelo caminho e pastores nos quais Ele possa confiar
serão escolhidos para levar o rebanho. Deus não pode confiar o
poder dO Espírito Santo a um povo perverso. Somente àqueles
que permitiram, dia após dia, Cristo dar-lhes a vitória, pode ser
confiado um poder maior do que aquele do dia de Pentecoste.
Somente aqueles santificados pela [obediência à] verdade unir-
se-ão na grande final apresentação do convite às bodas de Deus.
Assim a volta de Jesus é pregada na eliminação de falsos temas
de amor, de forma que o autêntico amor, amor que purifica e
221

Capítulo 26

CLAMA EM ALTA VOZ,


NÃO TE DETENHAS!

A
s palavras proferidas pelo profeta Isaias prendem nossa
atenção:

Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como uma
trombeta e mostra ao Meu povo suas transgressões, e à casa de
Jacó os seus pecados. (Isa. 58:11).
Com certeza essas palavras soam em claros tons a todo ministro
e líder. Não há dúvidas de que satanás esta atacando o ministério
da Igreja de Deus com um fervor e uma paixão jamais vistos.
Nós, ministros ordenados do evangelho, nos pomos em terrível
perigo, a menos que nossas vidas sejam, momento a momento,
escondidas na vida de Jesus Cristo. Perante nós estão as vidas
e destinos eternos de cada membro de nossa Igreja e, de fato,
nossos próprios destinos e de nossas famílias. Nunca houve
um tempo mais difícil do que hoje para ser um fiel ministro do
evangelho. Nunca foi mais difícil clamar em alta voz e não se
deter, e dar à trombeta um sonido certo.
Parece que quase todas as agências da Igreja tem conspirado
contra o fiel ministro que adverte sua congregação da prepa-
ração para a vinda dO Rei. A Igreja está em aterrador perigo
devido às questões de politicagem em seu meio. Pleiteamos com
nossos colegas ministros, obreiros e líderes leigos, a cessarem
com esses métodos mundanos de alcançar poder, prestígio e
posição humana. Com certeza, a politicagem que ronda todos
os níveis de nossa obra é abominável aO nosso Justo e Santo
Deus. Como é possível que homens e mulheres que professam
ser filhos da luz busquem posição humana, incompatível com
221
222 GUARDIÕES DA FÉ
os desígneos de Deus sobre suas vidas e serviço? Podem eles
imaginarem-se de pé no juízo tentando explicar o por que de
terem visado uma posição à qual Deus não os ordenou quando,
na realidade, Ele tinha um ministério muito maior e mais efetivo
para eles cumprirem? Com certeza podemos confiar em Deus
para fazermos todas as coisas de acordo com Seu melhor desejo
e para o maior cumprimento de nosso próprio ministério. Essa
politicagem tem sido fortalecida pela prática mundana de pro-
curar uma grande igreja em cada remanejamento ministerial e
de buscar níveis de responsabilidade na Associação.
Colin lembra-se bem de um incidente que ocorreu quando ele
era presidente da Universidade Índias Oeste, Jamaica. O presi-
dente da liga ministerial de estudantes pediu a um dos oficiais
da União para palestrar sobre o tópico “ Como Alcançar o Topo
Rapidamente”. A resposta do oficial da União foi apreciável: “Você
está no topo quando está onde Deus quer que você esteja.” Com
certeza este princípio é viável para todos os que são líderes e
obreiros na causa de Deus.
Noutra ocasião, quando Colin foi nomeado presidente da Uni-
versidade Columbia Union, ele bem relembra o são conselho
que recebeu de seu deão acadêmico, Dr. Jack Blanco: “Seremos
criticados por fazer o que é certo e seremos criticados por fa-
zer o que é errado; certifiquemo-nos de sermos criticados por
fazermos o que é certo.” Esse é um maravilhoso princípio para
que todos o sigam. Mas hoje encontramos um excessivo medo
de criticismo, por causa das repercussões que a crítica traz. (Esta
confusão está nivelada, não apenas por líderes da Igreja, mas
muitas vezes mesmo por nossos subordinados). Por causa disso
nós, com freqüência, nem tentamos fazer o que é bom nem o
que é mau, preferimos nos manter numa posição neutra, quando
Deus nos está chamando para sermos atalaias sobre os muros
de Sião. De fato, com a tão rápida corrente de apostasia na
Igreja, tal conduta deixa-nos culpáveis perante Deus. A atitude
de ignorar problemas e pregar nada que seja controverso tem
conseqüência devastadora similar àquela de pregar heresias.
Alimentamos nossos crentes de palha ao invés de trigo. Quantas
vezes nós temos ouvido de membros da Igreja a tristre história
de que eles não estão sendo alimentados em suas igrejas. Eles
CLAMA EM ALTA VOZ, NÃO TE DETENHAS 223

nada estão ouvindo de nossas distintivas verdades, porque essas


verdades tem sido julgadas como controversas. Quão diferente
é isso do conselho que Deus nos tem dado!

Há muitas preciosas verdades contidas na palavra de Deus, mas é


da “verdade presente” que o rebanho precisa agora. Eu tenho visto
o perigo de mensageiros fugindo do importante ponto da verdade
presente para demorar em assuntos que não tem o objetivo de unir
o rebanho e santificar a alma. Sa-tanás tomará aqui toda possível
vantagem para prejudicar a causa.

Mas, assuntos tais como O Santuário, em conexão com os


2300 dias, os mandamentos de Deus e a fé de Jesus são
perfeitamente calculados para explanar o Movimento do
Advento passado e qual é a nossa presente posição, estabe-
lecer a fé do duvidoso, e dar a certeza da glória futura. Aquilo
que eu tenho visto com freqüência eram os assuntos sobre
os quais os mensageiros deveriam demorar-se. (PE. 63).

Essa ordem vem de Deus. Nenhum homem legitimamente


pode requerer de um ministro que ele abdique dessa respon-
sabilidade. Se todos os ministros estivessem pregando essas
grandes mensagens no poder de Deus, haveriam muito mais
conversões em nossa Igreja e muito mais almas salvas para
o Reino dos Céus. Nós, como ministros, seremos postos em
condenação no juízo por nossa delinqüência se não seguirmos
esse conselho. Talvez uma das mais terríveis advertências para o
ministro esteja no capítulo intitulado “O Sêlo de Deus”, no quinto
volume dos Testemunhos. Repetimos esta passagem devido à
sua reveladora mensagem:

Nenhum grau de superioridade, dignidade, ou sabedoria


mundana e nenhuma posição no sagrado ofício preservará
homens de sacrificarem princípios, quando deixados a seus
próprios enganosos corações. (5T, 212).

Ainda mais surpreendente é a seguinte declaração:


E aqui nós vemos que a Igreja, o santuário dO Senhor, foi a
224 GUARDIÕES DA FÉ
primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Os homens idosos,
aqueles aos quais Deus deu grande luz e aqueles que se tem
posto como guardiões dos interesses espirituais do povo, tra-
íram a confiança delas. Eles assumiram a posição de que não
devemos procurar por milagres e pela clara manifestação do
poder de Deus como nos dias antigos. Os tempos mudaram.
Essas palavras fortalecem sua incredulidade e eles dizem: “O
Senhor não faz bem nem mal. Ele É muito misericordioso
para visitar o Seu povo em juízo.” Assim, “paz e segurança” é
o clamor de homens que nunca mais levatarão suas vozes
como uma trombeta para para mostrar ao povo de Deus suas
transgressões e à casa de Jacó os seus pecados. Esses cães
mudos que não latirão são os que sentem a justa vingança de
um Deus ofendido. Homens, donzelas e pequenas crianças,
todos perecerão juntos. (5T, 211).

Apelamos aos nossos colegas ministros e líderes de igreja a


contemplarem solenemente os desafios que Deus nos dá aqui.
Ignorar os problemas na Igreja e pregar paz e segurança não
são as atitudes daqueles que amam sua membre-sia. Tolerar o
pecado não é amor, mas um terrível descumpri-mento do dever.
O verdadeiro amor é custoso. Ele sinceramente busca advertir
contra aquilo que levará à perdição eterna. Ele aponta ao pe-
cado, enquanto acentua o perdão de um Deus de amor que só
Ele pode limpar de toda injustiça e fortalecer todo o que anda
na trilha da verdade e da justiça. Há aqueles que continuam a
proclamar que a verdade divide. Entretanto temos observado
que a verdade nunca dividiu a Igreja de Deus. A verdade ape-
nas aponta aonde os erros já haviam dividido a Igreja. Assim
foi no Céu. Deus não causou divisão e rebelião entre os anjos;
foi satanás quem o fez. Mas Deus Foi culpado pelo problema e
satanás reivindicou que Ele era arbitrário e injusto.
Aqueles pastores e líderes que afirmam que aqueles que
estão pregando a verdade estão trazendo divisão para dentro da
Igreja são eles próprios os criadores de divisão. É bem conhecido
que através das eras os tão chamados movimentos liberacionis-
tas tem desestabilizado países, economicamente, socialmente
e politicamente, e então reinvin-dicado ter a solução para os
CLAMA EM ALTA VOZ, NÃO TE DETENHAS 225

problemas que eles próprios criaram na nação. Mas o resultado


final de tais movimentos é a opressão. Assim é dentro da Igreja
de Deus.
Aqueles que trazem falsas teorias para dentro da Igreja e que
apresentam doutrinas que deliciam e fazem titilar a imaginação
dos ouvintes, esses são os desestabilizadores da Igreja. Eles
reivindicam ter as respostas para os problemas da Igreja mas,
ao invés disso, eles trazem consigo a morte e a destruição.
Como ministros do evangelho temos que admitir aberta-
mente que a Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje é uma casa
dividida. Não pode ela mais ser vista como um corpo unificado
estabelecido sobre a pura verdade de Deus. Precisamos reconhe-
cer que estamos em uma guerra civíl. Sabemos que guerras civís
são guerras sangrentas e que a carnificina da terrível e violenta
batalha na Igreja Adventista do Sétimo Dia será tragicamente
alta. Mas nenhuma Suiça [País Neutro] pode haver nessa guerra.
Ou nos posicionamos no exército de Deus, ou no exército de
satanás. Se não estamos por Cristo estamos contra Ele. Se não
nos levantamos por Sua verdade, nos levantamos pelo erro. Se
não advertimos as pessoas, somos responsáveis por levá-las à
destruição eterna.
Durante a Segunda Guerra Mundial o infame traidor no-
rueguês, Vidkun Quisling, colaborou com os nazistas. Ele argu-
mentou em seu julgamento que seu único objetivo foi salvar a
Noruega do derramamento de sangue. Mas isso não o ajudou,
ele foi executado em novembro de 1945. Nem também ajudou
aos líderes do governo francês, Marshall Petain e Pierre Laval.
A vida de Laval findou em execução, o que teria sido também
para Marshall Petain, não fosse por sua idade avançada, o qual
gastou seus últimos anos de vida em ignomínia na prisão.
Deve haver muitos hoje que afirmam estar em permanente
silêncio na esperança de manter a paz e a unidade em suas igre-
jas. Mas isso não ajudará no juizo porvir. Sabemos que Deus Será
Vitorioso e que Sua Igreja triunfará. Diferente de Laval, Petain e
Quisling, nossa vitória está assegurada. Sabemos do resultado
dessa grande guerra. Agora é o tempo para cada um de nós se
levantar em seu posto do dever; dar a mensagem da verdade
com um sonido de autenticidade ao nosso povo, preparando-
226 GUARDIÕES DA FÉ
o para a grave crise à frente. Com lágrimas e oração, devemos
trazer perante nosso povo a solenidade das mensagens que
Deus nos confiou.
Agora é chegado o tempo de reverter a mudança de visão da
ortodoxia em nossa Igreja. Temos concordado em fazer hesitar
quase todos os estandartes da Igreja. Temos permitido que a cla-
reza da verdade seja obscurecida e nosso povo seja confundido
e, em muitos casos, se tornem vítimas inocentes das incursões
de satanás sobre suas vidas. Na era Cristã os discípulos foram
acusados de virar o mundo de cabeça para baixo. Contudo o
que eles fizeram foi, na verdade, desvirar o mundo para o lado
certo. Aqueles ministros e líderes que aceitarão o desafio de
ministrar a verdade de Deus também serão acusados de virar a
Igreja de cabeça para baixo, mas esse é o único caminho para
que a Igreja seja desvirada de volta à posição correta, afim de
que esteja preparada para encontrar O Senhor e pronta para a
vinda dO Rei.
Reconhecemos totalmente que nós mesmos somos fracos e
falíveis, e que muitas vezes temos falhado em dar à trombeta o
sonido certo; que nem sempre temos sido fiéis atalaias sobre os
muros de Sião. Na verdade, mais do que cuidar em reconhecer,
temos é que vir perante O Senhor e confessar nossas fraquezas,
nossa timidez e nosso fracasso em nos pôrmos de pé ainda que
os céus caiam.
Enquanto oramos por nossos colegas ministros, nossos
líderes de igreja, e todos aqueles dados a responsabilidades
na obra de Deus, pedimos vossas orações em nosso favor para
que, juntos, possamos permanecer fiéis, para que através do
poder de Cristo possamos não ser movidos de nosso dever, in-
dependente das circuntâncias que se apresentem. Como líderes
nomeados por Deus, queremos ser fiéis à comissão que nos foi
confiada. Que possamos ser responsáveis por levar multidões
à comunhão com Cristo, prontas a proclamá-lO como seu Rei e
a serem conduzidas na dispensação da eternidade.
CLAMA EM ALTA VOZ, NÃO TE DETENHAS 227
G-228 Glossário - Guardiões da Fé

Glossário - Guardiões da Fé
As seguintes defini`cões nem sempre serão defini`cões popu-
lares, mas elas representam a maneira que cada termo è usado
neste livro.

Intelectualismo - O conceito de que a razão ou o intelecto


umano vem antes de, e è dominante sobre, a Divina revelacão.
A simplicidade do evanelo e perdida e a fe e neada.
Glossário - Guardiões da Fé G-
G-230 Glossário - Guardiões da Fé
231
232 GUARDIÕES DA FÉ
233
234 GUARDIÕES DA FÉ
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236 GUARDIÕES DA FÉ
237
238 GUARDIÕES DA FÉ
239
240 GUARDIÕES DA FÉ

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