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Guardiões Da Fé - Collin Standish
Guardiões Da Fé - Collin Standish
GUARDIÕES
DA FÉ
Colin D. Standish
Presidente
do Instituto Hartland.
Russell R. Standish
Diretor de Saúde, Temperança e Espírito
de Profecia do Departamento de Educação
da União Sudeste da Ásia.
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado a dois homens que podem verda-
deiramente ser descritos como Guardiões da Fé. Em um tempo
de grande crise dentro da Igreja de Deus, eles se levantaram e
posicionaram-se ao lado da verdade.
Esses dois homens, como pastores do rebanho de Deus,
encabeçaram o chamado por reavivamento e reforma dentro
da Igreja Adventista do Sétimo Dia durante o começo e meados
dos anos setenta. Sua apresentação dos princípios bíblicos de
justificação pela fé iluminaram muitos e enfureceram outros.
Tivessem eles recebido total apoio de seus colegas líderes e
pastores, Deus poderia ter levado Sua Igreja, naquele tempo,
triunfantemente rumo ao Reino dos Céus. Em profundo respeito
este volume é dedicado a:
ÍNDICE
CAP. TÍTULO
PÁGINA
1 O Dilema Ministerial
2 O Ministério
3 O Problema
4 Expectativas Divinas
5 Intelectualismo
6 Evangelicismo
7 Ecumenismo
8 Pluralismo
9 Relativismo
10 Existencialismo
11 Humanismo
12 Secularismo
13 Hedonismo
14 Materialismo
15 Pentecostalismo
16 Clericalismo
17 Futurismo
18 Institucionalismo
19 Separacionismo
20 Paternalismo
21 Imperfeccionismo
22 Criticismo
23 Feminismo
24 Universalismo
25 Liberalismo
GUARDIÕES DA FÉ
Capítulo 1
O DILEMA
MINISTERIAL
O
quadro a seguir não está baseado em uma experi-
ência específica, mas ressalta o dilema do jovem mi-
nistro no trabalho de Deus hoje. Um jovem, recém-con-
verso à fé adventista, como muitos, deseja ser treinado para o
ministério. Seu coração arde por causa da grande mensagem
que pulsa em seu ser. Então dedica sua vida a ser um ministro do
evangelho. Rapidamente, e com grande entusiasmo, matricula-
se no departamento teológico de uma faculdade Adventista do
Sétimo Dia. Como muitos recém conversos Adventistas do Séti-
mo Dia, estudou amplamente a mensagem do Advento e como
resultado está mais informado do que muitos que têm estado
há décadas na Fé. Ainda muito entusiasmado ele se achega às
classes bíblicas, mas apenas para constatar que alguns de seus
professores não mais compartilham de sua convicção na au-
tenticidade da mensagem do Advento. Estes professores, uma
vez tendo sido estudantes em seminários teológicos do mundo,
ousaram trazer suas crenças aberrantes para a instituição onde
trabalham e estão sendo agora usados por Satanás para dou-
trinar as novas gerações de ministros em uma “fé” defeituosa.
Anos de experiência lecionando afiaram os argumentos desses
professores e muitos alunos em suas aulas são como ovelhas
levadas ao matadouro diante dos argumentos persuasivos de
um professor muito experiente. Além do mais, a maioria dos
estudantes está propensa a aceitar a palavra de um homem que
detém em suas mãos suas notas acadêmicas.
O professor, em algumas aulas, utiliza a técnica desestabilizado-
7
GUARDIÕES DA FÉ
ra de levantar dúvidas acerca da veracidade de algumas porções
das Escrituras. Ele não só não oferece solução para os aparentes
problemas bíblicos, mas ao invés disso, deixa o estudante com a
nítida impressão de que tal resposta não existe e que, em algu-
mas esferas, a Bíblia não é confiável.
Este jovem não se deixa enganar. Ele percebe os erros de seu
professor. Após o choque inicial, ele procura de modo cuidado-
so mostrar que o professor está apresentando crenças que não
estão em harmonia com a Fé Adventista como se acha na Bíblia.
A princípio suas objeções em sala são tratadas amavelmente. No
entanto, o professor logo se torna irritado com essas interrupções
e desafios à integridade daquilo que ele está ensinando. Até mes-
mo muitos estudantes na turma compartilham a preocupação do
professor, pois, não tendo o preparo deste jovem, consideram-no
uma influência negativa para a turma.
Finalmente, o professor o chama a seu escritório e dá-lhe um
“sábio” conselho. O professor lhe diz: “você é um estudante pro-
missor e pode fazer uma grande obra para Deus, mas não se
esqueça: você veio para a faculdade para aprender com aqueles
que possuem uma experiência e formação superiores à sua.”. O
jovem, ainda que respeitosamente, tenta explicar sua posição ao
professor. O professor, todavia, aproveita-se de sua juventude e
inexperiência na Igreja. Insinua, mais adiante, que o evangelista
que o batizou não era na verdade um erudito. O jovem agora está
mais cuidadoso em classe. Já não se manifesta com freqüência,
mesmo quando está profundamente transtornado pelos ensinos
questionáveis de seu professor. No entanto, com freqüência,
discute esses assuntos com seus companheiros que, em sua
maioria, mostram-se não simpatizantes ao seu ponto de vista.
O professor ainda sente que o jovem é um “agitador” dentro
da classe e mais uma vez aconselha-o. Com honestidade, este
jovem tenta trazer a lume os princípios da Verdade em seu
exame final e nas provas escritas, apenas para receber de seu
professor notas baixas e até reprovações. Ele agora enfrenta
uma crise e um dilema. Está convicto de que foi chamado para
o ministério, contudo percebe que a realização deste sonho
está em grande parte nas mãos de seus professores. Eles não
apenas são seus instrutores, mas também são os que o gradu-
O DILEMA MINISTERIAL
Capítulo 2
O MINISTÉRIO
Nós crescemos com um idealizado conceito do ministé-
rio, devido em grande parte à alta consideração que nossos pais
tinham pelos ministros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para
nós era como se todo pastor tivesse, por assim dizer, um pé no
Céu e outro quase lá. Dificilmente entraria em nossas mentes se-
quer a possibilidade de existir qualquer pastor que não estivesse
totalmente compromissado com Deus, com a mensagem da
igreja remanescente ou que não estivesse inquestionavelmente
preparado para o reino do Céu.
Era sem dúvida em grande parte devido a esta asso-
ciação que, durante nossos anos na Faculdade de Avondale,
afastávamos qualquer idéia de seguir o curso teológico. Esta
visão sagrada do ministério era reforçada pela visita regular à
nossa igreja local dos estudantes de teologia de Avondale. A
qualidade, dedicação e talentos desses jovens contrastavam
com a nossa não total entrega ao Senhor.
Talvez o alge de nossa visão idealista do ministério
ocorrera quando, quase que anualmente, tínhamos visitantes
da Associação Geral em nossas campais. De algum modo nos
parecia que pregavam semelhantes ao anjo Gabriel, quando
apresentavam as mensagens relativas à conclusão da obra de
Deus. A convicção da mensagem de Deus e da Segunda Vinda
de Cristo vibravam em nossos ouvidos juvenis.
De certa forma desejamos ter podido conservar aquela
visão idealista do ministério. Hoje, o ministério, à semelhança da
membresia, encontra-se em profunda divisão tanto na prática
Cristã como na compreensão das doutrinas.
Na verdade, recentemente, fomos informados de que
presidentes de Associação, de ambos os lados do Pacífico, ti-
veram que chamar a atenção de seus obreiros por vestirem-se
12
O MINISTÉRIO 13
Capítulo 3
14 GUARDIÕES DA FÉ
O PROBLEMA
Capítulo 4
EXPECTATIVAS
DIVINAS
A
palavra de Deus enfatiza que muito maiores expec- tativas
são postas sobre os que aceitam a responsa- bilidade
de liderar, do que sobre o próprio rebanho. Os profetas
Jeremias e Ezequiel apresentaram as Divinas exigências aos
clérigos e pastores do rebanho e, com clareza, delinearam as
trágicas conseqüências de serem pastores infiéis.
Capítulo 5
INTELECTUALISMO
O
s problemas de intelectualismo são complexos.
Deus quer uma inteligente compreensão d’Ele,
de Sua palavra e de Sua salvação. Ele não fica satisfeito com
uma compreensão superficial e nem com um povo ignorante. Jesus
enfatizou esta verdade quando Ele nos admoestou, em João 5:39,
a pesquisar as Escrituras. Paulo diz:
de Deus:
Capítulo 6
EVANGELICISMO
E
streitamente associado a essas crenças intelectuais tem
sido o ataque do pensamento evangélico dentro da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os conceitos de protes-
tantismo do movimento evangélico tem alcançado medonha
vantagem em nossa Igreja. Nós resistimos de todos os lados
contra os erros do evangelicismo porque eles tem suas raízes
profundamente encravadas no paganismo e catolicismo. Poucas
pessoas compreendem a origem do movimento evangélico.
Eles, com freqüência, vêem-no como uma extensão da Grande
Reforma do século XVI. Mas não é assim. Muitas vezes nós ouvi-
mos dentro de nossa Igreja chamados a voltar para a mensagem
da Reforma, esquecendo que a verdade:
Portanto, aquele que sabe fazer o bem e não o faz, nisso está
pecando. (Tiago 4:17, grifo nosso).
Este verso só confirma a declaração de Jesus, na qual Ele nos
assegura que:
Pois o que a lei não poderia fazer, naquilo que ela era fraca atra-
vés da carne, Deus, enviando Seu próprio Filho na se-melhança
de carne pecamionosa e pelo pecado, condenou o pecado na
carne. (Romanos 8: 3).
Portanto, aquele que sabe fazer o bem e não o faz, nisto está
pecando. (Tiago 4:17).
E os dias de sua ignorância Deus não levou em conta; mas agora,
dirige todos os homens, de todos os lugares ao arre-pendimen-
to. (Atos 17:30).
Jesus lhes disse: se vós fosseis cegos, não teríeis pecado; mas
agora vós dizeis: nós vemos. Portanto o vosso pecado perma-
nece. (João 9:41).
Se Eu não tivesse vindo e lhes falado, eles não teriam peca-do;
mas agora eles não tem como encobrir seus pecados. (João
15:22).
Pois, se nós pecamos intencionalmente após termos rece-bido o
conhecimento da verdade, não resta mais sacrifício por pecado,
...(Heb.10:26). [Verso suprido pelo tradutor].
Quando entendemos esta definição de pecado, descobrimos
que a Bíblia está repleta de declarações após declarações do
poder de Cristo para restaurar um caráter perfeito em uma
46 GUARDIÕES DA FÉ
natureza danificada pelo pecado.
Capítulo 7
ECUMENISMO
N
ó s c rescemos em uma época de polaridade
Cristã. Havia ainda uma forte demarcação entre pro
testantismo e catolicismo e entre protestantes mais
fundamentalistas e aqueles de princípios mais liberais. Mas rapi-
damente as fronteiras estão se tornando indistintas. Embora não
apoiemos muitas das retóricas polêmicas das gerações passadas,
no entanto, apoiamos com vigor a diferenciação Escriturística e
do Espírito de Profecia entre a verdade e o erro.
Vivemos hoje em um clima diferente. Quando éramos jovens,
o Papa Pio XII governava tanto o Vaticano como a Igreja Católica.
Era um homem inteligente, porém era um homem facilmente
suspeitável. Mesmo entre os católicos, havia desconfiança con-
siderável. Era suspeito, não sem razão, de grande simpatia para
com a causa nazista de Adolf Hitler. Na verdade, esta suspeita
ganhou considerável crédito pelo fato de ter sido ele, antes de se
tornar Papa, núncio papal na Alemanha.
Possivelmente, mais do que qualquer outra coisa, compreen-
díamos a hostilidade de muitos para com a Igreja Católica, por
convivermos com nosso avô, John Bailey. Apesar de ter nascido
na Austrália, seus pais eram da Irlanda do Norte. Nossos bisavós,
Bailey e Anne Bailey, morreram antes de nascermos. Mas de
nosso avô, reconhecíamos que sua mais forte religião era o an-
ticatolicismo, por que esta era a propensão de nosso avô. Como
um Orangeman ele tinha todo o fanatismo emocional incontido
que hoje vemos no conflito na Irlanda do Norte. Um Orangeman
é um membro da Casa de Orange, uma organização extremista
anticatólica, originária da Irlanda. Este nome vem de Guilherme de
Orange, um rei protestante que reinou como Guilherme III, desti-
tuindo seu sogro, o Rei Tiago II, o último rei católico da Inglaterra.
A Rocha (The Rock), um jornal escrito com fortes elementos
anticatólicos na Austrália, foi talvez a publicação favorita de nosso
48
ECUMENISMO 49
Capítulo 8
PLURALISMO
D
ificilmente poder-se-ia dizer que a Igreja Adventista
do Sétimo Dia começou com uma visão eclética da
verdade. Quando os pioneiros da igreja estudaram a
palavra, oraram e receberam a revelação divina; a certeza da Fé
do Advento e a distintividade de sua mensagem tornaram-se
a marca registrada da intrepidez com a qual tal mensagem era
proclamada. Esses pioneiros não viram espaço para visões diver-
gentes sobre qualquer um dos grandes pilares da fé.
É verdade que freqüentemente Ellen White e outros advertiram
contra se causar grande divisão em áreas de estudo que não fossem
verdades probantes, mas com relação aos pilares fundamentais
da fé, incluindo aquelas doutrinas amplamente distintas para a
Igreja Adventista do Sétimo Dia, eles recusaram fazer concessões
ou permitir desvios dessas verdades. Eles reconheceram que Cristo
É a verdade; que Ele É Aquele que “não muda” e eles não viram
nenhuma razão para incerteza ou interpretações opcionais. Não
havia espaço para visões divergentes com relação às doutrinas
do Sábado, da mensagem do santuário, da lei de Deus, do estado
dos mortos, do juízo, da Segunda Vinda de Cristo, da natureza
humana de Cristo ou a perfeição do caráter cristão, e outros
assuntos claramente fundamentados nas Escrituras.
No clima de ceticismo do século vinte, alimentado pelos con-
ceitos filosóficos da investigação científica, não é mais popular
manter pontos de vista firmes e inequívocos. Considera-se ser
arbitrário e de mente estreita quem assim pensa. O método
científico não permite elementos absolutos, provas finais ou
verdades. Baseados no fato de que não podemos provar hipó-
teses e teorias mas apenas invalidá-las, esta mesma noção tem
sido aplicada à Palavra de Deus. É totalmente inaceitável que
uma metodologia tão arbi-trariamente definida, fosse imposta
à igreja Adventista do Sétimo Dia, com relação às suas doutrinas,
58
PLURALISMO 59
Capítulo 9
RELATIVISMO
A
s incursões do pluralismo abriram a porta para seu
companheiro no erro: o relativismo. Para muitos
Adventistas do Sétimo Dia, o absoluto está tão efetiva-
mente desgastado que é quase impossível para eles pensarem
em outros termos, que não o relativo. Como tantos outros erros,
o relativismo tem elementos esseciais de verdade. É verdade
que a mensagem a ser apresentada ao mundo deve ser uma
mensagem que seja relevante às necessidades contemporâne-
as. Mas nós, como Adventistas do Sétimo Dia, não temos que
conjecturar sobre o conteúdo da mensagem apropriada para
hoje, pois ela está, com clareza, delineada para nós nas pala-
vras da inspiração. Como declarado antes, a mensagem final a
ir para toda nação e tribo e língua e povo é a mensagem dos
três anjos de Apocalipse 14: 6-12, reforçada pelo Alto Clamor
de Apocalipse 18: 1-5.
Tem estado cada vez mais em moda pregar o claro testemunho
da Inspiração em um sentido comparativo, ou relativo. O concei-
to de relativismo está profundamente embutido nas questões
de Ética Situacional. O conceito de ética situacional declara que
a situação é o árbitro de direito e verdade, portanto, não há
leis universais, nem princípios a aplicar a todas as pessoas em
todas as circunstâncias. Nas décadas de 1950 e 1960, a filosofia
da ética situacional ganhou um tremendo impulso. De certo
a ética situacional tem sido uma filosofia por muitos anos e,
tragicamente, através da história, a maioria das pessoas tem
respondido de acordo com as circunstâncias, mais do que com
a Universal Lei de Deus.
A controvérsia da ética situacional atingiu um pico no tão divul-
gado debate entre o Prof. Joseph Fletcher, então professor visi-
67
68 GUARDIÕES DA FÉ
tante de Ética Médica da Universidade de Virgínia e o professor
da Escola Teológica Episcopal filiada da Universidade de Harvard
de um lado, e do outro, o Doutor John Warwick Montgomery,
então presidente da Divisão de História da Igreja, e professor de
História do Pensamento Cristão na Escola de Teologia Evangé-
lica Trindade, em Illinois. O debate aconteceu na Universidade
Estadual de San Diego, em 11 de fevereiro de 1971. Durante o
debate, o Prof. Fletcher fez algumas declarações como:
Capítulo 10
EXISTENCIALISMO
A
ssim como o relativismo provém do pluralismo,
assim também o existencialismo está, de forma in-
trínseca, envolvido no relativismo. É geralmente sugerido
que o filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard foi o
formulador do existencialismo moderno, na primeira parte do
século XIX. Esta revolucionária figura da história protestante
fez mais do que afetar o pensamento de muitos Cristãos de
hoje. A preocupação de Kierkegaard com o significado do
subjetivo tem levado a uma crescente ênfase sobre a primazia
da pessoa na determinação de moralidade e verdade. Alguns
têm sugerido que o existencialismo “Cristão” abrange os nobres
conceitos de relacionamento pessoal com Deus. Enquanto esta
idéia é algumas vezes expressa, a principal linha propulsora do
existencialismo “Cristão” está longe das reivindicações da eterna
Lei de Deus sobre a vida humana.
Por incontáveis gerações, a Cristandade manteve-se unida à
imutabilidade da Lei de Deus como a base de verdade e mora-
lidade. Assim, certo e errado eram com clareza definidos e os
parâmetros de comportamento aceitável eram desde cedo ensi-
nados na vida das pessoas. No século XIX, entretanto, houve uma
mudança marcante em direção oposta à crença nos imutáveis
princípios de Deus, para uma confiança nos costumes sociais. To-
davia, mesmo neste nível de comportamento, havia a tendência
da sociedade em permanecer razoavelmente bem íntegra e da
moralidade, semelhante àquela enunciada na Palavra de Deus,
ser conservada. Mas a semente do desprezo para com a Grande
Lei Moral de Deus foi lançada. Desta forma, na última parte do
século XX, os costumes dominantes têm sido os existenciais, nos
quais a pessoa se torna seu próprio aferidor de certo e errado,
de verdade e erro. Em tempos mais recentes, esses conceitos
76
EXISTENCIALISMO 77
Capítulo 11
HUMANISMO
O
movimento humanista, com suas raízes na Grécia
e na filosofia pagã primitiva, encontrou seu
reavivamento no século VI e teve seu mais recente
ressurgimento no século XX. Ninguém pode negar que o hu-
manismo, visto de forma superficial, sustenta objetivos nobres e
atrativos. Ele está por baixo de muitos movimentos na sociedade
que procuram preservar a dignidade do homem e protegê-lo
contra os abusos das forças tirânicas. Não podemos discordar
desses objetivos. Ele tem tido implicações no movimento ope-
rário, no movimento dos direitos civis, no movimento dos direi-
tos de igualdade, no movimento da anistia internacional e em
muitos outros movimentos que tiveram, no mínimo em parte,
objetivos louváveis e alcançaram muitos objetivos dignos.
De muitas formas o humanismo tem sido uma reação contra
aqueles conceitos das gerações anteriores onde milhões de
indivíduos oprimidos tinham sido forçados a abandonar o valor
da vida aqui, e agora olhar apenas para a vida eterna como uma
resposta à sua pobreza, miséria, opressão e perseguição. No
entanto, o humanismo, oscilando para o outro extremo, ignora
a causa principal da eternidade e afere o homem por si mesmo.
Ao fazer isso ele substitui um mal por outro. Ele tem sido o pre-
cursor das idéias evolutivas defendendo que o homem possui
a capacidade de erguer-se do poço da mais objeta desgraça
para uma posição elevada onde o amor, a unidade e a harmo-
nia reinem. O humanismo dá falsa esperança ao proclamar a
visão de que o homem é capaz de eliminar toda as injustiças e
iniquidades que vemos hoje no mundo. É irônico perceber que
os gregos, que propuseram esta altíssima visão do homem, ao
mesmo tempo mantinham uma sociedade erguida sobre a mais
opressiva escravidão.
O humanismo é com freqüência associado com idéias socia-
83
84 GUARDIÕES DA FÉ
listas e conceitos da dialética materialística que, esperava-se de
alguma forma, transformariam o mundo e inaugurariam uma
nova era na qual a paz, segurança, harmonia, boa vontade, amor
e fraternidade humana reinariam sem disputas e sem desafios
dentro do mundo.
O humanista vê a educação como seu principal instrumento
e portanto, com grande vigor, essas idéias têm sido infiltradas
nas mentes dos homens. O trágico é que a esperança por eles
criada é uma falsa esperança, porque o coração do homem é
a sua própria degeneração, o seu egoísmo próprio que, fora
do poder de Cristo, jamais permitirá que esses objetivos sejam
alcançados.
É fundamental para o humanismo a filosofia pagã grega da
bondade inata do homem, idéia pela qual Sócrates estava dis-
posto a morrer. Sócrates popularizou o ditado: “Saber é fazer”,
acreditando que através da educação nós podemos alcançar a
plenitude da bondade inerente ao homem. Através das gerações
mundiais esta falsa visão tem sido com freqüência ressuscitada.
Jean Jacques Rousseau, o renomado filósofo francês do século
XVIII deu grande impulso ao movimento humanista através de
seu romance Emílio, no qual defende a idéia de que apenas um
ambiente favorável permitiria que a bondade que há no homem
se desenvolva. Presenciamos o mesmo impulso humanista no
movimento educacional universal do último século XIX onde
predizia-se com confiança que através da educação poderíamos
resolver todos os principais males sociais tais como pobreza,
crime e doenças mentais. Na verdade, houve alguns que, de for-
ma ousada, proclamaram que a educação nos permitiria fechar
nossas prisões, nossos asilos e nossos hospitais psiquiátricos.
Nos encontramos, ao final do século XX, muito mais cientes
destas questões. Na verdade temos visto a escalada do crime e
das doenças mentais, até mesmo nos países do primeiro mundo,
e a pobreza tem sido tudo, menos eliminada. Tampouco temos
sido capazes de eliminar as injustiças no mundo. De fato, não
apenas temos assistido ao terrível holocausto judeu da Segunda
Guerra Mundial, mas também à terrível carnificina de vidas em
lugares como Camboja, Irã e Uganda. Apesar disso, o otimismo
HUMANISMO 85
Capítulo 12
SECULARISMO
U
m dos mais comoventes apelos de Paulo encontra-
se nas seguintes palavras:
100 GUARDIÕES DA FÉ
Capítulo 13
HEDONISMO
N
ós dois lembramos a primeira vez em que uma pro-
dução hollywoodiana foi apresentada em nossa
igreja. Tão viva é nossa recordação que podemos lem-
brar em amplos detalhes o enredo do filme. Isso foi logo após a
Segunda Guerra ter terminado e, pelos padrões atuais, o tema
e a representação do filme não levantariam sérias questões.
Uma comporta entretanto fora aberta. Nós bem lembramos
uma breve cena onde acontecia um beijo, na qual a imagem foi
bloqueada pelo projecionista. Nós também lembramos do mes-
mo pondo sua mão sobre o começo do filme a fim de que não
pudéssemos ver a aparentemente bem conhecida companhia
de Hollywood que sem dúvida o havia produzido.
Hoje, em muitas igrejas e instituições, tais filmes, e outros de mui-
to menos méritos têm se tornado rotina de entretenimento para
nossas crianças e jovens, bem como para adultos. Colin lembra
que alguns anos atrás ele se assustou ao ver que um programa
de entretenimento de sábado à noite para a Igreja Adventista de
uma grande cidade da Austrália, incluiu cantores de televisão,
cantores country e ocidentais, filmes e outros itens similares.
Ao protestar com os líderes da conferência, ele foi informado
de que se tal entretenimento não fosse oferecido para nosso
povo jovem, eles, em lugar disso, freqüentariam os cinemas e
discotecas da cidade. A questão de Colin foi: “Na verdade, não
somos nós que estamos de fato desenvolvendo um gosto por
esse entretenimento mundano nas mentes de nossos jovens?”
Toda história de busca pelo prazer tem suas raízes no paganismo.
Tal busca, com certeza, remonta-se ao conceito dos sofistas gre-
gos, os quais viram um certo fim na busca do prazer como uma
forma de vida desejável. Nas próprias crenças fundamentais do
estilo de vida americano está encravada a “busca da felicidade”.
100
HEDONISMO 101
para eles não assistirem a filmes, e, por outro lado, trazem esses
filmes para dentro de salas sociais de nossas igrejas. Eles vêem a
inconsistência em admoestá-los a não se envolverem em espor-
tes competitivos com outras escolas, enquanto por outro lado,
elaboram-se programas internos de competição entre nossas
próprias escolas. Eles vêem a inconsistência em admoestá-los a
não participarem da música mundana, enquanto por outro lado,
trazem a tão chamada música contemporânea para dentro de
nossas igrejas. Acaso é de se maravilhar que eles rapidamente
percam a fé no julgamento adulto e em um sistema de valores
que é apresentado de forma tão pobre perante eles?
Sinceros pais adventistas hoje enfrentam um terrível dilema: eles
desejam ser colaboradores na Igreja de Deus, eles não querem
ser críticos das atividades patrocinadas pela igreja, todavia
eles também querem protejer seus jovens contra os males que
têm inundado a Igreja. Com freqüência nos é quase impossível
ter uma dessas opções completamente válida para eles. Quão
dificil é explicar aos filhos porque eles não podem participar de
uma certa programação patrocinada pela Igreja, quando seus
amigos e colegas de escola estão indo para lá! É muito mais
fácil explicar para eles os malefícios se aquele entretenimento
é patrocinado pelo mundo, do que quando é patrocinado pela
Igreja. Pais enfrentam o terrível risco de afastar seus filhos da
igreja, ou ter os filhos afastados deles porque querem participar
do fruto proibido que é tão de pronto disponível para os outros
jovens. Essa situação tem atingido proporções críticas dentro de
nossa igreja e, só pela graça de Deus trabalhando nos corações
de homens e mulheres receptivos, há alguma esperança de
reverter esse hedonismo em nossa Igreja. Nenhum verdadeiro
ministro do evangelho ordenado atreve-se a pôr os jovens em
tal perigo e os pais em tal dilema.
Temos aprendido muito pouco das lições do passado. Recor-
da-se que, na primeira parte do século XVIII (dezenove), tais
atividades como dança e leitura de novelas foram totalmente
condenadas e proibidas pela Igreja Metodista. Alguém pode
surpreender-se de como essa denominação alcançou tamanha
condição de mundanismo que de pronto se pode ver nela hoje.
A resposta é muito simples: enquanto as gerações do Metodis-
104 GUARDIÕES DA FÉ
mo cresciam, houve aqueles entre os jovens que começaram
a rebelar-se contra os puros padrões da igreja. Alguns desses
freqüentaram os salões de dança, outros empenharam-se à
leitura de novelas. Desvairadamente a igreja condescendeu em
seu empreendimento de manter os jovens dentro do rebanho.
Decidiu-se então que a dança seria permitida nos salões da igre-
ja, onde ela seria controlada e os jovens poderiam dançar com
outros jovens cristãos. Foi também decidido que a igreja revisaria
as novelas e recomendaria aquelas que sentisse ser adequadas
para a leitura cristã. Quão cegos estavam os líderes da Igreja
Metodista há quase 150 (cento e cinqüenta) anos atrás! Mas isto
agora é história. Com certeza os jovens não só aprenderam a
dançar no salão da igreja e a ler novelas recomendadas, como
cada vez mais eles absorveram moralidade pelos precedentes,
antes que pela Palavra de Deus. Logo os jovens estavam indo
em turmas aos salões de dança do mundo. Uma comporta fora
aberta pela qual eles também logo passaram a ler novelas de
sua própria escolha.
Em 1986 Russell foi convidado a pregar em nossa igreja de Fu-
lham em Londres. Os serviços eram efetuados em uma igreja
metodista alugada. A recém-formada congregação adventista
do sétimo dia de Fulham consistia em cerca de cem membros
participantes. A cada semana, aos domingos, 12 a 15 metodistas
compareciam a seus próprios serviços. No saguão da igreja havia
uma história que revelava que há decadas atrás uma congre-
gação de 1.500 membros freqüentava aquela igreja metodista.
A lição desse declínio na membresia não deve ser olvidada por
nosso ministério.
Nós, Adventistas, pouco temos aprendido essas lições. Nós
educamos nossos jovens em esportes. Nós mesmos sabemos
muito bem, por nossa própria experiência, que o esporte devo-
ra tempo e energia preciosos. A juventude se torna obcecada
com esportes e estes se tornam uma imensa barreira para seu
crescimento espiritual, desenvolvimento e até mesmo interesse.
Nós os acostumamos a assistir filmes e dificilmente eles encon-
trarão um pronto interesse no estudo da Palavra de Deus, ou na
apresentação da mensagem ao mundo. Em resumo, estamos
preparando nossos jovens para a destruição eterna, em vez de
HEDONISMO 105
Capítulo 14
MATERIALISMO
C
olin dirigiu as reuniões matinais no encontro de
obreiros de uma grande Associação. Numa manhã ele
falou sobre o desafio de apressarmos a vinda de Jesus. Ele
salientou que foi o servo mau que disse: “meu Senhor tarda a
voltar.” (Mateus 24:48). Então ele lançou um desafio aos ministros
e suas esposas para fazerem tudo o que pudessem para apressar
a vinda dO Senhor e para tornar esse o tema central de seus
ministérios em suas igrejas. Após o café da manhã, um ministro
de cabelos brancos, não contendo as lágrimas, conversou com
Colin; disse ele: “Por muitos anos eu pensei que eu nada tinha a
ver com o retorno de Jesus e, portanto, eu tinha estado apenas
gastando o tempo, esperando pelo descanso da aposentadoria.”
Colin se sentiu gratificado quando esse idoso pastor disse que,
durante aquela manhã, ele fez uma entrega aO Senhor pela
qual, por todo o tempo que O Senhor lhe disse, faria tudo o que
pudesse para apressar o retorno de Jesus.
Parece ser essa a situação que ocorre com muitos ministros.
Aqueles ministros que não se sentem preenchidos com seus
ministérios, com freqüência, mal podem esperar pelo tempo de
sua aposentadoria. Infelizmente, ao invés de terem a visão de
que o ministério é um chamado para toda a vida, sem aposen-
tadoria real, eles sentem um alívio quando alcançam quarenta
anos de serviço. Muitos ansiam tanto por aposentadoria, que
podem reajustarem-se a atividades na maioria das vezes não
relacionadas com seu chamado ministerial. Mesmo alguns tiram
aposentadoria precoce por causa de desilusão.
Devemos ser gratos porque os apóstolos e os primeiros pioneiros
da Igreja Adventista do Sétimo Dia não tinham tais conceitos.
Seu chamado ao ministério era o propósito motivador de suas
vidas inteiras. Admiramos grandemente os muitos ministros que
107
108 GUARDIÕES DA FÉ
conhecemos em nossa juventude. Lembramos de um ministro
que se levantou e construiu três novas igrejas, após sua assim
chamada aposentadoria. Lembramos de outro que dedicou toda
a sua aposentadoria ministerial ao ensino espiritual de crianças,
já no meio dos seus oitenta anos de idade. Ele tomou, como
sua responsabilidade especial, as crianças de imigrantes vindos
para a Austrália. Estava claro que o ministério não era apenas
uma carreira para esses homens, mas um chamado para toda a
vida. Eles tinham uma visão da vinda dO Senhor e fizeram tudo
o que puderam para apressar esse dia. Esses homens nunca
desvalorizaram o seu ministério rebaixando-o a uma profissão.
Para eles, era nada menos que o chamado dO Único Onipotente
ao insuperável privilégio de uma vida inteira de serviço a Ele.
Não há dúvidas de que, em muitas maneiras, houve uma mu-
dança no ministério da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sugeri-
ríamos, a todos os ministros, que lessem de novo Evangelismo,
pgs. 694-697. Tem se tornado muito comum ministros negarem
que seu ministério tem algo a ver com a vinda de Jesus. É afir-
mado que Cristo tem um tempo determinado quando Ele virá,
apesar de não haver nenhuma palavra da inspiração que apóie
essa afirmação. É verdade que foi profetizado o tempo quando
começaria o julgamento (1844), mas nehum tempo foi determi-
nado para quando esse julgamento fidará. De fato, temos sido
informados de que:
Capítulo 15
PENTECOSTALISMO
A
promessa do derramamento dO Espírito Santo é uma
realidade maravilhosa e muito ansiada por todos que
anelam o retorno de Jesus.
Atos 5: 32.
Capítulo 16
CLERICALISMO
U
m fenômeno inquietante está tomando conta da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. De um lado
vemos em muitas congregações uma tendência cres-
cente para o congregacionismo, e do outro, vemos sinais de
um domínio hierárquico funesto. Talvez ambas sejam interde-
pendentes.
Quanto mais as congregações procuram aumentar sua
independência, mais os líderes da Igreja, perplexos, buscam
impor restrições cada vez maiores sobre os membros da Igreja
e sobre as congregações individuais. Isto por sua vez faz com
que algumas igrejas mostrem uma maior independência da
Associação. É o proverbial problema de quem veio primeiro, o
ovo ou a galinha. A tendência para um congregacionismo cada
vez maior pode ser vista no número de pregadores adventis-
tas indepen-dentes que são cada vez mais convidados pelas
igrejas (muitos desses ministros têm se levantado por causa da
evidente negligência da maioria de nós pastores em manter-
mos os padrões adventistas e pregarmos nossas mensagens
distintivas. Essa tendência tem se popularizado à medida que
ministros e crentes independentes procuram ouvir mensagens
mais desafiadoras). Isto pode ser melhor visto no fato de que
agora, mesmo em igrejas relativamente pequenas, se tornou
comum para os líderes das Associações nos EUA consultarem
extensivamente os líderes das con-gregações sobre a escolha
dos pastores para suas igrejas.
A tendência à dominação hierárquica é evidente em muitas
esferas. Devido ao crescimento no número de pastores adven-
tistas do sétimo dia independentes pregando nos púlpitos, tem
acontecido uma tendência também crescente, por parte da
Associação, na tentativa de contro-lar a situação. Desta forma
123
124 GUARDIÕES DA FÉ
cada vez mais as associações estão formulando uma legislação
exigindo que ninguém pregue dentro das igrejas sem a apro-
vação da Missão. Isto pode ser percebido também no aumento
etarrecedor do ativismo político nas eleições em todos os níveis,
desde a igreja local até à Conferência Geral. Esta questão com
freqüência envolve controle e manipulação.
Alguns líderes de igreja erroneamente acham que os mi-
nistros independentes são um desafio à Igreja organi-zada
oficialmente. Isto é uma insegurança desnecessária por parte
desse líderes, muitos dos quais imaginam que vastas somas
de dinheiro são desviadas dos cofres da Associação por esses
pregadores. Quando a Conferência Bíblica do Hartland foi reali-
zada na Holanda, em 1986, grandes rumores foram espalhados
de que a equipe de pregadores reuniu 800.000 guilders ($US
400.000). A verdade foi que eles arrecadaram pouco mais de
1.000 guilders ($US 500) da venda de livros, não recebendo
quaisquer outras verbas.
Na verdade a maioria dos pregadores itinerantes fortalecem
a confiança do povo de Deus e muito se esforçam por encorajar
a mordomia desses crentes. Apesar disso, muitos líderes da
Associação estão atualmente inclinados a elaborar planos para
bloquear esses ministros. Extrapolam as responsabilidades de
suas ordenações ao tentar impor suas vontades sobre as con-
gregações, a quem pertence o direito de escolherem aqueles
que devem minis-trar as suas próprias necessidades espirituais.
Nenhum membro da Associação deveria usurpar esse direito.
Ao invés disso deveriam nossos líderes examinar as razões
que fazem com que muitos do nosso povo desejem ouvir a
Palavra de Deus direta, clara, sem mistura de dúvidas. Talvez
o correspondente religioso da Newsweek tenha dado uma
orientação sobre este assunto quando, ao falar de outras igrejas
protestantes, declarou: “Os sermões de domingo sobrevivem é
claro, mas como breves homilias para o desatento, celebradas
por pregadores ansiosos por agradar” (Newsweek, 20 de outubro
de 1986). É possível que algumas pregações em nossas igrejas
alcancem apenas esse nível? Seria esta a razão pela qual almas
sinceras anseiam ouvir o alimento da palavra? Ousaria qualquer
CLERICALISMO 125
claro que era para áreas em que não havia um testemunho forte
da verdade que os pastores deveriam ser requisitados. Temos uma
situação hoje onde ainda a maior parte das áreas de nossas cidades
e interiores não têm impulsos evangelísticos fortes. Se aos nossos
leigos fosse dada a responsa-bilidade de liderança no pastoreio
dos membros da Igreja, no lidar com os negócios e outras ativi-
dades locais da Igreja, então o pastor poderia cumprir a respon-
sabilidade e a oportunidade de fazer avançar o evangelho. Os
nossos leigos seriam enrique-cidos por suas responsabilidades
e a Igreja seria fortalecida sob sua liderança.
O papel atual do pastor o tem com freqüência conduzido a
dificuldades significativas. Em primeiro lugar, sua estreita relação
com os assuntos da Igreja tem freqüentemente colocado-o na
posição hostil de ter que tomar partido, diminuindo a eficácia de
seu ministério de pregação para com aqueles que discordam da
posição por ele assumida. A função de conselheiro, que tem-se
tornado parte dominante da responsabilidade do pastor, tem
freqüentemente levado a trágicas conseqüências. Isto tem se
demonstrado verdadeiro especialmente quando o aconselha-
mento tem sido com mulheres que têm problemas conjugais. É
um fato lamentável que muitos de nossos pastores, a cada ano,
perdem sua integridade com mulheres que por eles têm sido
aconselhadas. Esta forma de ministério está contra o mais claro
testemunho dO Senhor que instrui os homens a se absterem de
aconselhar mulheres acerca de seus problemas conjugais.
Capítulo 17
FUTURISMO
A
igreja Católica Romana encontrava-se em um dilema.
A Reforma Protestante estava varrendo tudo à sua
frente na esfera européia. O ministério de Lutero, Calvino,
Zuinglio, Knox e outros tinham levado confusão e até mesmo
pânico às fileiras da Igreja Católica, o que levou ao Concilio de
Trento (1545-1563). A preocupação mais séria dos bispos da
Igreja Católica era redefinir a doutrina e estabelecer meios de
combater a Reforma Protestante. Um dos golpes mais eficazes
infligidos à Igreja Católica pelos reformadores protestantes era
a sua identificação precisa como o chifre pequeno, a besta, o
anticristo, o homem do pecado, a mulher vestida de escarlate,
a mãe das prostitutas e outros sinônimos bíblicos. Essas acusa-
ções trouxeram grande suspeita e desconfiança à Igreja Católica
Romana.
Um pouco antes do Concilio de Trento, Roma instituiu o que com
freqüência tem sido chamado pela história de Contra-Reforma ou
Reforma Católica. Inácio de Loyola, o sacerdote e aventureiro es-
panhol, iniciou uma nova ordem conhecida como A Companhia
de Jesus ou, mais comumente, Os Jesuítas. Rapidamente eles se
tornaram uma corporação de elite dentro da Igreja Católica e foi
a eles que a igreja recorreu a fim de conseguir meios para desviar
o ataque dos protestantes ao catolicismo. Finalmente, dois dos
mais notáveis membros da ordem, Luis de Alcazar e Francisco
Ribera, propuseram soluções. Luis de Alcazar, seguindo algu-
mas das antigas tradições dos macabeus, sugeriu que o então
desconhecido rei selêucida, Antíoco IV (Epifânio IV), que havia
profanado o santuário de Jerusalém durante o segundo século
antes de Cristo, correspondia à descrição do chifre pequeno de
Daniel 7 e 8. O fato de a abominação da desolação associada ao
chifre pequeno ser também mencionada no futuro por Cristo,
em Mateus 24:15, não pareceu preocupar a Igreja Católica. Nem
138
FUTURISMO 139
Capítulo 18
INSTITUCIONALISMO
O
s seis grandes recursos da igreja necessitam traba-
lhar em harmonia para o término da obra de Deus.
É plano de Deus que a obra médica dê as mãos à obra
evangelística. Que os leigos dêem mãos ao ministério, e que a
obra de sustento próprio dê as mãos à obra denominacional. Esta
harmonia não será alcançada por um dominando o outro, porém
quando, em confiança mútua, cada um der as mãos um ao outro
para a arrancada final da mensagem de Deus ao mundo.
Somos privilegiados por termos sido indicados para posições
de confiança na obra organizada da igreja de Deus. Ambos
temos também aceitado responsabilidades em instituições de
sustento próprio. Ambas as formas de ministério, acreditamos,
foram ordenadas por Deus. Todo o nosso serviço denominacional
tem sido institucional. Nossos próprios anos de serviço tipificam
a obra de outros que procuraram trabalhar para Deus. Nós dois
ensinamos em escolas primárias e denominacionais por três anos
(1952-1954).Após uma década de formação, Colin foi indicado
para chefe do Departamento de Educação na Universidade de
Avondale, Austrália, em 1965, e ocupou aquele posto ate a sua
indicação para Deão acadêmico na Universidade West Indies,
Jamaica, em 1970. Ele foi nomeado presidente desta Universi-
dade denominacional seis meses depois. Em 1973 Colin aceitou
o cargo de chefe do Departamento de Psicologia da Universi-
dade Columbia Union, Washington DC. Seis meses após aceitar
aquela responsabilidade, ele foi indicado para Deão acadêmico
daquela instituição e dois meses mais tarde aceitou o cargo de
Presidente daquela Universidade.
Desde 1978, Colin tem trabalhado em instituições de sus-
tento próprio, primeiro como o Deão fundador da Universidade
no Instituto Weimar na Califórnia e, desde 1983, como funda-
dor Presidente do Instituto Hartland de Saúde e Educação na
144
INSTITUCIONALISMO 145
Virgínia.
Russell também gastou uma década em Educação Universitá-
ria. Em 1966 foi indicado para o corpo de funcionário do Centro
Denominacional de Saúde e Hospital Warburton, Vitoria (Aus-
trália). De lá, em 1967 aceitou um cargo semelhante no Hospital
Adventista Penang na Malásia, assumindo depois a função de
chefe do corpo de funcionários. Em 1974, Russel foi transferido
para o Hospital Adventista de Sydnei, Austrália, mas após um
ano de serviço deixou o emprego denominacional por três
anos para mudar-se para Melbourne devido a morte de nossa
mãe. Em 1978, Russell retornou ao oriente para servir no Hos-
pital Adventista de Bangkok, Tailândia, onde em um ano ele foi
indicado presidente, um cargo que manteve até 1984, quando
prestou mais de dois anos de serviço no centro médico Enton
em Surrey na Inglaterra. Este último centro médico era uma
instituição de sustento próprio, testemunhando aos cidadãos
daquele grande país.Russell voltou a serviço denominacional
quando foi indicado para presidente do Hospital Adventista
Penang na Malásia em 1986.
Essa experiência nos levou a apreciar os valores de ambos os
ministérios, denominacional e de sustento próprio. Enquanto
no Instituto Weimar, a Missão Califórnia Norte expediu suas
credenciais, e no instituto Hartland suas credenciais foram
expedidas pela Missão Potomac. Durante o período de serviço
de Russell na obra de sustento próprio suas credenciais foram
expedidas pela União Britânica. Cada um recebeu crédito de
serviço denominacional por todos os anos de serviço na obra
de sustento próprio.
Muitos estão desavisados desta proximidade de cooperação
entre o serviço denominacional e a obra de sustento próprio e
de algum modo vêem estes dois braços de trabalho da igreja
em competição ao invés de em cooperação. Isso é uma falsa
avaliação. O Instituto Hartland e equipe formam uma valorosa
membresia de oito igrejas dentro da Missão Potomac – Amicus,
Charlottesville, Culpepper, Fredericksburg, Hyattsville, Orange,
Pennel e Warrenton. O ancião Taylor IV do Departamento Bíblico
da Universidade Hartland pastoreia a igreja de Warrenton na
Missão Potomac. Seminários de Daniel e Apocalipse, estudos
bíblicos e seminários de saúde são conduzidos pela equipe e
146 GUARDIÕES DA FÉ
estudantes em conjunto com a congregação Adventista do Sé-
timo Dia, pastores e o corpo de alunos universitários tem dado
uma contribuição muito efetiva para os alunos de literatura
evangelística ministerial da União Columbia.
As Conferências Bíblicas Hartland (formalmente conhecidas
como Conferência Firme Fundamento) proporcionol tremen-
dos encontros de reavivamento com base bíblica para igrejas
tão distantes uma da outra como: Hendersonville, Carolina do
Norte, Sacramento, Califórnia, Apson, Tennessee, Roma, Itália,
Coventry, Inglaterra e Bankstown (Sydney) Austrália. Muitas
livrarias adventistas contêm as obras cristãs publicadas pelas
publicações Hartland.
Esta é a cooperação que Deus tem ordenado. Contudo fica-
mos assustados quando ouvimos alguém na obra de sustento
próprio dizer que Deus só pode trabalhar através desse braço
de Sua obra, e outros, em empreendimentos denominacionais
expressarem a opinião de que as obras de sustento próprio
são um reduto para o fanatismo e atividades desse tipo. É evi-
dente que há, em ambas as instituições, denominacional e de
sustento próprio, exemplos de erros facilmente identificados e
até mesmo ampliados.
Mas um princípio das bênçãos de Deus nunca deve ser esque-
cido: Suas bênçãos repousam somente sobre aqueles que diligen-
temente seguem Sua vontade. Neste princípio não há nenhuma
condição relacionada com as administrações denominacional
ou de sustento próprio. Temos testemu-nhado os milagres de
Deus operando em ambas as esferas de Sua obra.
Russell presenciou o milagre da graça de Deus na restaura-
ção do Hospital Adventista de Bangkok ao seu lugar de direito,
quando a verdadeira observância do sábado foi restaurada nessa
instituição. (Veja o livro Teeming Fields escrito por Russell que
em breve será editado pelas Publicações Hartland para uma
mais completa compreensão da incrível história desse hospital
missionário) Colin pode testificar de muitos milagres de Deus
no Hartland Institute (Veja The Hartland Story escrito por Colin
também em breve editado pelas Publicações Hartland)
Da mesma forma se nos apartarmos do paradigma de Deus
então Ele, que não faz acepção de pessoas ou instituições, não
pode derramar Suas bênçãos sobre nosso trabalho quer seja a
INSTITUCIONALISMO 147
Convém que cada alma cuja vida esteja escondida com Cristo
em Deus venha à frente de batalha agora e peleje pela fé que
uma vez foi entregue aos santos. A verdade deve ser defendida
e o Reino de Deus adiantado como se eles pudessem ser Cristo
em pessoa sobre essa terra. (Relatório da União do Pacífico de
17 de dezembro de 1903).
Capítulo 19
SEPARACIONISMO
U
ma alarmante tendência, crescendo a passos rápi-
dos, é o movimento no sentido de separar-se
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse movimento não
é novo. Nós o vimos no passado, com muitas manifestações ao
redor do mundo. Quase que de forma inevitável essas mani-
festações têm tido considerável mérito e verdade e, em alguns
casos tais como a reforma européia, não há dúvidas de que
como igreja nós dividimos considerável culpa pelos eventos na
Europa que levaram à formação da Igreja Adventista do Sétimo
Dia da Reforma.
Os últimos dias serão excessivamente confusos, onde todo vento
de doutrina soprará dentro da Igreja. Nós estamos convencidos
de que satanás tem seus enganos para aqueles que são de uma
inclinação liberal de pensamento e até mesmo enganos mais
sutís para aqueles cuja tendência é apoiar as verdades básicas da
fé Adventista do Sétimo Dia. De fato, satanás precisa de enganos
muito mais fortes para esse último grupo porque aqueles que
tem pisoteado a pés a pureza da verdade de Deus, já estão em
seus braços.
O corrente movimento separacionista tem surgido da frustração
e profundo alarme devido a propagação da apostasia dentro da
Igreja Adventista do Sétimo Dia e a deplorável derrubada dos
altos, puros e santos padrões que Deus tem sustentado para Seu
povo. As perguntas são com freqüência feitas: Pode essa de fato
ser a igreja de Deus? Está a igreja pronta para ser restaurada a
uma posição pela qual Deus possa usá-la para a finalização de
Sua obra? Nós devemos com franqueza admitir que, se não fosse
pela clara palavra da inspiração, nós consideraríamos seriamente
os méritos do movimento separacio-nista. Mas nós acreditamos
158
SEPARACIONISMO 159
Capítulo 20
PATERNALISMO
U
ma multidão de armadilhas têm sido preparada para
seduzir o povo de Deus e afastá-lo assim da tarefa,
Divinamente ordenada, de conclusão da proclamação
das três mensagens angélicas. Como ministros e líderes de
igreja, estamos em uma posição capaz de influenciar o povo a
seguir o plano Divino. Porém, muito freqüentemente, baseamos
nossos julgamentos sobre princípios seculares ou sobre princípios
totalmente destruidores do plano de Deus e de Seus propósitos.
Temos sido levados em direção ao paternalismo. Quando falha-
mos em manter a separação entre igreja e estado, ordenada por
Deus, o estado sempre assume uma forma de paternalismo que
conduz a um controle fatal.
Ilustramos esse perigo em nosso meio mencionando a alarmante
erosão das doutrinas de separação de igreja e estado. Temos sido
advertidos.
Capítulo 21
IMPERFECCIONISMO
O
uvimos hoje muitos ataques à doutrina da perfeição,
especialmente vindos de pastores e líderes da Igreja
de Deus. É difícil crer que entre ao Adventistas do Sétimo
Dia pudesse existir tal descrença no grande chamado do evan-
gelho para a vitória sobre o pecado. É lícito dizer que a grande
maioria dos ministros com quem temos conversado não crêem
no poder de Cristo para conceder vitória sobre toda má ação
e palavra. Eles não crêem no Deus todo poderoso mas em um
Deus tão impotente como o foi Baal no Monte Carmelo. Não
há dúvidas de que não servimos todos ao mesmo Deus. Hoje
em dia, dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, há muitos
que estão servindo a um deus a quem eles clamam e que não
pode , ou não quer, ou não concederá vitória sobre o pecado.
Aqueles que crêem no claro testemunho da Bíblia e do Espírito
de Profecia são constantemente rotulados de perfeccionistas.
É essencial conhecermos a diferença entre perfeição e perfec-
cionismo. Há alguns anos atrás quando Colin foi entrevistado por
uma das estações de rádio de nossa faculdade, o entrevistador,
um bem conhecido defensor da nova teologia e membro do
departamento de teologia da faculdade, perguntou-lhe por
que ele e seu irmão (Russell) aprovavam o perfeccionismo.
Colin apressou-se em mostrar que sob nenhuma circunstância
ele acreditava no perfeccio-nismo como princípio de salvação.
Explicou que o perfeccionismo estava baseado sobre o conceito
de que as obras humanas operam méritos para a salvação. Ele
apressou-se também em mostrar que Deus prometeu perfeição
a cada um que depusesse sua vida sobre as mãos de Cristo. Tal-
vez seja importante aqui compartilharmos algumas das grandes
palavras das Escrituras e da Inspiração:
Não veio sobre vós tentação, senão humana, mas fiel é Deus,
que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a
tentação dará também o escape, para que a possais suportar.
I Cor 10:13.
É obvio que, embora o termo não seja usado aqui, esses pri-
meiros crentes haviam aceitado o mesmo engano que o povo
de Indiana tinha aceitado na virada do século. Eles defendiam
os conceitos da carne santa. É importante distinguirmos per-
feccionismo das questões de perfeição. Um grande número de
declarações são feitas pela serva dO Senhor acerca do convite de
Deus à perfeição. Em nenhum momento no chamado de Deus
existe a mais leve contradição de que, através de Seu poder, Seu
povo não venha a desenvolver uma vida perfeita. Esse perfec-
cionismo nada tem a ver com a carne santa ou o pensamento
de que ele preserve alguém da possibilidade de pecado futuro.
Aqueles que entendem os princípios da Bíblia e do Espírito de
Profecia reconhecem que esta é uma perfeição condicional,
uma perfeição que será constantemente mantida enquanto re-
tivermos completamen-te, momento a momento, nossa ligação
com Cristo. Se assim não procedermos, rapidamente cairemos
e retornaremos aos nossos caminhos de pecado e injustiça. Na
verdade aqueles que obtiverem, pelo poder de Cristo, vitória,
178 GUARDIÕES DA FÉ
jamais considerar-se-ão dignos. Mesmo após o fim do tempo
de graça, saberão eles que apenas Cristo É digno. E quando Ele
retornar, lançarão sua coroas aos Seus pés cantando “Digno,
digno É O Cordeiro.” – O Único que possui o direito de reivindicar
dignidade. Ninguém se vangloriará de estar sem pecado ou
perfeito. Na verdade um homem perfeito estará inconsciente
de sua perfeição, reconhecendo-se totalmente indigno, como
claramente apresentado na experiência de Jó.
A Bíblia atesta o fato de que ele era perfeito:
Deus declarou:
Capítulo 22
CRITICISMO
F
reqüentemente confundimos o ministério de repreensão
com o criticismo. Dificilmente cometemos o erro
contrário, a não ser quando analisamos nossas próprias de-
clarações. Geralmente afirmamos que nossas cortantes críticas
são nobres repreensões. Como podemos distinguir essa duas
entidades tão diferentes? Ao responder a esta pergunta, vem a
nossa mente naturalmente o exemplo de Jesus. Que todo pastor
releia o capítulo 32 de Mateus. Aqui Cristo profere as mais seve-
ras repreensões registradas nas Escrituras. Sete vezes reprova
Ele os escribas e fariseus por sua hipocrisia. Por cinco vezes Ele
os acusa de serem cegos, e em duas dessas ocasiões, de serem
loucos e cegos. Descreve esses falsos pastores como serpentes,
raça de víboras e sepulcros caiados. Poucos dos reformadores
dos dias atuais, talvez nenhum, ousariam lançar mão dessas
representações, até mesmo com aqueles que abertamente têm
desenca-minhado o rebanho de Cristo.
Sem dúvida aqueles que experimentaram o ímpeto das repre-
ensões de Cristo interpretaram-nas como crítica destrutiva. Na
verdade, tão repugnante era essa mensagem àqueles a quem
ela era endereçada, que a grande maioria voltou-se contra Jesus,
aprofundando sua resolução de destruí-Lo. Teríamos nós como
pastores respondido de forma diferente? No entanto esta foi a
mais amorosa reprovação jamais dirigida aos pastores do reba-
nho. Não foi este um longo discurso de crítica, mas uma súplica
urgente, um último convite aos homens que haviam aceitado
o chamado Divino, instando com eles para que retornassem ao
Divino chamado. Esta repreensão foi apresentada com a voz
cheia de lágrimas e o coração transbordante de amor. Com o
coração partido Cristo concluiu seu ministério de repreensão
com estas palavras:
Capítulo 23
FEMINISMO
E
stimulado pela revolução sociológica da era pós-
Segunda Guerra Mundial, o movimento feminista
quase destruiu o tradicional e importantíssimo relaciona-
mento Bíblico entre homens e mulheres. A vida do lar tem sido
atacada de tal forma que nossos jovens não mais demonstram
aqueles firmes padrões de vida que uma vez os capacitaram
a atravessar o abismo entre os anos de aprendizagem da in-
fância e os produtivos anos da idade adulta. A troca de papéis
entre homens e mulheres tem também gerado tensões sobre
os casamentos. Em épocas anteriores esse tipo de tensão era
praticamente desconhecido.
Desde que os Estados Unidos existem, o movimento de libe-
ração feminina não é coisa nova, pois já na década de 1860 um
dos mais explosivos movimentos de direito das mulheres varreu a
nação. No entanto ele não alcançou o nível do movimento atual, e
na última parte daquele século já havia praticamente desaparecido.
Não negamos as questões válidas que inspiraram o movimento
de liberação da mulher. Dentre esses incluem-se a disparidade de
salários, discriminação no mercado de trabalho e o abuso contra as
mulheres. Mas no movimento feminino identificamos muita coisa
que é contraproducente e até mesmo autodestruidor dos próprios
objetivos que o movimento busca atingir.
Crescemos em um ambiente onde jamais entrara em nossas
cabeças a idéia de que as mulheres devessem ser inferiores aos
homens. Tínhamos quase 15 anos quando nossa irmã nasceu
e, provavelmente como resultado desse fato, desenvolveu-se
para nós toda uma atmosfera de mistério em torno da mulher.
Se nossa atitude devesse ser considerada em falta seria devido
ao fato de que, em nossa visão, as mulheres eram em muito
superior aos homens. Fomos ensinados por nossa mãe a tratar
as garotas com respeito e cortesia que as punha à parte e acima
dos homens. Hoje vemos muito pouco disso, e vemos que há
187
188 GUARDIÕES DA FÉ
mais abuso das esposas, mais desrespeito com a mulher e uma
confusão maior da posição da mulher na sociedade.
Colin, como psicólogo e educador, e Russell como médi-
co, têm com freqüência observado os resultados trágicos da
confusão de papéis. Não temos a menor dúvida de que isto
tem contribuído para a alta incidência de estilos de vida mar-
cados pelo homossexualismo e lesbianismo, uma vez que as
crianças e jovens não mais vêem modelos de masculinidade
e feminilidade nos mais velhos. Quando ouvimos sobre o “se-
nhor-Mamãe”, onde o pai fica em casa para cuidar dos filhos
enquanto a mãe vai para o trabalho, não temos dúvida quanto
à confusão criada nas impressionáveis mentes das crianças.
Capítulo 24
UNIVERSALISMO
197
198 GUARDIÕES DA FÉ
A preocupação dos que apóiam a influência moral é legítima.
Eles dão ênfase à defesa dO Caráter de Deus como o ponto cen-
tral do grande conflito. Entretanto, em assim fazendo, acentuam
o amor de Deus para cada vez mais excluírem Sua justiça. Eles
reconhecem a Cristo como O Exemplo supremo do homem, po-
rém rechaçam o conceito vicário, pois consideram que o mesmo
representa a Deus como um ser sedento por sangue, requerendo
sacrifício de sangue para aplacar Sua ira, da mesma maneira que
os pagãos procuravam aplacar a ira de seus deuses.
O sacrifício de Cristo, entretanto, não foi feito para acalmar um
deus irado. Antes, o sacrifício de Cristo demonstrou o ilimitado
amor de Deus por uma criação rebelde. Nas leis universais de
Deus o pecado traz a inevitabilidade da morte eterna. Após a
queda do homem, satanás reivindicou o aprisionamento dos
homens no pecado e na morte. Só a vida perfeita de Cristo e Sua
vitória sobre a morte deu ao homem a libertação do pecado e
da morte, o que não poderia ser alcançado por nenhum outro
meio.
Escritura.
Pois Deus amou tanto o mundo que deu Seu Filho Unigê-
nito para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas
tenha a vida eterna. (João 3:16).
Mas está escrito: oho não viu, nem ouvido ouviu, nem tam-
bém entrou no coração do homem, as coisas que Deus pre-
parou para aqueles que O amam. (I Coríntios 2:9).
Capítulo 25
LIBERALISMO
E
nquanto estudávamos na Universidade de Sidney,
durante o fim dos anos 50, fomos pela primeira vez
confrontados com os conceitos de liberalismo. Tendo
crescido em um ambiente bem protegido de um devoto lar
Adventista e tendo, após a quarta série, frequentado apenas
uma escola e universidade Adventista do 7º Dia, nós ficamos
não pouco chocados pelos conceitos imorais que estavam sendo
expostos pelos membros da sociedade liberal. Nosso choque
não foi tanto pela imoralidade em si, pois já estávamos bem
cientes de sua existência, mas pelo aberto escarnecimento e
proclamação da “justiça” de sua causa. Até aquele momento, em
nossas vidas, achávamos que aqueles que estavam absorvidos
em tal comportamento seriam pelo menos sensíveis o suficiente
para permanecerem em silêncio acerca dele.
Com certeza, nos últimos 25 anos, uma revolução tem ocor-
rido, a qual tem varrido quase toda aparência de moralidade,
exceto pelos Cristãos mais profundamente devotos. Em um
levantamento de 1987, do Jornal USA Today, foi descoberto que
apenas 6% das noivas abaixo de 25 anos eram noivas virgens;
entretanto 35% das mulheres acima de 40 anos casaram vir-
gens. (USA Today, 7 de agosto de 1987). Se mulheres acima dos
60 anos tivessem sido pesquisadas, a porcentagem teria sido
mais alta, e acima dos 80 anos de idade, muito mais alta ainda.
Tais revelações teriam sido alarmantes há uma geração atrás,
mas dificilmente causa sequer um levantar de sobrancelha na
permissiva sociedade de hoje.
Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia fosse marcadamente dife-
rente, que testemunho seria ela para o mundo! Mas, tristemente,
cada problema moral no mundo é encontrado hoje na Igreja.
207
208 GUARDIÕES DA FÉ
Desde sexo pré e extra-marital a masturbação, homos-sexu-
alismo, lesbianismo, incesto, bestialidade, divórcio e abôrto.
Nós dois temos a dizer que, em muitas destas questões, temos
conhecimento, de primeira mão, dessas formas de imoralidade
não só na vida de membros da Igreja, mas também nas vidas
de um significante número de homens chamados para serem
obreiros e pastores na Igreja.
Não há dúvidas de que satanás está diringindo seus desespera-
dos ataques, em especial, aos membros da Igreja de Deus, mas
seus esforços são bem mais intensificados contra aqueles que
foram chamados para a liderança, sabendo muito bem que,
ao comprometer a fibra moral de ministros e líderes, terá duas
grandes conseqüências:
1- Paralizar o ministro a fim de que ele não possa pregar o
testemunho direto nem reprovar em amor todos aqueles que
tenham caído.
2- Desencorajar sua igreja e família quando o seu mau caminho
é descoberto.
De alguma forma, com o declínio nos padrões morais do mun-
do, parece que o povo de Deus se tornou satisfeito em ser “um
pouco melhor” do que o mundo. Que glorioso momento seria
este na Igreja de Deus se seus membros estivessem a permitir
aO Senhor possuir suas vidas por completo, a fim de que Cristo
pudesse vesti-los com a justiça de Sua pureza!
Em muitos pontos nós temos uma “questão do ovo ou da gali-
nha”. Foi a quebra dos padrões morais na Igreja, que levou ao
repentino alcance dos conceitos da nova teologia de Agostinho,
ou foi o abraçar esses erros satânicos, que levou à quebra da
moralidade dentro da Igreja? Consideramos que tenha vindo
de ambas as formas, mas vemos que a mais profunda questão
é que um maior segmento da Igreja deixa-se arrastar para lon-
ge da verdade dA Palavra que sustém a própria existência de
Seu povo. Em assim fazendo, temos nos separado da origem
dO Divino Poder. Não pode haver nenhuma santificação sem
a verdade:
Pois ele será grande aos olhos dO Senhor, e não beberá vi-
nho nem bebida forte; e ele será cheio dO Espírito
Santo já desde o útero de sua mãe. (Lucas 1:15)
ção:
Detestamos dizer isso mas, em uma deficiência de zinco no
adolecente, o excitamento sexual e excessiva masturbação pode
precipitar a insanidade. (Carl Pfeiffer, Ph.D., M.D., Zinco e Outros
Micro-nutrientes, Keats Publishing, Inc. 1978, P.45).
Tão longe quanto o leste está do oeste, assim para tão lon-
ge Ele tem removido de nós as nossas transgressões. (Sl.
103:12)
Capítulo 26
A
s palavras proferidas pelo profeta Isaias prendem nossa
atenção:
Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como uma
trombeta e mostra ao Meu povo suas transgressões, e à casa de
Jacó os seus pecados. (Isa. 58:11).
Com certeza essas palavras soam em claros tons a todo ministro
e líder. Não há dúvidas de que satanás esta atacando o ministério
da Igreja de Deus com um fervor e uma paixão jamais vistos.
Nós, ministros ordenados do evangelho, nos pomos em terrível
perigo, a menos que nossas vidas sejam, momento a momento,
escondidas na vida de Jesus Cristo. Perante nós estão as vidas
e destinos eternos de cada membro de nossa Igreja e, de fato,
nossos próprios destinos e de nossas famílias. Nunca houve
um tempo mais difícil do que hoje para ser um fiel ministro do
evangelho. Nunca foi mais difícil clamar em alta voz e não se
deter, e dar à trombeta um sonido certo.
Parece que quase todas as agências da Igreja tem conspirado
contra o fiel ministro que adverte sua congregação da prepa-
ração para a vinda dO Rei. A Igreja está em aterrador perigo
devido às questões de politicagem em seu meio. Pleiteamos com
nossos colegas ministros, obreiros e líderes leigos, a cessarem
com esses métodos mundanos de alcançar poder, prestígio e
posição humana. Com certeza, a politicagem que ronda todos
os níveis de nossa obra é abominável aO nosso Justo e Santo
Deus. Como é possível que homens e mulheres que professam
ser filhos da luz busquem posição humana, incompatível com
221
222 GUARDIÕES DA FÉ
os desígneos de Deus sobre suas vidas e serviço? Podem eles
imaginarem-se de pé no juízo tentando explicar o por que de
terem visado uma posição à qual Deus não os ordenou quando,
na realidade, Ele tinha um ministério muito maior e mais efetivo
para eles cumprirem? Com certeza podemos confiar em Deus
para fazermos todas as coisas de acordo com Seu melhor desejo
e para o maior cumprimento de nosso próprio ministério. Essa
politicagem tem sido fortalecida pela prática mundana de pro-
curar uma grande igreja em cada remanejamento ministerial e
de buscar níveis de responsabilidade na Associação.
Colin lembra-se bem de um incidente que ocorreu quando ele
era presidente da Universidade Índias Oeste, Jamaica. O presi-
dente da liga ministerial de estudantes pediu a um dos oficiais
da União para palestrar sobre o tópico “ Como Alcançar o Topo
Rapidamente”. A resposta do oficial da União foi apreciável: “Você
está no topo quando está onde Deus quer que você esteja.” Com
certeza este princípio é viável para todos os que são líderes e
obreiros na causa de Deus.
Noutra ocasião, quando Colin foi nomeado presidente da Uni-
versidade Columbia Union, ele bem relembra o são conselho
que recebeu de seu deão acadêmico, Dr. Jack Blanco: “Seremos
criticados por fazer o que é certo e seremos criticados por fa-
zer o que é errado; certifiquemo-nos de sermos criticados por
fazermos o que é certo.” Esse é um maravilhoso princípio para
que todos o sigam. Mas hoje encontramos um excessivo medo
de criticismo, por causa das repercussões que a crítica traz. (Esta
confusão está nivelada, não apenas por líderes da Igreja, mas
muitas vezes mesmo por nossos subordinados). Por causa disso
nós, com freqüência, nem tentamos fazer o que é bom nem o
que é mau, preferimos nos manter numa posição neutra, quando
Deus nos está chamando para sermos atalaias sobre os muros
de Sião. De fato, com a tão rápida corrente de apostasia na
Igreja, tal conduta deixa-nos culpáveis perante Deus. A atitude
de ignorar problemas e pregar nada que seja controverso tem
conseqüência devastadora similar àquela de pregar heresias.
Alimentamos nossos crentes de palha ao invés de trigo. Quantas
vezes nós temos ouvido de membros da Igreja a tristre história
de que eles não estão sendo alimentados em suas igrejas. Eles
CLAMA EM ALTA VOZ, NÃO TE DETENHAS 223
Glossário - Guardiões da Fé
As seguintes defini`cões nem sempre serão defini`cões popu-
lares, mas elas representam a maneira que cada termo è usado
neste livro.