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Mecânica Analítica

MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Dinâmica Lagrangiana
Licenciatura em Física

Prof. Nelson Luiz Reyes Marques


Mecânica Analítica
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

REVISÃO:
➢ Conceitos de velocidade e aceleração
➢ Mecânica Newtoniana
Conceitos de velocidade e aceleração

1. Obtenha as equações de movimento para o caso de aceleração


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

constante no movimento unidimensional.

2. Seja o movimento de uma partícula sobre o eixo 𝑥. A posição da


partícula em cada instante é dada por
𝑥 𝑡 = 𝑡 3 − 7,5𝑡 2 + 18𝑡 + 3 (SI)
a) Qual a posição da partícula no instante 𝑡 = 0? E no instante 𝑡 =
1 𝑠?
b) Em que instante a partícula para?
c) Qual a região em que a partícula está em movimento acelerado?
Qual a região onde o movimento é retardado?
d) Calcule 𝑎 𝑡 .
Conceitos de velocidade e aceleração

3. Uma partícula, também em movimento unidimensional, possui


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

aceleração dada por 𝑎 𝑡 = 𝑡 2 − 1 (𝑚Τ𝑠 2 ).

a) Sabendo-se que no instante 𝑡 = 0 a velocidade é nula, calcule a


velocidade da partícula num instante qualquer. Qual a velocidade da
partícula para 𝑡 = 1𝑠? E para 𝑡 = 2𝑠?
b) Sabendo-se ainda que no instante 𝑡 = 0 a partícula está na
posição 𝑥 = 1 𝑚, calcule a posição da partícula num instante
qualquer. Qual a posição para 𝑡 = 1 𝑠? E para 𝑡 = 2 𝑠?
c) Onde a partícula para?
d) Qual a velocidade e a aceleração medias entre os instantes 𝑡 =
1 𝑠 e 𝑡 = 2 𝑠?
Princípios da Mecânica Newtoniana
Tipos de Interação
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Existem quatro tipos de interação:

 Interação gravitacional
 Interação eletromagnética
 Interação forte
 Interação fraca
As duas primeiras fazem parte do dia-a-dia. Já as duas ultimas
manifestam-se a curta distância, onde só os efeitos quânticos são
significativos. Não possuem relações clássicas, semelhante aos
casos do eletromagnetismo (força de Lorentz) e da gravitação (Lei
da gravitação de Newton).
Princípios da Mecânica Newtoniana
 Interação eletromagnética
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

A força de Lorentz é o nome dado à força que atua sobre uma


partícula de carga q, possuindo uma velocidade 𝑣, Ԧ quando na
presença de um campo eletromagnético caracterizado pelos vetores
𝐸 e 𝐵,
𝐹Ԧ = 𝑞𝐸 + 𝑞𝑣Ԧ × 𝐵. (SI)

A lei da gravitação universal de Newton dá-nos a força de interação


ente duas massas m1 e m2, separadas por uma distância r. O seu
módulo vale:
𝑚 𝑚
𝐹 = 𝐺 1 2 2 . (SI)
𝑟
Princípios da Mecânica Newtoniana

 Interação forte: As forças fortes são aquelas responsáveis pelos


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fenômenos que ocorrem a curta distância no interior do núcleo


atômico. A estabilidade nuclear está associada à força forte. É ela
que mantém o núcleo unido evitando que os prótons que os
constituem, por possuírem a mesma carga elétrica, simplesmente
sofram uma intensa repulsão e destruam o próprio átomo. Se a
força forte não existisse a matéria que forma o Universo, tal como
o conhecemos, também não existiria. Prótons e nêutrons não
conseguiriam se formar. Nós, seres humanos, não poderíamos
existir. O trabalho pioneiro sobre as forças fortes foi realizado por
Yukawa em 1934 mas até meados da década de 1970 não havia,
realmente, uma teoria capaz de explicar os fenômenos nuclear. Foi
então que surgiu a cromodinâmica quântica.
Princípios da Mecânica Newtoniana

 Interação fraca: As forças fracas são aquelas que explicam os


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

processos de decaimento radiativo, tais como o decaimento beta


nuclear, o decaimento do pion, do muon e de várias partículas
"estranhas". É interessante notar que esta força não era conhecida
pela física clássica e que sua formulação como teoria é estritamente
quântica. A primeira teoria das interações fracas foi apresentada por
Fermi em 1933. Mais tarde ela foi aperfeiçoada por Lee, Yang,
Feynman, Gell-Mann e vários outros nos anos da década de 1950.
Sua forma atual é devida a Glashow, Weinberg e Salam, que a
propuseram nos anos da década de 1960. Correspondem, por
exemplo, à força nas interações onde participam os neutrinos.
Princípios da Mecânica Newtoniana

A nova teoria das interações fracas, que é chamada de flavordinâmica


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

por causa de uma das propriedades intrínsecas das partículas


elementares, é mais justamente conhecida como Teoria de Glashow-
Weinberg-Salam. Nesta teoria, as interações fraca e eletromagnética
são apresentadas como manifestações diferentes de uma única força,
a força eletrofraca. Esta unificação entre a interação fraca e a
interação eletromagnética reduz o número de forças existentes no
Universo a apenas 3: força gravitacional, força forte e força
eletrofraca.
Princípios da Mecânica Newtoniana
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1
Princípios da Mecânica Newtoniana
Exemplo:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Que tipo de interação é a força de atrito?

Que tipo de interação é a força normal?

OBS: Existem certos topos de forças que não proporcionam


nenhumas das quatro interações mencionadas.
Por exemplo, a força que sentimos quando estamos dentro de um
ônibus e este faz uma curva, ou freia, ou acelera. Outro exemplo é a
força que atua sobre a água em um balde quando amarrado a uma
corda e posto a girar num movimento circular (a força impede que a
agua derrame).
Princípios da Mecânica Newtoniana
Leis do movimento
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Os postulados enunciados a seguir equivalem às três leis do


movimento de Newton, mas procuram evitar certas dificuldades
lógicas da proposição original

 Primeira Lei
• Uma partícula livre está em repouso ou MRU.
• Existem sistemas de referência, ditos inerciais em relação aos
quais toda partícula isolada descreve um MRU.
• A existência de um referencial inercial implica a existência de uma
infinidade de outros, todos movendo-se em linha reta com
velocidade constante.
Princípios da Mecânica Newtoniana
• Neste postulado está implícita a noção newtoniana de tempo
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absoluto, que “flui uniformemente sem relação com qualquer coisa


externa” e é o mesmo em todos referenciais inerciais.

 Segunda Lei
Quando uma partícula interage, seu estado de movimento é alterado
da seguinte maneira
𝑑 𝑝Ԧ
𝐹Ԧ = ,
𝑑𝑡
Onde 𝐹Ԧ é a resultante das forças que atuam sobre a partícula e 𝑝Ԧ é
o seu momento linear, cuja definição clássica é
𝑝Ԧ = 𝑚𝑣Ԧ
Princípios da Mecânica Newtoniana
 Segunda Lei
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Em qualquer referencial inercial o movimento de uma partícula é


regido pela equação:

𝑚 ∙ 𝑎Ԧ = 𝐹Ԧ
• Este postulado pressupõe, implicitamente, que cada partícula está
associada uma constante positiva m, denominada massa, que é a
mesma em todos os referenciais inerciais.
Princípios da Mecânica Newtoniana
 Terceira Lei
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

• Quando duas partículas interagem, a força numa delas possui o


mesmo módulo, a mesma direção e sentidos contrários à força que
atua na outra.
• A cada ação corresponde uma reação igual e oposta, isto é, se 𝐹Ԧ 𝑖𝑗 é
a força sobre a partícula i exercida pela partícula j, então
𝐹Ԧ 𝑖𝑗 = −𝐹Ԧ 𝑗𝑖
o Esta é a lei da ação e reação na sua forma fraca.
o Na sua versão forte, esta lei declara que, além de iguais e opostas,
as forças são dirigidas ao longo da linha que une as partículas. Isto
significa que duas partículas só podem se atrair ou repelir.
o Esta lei não tem valida geral, pois as forças entre cargas elétricas
em movimento geralmente a violam
Princípios da Mecânica Newtoniana
 Observações:
1. A primeira lei de Newton, também chamada de lei da inércia,
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

corresponde à representação do referencial inercial.


2. A segunda lei de Newton não nos diz qual o tipo de interação a que
a partícula está sujeita. Ela relaciona a resultante das forças que
atuam sobre uma partícula com a variação de seu momento linear em
relação ao tempo. Esta resultante pode ser de natureza gravitacional
ou eletromagnética.
Considere que sobre uma partícula atuem N forças, todas
provenientes de uma interação (referencial inercial), a segunda lei de
Newton fica
𝑑 𝑝Ԧ
𝐹1 + 𝐹2 + ⋯ + 𝐹𝑁 =
𝑑𝑡
Princípios da Mecânica Newtoniana

No caso de um sistema contendo várias partículas, supõe-se que a


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

força sobre cada uma delas pode ser decomposta em forças externas,
produzidas por fontes exteriores ao sistema, e forças internas, que se
devem as demais partículas do sistema. Assim, a equação do
movimento da i-ésima partícula de um sistema de N partículas é,
conforme a segunda lei,

𝑁
𝑑 𝑝Ԧ𝑖
෍ 𝐹Ԧ 𝑖𝑗 + 𝐹Ԧ 𝑖 𝑒 =
𝑑𝑡
𝑗=1
𝑗≠𝑖

𝑑 𝑟Ԧ𝑖
onde 𝑝Ԧ𝑖 = 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 = 𝑚𝑖
𝑑𝑡
Princípios da Mecânica Newtoniana

3. Podemos considerar a 1º Lei de Newton decorre da 2º Lei quando


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

fazemos a 𝐹𝑅 = 0?

O fato de a resultante das forças ser zero e o momento constante não


significa que o referencial é necessariamente inercial?

4. A terceira lei é também chama da de lei da ação e reação. É


importante ressaltar que o par de forças, corresponde à interação
entre duas partículas, contém uma força atuando em cada partícula.
As duas forças, ação e reação nunca podem estar sobre o mesmo
corpo.
Princípios da Mecânica Newtoniana

▪ É importante salientar que este par de forças só ocorre para as


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forças de interação, isto é, as forças fictícias não possuem


reação.
▪ Se o referencial não for inercial, a terceira lei não é válida para
todas as forças que existem nesse referencial.
▪ As leis de Newton subentendem que as interações se processam
instantaneamente. Supondo que a interação gravitacional se
propague com uma velocidade igual a velocidade da luz no vácuo,
termos cerca de 8 min onde a terceira lei não é verificada.
Princípios da Mecânica Newtoniana

▪ Cada uma das carga oposta q1 e q2 produz um campo magnético


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

que exerce uma força sobre a outra carga. As força resultantes 𝐹Ԧ12
e 𝐹Ԧ21 não obedecem à terceira Lei de Newton.
Energia mecânica de um sistema de partículas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Energia Cinética:
1 𝑁 1 𝑁
𝑇= σ𝑖=1 𝑚1 𝑟𝑖ሶ = σ𝑖=1 𝑚1 𝑣𝑖2
2
2 2
Energia mecânica de um sistema de partículas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑊𝐴𝐵 = 𝑇𝑐,𝐵 − 𝑇𝑐,𝐴  Teorema da energia cinética - Relação


válida para qualquer que seja a natureza
das forças que atuam no sistema.

𝑊𝐴𝐵 = −∆𝑉𝑝,𝐴𝐵  Relação válida se as forças que


atuam no sistema forem conservativas.
Energia mecânica de um sistema de partículas

 Energia potencial para um sistema de partículas:


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(𝑒) 1
𝑉𝑝 = ෍ 𝑉𝑖 + ෍ 𝑉𝑖𝑗
2
𝑖 𝑖,𝑗
𝑖≠𝑗

A primeira parcela representa a energia potencial devido às


interações externas e a segunda corresponde as interações
internas. O fator meio vem do fato de o somatório estar contando
duas vezes cada par de partículas.
Sistemas Conservativos e Não-Conservativos
• Se toas as forças atuantes sobre um sistema de partículas forem
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derivadas de uma função potencial (ou energia potencial) 𝑉, então


o sistema é chamado de conservativo, do contrário é não
conservativo.
Mecânica Analítica
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Dinâmica Lagrangiana
Dinâmica Lagrangiana

➢ Vínculos
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

São limitações às possíveis posições e velocidades das partículas


de um sistema mecânico, restringindo a priori o seu movimento.

• É importante salientar que os vínculos são limitações de ordem


cinemática impostas ao sistema mecânico.
• As restrições antecedem a dinâmica e precisam ser levadas em
conta na formulação das equações de movimento do sistema.
• Restrições de natureza dinâmica – decorrentes, portanto das
equações de movimento – não são vínculos.
Dinâmica Lagrangiana

Exemplo 1:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

A segunda lei de Newton obriga uma partícula sujeita a uma força


central a se mover num plano fixo, mas isso não caracteriza um
vínculo, pois é de natureza dinâmica.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 2:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Uma partícula está restrita a uma superfície fixa. Seja 𝑟Ԧ = 𝑥, 𝑦, 𝑧


o vetor posição da partícula relativa a um sistema cartesiano de
eixos em relação ao qual a superfície permanece fixa. Então 𝑥, 𝑦, 𝑧
não são variáveis independentes mas devem satisfazer

𝑓 𝑟Ԧ ≡ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)=0
onde 𝑓 𝑟Ԧ = 0 é a equação da superfície. Se, por exemplo, a
superfície for uma esfera centrada na origem,

𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 − 𝑅2
onde R é o raio da esfera.
Dinâmica Lagrangiana

Exemplo 3:
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Uma partícula está restrita a uma superfície móvel e deformável.


Neste caso 𝑥, 𝑦, 𝑧 obedecem à equação

𝑓 𝑟,
Ԧ 𝑡 ≡ 𝑓 𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡 = 0

a dependência temporal explícita indica a mudança na forma ou


localização da superfície no transcurso do tempo.
Dinâmica Lagrangiana

Exemplo 4:
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Duas partículas movem-se no espaço sempre unidas por uma haste


rígida. O vínculo tem a forma

𝑟2 − 𝑟1 2 − 𝑙2 = 0
ou, equivalente,

𝑥2 − 𝑥1 2 + 𝑦2 − 𝑦1 2 + 𝑧2 − 𝑧1 2 − 𝑙2 = 0

sendo 𝑙 o comprimento invariável da haste.


Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 5:
Um pêndulo duplo oscila num plano vertical fixo. As equações de
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vinculo são
𝑥 2 + 𝑦 2 − 𝑙12 = 0, 𝑥2 − 𝑥1 2+ 𝑦2 − 𝑦1 2 − 𝑙22 = 0

𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑙12

𝑥2 − 𝑥1 2 + 𝑦2 − 𝑦1 2 = 𝑙22
Dinâmica Lagrangiana

➢ Coordenadas Generalizadas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Considere uma partícula ou sistema de partículas em movimento,


sujeita a possíveis restrições (vínculos). Haverá um número mínimo
de coordenadas independentes necessárias para especificar o
movimento.
Essas coordenadas representadas por

q1, q2, ...,qn

são chamadas coordenadas generalizadas e podem ser distâncias,


ângulos ou valores relacionados a eles
Dinâmica Lagrangiana
➢ Notação:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

O subscrito  variará de 1 a n, o número de graus de liberdade,


enquanto o subscrito  variará de 1 a N, o número de partículas do
sistema.

▪ Considere o vetor posição da -partícula em relação ao sistema de


coordenadas xyz como
𝑟Ԧ𝜈 = 𝑥𝜈 𝑖Ԧ + 𝑦𝜈 𝑗Ԧ + 𝑧𝜈 𝑘

A relação entre as coordenadas generalizadas e as coordenadas de


posição são dadas pelas equações de transformação,
Dinâmica Lagrangiana

𝑥𝜈 = 𝑥𝜈 𝑞1 , 𝑞2 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑦𝜈 = 𝑦𝜈 𝑞1 , 𝑞2 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡

𝑧𝜈 = 𝑧𝜈 𝑞1 , 𝑞2 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡

Na forma vetorial, podemos escrever

𝑟Ԧ𝜈 = 𝑟Ԧ𝜈 𝑞1 , 𝑞2 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡

Essas funções são consideradas como sendo contínuas e tendo


derivadas contínuas.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 6:
Escreva as equações de transformação o pêndulo duplo
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑥1 = 𝑙1 s𝑖𝑛 𝜃1

𝑦1 = 𝑙1 cos 𝜃1

𝑥2 = 𝑙1 sin 𝜃1 + 𝑙2 sin 𝜃2
𝑦2 = 𝑙1 cos 𝜃1 + 𝑙2 cos 𝜃2

O sistema tem apenas 2 grau de


liberdade com coordenadas
generalizadas q1 = θ1 e q2 = θ2
Dinâmica Lagrangeana

➢ Vínculos Holônomos
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Sejam as coordenadas de um sistema representadas por q1, q2, ...,qn


e o tempo representado por t. Se todas as restrições do sistema
podem ser representadas por equações da forma
𝜙 𝑞1 , 𝑞2 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡 = 0 ou sua equivalente, então o sistema é dito
holonômico.
▪ Envolve o tempo de modo explicito.

➢ Vínculos Não-Holônomos
São aqueles que não podem ser expressos dessa forma. Exemplo: as
paredes de um recipiente esférico de raio a onde encontram-se
confinadas as moléculas de um gás. Nesse caso os vínculos são ri < a
Dinâmica Lagrangiana

Exemplo 7:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Um cilindro rola sem deslizar ao longo de uma linha reta. Sendo x a


posição do centro de massa do cilindro e  o ângulo de rotação do
centro de massa, a condição de rolar sem deslizar é representada
por
𝑥ሶ = 𝑅 𝜙ሶ → 𝑥ሶ − 𝑅 𝜙ሶ = 0
onde R é o raio do cilindro.
Dinâmica Lagrangiana

Exemplo 8:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1
Dinâmica Lagrangiana

Um disco vertical (moeda) rola sem deslizar num plano horizontal.


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Sejam (x, y) a posição do centro de massa do disco,  o ângulo do


plano do disco com o eixo x e  o de rotação do disco em torno do
seu eixo de simetria. Sendo 𝑣Ԧ a velocidade do centro de massa, o
disco rola sem deslizar desde que 𝑣Ԧ = 𝑅𝜙ሶ .
Sabendo que 𝑥ሶ ≡ 𝑣𝑥 = 𝑣 ∙ cos 𝜃 𝑒 𝑦ሶ ≡ 𝑣𝑦 = 𝑣 ∙ sin 𝜃, somos
conduzidos às equações

𝑥ሶ − 𝑅 𝜙ሶ cos 𝜃 = 0 𝑒 𝑦ሶ − 𝑅 𝜙ሶ sin 𝜃 = 0

que exprimem matematicamente a condição de rolamento sem


deslizar.
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert
➢ Princípio de D’Alembert
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

O princípio de D’Alembert, ou princípio do trabalho virtual, usa a noção


de coordenadas generalizadas e o conceito dos deslocamentos virtuais
para eliminar as forcas de vínculo da descrição do problema.

➢ Deslocamentos Virtuais
▪ São deslocamentos infinitesimais de cada partícula que levam a
uma configuração possível a outra configuração possível
infinitesimalmente próxima no mesmo instante t.

▪ Dado um sistema de N partículas os deslocamentos virtuais


𝛿 𝑟Ԧ𝑖 , 𝑖 = 1, … , 𝑁, são deslocamentos infinitesimais das posições
𝑟Ԧ1 , … , 𝑟Ԧ𝑁 realizados instantaneamente e com a propriedade de
serem compatíveis com os vínculos
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

➢ Deslocamentos Virtuais
▪ Em suma, as características definidoras dos deslocamentos
virtuais são:
i. eles são infinitesimais;
ii. ocorrem num instante t fixo;
iii. não violam os vínculos.
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

➢ Trabalho Virtual
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Nesse formalismo, a distinção entre forças de vínculo e outras forças,


que chamaremos de forças aplicadas, é fundamental. Seja então

𝐹Ԧ𝑖 = 𝐹Ԧ 𝑖 𝑎
+ 𝑓Ԧ𝑖

a força total atuando na i-ésima partícula do sistema, onde 𝑓Ԧ𝑖 são


as forcas de vínculo e 𝐹Ԧ 𝑖 (𝑎) são as forças aplicadas, que podem
ser externas ou devido às outras partículas do sistema.
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

Veremos inicialmente como fazer isso no caso estático, isto é, um


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

sistema de partículas em equilíbrio. Neste caso 𝐹Ԧ𝑖 = 0 e, quaisquer


que sejam os deslocamentos virtuais 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 ,
𝑁

෍ 𝐹Ԧ𝑖 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 = 0
𝑖=1

como 𝐹Ԧ𝑖 = 𝐹Ԧ 𝑖 𝑎 + 𝑓Ԧ𝑖

resulta ෍ 𝐹Ԧ𝑖 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 + ෍ 𝑓Ԧ𝑖 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 = 0


𝑖=1 𝑖
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

Levando em conta que o trabalho virtual das forças de vínculo é zero,


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

somos conduzidos ao chamado princípio dos trabalhos virtuais:

෍ 𝐹Ԧ 𝑖 (𝑎) ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 = 0
𝑖=1

Este princípio permite exprimir a condição de equilíbrio para sistemas


vinculados em termos somente das forças aplicadas.
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

Estamos interessados na dinâmica, que pode ser formalmente


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

reduzida à estática escrevendo a segunda lei de Newton na forma


𝐹Ԧ𝑖 − 𝑝Ԧሶ 𝑖 = 0 , com 𝑝Ԧ𝑖 = 𝑚𝑖 𝑟Ԧ𝑖ሶ . Segundo a interpretação de
d’Alembert. Cada partícula do sistema encontra-se em “equilíbrio” sob
uma força resultante que é a soma da força real com uma “força
efetiva invertida” igual a −𝑝Ԧሶ 𝑖 . Esta força adicional fictícia é uma força
de inércia existente no referencial que acompanha o movimento da
partícula, isto é, no qual ela permanece em repouso. Podemos
escrever:

෍ 𝑝Ԧሶ 𝑖 − 𝐹Ԧ𝑖 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 = 0


𝑖

é verdadeira para qualquer deslocamento virtual 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 .


Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

Usando a equação 𝐹Ԧ𝑖 = 𝐹Ԧ 𝑖 𝑎 + 𝑓Ԧ𝑖 e admitindo a nulidade do


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

trabalho virtual das forças de vínculo, resulta o chamado princípio de


d’Alembert:

෍ 𝑝Ԧሶ 𝑖 − 𝐹Ԧ 𝑖 (𝑎) ∙ 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 = 0


𝑖

Este princípio representa uma extensão do princípio dos trabalhos


virtuais a sistemas mecânicos em movimento.
Em suas aplicações concretas é preciso levar em conta que os
deslocamentos virtuais 𝛿 𝑟Ԧ𝑖 não são independentes, pois têm que
estar em harmonia com os vínculos.
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert
Exemplo 9:
Utilizando o princípio de d’Alembert, encontrar as equações do
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

movimento para o sistema mecânico da máquina de Atwood.


Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert
Solução:
A roldana é suposta sem massa e sem atrito. Com o sistema
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

cartesiano indicado na figura, temos:


𝑟Ԧ1 = 𝑥1 𝑖Ƹ 𝑒 𝑟Ԧ2 = 𝑥2 𝑖Ƹ

e o vínculo holônomo escreve-se:


𝑥1 + 𝑥2 = 𝑙

onde a constante 𝑙 é determinada pelo raio da


roldana e o comprimento do fio, suposto
inextensível e de massa desprezível.
Claramente, os deslocamentos virtuais
𝛿𝑥1 𝑒 𝛿𝑥2 são compatíveis com o vínculo
𝑥1 + 𝑥2 = 𝑙 e estão relacionados por

𝛿𝑥1 + 𝛿𝑥2 = 0 → 𝛿𝑥2 = −𝛿𝑥2


Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

Em outras palavras, se uma das massas sobe a outra desce a


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

mesma distância, e vice-versa.

𝑚1 𝑟Ԧ1ሷ ∙ 𝛿 𝑟Ԧ1 + 𝑚2 𝑟Ԧ2ሷ ∙ 𝛿 𝑟Ԧ2 = 𝐹Ԧ 1 𝑎 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ1 + 𝐹Ԧ 2 𝑎 ∙ 𝛿 𝑟Ԧ2


= 𝑚1 𝑔𝑖Ƹ ∙ 𝛿 𝑟Ԧ1 + 𝑚2 𝑔𝑖Ƹ ∙ 𝛿 𝑟Ԧ2

𝑚1 𝑥ሷ1 ∙ 𝛿𝑥1 + (−𝑚2 𝑥ሷ 1 ) ∙ (−𝛿𝑥1 ) = 𝑚1 𝑔𝛿𝑥1 + 𝑚2 𝑔 −𝛿𝑥1 →


→ 𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሷ 1 𝛿𝑥1 = 𝑚1 − 𝑚2 𝑔𝛿𝑥1
Dinâmica Lagrangiana - Princípio de d’Alembert

𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሷ 1 𝛿𝑥1 = 𝑚1 − 𝑚2 𝑔𝛿𝑥1
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Em vista da arbitrariedade de 𝛿𝑥1 , resulta a equação do movimento


da massa 𝑚1 :
𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሷ 1 = 𝑚1 − 𝑚2 𝑔

𝑚1 − 𝑚2
𝑥ሷ 1 = 𝑔
𝑚1 + 𝑚2

esse resultado coincide com o resultado obtido pelo tratamento


newtoniano elementar. A aceleração de 𝑚2 é simplesmente 𝑥ሷ 2 =
− 𝑥ሷ 1 .
Dinâmica Lagrangiana
➢ Forças Generalizadas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Se 𝑊 for o trabalho total realizado sobre um sistema de partículas


pelas Forças 𝐹Ԧ 𝑖 (𝑎) ≡ 𝐹Ԧ𝑖 atuantes (aplicadas) sobre a k-ésima
partícula, então
𝑛

𝑑𝑊 = ෍ 𝑄𝑘 𝛿𝑞𝑘
𝑖=1

onde
𝑁
𝜕𝑟Ԧ𝑖
𝑄𝑘 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖 ∙
𝜕𝑞𝑘
𝑖=1
Qk é chamada de força generalizada associada à coordenada
generalizada qk .
Dinâmica Lagrangiana
➢ Equações de Lagrange
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

A força generalizada pode ser relacionada com a energia cinética


pelas equações

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇
− = 𝑄𝑘
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

Se o sistema for conservativo de modo que as forças sejam


deriváveis de um potencial ou energia potencial V, podemos escrever

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇
− =0
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘
Dinâmica Lagrangiana

A força generalizada pode ser relacionada com a energia cinética


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

pelas equações

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇
− = 𝑄𝑘
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

Se o sistema for conservativo de modo que as forças 𝐹Ԧ𝑖 sejam


deriváveis de um potencial escalares 𝑉 𝑟Ԧ𝑖 , … , 𝑟Ԧ𝑁 , 𝑡 (ou energia
potencial V), Neste caso,

𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐹Ԧ𝑖 = −𝛻𝑖 𝑉 = − 𝑖Ƹ + 𝑗Ƹ + 𝑘෠
𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑦𝑖 𝜕𝑧𝑖
Dinâmica Lagrangiana

e as forças generalizadas escrevem-se


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑁 𝑁
𝜕𝑟Ԧ𝑖 𝜕𝑉 𝜕𝑥1 𝜕𝑉 𝜕𝑦𝑖 𝜕𝑉 𝜕𝑧𝑖 𝜕𝑉
𝑄𝑘 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖 ∙ = −෍ + + =−
𝜕𝑞𝑘 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑞𝑘 𝜕𝑦𝑖 𝜕𝑞𝑘 𝜕𝑧𝑖 𝑞𝑘 𝜕𝑞𝑘
𝑖=1 𝑖=1

𝜕𝑉
𝑄𝑘 = −
𝜕𝑞𝑘

onde usamos a regra da cadeia.

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇
− = 𝑄𝑘
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘
Dinâmica Lagrangiana

Como 𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑉
− = 𝑄𝑘 e 𝑄𝑘 = −
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘 𝜕𝑞𝑘

resulta
𝑑 𝜕𝑇 𝜕
− 𝑇−𝑉 =0
𝑑𝑡 𝑑 𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

Dado que 𝜕𝑉ൗ𝜕𝑞ሶ 𝑘 = 0, esta ultima equação equivale a

𝑑 𝜕 𝜕
𝑇−𝑉 − 𝑇−𝑉 =0
𝑑𝑡 𝜕𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

Definindo a função de Lagrange ou, simplesmente, lagrangiano 𝐿 por

𝐿 =𝑇−𝑉
Dinâmica Lagrangiana

𝑑 𝜕 𝜕
𝑇−𝑉 − 𝑇−𝑉 =0 𝐿 =𝑇−𝑉
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑑𝑡 𝜕𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

as equações de movimento do sistema podem ser escritas na forma

d 𝜕L 𝜕L
− =0 Equações de Lagrange
dt 𝜕qሶ k 𝜕qk

onde 𝑘 = 1, … , 𝑛.

d 𝜕L 𝜕L
Se o sistema não for conservativo − = 𝑄𝑘
dt 𝜕qሶ k 𝜕qk
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 10:
O objetivo deste primeiro exemplo é ilustrar certos cuidados que
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

devemos ter em relação às várias derivadas parciais e totais que


aparecem ao longo dos cálculos no formalismo de Lagrange.
Considere um sistema fictício de dois graus de liberdade cuja
Lagrangeana é dada por 𝐿 = 𝑞12 𝑞ሶ 2 + 𝑞ሶ 12 .

d 𝜕L 𝜕L
Equações de Lagrange − =0
dt 𝜕qሶ k 𝜕qk

Essa Lagrangeana tem as seguintes derivadas parciais:


Dinâmica Lagrangiana
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Veja que q2 não aparece em L. As derivadas totais em relação ao


tempo ficam

Como as equações de Lagrange tem a forma


d 𝜕L 𝜕L
− =0
dt 𝜕qሶ k 𝜕qk

de forma que as duas equações de movimento ficam


Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 11:
Determine a equação de Lagrange e as equações de movimento para
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

um pêndulo com suporte livre (a massa M pode se mover livremente


sem atrito no plano horizontal, enquanto o pêndulo oscila no plano
vertical).
Dinâmica Lagrangiana

Refazendo o desenho e tomando o nível de referencia na origem,


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

temos
Dinâmica Lagrangiana

Podemos escrever as energias cinética e potencial


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

1 1
𝑇 = 𝑀𝑥ሶ + 𝑚 𝑋ሶ 2 + 𝑌ሶ 2
2
2 2

𝑉𝑀 = 0 𝑒 𝑉𝑚 = −𝑚𝑔𝑌, 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑉 = −𝑚𝑔𝑌

Como

𝑋 = 𝑥 + 𝑙 sin 𝜃 → 𝑋ሶ = 𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ cos 𝜃
𝑌 = 𝑙 cos 𝜃 → 𝑌ሶ = −𝑙 𝜃ሶ sin 𝜃

Logo

𝑋ሶ 2 + 𝑌ሶ 2 = 𝑥ሶ 2 + 𝑙2 𝜃ሶ 2 + 2𝑙𝑥ሶ 𝜃ሶ cos 𝜃
Dinâmica Lagrangiana
Podemos reescrever as energias cinética e potencial como
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑚 + 𝑀 2 𝑚𝑙2 2
𝑇= 𝑥ሶ + 𝜃ሶ + 𝑚𝑙𝑥ሶ 𝜃ሶ cos 𝜃
2 2

𝑉 = −𝑚𝑔𝑙 cos 𝜃

A lagrangiana fica

𝑚 + 𝑀 2 𝑚𝑙2 2
𝐿 =𝑇−𝑉 = 𝑥ሶ + 𝜃ሶ + 𝑚𝑙 𝑥ሶ 𝜃ሶ cos 𝜃 + 𝑚𝑔𝑙 cos 𝜃
2 2
Dinâmica Lagrangiana

OBS: A energia cinética e a energia potencial que aparecem na


equação de Lagrange só pode ser escrita em relação a um referencial
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

inercial. Isto se deve ao fato das equações de Lagrange terem sido


deduzidas do princípio de d’Lambert e esse princípio envolve a
aplicação da 2º lei de Newton que é válida apenas para referenciais
inerciais.

Um erro comum é escrever a energia cinética em relação ao suporte


(massa M em movimento), que em geral executa um movimento
acelerado. 𝑚𝑙 2
𝑣 2 = 𝑙2 𝜃ሶ 2 → 𝑇 = 𝜃ሶ 2
2
Dinâmica Lagrangiana

𝑚 + 𝑀 2 𝑚𝑙2 2
𝜃ሶ + 𝑚𝑙𝑥ሶ 𝜃ሶ cos 𝜃 + 𝑚𝑔𝑙 cos 𝜃
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝐿= 𝑥ሶ +
2 2

Podemos, agora, determinar as equações de movimento

d 𝜕L 𝜕L
− =0
dt 𝜕𝑥ሶ 𝜕𝑥

d
𝑚 + 𝑀 𝑥ሶ + 𝑚𝑙𝜃ሶ cos 𝜃 − 0 = 0
dt

𝑚 + 𝑀 𝑥ሷ + 𝑚𝑙𝜃ሷ cos 𝜃 − 𝑚𝑙 𝜃ሶ 2 sin 𝜃 = 0


Dinâmica Lagrangiana

d 𝜕L 𝜕L
− =0
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

dt 𝜕𝜃ሶ 𝜕𝜃

d
𝑚𝑙2 𝜃ሶ + 𝑚𝑙 𝑥ሶ cos 𝜃 − −𝑚𝑙𝑥ሶ 𝜃ሶ sin 𝜃 − 𝑚𝑔𝑙 sin 𝜃 = 0
dt

𝑚𝑙2 𝜃ሷ + 𝑚𝑙𝑥ሷ cos 𝜃 − 𝑚𝑙𝑥ሶ 𝜃ሶ sin 𝜃 + 𝑚𝑙 𝑥ሶ 𝜃ሶ sin 𝜃 + 𝑚𝑔𝑙 sin 𝜃 = 0

𝑚𝑙2 𝜃ሷ + 𝑚𝑙𝑥ሷ cos 𝜃 + 𝑚𝑔𝑙 sin 𝜃 = 0


Dinâmica Lagrangiana

Como as equações de movimento são difíceis de resolver (equações


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

não lineares – não existe um método geral de resolução , cada caso é


um caso), vamos analisar alguns casos limites (particulares) afim de
verificarmos se essas equações estão corretas.

1º) Se m = 0

𝑚 + 𝑀 𝑥ሷ + 𝑚𝑙𝜃ሷ cos 𝜃 − 𝑚𝑙 𝜃ሶ 2 sin 𝜃 = 0

0 + 𝑀 𝑥ሷ = 0 → 𝑥ሷ = 0 → 𝑀 𝑠𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑢𝑚 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒


Dinâmica Lagrangiana

2º) Se M  
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑚 + 𝑀 𝑥ሷ + 𝑚𝑙𝜃ሷ cos 𝜃 − 𝑚𝑙 𝜃ሶ 2 sin 𝜃 = 0

Divide-se todos os termos por M

𝑚 + 𝑀 𝑥ሷ 𝑚𝑙 𝜃ሷ cos 𝜃 𝑚𝑙 𝜃ሶ 2 sin 𝜃
+ − = 0 → 𝑥ሷ = 0
𝑀 𝑀 𝑀
Substituindo 𝑥ሷ = 0 na segunda equação de movimento
𝑚𝑙2 𝜃ሷ + 𝑚𝑙𝑥ሷ cos 𝜃 + 𝑚𝑔𝑙 sin 𝜃 = 0 e dividindo por 𝑚𝑙2 ,
obtemos
𝑔
ሷ𝜃 + sin 𝜃 = 0
𝑙
que corresponde a equação do pêndulo simples com ponto de
suspensão fixo.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 12
Considere o pendulo simples da figura abaixo. Em coordenadas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

polares o raio é fixo r = a e θ é a única coordenada livre. A


transformação de x, y para θ é x = a cos θ, y = a sin θ. A energia
cinética é obtida calculando-se
Dinâmica Lagrangiana

A energia cinética é obtida calculando-se


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Como o lagrangiano é dado por 𝐿 =𝑇−𝑉

Obtemos
Dinâmica Lagrangiana
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

d 𝜕L 𝜕L
Equações de Lagrange − =0
dt 𝜕𝜃ሶ 𝜕θ

𝜕𝐿 𝜕𝐿
= 𝑚𝑎2 𝜃ሶ → = 𝑚𝑔𝑎𝑠𝑖𝑛𝜃
𝜕 𝜃ሶ 𝜕𝜃

e a equação de movimento fica

𝑚𝑎2 𝜃ሷ − 𝑚𝑔𝑎𝑠𝑖𝑛𝜃 = 0 → 𝑎𝜃ሷ = −𝑔𝑠𝑖𝑛𝜃


Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 13:
Obter a lagrangiana e as respectivas equações de Lagrange para o
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

sistema mecânico representado, considerando desprezível as


massas da roldana e do fio inextensível, e que o comprimento natural
da mola é 𝑙.
Solução:
Supondo que o fio permaneça sempre
esticado, o vínculo
𝑥1 + 𝑥2 = 𝑙0

𝑙0 é uma constante determinada pelo


comprimento do fio e pelo raio da
roldana, mostra que somente duas das
três coordenadas 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 podem ser
tomadas como
Dinâmica Lagrangiana
Solução:
Supondo que o fio permaneça sempre esticado, o vínculo
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑥1 + 𝑥2 = 𝑙0
𝑙0 é uma constante determinada pelo comprimento do fio e pelo raio
da roldana, mostra que somente duas das três coordenadas 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3
podem ser tomadas como coordenadas generalizadas – o sistema
possui dois graus de liberdade. Escolhemos 𝑥2 𝑒 𝑥3 como
coordenadas generalizadas.
A energia cinética do sistema é
𝑚1 2 𝑚2 2 𝑚3 2 𝑚1 + 𝑚2 2 𝑚3 2
𝑇= 𝑥ሶ 1 + 𝑥ሶ 2 + 𝑥ሶ 3 = 𝑥2ሶ + 𝑥ሶ 3
2 2 2 2 2
porque 𝑥ሶ 1 = −𝑥ሶ 2
Dinâmica Lagrangiana

Adotando o nível zero do potencial gravitacional no plano horizontal


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

que passa no centro da polia, temos


𝑘
𝑉 = −𝑚1 𝑔𝑥1 − 𝑚2 𝑔𝑥2 − 𝑚2 𝑔𝑥3 + 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 2
2
𝑘 2
𝑉 = − 𝑚2 − 𝑚1 𝑔𝑥2 − 𝑚1 𝑔𝑙0 − 𝑚3 𝑔𝑥3 + 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙
2
A lagrangiana é

𝐿 =𝑇−𝑉
𝑚1 + 𝑚2 2 𝑚3 2
𝐿= 𝑥2ሶ + 𝑥ሶ 3 + 𝑚2 − 𝑚1 𝑔𝑥2 +
2 2
𝑘
+𝑚1 𝑔𝑙0 + 𝑚3 𝑔𝑥3 − 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 2
2
Dinâmica Lagrangiana

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

− = 0 → 𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሷ 2 − 𝑚2 − 𝑚1 𝑔 − 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 = 0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 2 𝜕𝑥2

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− = 0 → 𝑚3 𝑥ሷ 3 + 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 = 0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 3 𝜕𝑥3

Se 𝑘 = 0 não há interação ente m2 e m3. Neste caso limite as


equações de Lagrange preveem corretamente que m3 cai em queda
livre 𝑥ሷ 3 = 𝑔 e que a aceleração 𝑥ሷ 2 = 𝑚2−𝑚1 𝑔ൗ 𝑚1+𝑚2 da
massa m2 coincida com a obtida no tratamento da máquina de
Atwood pelo princípio de d’Alembert.
Dinâmica Lagrangiana
𝑚1 + 𝑚2 2 𝑚3 2 𝑘 2
𝐿= 𝑥2ሶ + 𝑥ሶ 3 + 𝑚2 − 𝑚1 𝑔𝑥2 + 𝑚3 𝑔𝑥3 − 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 + 𝑚1 𝑔𝑙0
2 2 2
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Temos
𝜕𝐿 𝜕𝐿
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሶ 2 = 𝑚2 + 𝑚1 𝑔 + 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙
𝑑𝑥ሶ 2 𝑑𝑥2

𝜕𝐿 𝜕𝐿
= 𝑚3 𝑥ሶ 3 = 𝑚3 𝑔 + 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙
𝑑 𝑥ሶ 3 𝑑𝑥3

As equações de Lagrange são


𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− = 0 → 𝑚1 + 𝑚2 𝑥ሷ 2 − 𝑚2 − 𝑚1 𝑔 − 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 = 0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 2 𝜕𝑥2

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− = 0 → 𝑚3 𝑥ሷ 3 + 𝑘 𝑥3 − 𝑥2 − 𝑙 = 0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 3 𝜕𝑥3
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 14:
Uma partícula move-se num plano e coordenadas polares são
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

empregadas para a descrição do movimento. O vetor posição da


partícula escreve-se 𝑟Ԧ = 𝑟𝑐𝑜𝑠 𝜃𝑖Ƹ + 𝑟𝑠𝑖𝑛 𝜃𝑗.Ƹ
Dinâmica Lagrangiana

As componentes da força generalizada são


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝜕𝑟Ԧ
𝑄1 ≡ 𝑄𝑟 = 𝐹Ԧ ∙ = 𝐹Ԧ ∙ cos 𝜃 𝑖Ƹ + sin 𝜃 𝑗Ԧ = 𝐹Ԧ ∙ 𝑒Ƹ𝑟 = 𝐹𝑟
𝜕𝑟

𝜕𝑟Ԧ
𝑄2 ≡ 𝑄𝜃 = 𝐹Ԧ ∙ = 𝑟𝐹Ԧ ∙ − sin 𝜃 𝑖Ƹ + cos 𝜃 𝑗Ԧ = 𝑟𝐹Ԧ ∙ 𝑒Ƹ𝜃 = 𝑟𝐹𝜃
𝜕𝜃
Onde 𝑒Ƹ𝑟 = cos 𝜃 𝑖Ƹ + sin 𝜃 𝑗Ƹ 𝑒 𝑒Ƹ𝜃 = − sin 𝜃 𝑖Ƹ + cos 𝜃 𝑗Ƹ são os
unitários radial e angular representados na figura.
Usando
𝑥ሶ = 𝑟ሶ cos 𝜃 − 𝑟𝜃ሶ sin 𝜃 , 𝑦ሶ = 𝑟ሶ sin 𝜃 + 𝑟𝜃ሶ cos 𝜃,
a energia cinética expressa em termos de coordenadas polares é
𝑚 2 𝑚 2
𝑇= 2
𝑥ሶ + 𝑦ሶ = 𝑟ሶ + 𝑟 2 𝜃ሶ 2
2 2
Dinâmica Lagrangiana
Portanto, podemos escrever
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇
− = 𝑄𝑘 → − = 𝑄𝑟 → 𝑚𝑟ሷ − 𝑚𝑟𝜃ሶ 2 = 𝐹𝑟
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘 𝑑𝑡 𝑑𝑟ሶ 𝜕𝑟

𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝑑 𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝑑
− = 𝑄𝑘 → − = 𝑄𝜃 → 𝑚𝑟 2 𝜃ሶ = 𝑟𝐹𝜃
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘 𝑑𝑡 𝑑𝜃ሶ 𝜕𝜃 𝑑𝑡

Verifica-se portanto que 𝑟𝐹𝜃 é a componente normal ao plano do


movimento do torque em relação à origem, enquanto 𝑚𝑟 2 𝜃ሶ é a
componente do momento angular. Desenvolvendo explicitamente a
derivada temporal, as equações de movimento anteriores tornam-se
𝑚𝑟ሷ − 𝑚𝑟𝜃ሶ 2 = 𝐹 ,
𝑟 𝑚𝑟𝜃 + 2𝑚𝑟ሶ 𝜃ሷ ሶ = 𝐹 ,
𝜃

que são simplesmente as componentes polares da equação de


movimento de Newton.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 15:
Uma conta desliza ao longo de uma haste retilínea lisa que gira com
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

velocidade angular constante num plano horizontal. Descreva seu


movimento pelo formalismo de Lagrange.
Dinâmica Lagrangiana
Solução:
Seja 𝑥𝑦 o plano horizontal que contém a haste e usemos as
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

coordenadas polares para localizar a massa 𝑚. As varáveis 𝑟, 𝜃 não


podem ser tomadas como coordenadas generalizadas porque 𝜃 é
forçada a obedecer à restrição 𝜃 − 𝜔𝑡 = 0, que é um vínculo
holônomo da forma 𝑓 𝑞1 , … , 𝑞𝑛 , 𝑡 = 0, onde 𝜔 é a velocidade
angular da haste, suposta conhecida. O sistema possui somente um
grau de liberdade (movimento radial) e podemos escolher 𝑞1 = 𝑟
como coordenada generalizada. A energia cinética pode ser escrita na
forma
𝑚 2 𝑚 2
𝑇= 𝑟ሶ + 𝑟 𝜃ሶ =
2 2 𝑟ሶ + 𝜔2 𝑟 2
2 2

Onde usamos 𝜃ሶ = 𝜔.
Dinâmica Lagrangiana

Adotando o nível zero do potencial gravitacional no plano do


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

movimento, a lagrangiana do sistema se reduz à energia cinética:


𝑚 2
𝐿 =𝑇−𝑉 = 𝑟ሶ + 𝜔2 𝑟 2
2
Dispondo da lagrangiana expressa exclusivamente em função de
𝑟 𝑒 𝑟,ሶ a equação de movimento do sistema é imediatamente obtida:

d 𝜕L 𝜕L 𝑑
− =0 → 𝑚𝑟ሶ − 𝑚𝜔2 𝑟 = 0 → 𝑟ሷ = 𝜔2 𝑟
dt 𝜕𝑟ሶ 𝜕𝑟 𝑑𝑡

Conclui-se que a conta tende a se afastar do eixo de rotação em


consequência da “força centrifuga”, que é o resultado bem conhecido.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 16:
Aplicar o formalismo lagrangiano para obter as equações de
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

movimento de um pêndulo duplo plano.


Dinâmica Lagrangiana

Sejam 𝑥1 , 𝑦1 𝑒 𝑥2 , 𝑦2 as coordenadas cartesianas das mas


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑚1 𝑒 𝑚2 , respectivamente. Tomando-se os ângulos 𝜃1 𝑒 𝜃2


como coordenadas generalizadas, temos
𝑥1 = 𝑙1 cos 𝜃1 𝑦1 = 𝑙1 sin 𝜃1
𝑥2 = 𝑙1 cos 𝜃1 + 𝑙2 cos 𝜃2 𝑦2 = 𝑙1 sin 𝜃1 + 𝑙2 sim 𝜃2

donde

𝑥ሶ1 = 𝑙1 𝜃ሶ1 cos 𝜃1 , 𝑥ሶ 2 = 𝑙1 𝜃ሶ1 cos 𝜃1 + 𝑙2 𝜃ሶ 2 cos 𝜃2

𝑦ሶ1 = −𝑙1 𝜃ሶ1 𝑠𝑖𝑛 𝜃1 , 𝑦2 = −𝑙1 𝜃ሶ1 sin 𝜃1 − 𝑙2 𝜃ሶ2 sin 𝜃2


Dinâmica Lagrangiana

A energia cinética relativa ao referencial supostamente inercial


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

(𝑥, 𝑦) é
𝑚1 2 2
𝑚2
𝑇= 𝑥ሶ 1 + 𝑦ሶ 1 + 𝑥ሶ 22 + 𝑦ሶ 22
2 2
que, em termos das coordenadas e velocidades generalizadas,
escreve-se

𝑚1 + 𝑚2 2 2 𝑚2 2 2
𝑇= 𝑙1 𝜃1ሶ + 𝑙2 𝜃2ሶ + 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ1 𝜃ሶ2 cos 𝜃1 − 𝜃2
2 2
Dinâmica Lagrangiana

Por outro lado, com o nível zero do potencial gravitacional no plano


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

horizontal que contém o ponto de suspensão de 𝑚1 , temos

𝑉 = 𝑚1 𝑔𝑦1 − 𝑚2 𝑔𝑦2 = − 𝑚1 + 𝑚2 𝑔𝑙1 cos 𝜃1 − 𝑚2 𝑔𝑙2 cos 𝜃2

Finalmente, a lagrangiana 𝐿 = 𝑇 − 𝑉 é dada por

𝑚1 + 𝑚2 2 2 𝑚2 𝑙22 𝜃ሶ 22
𝐿= 𝑙1 𝜃ሶ 1 + + 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ1 𝜃ሶ2 cos 𝜃1 − 𝜃2
2 2
+ 𝑚1 + 𝑚2 𝑔𝑙1 cos 𝜃1 + 𝑚2 𝑔𝑙2 cos 𝜃2
Dinâmica Lagrangiana
Usando
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝜕𝐿
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑙12 𝜃ሶ1 + 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ2 cos 𝜃1 − 𝜃2
𝜕𝜃ሶ1
𝜕𝐿
= −𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ1 𝜃ሶ2 s𝑖𝑛 𝜃1 − 𝜃2 − 𝑚1 + 𝑚2 𝑔𝑙1 sin 𝜃1
𝜕𝜃1

a equação de Lagrange 𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− =0

𝑑𝑡 𝜕𝜃1 𝜕𝜃1

toma a forma
𝑚1 + 𝑚2 𝑙12 𝜃ሷ1 + 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሷ2 cos 𝜃1 − 𝜃2
+ 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ 22 sin 𝜃1 − 𝜃2 + 𝑚1 + 𝑚2 𝑔𝑙1 sin 𝜃1
=0
Dinâmica Lagrangiana
De modo inteiramente análogo, obtemos a segunda das equações
de Lagrange
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝜕𝐿 𝜕𝐿
= … = …

𝜕𝜃2 𝜕𝜃2

a equação de Lagrange

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− =0

𝑑𝑡 𝜕𝜃2 𝜕𝜃2

Obtém-se
𝑚2 𝑙22 𝜃ሷ2 + 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሷ1 cos 𝜃1 − 𝜃2
− 𝑚2 𝑙1 𝑙2 𝜃ሶ 12 sin 𝜃1 − 𝜃2 + 𝑚2 𝑔𝑙2 sin 𝜃2 = 0
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 17:
Uma partícula de massa m move-se em um campo de força conservativo.
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Ache (a) a função lagrangiana, (b) as equações do movimento em


coordenadas cilíndrica 𝑟, 𝜃, 𝑧 .
Dinâmica Lagrangiana

Solução:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

(a) A energia cinética total em coordenadas cilíndricas


1
𝑇 = 𝑚 𝑟ሶ 2 + 𝑟 2 𝜃ሶ 2 + 𝑧ሶ 2
2
A energia potencial 𝑉 = 𝑟, 𝜃, 𝑧 . Então a função lagrangiana é
1
𝐿 = 𝑇 − 𝑉 = 𝑚 𝑟ሶ 2 + 𝑟 2 𝜃ሶ 2 + 𝑧ሶ 2 − 𝑉 𝑟, 𝜃, 𝑧
2
(b) As equações de Lagrange são

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝑉
− =0→ ሶ
𝑚𝑟ሶ − 𝑚𝑟𝜃 −2
=0
𝑑𝑡 𝜕𝑟ሶ 𝜕𝑟 𝑑𝑡 𝜕𝑟
𝜕𝑉
ሶ 2
→ 𝑚 𝑟ሷ − 𝑟𝜃 = −
𝜕𝑟
Dinâmica Lagrangiana

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝑉
− =0→ 𝑚𝑟 𝜃ሶ +
2 =0
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑑𝑡 𝜕𝜃ሶ 𝜕𝜃 𝑑𝑡 𝜕𝜃
𝑑 2 𝜕𝑉
→𝑚 ሶ
𝑟 𝜃 =−
𝑑𝑡 𝜕𝜃

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝑉
− =0→ 𝑚𝑧ሶ + =0
𝑑𝑡 𝜕𝑧ሶ 𝜕𝑧 𝑑𝑡 𝜕𝑧
𝜕𝑉
→ 𝑚𝑧ሷ = −
𝜕𝑧
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 18:
Considere o caso do movimento de projeteis sob a gravidade em duas
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

dimensões. Encontre as equações de movimento nas coordenadas (a)


cartesianas e (b) polares.
Dinâmica Lagrangiana

Solução:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

(a) Em coordenadas cartesianas, podemos escrever

1 1 1
𝑇 = 𝑚 𝑥ሶ + 𝑦ሶ = 𝑚𝑥ሶ + 𝑚𝑦ሶ 2
2 2 2 V= 𝑚𝑔𝑦
2 2 2

1 1
𝐿 = 𝑇 − 𝑉 = 𝑚𝑥ሶ + 𝑚𝑦ሶ 2 − 𝑚𝑔𝑦
2
2 2

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑
− =0 → 𝑚𝑥ሶ − 0 = 0 → 𝑥ሷ = 0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 𝜕𝑥 𝑑𝑡

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑
− =0 → 𝑚𝑦ሶ + 𝑚𝑔 = 0 → 𝑦ሷ = −𝑔
𝑑𝑡 𝜕𝑦ሶ 𝜕𝑦 𝑑𝑡
Dinâmica Lagrangiana

(b) Em coordenadas polares, podemos escrever


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

1 2 1 1 2
𝑇 = 𝑚 𝑟ሶ 2 + 𝑟𝜃ሶ = 𝑚𝑟ሶ + m 𝑟𝜃ሶ
2 𝑉 = 𝑚𝑔𝑟 sin 𝜃
2 2 2

1 1 2
𝐿 = 𝑇 − 𝑉 = 𝑚𝑟ሶ + m 𝑟𝜃ሶ
2
− 𝑚𝑔𝑟 sin 𝜃
2 2

𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑
− =0 → 𝑚𝑟ሶ − 𝑚𝑟𝜃ሶ 2 + 𝑚𝑔 sin 𝜃 = 0 →
𝑑𝑡 𝜕𝑟ሶ 𝜕𝑟 𝑑𝑡
→ 𝑟𝜃ሶ 2 − 𝑔 sin 𝜃 − 𝑟ሷ = 0
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑
− =0 → 𝑚𝑟 2 𝜃ሶ − 𝑚𝑔𝑟 cos 𝜃 = 0 →
𝑑𝑡 𝜕𝜃ሶ 𝜕𝜃 𝑑𝑡
→ −2𝑟𝑟ሶ 𝜃ሶ − 𝑟 2 𝜃ሷ − 𝑔𝑟 cos 𝜃 = 0
Dinâmica Lagrangiana

As equações de movimento em coordenadas cartesianas são mais


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

simples que as equações em coordenadas polares. Devemos


escolher as coordenadas cartesianas como as coordenadas para
resolver o problema. A chave para esse reconhecimento foi que a
energia potencial do sistema depende somente da coordenada 𝑦.
Nas coordenadas polares, a energia potencial dependia tanto de 𝑟
como de 𝜃.
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 19:
Considere o sistema de polia dupla mostrado na figura. Utilize as
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

coordenadas indicadas e determine as equações do movimento.


Dinâmica Lagrangiana
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑦1 = 𝑥
𝑦2 = 𝑙1 − 𝑥 + 𝑦
𝑦3 = 𝑙1 − 𝑥 − 𝑙2 − 𝑦
𝑙1 = 𝑐𝑡𝑒
𝑙2 = 𝑐𝑡𝑒
Dinâmica Lagrangiana

Solução:
Considere as polias como sem massa e estabeleça 𝑙1 𝑒 𝑙2 como os
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

comprimentos da corda livremente suspensa de cada uma das duas


polias. As distâncias 𝑥 𝑒 𝑦 são medidas do centro das duas polias.
𝒎𝟏 : 𝑣1 = 𝑥ሶ
𝑑
𝒎𝟐 : 𝑣2 = 𝑙1 − 𝑥 + 𝑦 = −𝑥ሶ + 𝑦ሶ
𝑑𝑡
𝑑
𝒎𝟑 : 𝑣3 = 𝑙1 − 𝑥 + 𝑙2 − 𝑦 = −𝑥ሶ − 𝑦ሶ
𝑑𝑡
1 1 1
𝑇 = 𝑚1 𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 + 𝑚3 𝑣32
2 2
2 2 2
1 2
1 2
1 2
𝑇 = 𝑚1 𝑥ሶ + 𝑚2 𝑦ሶ − 𝑥ሶ + 𝑚3 −𝑥ሶ − 𝑦ሶ
2 2 2
Dinâmica Lagrangiana

Entalecemos a energia potencial V = 0 em x = 0.


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 = −𝑚1 𝑔𝑦1 − 𝑚2 𝑔𝑦2 − 𝑚1 𝑔𝑦2

𝑉 = −𝑚1 𝑔𝑥 − 𝑚2 𝑔 𝑙1 − 𝑥 + 𝑦 − 𝑚3 𝑔 𝑙1 − 𝑥 + 𝑙2 − 𝑦

Simplificando, temos

𝑉 = −𝑚1 𝑔𝑥 − 𝑚2 𝑔 𝑙1 − 𝑥 + 𝑦 − 𝑚3 𝑔 𝑙1 − 𝑥 + 𝑙2 − 𝑦
Dinâmica Lagrangiana

Como T e V foram determinados, as equações de movimento podem


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

ser obtidas utilizando


𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
𝐿 =𝑇−𝑉 e − =0
𝑑𝑡 𝜕𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘
que também pode ser escrita em função de x e y
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿
− =0 − =0
𝑑𝑡 𝜕𝑥ሶ 𝜕𝑥 𝑑𝑡 𝜕𝑦ሶ 𝜕𝑦

Os resultados são:
𝑚1 𝑥ሷ + 𝑚2 𝑥ሷ − 𝑦ሷ +𝑚3 𝑥ሷ − 𝑦ሷ = 𝑚1 − 𝑚2 − 𝑚3 𝑔
e
−𝑚2 𝑥ሷ − 𝑦ሷ +𝑚3 𝑥ሷ + 𝑦ሷ = 𝑚2 − 𝑚3 𝑔
Dinâmica Lagrangiana
Exemplo 20:
Pendulo com apoio em parábola. Como ilustração adicional considere
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

um pêndulo cujo ponto de suspensão desliza sem atrito sobre uma


parábola y = ax2.
Dinâmica Lagrangiana

As coordenadas do ponto de apoio são x e y, as da massa são X e Y e


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

θ é o ângulo que o fio do pendulo faz com a vertical. O sistema tem


dois graus de liberdade e as coordenadas generalizadas podem ser
escolhidas como x e θ. As equações que conectam a posição da
partícula com x e θ são:
𝑋 = 𝑥 + 𝑙 sin 𝜃 𝑋ሶ = 𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ cos 𝜃
𝑌 = 𝑎𝑥 2 − 𝑙 cos 𝜃 𝑌ሶ = 2𝑎𝑥𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ sin 𝜃
As energias cinética e potencial são
1 2 2
𝑇 = 𝑚 𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ cos 𝜃 + 2𝑎𝑥𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ sin 𝜃
2

𝑉 = 𝑚𝑔𝑌 = 𝑚𝑔 𝑎𝑥 2 − 𝑙 cos 𝜃
Dinâmica Lagrangiana

A Lagrangeana é
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝐿 =𝑇−𝑉
1 2 2
𝐿= 𝑚 𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ cos 𝜃 + 2𝑎𝑥 𝑥ሶ + 𝑙 𝜃ሶ sin 𝜃 − 𝑚𝑔 𝑎𝑥 2 − 𝑙 cos 𝜃
2

Fica como exercício escrever as equações de movimento.


Dinâmica Lagrangiana
➢ Potenciais Generalizados
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Quando as forças generalizadas resultam de uma função


𝑈 𝑞1 , … , 𝑞𝑛 , 𝑞ሶ 1 , … , 𝑞ሶ 𝑛 , 𝑡 por meio das expressões

𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈
− = 𝑄𝑘
𝑑𝑡 𝑑𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘

então a lagrangiana fica definida por

𝐿 =𝑇−𝑈

onde função 𝑈 é chamada potencial generalizado ou potencial


dependente das velocidades.
Dinâmica Lagrangiana
𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈
A classe de forças abrangidas pela equação 𝑄𝑘 = − é
𝑑𝑡 𝑑 𝑞ሶ 𝑘 𝜕𝑞𝑘
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

maia ampla do que o conjunto das forças conservativas, estas ultimas


constituindo um caso particular em que 𝑈 independe das velocidades
generalizadas e do tempo. Um exemplo importante é a força
eletromagnética sobre uma carga em movimento.

Continuam válidas as equações de movimento de Lagrange na forma

d 𝜕L 𝜕L onde 𝑘 = 1, … , 𝑛.
− =0
dt 𝜕qሶ k 𝜕qk
Dinâmica Lagrangiana

OBS:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

i. A formulação lagrangiana só pode ser utilizada em sistemas


conservativos (forças conservativas) ou, pelo menos, admitir um
potencial generalizado que dependa das coordenadas de
velocidade.

ii. Se houver forças dissipativas, como por exemplo, atrito viscoso


num líquido, um corpo se movendo no ar à baixas velocidades, não
cabem na formulação lagrangiana. Podemos usar, nestes casos, a
função de dissipação de Rayleigh.
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

Exemplo 21:
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Determinar a lagrangiana de uma partícula carregada em um campo


eletromagnético externo.

A força experimentada por uma carga elétrica e em movimento num


campo eletromagnético externo é a força de Lorentz (em unidades
CGS gaussianas)
𝑣
𝐹Ԧ = 𝑒 𝐸 + × 𝐵
𝑐
As equações de Maxwell permitem escrever os campos em termos de
um potencial escalar ϕ(𝑟, Ԧ 𝑟,
Ԧ 𝑡) e de um potencial vetor 𝐴( Ԧ 𝑡) da
seguinte maneira:
1 𝜕𝐴Ԧ
𝐸 = −𝛻𝜙 − , 𝐵 = 𝛻 × 𝐴Ԧ
𝑐 𝜕𝑡
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

Utilizando como coordenadas as próprias coordenadas cartesianas


da partícula, as componentes da força generalizada coincidem as
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

componentes cartesianas da força de Lorentz. Considere, portanto


1 𝜕𝐴Ԧ 1
𝐹Ԧ = 𝑒 −𝛻𝜙 − + 𝑣Ԧ × 𝛻 × 𝐴Ԧ
𝑐 𝜕𝑡 𝑐
Pretendemos mostrar que 𝐹Ԧ pode ser representada na forma 𝑄𝑘 =
𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈 𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈

− para alguma função U. Mas em 𝑄𝑘 = ሶ

𝑑𝑡 𝑑 𝑞𝑘 𝜕𝑞𝑘 𝑑𝑡 𝑑 𝑞𝑘 𝜕𝑞𝑘
aparece uma derivada total em relação ao tempo, ao passo que em
1 𝜕𝐴Ԧ 1
Ԧ
𝐹 = 𝑒 −𝛻𝜙 − + 𝑣Ԧ × 𝛻 × 𝐴Ԧ a derivada é parcial.
𝑐 𝜕𝑡 𝑐
1 𝜕𝐴Ԧ
Podemos introduzir uma derivada total em 𝐹Ԧ = 𝑒 ൜−𝛻𝜙 − +
𝑐 𝜕𝑡
1
𝑣Ԧ × 𝛻 × 𝐴Ԧ ൠ notando que
𝑐
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

𝑑 𝐴Ԧ 𝜕𝐴Ԧ 𝜕𝐴Ԧ 𝜕𝐴Ԧ 𝜕𝐴Ԧ 𝜕𝐴Ԧ


= 𝑣Ԧ ∙ 𝛻 𝐴Ԧ +
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

= 𝑥ሶ + 𝑦ሶ + 𝑧ሶ +
𝑑𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑡 𝜕𝑡

Usando ainda

𝑣Ԧ × 𝛻 × 𝐴Ԧ = 𝛻 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ − 𝑣Ԧ ∙ 𝛻 𝐴,
Ԧ

pois o operador nabla só afeta as variáveis de posição, podemos


escrever
1 𝑑𝐴Ԧ 1
𝐹Ԧ = 𝑒 −𝛻𝜙 − + 𝛻 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
𝑐 𝑑𝑡 𝑐
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

Ƹ
𝑖𝜕 Ƹ
𝑗𝜕 ෠𝜕
𝑘
Com o uso do operador 𝛻𝑣 = + ሶ + ሶ e levando em conta que as
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝜕 𝑥ሶ 𝜕𝑗 𝜕𝑧
coordenadas e velocidades generalizadas são tratadas como
quantidades independentes, ficamos com

1 𝑒 𝑑𝐴Ԧ
𝐹 = 𝑒 −𝛻 𝜙 − 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
Ԧ −
𝑐 𝑐 𝑑𝑡

𝑒 𝑑 1
𝐹Ԧ = −𝛻 𝑒𝜙 − 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ + 𝛻𝑣 𝑒𝜙 − 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
𝑐 𝑑𝑡 𝑐

pois 𝜙 𝑒 𝐴Ԧ não dependem da velocidade


Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

Levando-se em conta que 𝑞1 = 𝑥, 𝑞2 = 𝑦, 𝑞3 = 𝑧, a força 𝐹Ԧ assume a


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈
forma da equação 𝑄𝑘 = ሶ
− com
𝑑𝑡 𝑑 𝑞𝑘 𝜕𝑞𝑘

𝑒
𝑈 = 𝑒𝜙 − 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
𝑐
de modo que

𝑚𝑣 2 𝑒
𝐿 =𝑇−𝑈 = − 𝑒𝜙 + 𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
2 𝑐

É a lagrangeana de uma partícula carregada num campo


eletromagnético externo.
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Carregada num Campo Eletromagnético

O momento canônico é dado por


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

𝜕𝐿 𝑒
𝑝𝑖 = = 𝑚𝑥ሶ 𝑖 + 𝐴𝑖 𝑟,
Ԧ𝑡 , 𝑖 = 1, 2,3
𝜕𝑥ሶ 𝑖 𝑐

𝑒
𝑝Ԧ = 𝑚𝑣Ԧ − 𝐴Ԧ
𝑐

1
OBS: no sistema internacional o termo desaparece e a
𝑐
expressão da lagrangiana fica

𝑚𝑣 2
𝐿 =𝑇−𝑈 = − 𝑒𝜙 + 𝑒𝑣Ԧ ∙ 𝐴Ԧ
2
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Livre Relativística

Vamos construir a lagrangiana de uma partícula livre relativística.


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

Uma quantidade invariante de Lorentz envolvendo diretamente as


coordenadas do espaço-tempo (de Minkowiski, sem gravidade) é a
métrica descrita pelo elemento de linha

𝑑𝑠 2 = 𝑐 2 𝑑𝑡 2 − 𝑑 𝑟Ԧ 2

em que 𝑐 é a velocidade da luz no vácuo.


Dinâmica Lagrangiana - Partícula Livre Relativística

A ação da partícula livre relativística pode ser proporcional a integral


de qualquer potencia de 𝑑𝑠. Vamos, por simplicidade, considerar a
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

ação na forma 2
S= 𝛼 ‫׬‬1 𝑑𝑠
onde  é uma constante a ser determinada.
Vamos escrever a expressão numa forma mais conveniente

2 2 𝑣2
S= 𝛼 ‫׬‬1 𝑐 2 𝑑𝑡 2 − 𝑑 𝑟Ԧ 2 = 𝛼𝑐 ‫׬‬1 1 − 2 𝑑𝑡
𝑐

𝑑 𝑟Ԧ
onde 𝑣Ԧ = . Aqui podemos identificar a lagrangiana da partícula por
𝑑𝑡
1
𝑣2 𝑣2 2
𝐿 = 𝛼𝑐 1 − 2 𝑑𝑡 = 𝛼𝑐 1 −
𝑐 𝑐2
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Livre Relativística

No limite não-relativístico, 𝑣 ≪ 𝑐, temos


MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

1 𝑣2 1𝛼 2
𝐿 ≈ 𝛼𝑐 1 − 2 = 𝛼𝑐 − 𝑣
2𝑐 2𝑐
O primeiro termo desta equação é uma constante, que não altera as
equações de movimento pois estas são obtidas por derivação de L.
1𝛼 2
O segundo termo − 𝑣 deve ser identificado como a energia
2𝑐
1
cinética não relativística 𝑚𝑣 2 , onde 𝑚 é a massa de repouso da
2
partícula; então 𝛼 = −𝑚𝑐. Logo

𝑣2 𝑣 2
𝐿 = 𝛼𝑐 1 − 2 = −𝑚𝑐 2 1 − 2
𝑐 𝑐
Dinâmica Lagrangiana - Partícula Livre Relativística

Daqui podemos obter quantidades importantes como o momento


relativístico e a energia relativística da partícula. Vejamos primeiro o
MECÂNICA ANALÍTICA – PARTE 1

momento relativístico. Notando que 𝑣 2 = σ3𝑗=1 𝑥ሶ 𝑗 2 , temos

1
σ𝑗 𝑥ሶ 𝑗 2 2
𝜕𝐿 2
𝜕
𝑝𝑖 = = −𝑚𝑐 1− =
𝜕𝑥ሶ 𝑖 𝑥ሶ 1 𝑐2
1

2 2
1 σ𝑗 𝑥ሶ 𝑗 −2𝑥ሶ 𝑖
= −𝑚𝑐 2 1− ∴
2 𝑐2 𝑐2

𝑚𝑥ሶ 𝑖 𝑚
∴ 𝑝𝑖 = → 𝑝Ԧ = 𝑣Ԧ
𝑣2 𝑣2
1− 2 1− 2
𝑐 𝑐
𝑖 = 1, 2, 3

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